Quase um século após o
surgimento do Espiritismo, a extraordinária série de livros construída pelo
Espírito identificado como André Luiz pela mediunidade de Chico
Xavier, acrescentaria dados importantes a respeito da figura do chamado
Anjo da Guarda. No final do capítulo 30 da obra OS MENSAGEIROS (1944, feb), por exemplo, o autor concluindo diálogo
com duas amigas de uma colônia denominada Campo da Paz, ouve de uma delas que,
entre suas tarefas habituais “tem grandes tarefas de assistência junto
dos recém-encarnados, visto que a cidade em que residem, prepara, em média,
quinze a vinte reencarnações diárias, tornando-se imprescindível assistir os
companheiros ou tutelados, pelo menos no período infantil mais tenro, que
compreende os primeiros sete anos de existência carnal”. No trabalho
seguinte MISSIONÁRIOS DA LUZ
(1945,feb), acompanha no capítulo 13, o Instrutor Alexandre orientar para
que liberem um Espírito de nome Herculano
a fim de que “permaneça em definitivo com o reencarnante Segismundo, na nova
experiência, até que ele atinja os sete anos, após o renascimento, ocasião em
que o processo reencarnacionista estará consolidado, após o que sua tarefa de
amigo e orientador será amenizada, visto que seguirá o tutelado em sentido mais
distante”. Outro detalhe curioso da revelação, é que entre suas
atribuições, “deveria tomar todas as providências indispensáveis à harmoniosa
organização fetal, seja auxiliando o reencarnante, seja defendendo o templo
maternal contra o assédio de forças menos dignas; devendo redobrar a atenção
nos primórdios de formação do timo, glândula, de importância essencial para a
vida infantil, desde o útero materno, até que se forme a medula óssea e se
habilite à produção dos corpúsculos vermelhos para o sangue”. Informes
mais específicos, contudo, seriam fornecidos pelo Ministro Clarêncio no capítulo 23
de ENTRE
A TERRA E O CÉU (1954, feb), em que acompanhando o caso da
desencarnação de um menino de nome Julio, vítima de negligência
intencional da madrasta, responde sobre a não intercessão do Anjo da Guarda
diante da ação criminosa, dizendo: -“A ideia de um ente divinizado e perfeito,
invariavelmente ao nosso lado, ao dispor de nossos caprichos ou ao sabor de
nossas dívidas, não concorda com a Justiça. Que governo terrestre destacaria um
de seus ministros mais sábios e especializados na garantia do Bem de todos para
colar-se, indefinidamente, ao destino de um só homem, quase sempre renitente
cultor de complicados enigmas e necessitado, por isso mesmo, das mais severas
lições da vida? Porque haveria de obrigar-se um arcanjo a descer da Luz Eterna
para seguir, passo a passo, um homem deliberadamente egoísta ou preguiçoso?
Tudo exige lógica e bom senso”. Diante da dúvida se o Anjo da Guarda
seria uma ilusão, usa de interessante comparação, dizendo que “o Sol
está com o verme, amparando-o na furna, a milhões e milhões de quilômetros, sem
que o verme esteja com o Sol”. Completando suas ilações, acrescenta: -“Anjo,
segundo a acepção justa do termo, é mensageiro. Ora, há mensageiros de todas as
condições e procedências e, por isso, a antiguidade sempre admitiu a existência
de anjos bons e anjos maus. Anjo da
guarda, desde as concepções religiosas mais antigas, é uma expressão que define
o Espírito celeste que vigia a criatura em nome de Deus ou pessoa que se devota
infinitamente a outra, ajudando-a e defendendo-a. Em qualquer região, convivem
conosco os Espíritos familiares de nossa vida e de nossa luta. Dos seres mais
embrutecidos aos mais sublimados, temos a corrente de amor, cujos elos podemos
simbolizar nas almas que se querem ou que se afinam umas com as outras, dentro
da infinita gradação do progresso. A família espiritual é uma constelação de
Inteligências, cujos membros estão na Terra e nos Céus. Aquele que já pode ver
mais um pouco auxilia a visão daquele que ainda se encontra em luta para
desvencilhar-se da própria cegueira. Todos nós, por mais baixo nos revelemos na
escala da evolução, possuímos, não longe de nós, alguém que nos ama a
impelir-nos para a elevação. (...). O gênio guardião será sempre um Espírito
benfazejo para o protegido, mas é imperioso anotar que os laços afetivos, em torno
de nós, ainda se encontram em marcha ascendente para mais altos níveis da vida.
Com toda a veneração que lhes devemos, importa reconhecer, nos Espíritos
familiares que nos protegem, grandes e respeitáveis heróis do Bem, mas ainda
singularmente distanciados da angelitude eterna. Naturalmente, avançam em
linhas enobrecidas, em planos elevados, todavia, ainda sentem inclinações e paixões
particulares, no rumos da universalização de sentimentos,(....), precisando,
por vezes, de apelos à natureza superior para atenderem a esse ou aquele gênero
de serviço”.
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