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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

AINDA SOBRE ANJO DA GUARDA

Quase um século após o surgimento do Espiritismo, a extraordinária série de livros construída pelo Espírito identificado como André Luiz pela mediunidade de Chico Xavier, acrescentaria dados importantes a respeito da figura do chamado Anjo da Guarda. No final do capítulo 30 da obra OS MENSAGEIROS (1944, feb), por exemplo, o autor concluindo diálogo com duas amigas de uma colônia denominada Campo da Paz, ouve de uma delas que, entre suas tarefas habituais “tem grandes tarefas de assistência junto dos recém-encarnados, visto que a cidade em que residem, prepara, em média, quinze a vinte reencarnações diárias, tornando-se imprescindível assistir os companheiros ou tutelados, pelo menos no período infantil mais tenro, que compreende os primeiros sete anos de existência carnal”. No trabalho seguinte MISSIONÁRIOS DA LUZ (1945,feb), acompanha no capítulo 13, o Instrutor Alexandre orientar para que liberem um Espírito de nome Herculano a fim de que “permaneça em definitivo com o reencarnante Segismundo, na nova experiência, até que ele atinja os sete anos, após o renascimento, ocasião em que o processo reencarnacionista estará consolidado, após o que sua tarefa de amigo e orientador será amenizada, visto que seguirá o tutelado em sentido mais distante”. Outro detalhe curioso da revelação, é que entre suas atribuições, “deveria tomar todas as providências indispensáveis à harmoniosa organização fetal, seja auxiliando o reencarnante, seja defendendo o templo maternal contra o assédio de forças menos dignas; devendo redobrar a atenção nos primórdios de formação do timo, glândula, de importância essencial para a vida infantil, desde o útero materno, até que se forme a medula óssea e se habilite à produção dos corpúsculos vermelhos para o sangue”. Informes mais específicos, contudo, seriam fornecidos pelo Ministro Clarêncio no capítulo 23 de ENTRE A TERRA E O CÉU (1954, feb), em que acompanhando o caso da desencarnação de um menino de nome Julio, vítima de negligência intencional da madrasta, responde sobre a não intercessão do Anjo da Guarda diante da ação criminosa, dizendo: -“A ideia de um ente divinizado e perfeito, invariavelmente ao nosso lado, ao dispor de nossos caprichos ou ao sabor de nossas dívidas, não concorda com a Justiça. Que governo terrestre destacaria um de seus ministros mais sábios e especializados na garantia do Bem de todos para colar-se, indefinidamente, ao destino de um só homem, quase sempre renitente cultor de complicados enigmas e necessitado, por isso mesmo, das mais severas lições da vida? Porque haveria de obrigar-se um arcanjo a descer da Luz Eterna para seguir, passo a passo, um homem deliberadamente egoísta ou preguiçoso? Tudo exige lógica e bom senso”. Diante da dúvida se o Anjo da Guarda seria uma ilusão, usa de interessante comparação, dizendo que “o Sol está com o verme, amparando-o na furna, a milhões e milhões de quilômetros, sem que o verme esteja com o Sol. Completando suas ilações, acrescenta: -“Anjo, segundo a acepção justa do termo, é mensageiro. Ora, há mensageiros de todas as condições e procedências e, por isso, a antiguidade sempre admitiu a existência de anjos  bons e anjos maus. Anjo da guarda, desde as concepções religiosas mais antigas, é uma expressão que define o Espírito celeste que vigia a criatura em nome de Deus ou pessoa que se devota infinitamente a outra, ajudando-a e defendendo-a. Em qualquer região, convivem conosco os Espíritos familiares de nossa vida e de nossa luta. Dos seres mais embrutecidos aos mais sublimados, temos a corrente de amor, cujos elos podemos simbolizar nas almas que se querem ou que se afinam umas com as outras, dentro da infinita gradação do progresso. A família espiritual é uma constelação de Inteligências, cujos membros estão na Terra e nos Céus. Aquele que já pode ver mais um pouco auxilia a visão daquele que ainda se encontra em luta para desvencilhar-se da própria cegueira. Todos nós, por mais baixo nos revelemos na escala da evolução, possuímos, não longe de nós, alguém que nos ama a impelir-nos para a elevação. (...). O gênio guardião será sempre um Espírito benfazejo para o protegido, mas é imperioso anotar que os laços afetivos, em torno de nós, ainda se encontram em marcha ascendente para mais altos níveis da vida. Com toda a veneração que lhes devemos, importa reconhecer, nos Espíritos familiares que nos protegem, grandes e respeitáveis heróis do Bem, mas ainda singularmente distanciados da angelitude eterna. Naturalmente, avançam em linhas enobrecidas, em planos elevados, todavia, ainda sentem inclinações e paixões particulares, no rumos da universalização de sentimentos,(....), precisando, por vezes, de apelos à natureza superior para atenderem a esse ou aquele gênero de serviço”.

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