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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

ANJO DA GUARDA: FICÇÃO OU REALIDADE

Várias gerações influenciadas por ensinos religiosos se formaram acreditando na existência do Anjo da Guarda, o personagem capaz de proteger-nos ou livrar-nos de perigos eminentes ou atitudes de consequências imprevisíveis. No número de janeiro de 1859 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz mensagem espontânea assinada conjuntamente pelos Espíritos São Luiz e Santo Agostinho, oferecendo dados importantes para nossa reflexão sobre o tema. Indagam: -“Pensar que tendes sempre junto a vós seres que vos são superiores, que aí estão sempre para vos aconselhar, sustentar, ajudar a subir a áspera montanha do Bem, que são os amigos mais certos e mais delicados que as mais íntimas ligações que possais estabelecer nesta Terra, não é uma ideia consoladora?”, acrescentando: -“Estes seres aí estão por ordem de Deus; foi ele que os pôs ao vosso lado; aí se acham por amor a Ele e junto a vós realizam bela e penosa missão. Sim; onde quer que estejais, estarão convosco: os calabouços, os hospitais, os lugares de deboche, a solidão, nada vos separa destes amigos que não vedes, mas cujos suaves impulsos vossa alma sente, como escuta os sábios conselhos”. Em outro trecho afirmam: - “Cada Anjo da Guarda tem o seu protegido, sobre o qual vela, como um pai sobre o filho; é feliz quando o vê seguir o bom caminho e sofre quando seus conselhos são desprezados”. Meses depois, a versão definitiva d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS dedicaria trinta e três perguntas ao assunto, disponibilizando mais elementos para ampliar nosso entendimento, inserindo a referida mensagem como um adendo à questão 495. Dentre eles, destacamos: 1- Trata-se de um Espírito protetor de uma ordem elevada; 2- Acompanha seu tutelado do  nascimento até a morte, frequentemente o seguindo depois dela, na Vida Espiritual, e mesmo através de numerosas experiências corpóreas, consideradas fases bem curtas na vida do Espírito; 3- Para o protetor é, às vezes, um prazer, noutras uma missão ou um dever; 4- Em caso de deixar sua posição para cumprir diversas missões, são substituídos; 5- Afasta-se quando vê que seus conselhos são inúteis pela vontade mais forte do protegido em submeter-se à influência dos Espíritos inferiores, não o abandonando completamente, sempre se fazendo ouvir, voltando logo que chamado; 6- Jamais fazem o mal, deixando que o façam os que lhe tomam o lugar; 7- Quando deixa seu protegido se extraviar na vida, não é por incompetência sua, mas porque ele não o quer, saindo seu protegido mais instruído e perfeito, assistindo-o, porém, com seus conselhos, pelos bons pensamentos que lhe sugere, infelizmente nem sempre ouvidos; 8- Há circunstâncias em que a presença do Espírito protetor não é necessária; 9- Sua ação não é ostensiva pelo fato de que se o fosse o protegido não agiria por si mesmos e não progrediria, visto necessitar da experiência, exercitar suas forças, sendo a ação dos Bons Espíritos efetuada de forma a lhe deixar o livre arbítrio; 10-  Quando vê seu protegido seguir o mau caminho, sofre com seus erros e os lamenta mas essa aflição nada tem das angústias da paternidade terrena, porque ele sabe que há remédio para o mal, e que o que hoje não se fez, amanhã se fará. Em nota, Allan Kardec, comenta: Dessas explicações e das observações feitas sobre a natureza dos Espíritos que se ligam ao homem podemos deduzir o seguinte: 1- O Espírito Protetor, anjo da guarda ou bom gênio, é aquele que tem por missão seguir o homem na vida e o ajudar a progredir, sendo sempre de natureza superior à do protegido; 2- Os Espíritos familiares se ligam a certas pessoas por meio de laços mais ou menos duráveis, com o fim de ajuda-las na medida de seu poder., frequentemente bastante limitado, sendo bons, mas às vezes pouco adiantados; 3- Os Espíritos simpáticos são os que atraímos a nós por afeições particulares  e uma certa semelhança de gostos e sentimentos, tanto no Bem como no mal, durando e se subordinando suas relações às circunstâncias; 4- O mau gênio é um Espírito imperfeito ou perverso que se liga ao homem com o fim de o desviar do Bem, mas age pelo seu próprio impulso e não em virtude de uma missão, manifestando sua tenacidade na razão do acesso mais fácil ou mais difícil que encontre. Conclui dizendo: -“O homem é sempre livre de ouvir a sua voz ou de a repelir”.

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