Medo de crescer, medo do castigo dos
pais, medo do resultado da prova para qual não se estudou, medo do vestibular,
medo de viver, medo de morrer, medo da solidão, medo da separação, medo da
perda de alguém querido, medo do desemprego, medo, medo, medo... Embora nem sempre verbalizado, sensações como as
elencadas, ocorrem na vida da maioria das pessoas. Fatores os mais variados
podem ser apontados como determinantes de tais vivencias. Trata-se,
naturalmente, de repercussões exteriores dos conflitos interiores que refletem
a condição momentânea dos Espíritos em evolução. O problema ultrapassa as
barreiras vibratórias que delimitam o chamado Plano Material. Tanto que na obra
NOSSO LAR, o médico identificado
como André
Luiz espanta-se quando a Benfeitora Narcisa fala no capítulo
42, sobre organizar programas com exercícios adequados contra o medo a serem
utilizados nas novas escolas de assistência no Auxílio e núcleos de
adestramento na Regeneração. O objetivo era o treinamento coletivo de trinta
mil trabalhadores empenhados no serviço defensivo da Colônia que contava à
época (1939) cerca de um milhão de abrigados. Em comentário específico, Narcisa
explicou ser “elevada a porcentagem de existências
humanas estranguladas simplesmente pelas vibrações destrutivas do terror, tão
contagioso como qualquer moléstia de perigosa propagação. Classificamos o medo
como dos piores inimigos da criatura, por alojar-se na cidadela da alma,
atacando as forças mais profundas”. A preparação urgente de tão grande
número de colaboradores para proteger a Colônia devia-se às ameaças decorrentes
dos efeitos da grande Guerra que se iniciava em nossa Dimensão, gerando
vibrações mento-emocionais de insegurança e intranquilidade dos encarnados e
desencarnados atingidos direta ou indiretamente pelas mesmas. O problema do
medo também se manifesta entre os que se preparam para voltar para o Plano em
que nos encontramos, como revelado na abordagem do caso incluído no livro MISSIONÁRIOS DA LUZ (feb,1945).
Vencidas dificuldades operacionais para possibilitar a reencarnação de personagem apresentado como Segismundo, o mesmo mergulha num clima de medo
diante do programa preparado para que ele se liberasse de comprometimentos
assumidos passionalmente um século antes num relacionamento afetivo com mulher casada, exigindo a assistência terapêutica do Instrutor Alexandre a fim
de não frustrar os planos em andamento. Em outras abordagens André
Luiz expõe situações de medo resultante de desequilíbrios causados por
processos de influenciação espiritual conhecidos entre os estudiosos da
mediunidade como obsessão, causada pela presença e influência de desencarnados
ligados a encarnados com eles comprometidos em outras encarnações, o que
facilita até certo ponto a ação dissimulada pelo sem fio do pensamento
invariavelmente vulnerável pela falta de postura mental mais equilibrada por
parte da “vítima”. O Espírito Emmanuel através de Chico
Xavier faz algumas apreciações curiosas sobre a origem do medo em nós.
Tecendo algumas reflexões sobre o versículo dez do capítulo dois do APOCALIPSE do Apóstolo João – “Nada temas das coisas que hás de
padecer” -, diz que o sofrimento de muitos homens, na essência, é muito
semelhante ao do menino que perdeu seus brinquedos. Numerosas criaturas
sentem-se eminentemente sofredoras, por não lhes ser possível a prática do mal;
revoltam-se outras porque Deus não lhes atendeu aos caprichos perniciosos”,
concluindo: -“Não temamos, pois, o que possamos vir a sofrer. Deus é o Pai
magnânimo e justo. Um pai não distribui padecimentos. Dá corrigendas e toda
corrigenda aperfeiçoa”. Usando Paulo em sua Segunda Carta a Timóteo,
destaca que “não faltam recursos de trabalho espiritual a todo irmão que deseje
reerguer-se, aprimorar-se, elevar-se”, embora “lacunas e necessidade, problemas
e obstáculos desafiem o espírito de serviço dos companheiros de fé, em toda
parte”. Orienta: - “Onde esteja a possibilidade de sermos
úteis, avancemos, de ânimo firme, para a frente, construindo o Bem, ainda que
defrontados pela ironia, pela frieza ou pela ingratidão, porque, conforme a
palavra iluminada do Apóstolo aos gentios: ‘Deus não nos deu o espírito de
temor, mas de fortaleza, amor e moderação”. Recorre em outra ocasião, à
Parábola dos Talentos –“E, tendo medo, escondi na terra o teu
talento” -, para dizer que “há muitas pessoas que se acusam pobres de
recursos para transitar no mundo como desejariam, recolhendo-se à ociosidade,
alegando medo da ação, alcançando o fim do corpo, como sensitivas humanas, sem
o mínimo esforço para enriquecer a existência. Na vida, agarram-se ao medo da
morte, na morte, confessam medo da vida, transformando-se, gradativamente, a
pretexto de serem menos favorecidos pelo destino, em campeões da inutilidade e
da preguiça”. Finalizando, recomenda em outra mensagem: -“Não
te percas, desse modo nas ideias enquistantes e destruidoras do medo, capazes
de operar a ruína dos melhores impulsos, porque, se utilizas a fortaleza, o
amor e a moderação, seguirás para diante, na Terra e além da Terra, com a luz
do coração e a paz da consciência”.
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