Aproximadamente mil e
duzentas pessoas - oitenta por cento dos quais encarnados -, presentes em função da
liberação natural do sono físico. Conforme explicações, não guardariam plena recordação
do que ouviriam em retomando o corpo carnal, em virtude da deficiência do
cérebro, incapaz de suportar a carga de duas vidas simultâneas, persistindo,
contudo, a lembrança no fundo do Ser, orientando as tendências pessoais para o
terreno da elevação e abrindo a porta intuitiva para serem assistidos no
pensamento. O encontro, desdobrado durante a madrugada da Terra, reunia
trabalhadores de várias frentes espiritualistas, necessitados de orientação e
fortalecimento em suas lutas. A prédica esteve a cargo de um Instrutor de nome Eusébio
que, no diagnóstico apresentado delineia a situação da Humanidade no
estágio atual. Pode se dizer atualíssimo. De suas palavras, destacamos algumas que bem demonstram a razão de dessa avaliação. “Somos, no palco da Crosta
Planetária, os mesmos atores do drama evolutivo. Cada milênio é um ato breve,
cada século um cenário veloz. Utilizando corpos sagrados, perdemos, entretanto,
quais despreocupadas crianças, entretidas apenas em jogos infantis, o ensejo
santificante da existência (...). Enquanto milhões de almas desfrutam bons
ensejos de emenda e reajustamento, de novo entregues ao esforço regenerativo
nas cidades terrestres, milhões de outras deploram a própria derrota, perdidas
no atro recesso da desilusão e do padecimento (...). Falamos de todos nós, viajores
que extravagamos no deserto da própria negação (...). Porque não represar o curso das paixões
corrosivas que nos flagelam o espírito? Porque não sofrear o ímpeto da
animalidade, em que nos comprazemos, desde os primeiros laivos de raciocínio?
(...). O vendaval das paixões fulminantes de homens e de povos passa ululante,
de um a outro polo, a semear maus presságios. Até quando seremos gênios
demolidores e perversos? (...) Cevamos e expandimos unicamente o egoísmo e a
ambição, a vaidade e a fantasia na Crosta Planetária. Contraímos pesados
débitos e nos escravizamos aos tristes resultados de nossas obras, deixando-nos ficar, indefinidamente, na messe de
espinhos. Foi assim que atingimos a época moderna, em que a loucura se generaliza
e a harmonia mental do homem está a pique de soçobro. De cérebro evolvido e
coração imaturo, requintamo-nos, presentemente, na arte de esfacelar o
progresso espiritual. (...). Hoje, as coletividades humanas ainda sofrem o
assédio da espada homicida, e chuvas de bombas arremetem contra populações
indefesas (...). Existe, porém, nova ameaça ao domicílio terrestre; o profundo desequilíbrio, a desarmonia generalizada,
as moléstias da alma que se inserem, sutis, solapando-vos a estabilidade.
Vossos caminhos não parecem percorridos por seres conscientes, mas assemelham-se
a estranhas veredas, ao longo dos quais tripudiam duendes alucinados. Como
fruto de eras sombrias, caracterizadas pela opressão e pela maldade reciprocas,
em que temos vivido, odiando-nos uns aos outros, vemos a Terra convertida em
campo de quase intérminas hostilidades. Homens e nações perseguem o mito do
ouro fácil; criaturas sensíveis abandonam-se aos distúrbios das paixões,
cérebros vigorosos perdem a visão interior, enceguecidos pelos enganos,
enceguecidos pelos enganos de personalidade e do autoritarismo. Empenhados em
disputas intermináveis, em duelos formidandos de opinião, conduzidos por
desvairadas ambições inferiores, os filhos da Terra abeiram-se de novo abismo,
que o olhar conturbado não lhes deixa perceber (...). Quase todos os quadros da
civilização moderna se acham comprometidos na estrutura fundamental (...). Não
vos esqueça da vossa luz própria. Não conteis com archotes alheios para a jornada.
Em míseros planos de sofrimento regenerador, nas vizinhanças da carne, choram
amargamente milhões de homens e mulheres que abusaram do concurso dos bons,
precipitando-se nas trevas aos perder no túmulo os olhos efêmeros com que
apreciavam a paisagem da vida à luz do Sol. (...). Não basta crer na
imortalidade da alma. Inadiável a
iluminação de nós mesmos, a fim de que sejamos claridade sublime (...). O Plano
Superior não se interessa pela incorporação de devotos famintos de um paraíso
beatífico. Admitireis, porventura, vossa permanência na Crosta Planetária, sem
finalidades específicas? Se a erva tenra deve produzir consoante objetivos
superiores, que dizer da magnífica inteligência do homem encarnado?(...)
Abandonai a ilusão, antes que a ilusão vos abandone. (...) Deixai plantado o
Bem na esteira de vossos passos. O desequilíbrio generalizado e crescente
invade os departamentos da mente humana. Combatem-se, desesperadamente, as
nações e as ideologias, os sistemas e os princípios (...). Encarnados e
desencarnados de tendências inferiores colidem ferozmente, aos milhões.
Inúmeros lares transformam-se em ambientes de inconformação e desarmonia. Duela
o homem consigo mesmo no atual processo acelerado de transição. Equilibrai-vos,
pois, na edificação necessária, convictos de que é impossível confundir a Lei
ou trair-lhe os ditames universais”. (Compilação inspirada no capítulo dois do livro NO MUNDO MAIOR (1947; feb) , do Espírito André Luiz pelo médium Chico
Xavier)
Nenhum comentário:
Postar um comentário