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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

FATOS E ENSINAMENTOS

A morte que todos inevitavelmente encontraremos em algum momento do futuro breve não opera milagres. Sentir-nos-emos e veremos tal como aqui. E, a matemática da evolução nos compensará com a impressão de paz ou tormento construído nas vivências que tivemos, especialmente com nosso próximo, oculto em personagens com os quais construímos no caminho do progresso espiritual, experiências e comprometimentos que nos trazem sistematicamente de volta às limitações de nossa Dimensão para retificar. Como comenta Allan Kardec, “o Espírito renasce frequentemente no mesmo meio em que viveu e se encontra em relação com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes teria feito”.  O caso que apresentaremos a seguir demonstra isso.  Envolve alguns dos poucos amigos e admiradores de Chico Xavier, à época um médium conhecido e procurado por poucos, ao contrário do que se observa na fase vivida em Uberaba.  O calendário marcava o ano de 1948 e alguns dos que privavam de sua amizade se encontraram para  uma reunião mediúnica prevista  a inauguração da sede de uma fazenda na cidade Esmeraldas, a noroeste de Belo Horizonte. Chico, atrasado por ter sido reconhecido no caminho por várias pessoas que faziam parar o carro que o conduzia, aos quais atendia carinhosamente, finalmente chega. Após abraçar aos que ansiosamente o aguardavam, dirige-se nominalmente a alguém que ninguém vê, chamando-o João Rosa, abraçando-o carinhosamente e demonstrando alegria por encontra-lo ali. Um dos presentes, José Costa, caçoa e, imperturbável Chico, retruca: - Perdão, João Rosa é desencarnado. Mais tarde, já no ambiente em que se desenvolveria a reunião mediúnica, o coordenador sugere seja retirada uma cadeira vaga, ponderando: - Não é bom deixar cadeira vaga à mesa de reunião, ouvindo Chico, delicadamente, discordar: - A cadeira não está vaga. Ocupa-o um irmão desencarnado. Iniciados os trabalhos, após a prece, leitura e comentários sobre o texto d’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Chico pede a palavra e esclarece: - O irmão João Rosa, a quem cumprimentei ainda há pouco, lá fora, pediu e obteve permissão da Assistência Espiritual para participar desta reunião. Neste momento, está sentado na cadeira aparentemente vaga. Vejo, no espaço, um quadro dramático, diga-se trágico, emocionante. João Rosa, que era viúvo, ao desencarnar, passa a sofrer o assédio da ex-esposa, que o tortura, mostrando-se-lhe vestida com o véu tinto de piche, disposta a vingança implacável! Ante a admiração dos demais, prossegue: - João Rosa, visivelmente traumatizado, nos diz que seu casamento foi um fracasso; jamais conseguiu harmonizar-se com a esposa, vivendo o casal sob o impacto permanente do fogo cruzado decorrente do desajuste conjugal, até que a morte os separou. Retomando a descrição do quadro percebido pela sua vidência, Chico relata: - João Rosa diz que, ao comprar os aviamentos para a mortalha na loja de José Costa, em Sabará, indagou-lhe como proceder com o véu nupcial que a falecida guardava como preciosa relíquia. Ouvindo do outro que ‘deveria pichá-lo e com ele envolver o corpo da morta’, recebendo do mesmo, de presente, uma lata de piche, seguiu à risca o macabro conselho. Agora, desencarnado há 25 anos, arrosta, no Espaço, terrível confronto; pois ambos, vivendo em zona trevosa, dão prosseguimento ao conflito doméstico, sob insuportável clima de ódio e ressentimento. E atenção, caros irmãos: o acaso não existe. Não foi à toa que João Rosa veio até nós, externando seu pedido de socorro. E só há uma maneira infalível de se por termo a tal discórdia entre duas almas predestinadas: o perdão recíproco. Eu pediria então, ao querido companheiro José Costa, que orasse o Pai Nosso, rogando a misericórdia de Jesus, no sentido de conceder-lhe o necessário perdão pelo gesto leviano e impensado que ingenuamente praticara, com mau conselho e invigilância. Detalhe interessante é que José Costa, autor da lamentável sugestão, quando a fez não era espírita e a inspirada solicitação de Chico, objetivava neutralizar os efeitos gerados anos antes, destruindo a causa e, quem sabe, induzindo a reconciliação do casal. Sensibilizado, rosto banhado de lágrimas, José Costa ora fervorosamente, voz embragada, palavras sinceras brotando do âmago do coração. Retomando a palavra, Chico descreve: - As lágrimas de nosso irmão José Costa, subiram ao Céu, retornando em cascatas cintilantes. Luz bendita que, projetando-se sobre o casal e incidindo sobre o véu negro de rancorosas vibrações, transformam-no em manto angelical, qual veste nupcial, com a alvura do lírio. Agora, reconciliados, ambos se abraçam, selando com um beijo a nova aliança, na catedral da alma, entre rosas e lírios, ante a amplidão infinita. (material adaptado do livro CHICO XAVIER EM PEDRO LEOPOLDO, de Divaldinho Matos, editora Didier)

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