A maioria dos seres humanos
ignora, mas, como explicado e provado pelas pesquisas desenvolvidas por Allan
Kardec, “muitas das situações observadas nos comportamentos da criatura humana
tem sua fonte na reação incessante que existe entre o Mundo Visível e o
Invisível, que nos cerca, e em cujo meio vivemos, isto é, entre os homens e os
Espíritos, que não passam de almas dos que viveram e entre os quis há bons e
maus. Esta reação é uma das forças, uma das leis da natureza, e produz uma
porção de fenômenos psicológicos e morais incompreendidos, porque a causa era
desconhecida. O Espiritismo nos deu a conhecer esta lei, e, desde que os
efeitos são submetidos a uma lei da natureza, nada tem de sobrenatural. Vivendo no meio desse mundo,
que não é tão imaterial quanto o imaginam, uma vez que esses seres, embora
invisíveis, tem corpos fluídicos semelhantes aos nossos, nós sentimos sua
influência. A dos bons
Espíritos é salutar e benéfica; a dos maus é perniciosa como o contato das
criaturas perversas na sociedade”.
Em artigo com que abre a edição de janeiro de 1863, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec esclarece
como é possível aos Espíritos desencarnados exercer influência sobre o
indivíduo, sem que este tenha consciência disso ou seja médium desenvolvido.
Explica ele: - “Pela natureza fluídica e expansiva do períspirito (corpo espiritual), Espírito atinge o indivíduo sobre o qual quer agir,
rodeia-o, envolve-o, penetra-o e o magnetiza. O homem que vive em meio ao Mundo
Invisível está incessantemente submetido a essas influências, do mesmo modo que
às da atmosfera que respira. Elas se traduzem por efeitos morais e
fisiológicos, dos quais não se dá conta e que, frequentemente, atribui a causas
inteiramente contrárias. Essa influência difere, naturalmente, segundo as boas
ou más qualidades do Espírito. Se ele for bom e benevolente, a influência será
agradável e salutar; é como as carícias de uma terna mãe, que toma o filho nos
braços. Se for mau e perverso, será dura, penosa, de ânsia e por vezes perversa:
não abraça, constringe. Vivemos num oceano fluídico, incessantemente a braços
com correntes contrárias, que atraímos, ou repelimos, e às quais nos
abandonamos, conforme nossas qualidades pessoais, mas em cujo meio o homem
sempre conserva seu livre arbítrio, atributo essencial de sua natureza, em
virtude do qual pode sempre escolher o caminho. Como se vê, isto é inteiramente
independente da faculdade mediúnica, tal qual esta é vulgarmente compreendida.
Estando a ação do Mundo Invisível na ordem das coisas naturais, ela se exerce
sobre o homem, independentemente de qualquer conhecimento espírita. Estamos a
elas submetidos como o estamos à ação da eletricidade atmosférica, mesmo sem
saber física, como ficamos doentes, sem conhecer Medicina. Ora, assim como a
física nos ensina a causa de certos fenômenos e a Medicina a de certas doenças,
o estudo da ciência espírita nos ensina a dos fenômenos devidos às influências
ocultas do Mundo Invisível e nos explica o que, sem isto, parecerá
inexplicável. A mediunidade é o meio direto de observação. O médium –
permitam-nos a comparação – é o instrumento de laboratório pelo qual a ação do
Mundo Invisível se traduz de maneira patente. E, pela facilidade oferecida de
repetição de experiências, permite-nos estudar o modo e as nuanças desta ação.
Destes estudos e observações nasceu a ciência espírita. Todo indivíduo que,
desta ou daquela maneira, sofre a influência dos Espíritos, é, por isto mesmo,
médium. Por isso mesmo pode dizer-se que todo o mundo é médium. Mas é pela
mediunidade efetiva, consciente e facultativa, que se chegou a constatar a
existência do Mundo Invisível e, pela diversidade das manifestações obtidas ou
provocadas, que foi possível esclarecer a qualidade dos seres que o compõem e o
papel que representam na natureza. O médium fez pelo Mundo Invisível o mesmo
que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos. É, pois, uma força
nova, uma nova energia, uma nova lei, numa palavra, que nos foi revelada. É
realmente inconcebível que a incredulidade repila mesmo a ideia, por isso que
esta ideia supõe em nós uma alma, um princípio inteligente que sobrevivem ao
corpo. Se se tratasse da descoberta de uma substância material e não
inteligente, seria aceita sem dificuldade. Mas uma ação inteligente fora do
homem é para eles superstição. Se, da observação dos fatos produzidos pela
mediunidade, remontarmos aos fatos gerais, poderemos, pela similitude dos
efeitos, concluir pela similitude das causa”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário