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terça-feira, 11 de novembro de 2014

SERÁ POSSÍVEL? ALLAN KARDEC DIZ QUE SIM

Pode uma pessoa praticar mais mal numa existência que em sua encarnação precedente? Em artigo com que abre a edição de junho de 1863 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec afirma que sim.  Parte do princípio da não retrogradação dos Espíritos, explicando que o retrocesso se dá no sentido de nada perderem do progresso realizado, podendo ficar momentaneamente estacionários. Esclarece, todavia, “que de bons não podem tornar-se maus, nem de sábios, ignorantes. Tal é o princípio geral, que só se aplica ao estado moral e não à situação material, que de boa pode tornar-se má, se o Espírito a tiver merecido. Façamos uma comparação. Suponhamos um homem do mundo, instruído, mas culpado de um crime que o conduz à prisão. Certamente há para ele uma grande descida como posição social e como bem estar material. À estima e à consideração sucederam o desprezo e a abjeção. Entretanto ele nada perdeu quanto ao desenvolvimento da inteligência; levará à prisão as suas faculdades, seus talentos, seus conhecimento. É um homem decaído e é assim que devem ser compreendidos os Espíritos decaídos. Deus pode, pois, ao cabo de certo tempo de prova, retirar de um mundo onde não terão  progredido aqueles que o tiverem desconhecido, que se tiverem rebelado contra as suas leis, mandando que expiem seus erros e seu endurecimento num mundo inferior, entre seres ainda menos adiantados. Aí serão o que eram antes, moral e intelectualmente, mas numa condição infinitamente mais penosa, pela própria natureza do Globo e, sobretudo, pelo meio no qual se acharem. Numa palavra, estarão na posição de um homem civilizado forçado a viver entre os selvagens ou de um homem educado, condenado à sociedade dos forçados (como nos regimes totalitaristas). Perderam a posição e as vantagens, mas não regrediram ao estado primitivo. De adultos não se tornaram crianças. Eis o que se deve entender pela não-retrogradação. Não tendo aproveitado o tempo, é para eles um trabalho a recomeçar. Em sua bondade, Deus não os quer deixar por mais tempo entre os bons, cuja paz perturbam. Por isso os envia entre homens que terão por missão fazer estes últimos progredirem, ensinando-lhes o que sabem. Por esse trabalho poderão eles próprios adiantar-se e se resgatarem, expiando as faltas passadas, como o escravo que pouco a pouco economiza para um dia comprar a liberdade. Mas como o escravo, muitos só economizam dinheiro, em vez de amontoar virtudes, as únicas que podem pagar o resgate. Esta tem sido, até agora, a situação de nossa Terra, mundo de expiação e prova, onde a raça adâmica, raça inteligente, foi exilada entre as raças primitivas inferiores, que a habitava antes. Tal a razão pela qual há tantas amarguras aqui, e que estão longe de sentir no mesmo grau os povos selvagens. Há, certamente, retrogradação do Espírito no sentido de que recua seu caminho, mas não do ponto de vista de suas aquisições, em razão das quais e do desenvolvimento de sua inteligência, sua derrota social lhe é mais penosa. É assim que o homem do mundo sofre mais num meio abjeto do que aquele que sempre viveu na lama”. Mais à frente, indaga: -“Nero pode, como Nero, ter feito mais mal que na sua precedente encarnação? A isto respondemos sim, o que não implica que na existência em que tivesse feito menos mal fosse melhor. Para começar, o mal pode mudar a forma sem ser pior ou menos mal. A posição de Nero, como Imperador, o tendo posto em evidência, o que ele fez ficou mais notado; numa existência obscura podia ter cometido atos tão repreensíveis, posto que em menor escala e que passaram desapercebidos. Como Soberano pode incendiar uma cidade; como pessoa comum pôde queimar uma casa e fazer perecer a família. Tal um assassino vulgar, que mata alguns viajantes para roubar, se estivesse no trono seria um tirano sanguinário, fazendo em grande escala o que a posição só o permite em escala reduzida. Considerando a questão de outro ponto de vista, diremos que um homem pode fazer mais mal numa existência que na precedente, mostrar vícios que não tinha, sem que isto implique uma degeneração moral. Muitas vezes são as ocasiões que faltam para fazer o mal, quando o princípio existe latente; vem a ocasião e os maus instintos se revelam. A vida comum nos oferece numerosos exemplos: certo homem, que era tido como bom, de repente revela vícios que ninguém suspeitava, e que causam admiração. É simplesmente porque soube dissimular ou porque uma causa provocou o desenvolvimento 

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