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terça-feira, 23 de dezembro de 2014

ALÉM DO QUE SE PENSA

Notícia veiculada pela imprensa recentemente dá conta que cerca de um milhão de abortos em média, são estimados por ano no Brasil. Por ser uma prática ilegal prevista num artigo do Código Penal de 1940, acaba resultando na prisão daquelas que o praticam, seja por questões econômicas ou comportamentais. O Espiritismo demonstra através de inúmeros relatos que a questão do aborto não se constitui apenas em um problema moral, religioso, político ou social. Trata-se da gênese de inúmeros distúrbios do aparelho reprodutor, bem como, complicações de ordem mental com repercussões no corpo físico, na vida atual ou em outras. As repercussões no corpo espiritual ou períspirito são inevitáveis, com desdobramentos em outras vidas físicas. As reencarnações obedecem a programas a serem cumpridos pela criatura em sua caminhada evolutiva e o que interrompe uma vida que estava prevista para se materializar em nossa Dimensão, frustra projetos envolvendo a vítima do parricídio legalizado ou não pelos códigos penais das sociedades e civilizações da Terra. Como nada é por acaso, Allan Kardec revela n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS que “o Espírito renasce frequentemente no mesmo meio em que viveu, e se encontra em relação com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes tenha feito”.  Em artigo publicado quase uma década após sua morte no OBRAS POSTUMAS, ratifica a primeira informação dizendo que o Serfrequentemente, renasce na mesma família, ou pelo menos os membros de uma mesma família renascem juntos para nela constituírem uma nova, numa outra posição social, a fim de estreitarem os seus laços de afeição, ou repararem seus erros recíprocos. Pelas considerações de ordem mais geral, frequentemente, se renasce no mesmo meio, nação, raça, seja por simpatia, seja para continuar estudos que fizeram, se aperfeiçoar, prosseguir trabalhos começados que as circunstâncias ou brevidade da vida não permitiram terminar”. No livro MISSIONÁRIOS DA LUZ (1945, feb), o autor nos repassa a seguinte informação do Instrutor Alexandre, personagem central da narrativa: -“O aborto muito raramente se verifica obedecendo a causas de nossa Esfera de ação. Em regra geral, origina-se do recuo inesperado de pais terrestres, diante das sagradas obrigações assumidas ou aos excessos de leviandade e inconsciência criminosa de mães, menos preparadas na responsabilidade e na compreensão para este ministério. Mesmo aí, tudo fazemos, por nossa vez, para opor-lhes resistência aos projetos de fuga ao dever.(...). Se os interessados, retrocedendo nas decisões espirituais, perseveram sistematicamente contra nós, somos compelidos a deixá-los entregues à própria sorte. Daí, a razão de existirem muitos casais humanos, absolutamente sem a coroa de filhos, visto que anularam as próprias faculdades geradoras. Quando não procedem de semelhante modo no presente, sequiosos de satisfação egoística, agiriam assim, no passado, determinando sérias anomalias na organização psíquica que lhes é peculiar. Neste último caso, experimentam dolorosos períodos de solidão e sede afetiva, até que refaçam, dignamente, o patrimônio de veneração que todos nós devemos às leis de Deus”. Já o Orientador Emmanuel, através do médium Chico Xavier, considera que a prática do aborto “afasta dos que por ele deliberam os recursos de reabilitação e felicidade que lhes iluminariam, mais tarde, os caminhos, seja impedindo a reencarnação de Espíritos amigos que lhes garantiriam a segurança e o reconforto ou impedindo o renascimento de antigos desafetos, com os quais poderiam adquirir a própria tranquilidade pela solução de velhas contas”. Afirma ainda que “algumas doenças de formação obscura ou a desencarnação prematura através, por exemplo, do câncer, são consequência possível de tal ação, além de aflitivos processos de obsessão”. Quanto “àqueles que cooperam nos delitos do aborto, sejam pais tanto quanto os profissionais que o favorecem, vem a sofrer os resultados da crueldade que praticam, atraindo sobre as próprias cabeças os sofrimentos e os desesperos das próprias vítimas, relegadas por eles aos percalços e sombras da vida espiritual em Esferas inferiores”. Muitos poderão encarar tais comentários como uma ameaça moralista tentando atemorizar os que defendem tal prática. Sugerimos, contudo, uma revisão em seus pontos de vista a respeito do que significa a vida a partir do que demonstra a Doutrina Espírita. (1-) Simplesmente uma passagem de algumas décadas no corpo humano; (2-) numa Dimensão em que procuramos nos reabilitar perante Leis que vão induzindo nosso progresso espiritual; (3-) num Planeta ao qual não nos manteremos ligados eternamente; (4-) junto de outros seres que conhecemos há bastante tempo e (5-) diante dos quais assumimos compromissos que estamos procurando resgatar através da convivência muitas vezes difícil. Interromper o resultado de um processo tão laborioso quanto o da gestação representa atrasar em muito nosso avanço evolutivo.


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