Notícia veiculada pela
imprensa recentemente dá conta que cerca de um milhão de abortos em média, são
estimados por ano no Brasil. Por ser uma prática ilegal prevista num artigo do
Código Penal de 1940, acaba resultando na prisão daquelas que o praticam, seja
por questões econômicas ou comportamentais. O Espiritismo demonstra através de
inúmeros relatos que a questão do aborto não se constitui apenas em um problema
moral, religioso, político ou social. Trata-se da gênese de inúmeros distúrbios do
aparelho reprodutor, bem como, complicações de ordem mental com repercussões no
corpo físico, na vida atual ou em outras. As repercussões no corpo espiritual ou períspirito
são inevitáveis, com desdobramentos
em outras vidas físicas. As reencarnações obedecem a programas a serem
cumpridos pela criatura em sua caminhada evolutiva e o que interrompe uma vida
que estava prevista para se materializar em nossa Dimensão, frustra projetos
envolvendo a vítima do parricídio legalizado ou não pelos códigos penais das
sociedades e civilizações da Terra.
Como nada
é por acaso, Allan Kardec revela n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS que “o
Espírito renasce frequentemente no mesmo meio em que viveu, e se encontra em
relação com as mesmas pessoas, a fim de reparar o mal que lhes tenha
feito”. Em artigo publicado quase uma década após sua
morte no OBRAS POSTUMAS, ratifica a primeira informação
dizendo que o Ser “frequentemente, renasce na mesma
família, ou pelo menos os membros de uma mesma família renascem juntos para
nela constituírem uma nova, numa outra posição social, a fim de estreitarem os
seus laços de afeição, ou repararem seus erros recíprocos. Pelas considerações
de ordem mais geral, frequentemente, se renasce no mesmo meio, nação, raça,
seja por simpatia, seja para continuar estudos que fizeram, se aperfeiçoar,
prosseguir trabalhos começados que as circunstâncias ou brevidade da vida não
permitiram terminar”. No livro MISSIONÁRIOS DA LUZ (1945, feb),
o autor nos repassa a seguinte informação do Instrutor Alexandre,
personagem central da narrativa: -“O aborto muito raramente se verifica
obedecendo a causas de nossa Esfera de ação. Em regra geral, origina-se do
recuo inesperado de pais terrestres, diante das sagradas obrigações assumidas
ou aos excessos de leviandade e inconsciência criminosa de mães, menos
preparadas na responsabilidade e na compreensão para este ministério. Mesmo aí,
tudo fazemos, por nossa vez, para opor-lhes resistência aos projetos de fuga ao
dever.(...). Se os interessados, retrocedendo nas decisões espirituais,
perseveram sistematicamente contra nós, somos compelidos a deixá-los entregues
à própria sorte. Daí, a razão de existirem muitos casais humanos, absolutamente
sem a coroa de filhos, visto que anularam as próprias faculdades geradoras.
Quando não procedem de semelhante modo no presente, sequiosos de satisfação
egoística, agiriam assim, no passado, determinando sérias anomalias na
organização psíquica que lhes é peculiar. Neste último caso, experimentam
dolorosos períodos de solidão e sede afetiva, até que refaçam, dignamente, o
patrimônio de veneração que todos nós devemos às leis de Deus”. Já o Orientador Emmanuel, através
do médium Chico Xavier, considera que a prática do aborto “afasta
dos que por ele deliberam os recursos de reabilitação e felicidade que lhes
iluminariam, mais tarde, os caminhos, seja impedindo a reencarnação de
Espíritos amigos que lhes garantiriam a segurança e o reconforto ou impedindo o
renascimento de antigos desafetos, com os quais poderiam adquirir a própria
tranquilidade pela solução de velhas contas”. Afirma ainda que “algumas
doenças de formação obscura ou a desencarnação prematura através, por exemplo,
do câncer, são consequência possível de tal ação, além de aflitivos processos
de obsessão”. Quanto “àqueles que cooperam nos delitos do aborto,
sejam pais tanto quanto os profissionais que o favorecem, vem a sofrer os
resultados da crueldade que praticam, atraindo sobre as próprias cabeças os
sofrimentos e os desesperos das próprias vítimas, relegadas por eles aos
percalços e sombras da vida espiritual em Esferas inferiores”. Muitos
poderão encarar tais comentários como uma ameaça moralista tentando atemorizar
os que defendem tal prática. Sugerimos, contudo, uma revisão em seus pontos de
vista a respeito do que significa a vida a partir do que demonstra a Doutrina
Espírita. (1-) Simplesmente uma passagem de algumas décadas no corpo
humano; (2-) numa Dimensão em que procuramos nos reabilitar perante Leis
que vão induzindo nosso progresso espiritual; (3-) num Planeta ao qual
não nos manteremos ligados eternamente; (4-) junto de outros seres que
conhecemos há bastante tempo e (5-) diante dos quais assumimos
compromissos que estamos procurando resgatar através da convivência muitas
vezes difícil. Interromper o resultado de um processo tão laborioso quanto o da
gestação representa atrasar em muito nosso avanço evolutivo.
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