Deus, Jeová, Alá, Supremo
Arquiteto do Universo, Consciência Cósmica são palavras utilizadas para
identificar uma única coisa: o Criador. Para não dificultar as coisas um dos
maiores líderes espirituais conhecidos sugeriu chama-lo apenas Pai. Numa das edições
da REVISTA ESPÍRITA, ano 1864,
Allan
Kardec escreveu: “O Espírito no início de sua fase humana,
estupido e bruto, sente a centelha divina em si, pois, adora um Deus, que
materializa conforme sua materialidade”. Refletindo sobre o
assunto sob esse prisma, conclui-se qual a razão de existirem tantas escolas
religiosas na sociedade humana. Condicionados ao processo evolutivo, natural os
homens irem criando sistemas a partir da própria percepção das possíveis
explicações sobre a origem de tudo, visto cada um refletir o mundo conforme sua
capacidade de entendimento. Desse modo, tudo está certo, constituindo-se as
diferentes visões da Divindade, apenas degraus de acesso a uma compreensão cada
vez mais aprofundada e ampla do tema. Na edição de maio de 1861,
da REVISTA ESPÍRITA, numa nota de rodapé, Allan Kardec
inclui uma observação em que procura responder duas questões naturais entre os
que consideram a ideia de Deus uma grande mentira. A primeira delas: Como os Espíritos novos que
Deus cria, e que se destinam a um dia tornar-se Espíritos puros, depois de terem passado pela peneira de uma porção de existências e provas, saem tão
imperfeitos das mãos do Criador, que é a fonte de toda perfeição e não se
melhoram gradativamente senão se afastando da origem? - “Digamos
para começar que a solução pode ser deduzida facilmente do que está dito, com
desenvolvimento, n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, sobre a progressão dos Espíritos, questões 114 e seguintes. Teremos
pouco a acrescentar. Os Espíritos saem das mãos do Criador simples e
ignorantes, mas nem são bons, nem maus, pois do contrário, desde a sua origem,
Deus teria votado uns ao Bem e à felicidade, e outros ao mal e à desgraça, o
que nem concordaria com a sua bondade, nem com a sua justiça. No momento de sua
criação, os Espíritos não são imperfeitos senão do ponto de vista de
desenvolvimento intelectual e moral, como a criança ao nascer, como o germe
contido no grão da árvore. Mas não são maus por natureza. Ao mesmo tempo que
neles se desenvolve a razão, o livre arbítrio, em virtude do qual escolhem,
uns, o bom caminho, outros, o mau, faz que uns cheguem ao objetivo mais cedo
que outros. Mas todos, sem exceção, devem passar pelas vicissitudes da vida
corpórea, a fim de adquirir experiência e ter o mérito da luta. Ora, nessa luta
uns triunfam , outros sucumbem; mas os vencidos podem sempre erguer-se e
resgatar as suas derrotas. Esta questão levanta outra, mais grave, que várias
vezes nos foi apresentada. É a seguinte: Deus, que tudo sabe, o passado, o presente e o
futuro, deve saber que tal Espírito tomará o mau caminho, sucumbirá e será
infeliz. Neste caso, por que o criou? Sim.
Certamente Deus sabe muito bem a linha que seguirá um Espírito, do contrário
não teria a ciência soberana; se o mau caminho a que se atira o Espírito
devesse fatalmente conduzi-lo a uma eternidade absoluta de penas e sofrimentos;
se, porque tivesse falido lhe fosse para sempre vedado reabilitar-se, a objeção
acima teria uma força de lógica incontestável e talvez aí estivesse o mais
poderoso argumento contra a dogma dos suplícios eternos; porque, neste caso,
impossível é sair do dilema: ou Deus não conhece a sorte reservada à sua
criatura e então não tem a soberana ciência; se a conhece, então a criou para
ser eternamente infeliz e, então, não tem Soberana Bondade. Com a Doutrina
Espírita, tudo concorda perfeitamente, e não há contradição: Deus sabe que um
Espírito tomará um mau caminho; conhece todos os perigos de que está este
semeado, mas, também, sabe que dele sairá e que apenas terá um atraso; e, na
sua bondade e para lhe facilitar, multiplica em sua rota as advertências
salutares, dos quais infelizmente nem sempre se aproveita. É a história de dois
viajantes que querem chegar a uma bela região onde viverão felizes. Um sabe
evitar os obstáculos, as tentações, que o fariam parar no caminho; o outro, por
imprudência, choca-se nos mesmo obstáculo, dá quedas que o atrasam, mas chegará
por sua vez. Se, em caminho, pessoas caridosas o previnem dos perigos que corre
e, se por presunção, não as escuta, não será mais repreensível”.
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