Refletindo sobre a questão da
aceitação do princípio da reencarnação, conclui-se que isso não será possível
nem por eventuais provas a serem apresentadas, nem por argumentos lógicos. Dependerá exclusivamente da condição
evolutiva do Espírito encarnado ou desencarnado. Os homens da chamada Ciência interessados no tema prendem-se ainda a registros quantitativos ou análises sobre o que classificam
como evidências da reencarnação. Trabalhos criteriosos sobre elas oferecidos
por apenas três homens que poderiam ser associados à ciência, dois dos quais (Ian
Stevenson e Hemendra Banerjee) por estarem ligados ao meio acadêmico e o
terceiro o engenheiro brasileiro Hernani Guimaraes Andrade, permanecem ignorados, perdidos no passado recente da segunda metade
do século 20. Produziram obras de reconhecido valor que não tiveram repercussão
além dos limites do meio em que surgiram. E, apesar dos conteúdos oferecidos
por profissionais que trabalham, por exemplo, com as Terapias de Vidas Passadas, observa-se grande indiferença para o
apurado nas imersões obtidas em estados alterados de consciência. Considerando
que uma hipotética descoberta científica fosse anunciada pelos meios de
comunicação de massa mundialmente, se perderia, ante, por exemplo, milhares de
pessoas que não acessam noticiários ou nos preconceitos religiosos –
intencionalmente ou não - plantados nas mentes dos que se identificam com suas
propostas, através dos “despachantes de Deus” que costumam
ter “argumentos
fortes”, invariavelmente, usando como escudo textos ditos sagrados.
Quando no capítulo três d’ O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO se lê sobre a diversidade dos Espíritos submetidos
aos processos evolutivos previstos para o planeta Terra – uma das muitas
moradas da Casa de Nosso Pai -, entende-se porque a convicção sobre os
mecanismos da reencarnação, como apresentados pela Doutrina Espírita, não é
ainda acessível ao entendimento da maioria. Porque os alunos que “sentam
nas carteiras da frente” nas salas de aula do imenso educandário com
que analogamente é comparado nosso Globo, representam minoria. Alguns ali se
colocam por não enxergarem direito, não por que detém uma inteligência já
desenvolvida para conhecimentos de profundidade ou transcendentes. Os demais se
fixam na chamada “zona de conforto”, onde os prazeres sensoriais
(alimentação e sexo) são o que realmente importa. Aos multiplicadores do
pensamento espírita compete apenas chamar a atenção para a visão clara,
objetiva das respostas que o Espiritismo dá sobre a questão. Afinal a
inexorável marcha do tempo cobra de decisões e ações práticas ante sua
avassaladora passagem, conduzindo todos de volta para o ponto de origem chamado
Mundo Espiritual, não dando tréguas. No Brasil, a partir da década de 40 do
Século Vinte, as corajosas e pioneiras ações do psiquiatra Inácio Ferreira no
laboratório chamado Sanatório Espírita de Uberaba, ofereceram material de
grande qualidade demonstrando que os transtornos psiquiátricos tem origem em
complicações criadas pelos doentes de agora em vida passada. Tendo como “microscópio”
a mediunidade de Dona Maria Modesto Cravo, abriu caminho
para a compreensão e razão de muitos dramas existenciais, interligando pessoas
no âmbito da família, invariavelmente comprometidas entre si com transgressões
ao Código Penal da Vida Futura
redigido por Allan Kardec no capítulo sete d’ O CÉU E O INFERNO, livro em sua segunda parte, constituído de
dezenas de depoimentos de Espíritos desencarnados ouvidos nas reuniões da Sociedade
Espírita de Paris. Empolgado com suas pesquisas, o corajoso Dr Inácio
Ferreira escreveu dois livros - NOVOS
RUMOS À MEDICINA e A REENCARNAÇÃO EM
FACE DA REENCARNAÇÃO. O primeiro organizado de uma forma muito
interessante, apresentando a ficha de internação do doente, a evolução do
tratamento e o apurado através da médium citada. Publicados ainda na primeira
metade do século passado, encontraram forte rejeição no meio espírita, o que
fez com que o autor não os reeditasse, até que nos anos 80, uma série de seis
matérias, apresentadas pela revista INFORMAÇÃO,
reproduzindo alguns casos ali expostos, chamassem a atenção para sua
existência. Com a desencarnação do valoroso e pioneiro médico, a editora da
Federação Espírita de São Paulo, relançou os dois livros. Motivados pela
Espiritualidade, vários Sanatórios foram fundadas por organizações espíritas,
baseados no modelo adotado no precursor de Uberaba. Começaram, porém, nem todos
persistiram até pela mudança da Política de Saúde Mental no País que, aliado às
dificuldades econômicas, impuseram mudança de procedimentos, a maioria abolindo
os tratamentos desobsessivos. Hoje apenas em alguns Centros Espíritas se
oferece as terapias baseadas nas
revelações espíritas. Não se preocupam, contudo, com o aprofundamento, análise
e associação entre os distúrbios espirituais/ psicológicos/ sociais e encarnações
passadas, desperdiçando material de valor inestimável. Assim, a reencarnação
continuará dependendo da inclusão nas gerações que renascem diariamente na
Terra, de Espíritos que já desenvolveram em si o conhecimento inato a respeito
da pluralidade das existências.
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