Artigo assinado por Allan
Kardec, no número de agosto de
1859 da REVISTA ESPÍRITA esclarece: -“ Desde que os Espíritos não são senão
os próprios homens despojados do seu invólucro grosseiro ou almas que
sobrevivem aos corpos, segue-se que há Espíritos, desde que há seres humanos no
Universo”. Diante dessa ponderação acrescenta: -“É preciso não perder de vista que os Espíritos constituem todo um
mundo, toda uma população que enche o espaço, circula ao nosso lado, mistura-se
em tudo quanto fazemos. Se se viesse a levantar o véu que nô-los oculta,
vê-los-íamos em redor de nós, indo e vindo, seguindo-nos, ou nos evitando
segundo o grau de simpatia; uns indiferentes, verdadeiros vagabundos do mundo
oculto, outros muito ocupados, quer consigo mesmos, quer com os homens, aos
quais se ligam, com um propósito mais ou menos louvável, segundo as qualidades
que os distinguem. Numa palavra veríamos uma réplica do gênero humano, com suas
boas e más qualidades, com suas virtudes e com seus vícios. Este
acompanhamento, ao qual não podemos escapar, porque não há recanto bastante
oculto para se tornar inacessível aos Espíritos, exerce sobre nós, queiramos ou
não, uma influência permanente. Uns, nos impelem para o Bem, outros para o mal;
muitas vezes as nossas determinações são resultado de sua sugestão; felizes
quando temos juízo bastante para discernir o bom e o mau caminho, por onde nos
procuram arrastar”. Décadas depois, um médium brasileiro – Chico Xavier -, começa a verter para
nossa Dimensão uma série de livros – NOSSO
LAR -, elaborados por um médico – André
Luiz - desencarnado em meados dos anos 30, com fins de despertamento da
Humanidade visto que a evolução do materialismo a afastava cada vez mais das
questões espirituais. Tais narrativas resultaram em treze obras reunindo
inúmeros casos que exemplificam a interação comentada por Allan Kardec. Selecionamos
algumas dessas cenas para que se tenha uma ideia de como funciona tal
interação: CASO 1 - NA VIA
PÚBLICA: -“No
longo percurso, através de ruas movimentadas, surpreendia-me, sobremaneira, por
se me depararem quadros totalmente novos. Identificava, agora, a presença de
muitos desencarnados de ordem inferior, seguindo os passos de transeuntes
vários, ou colados a eles, em abraço singular. Muito se dependuravam a
veículos, contemplavam-nos outros, das sacadas distantes. Alguns, em grupos,
vagavam pelas ruas, formando verdadeiras nuvens escuras que houvessem baixado
repentinamente ao solo. Assustei-me. Não havia notado tais ocorrências nas
excursões anteriores ao círculo carnal. (...) Não dissimulava, entretanto,
minha surpresa. As sombras sucediam-se umas às outras e posso assegurar que o
número de entidades inferiores, invisíveis ao homem comum, não era menor, nas
ruas, ao de pessoas encarnadas, em continuo vaivém (...). Tinha a impressão
nítida de havermos mergulhado num oceano de vibrações muito diferentes, onde
respirávamos com certa dificuldade”. CASO 2 - NUMA RESIDÊNCIA
COMUM : -“A família, constituída da
viúva, três filhos e um casal de velhos, permanecia à mesa de refeições, no
almoço muito simples. Entretanto, um fato, até então inédito para mim, feriu-me
a observação: seis entidades envolvidas em círculos escuros acompanhavam-nos ao
repasto, como se estivessem tomando alimentos por absorção.(...) Os que
desencarnam em condições de excessivo apego aos que deixaram na Crosta, neles
encontrando as mesmas algemas, quase sempre se mantém ligados à casa, às
situações domésticas e aos fluidos vitais da família. Alimentam-se com a
parentela e, dormem nos mesmos aposentos onde se desligaram do corpo físico”. CASO 3 - NUM RESTAURANTE: -“Transpusemos
a entrada. As emanações do ambiente produziam em nós, indefinível mal estar.
Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste
feição se demoravam expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo
arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam,
nisso encontrando alegria e alimento. Outras aspiravam o hálito de alcóolatras
impenitentes”. CASO 4 - NUM HOSPITAL: -“A
enfermaria estava repleta de cenas deploráveis. Entidades inferiores, retidas
pelos próprios enfermos, em grande viciação da mente, postavam-se em leitos
diversos, lhes infringindo padecimentos atrozes, sugando-lhes vampirescamente
preciosas forças, bem como atormentando-os e perseguindo-os”. CASO 5 - NUMA CASA NOTURNA: -“Champanha correndo e música lasciva. Entidades perturbadoras e perturbadas,
jungidas ao corpo de bailarinos, enquanto outras iam e vinham, a se inclinarem
sobre taças, cujo conteúdo lábios entediados não haviam conseguido sorver
totalmente. Em recanto multicolorido, onde algumas jovens exibiam formas
seminuas em coleios esquisitos, vampiros articulavam trejeitos, completando, em
sentido menos digno, os quadros que o mau gosto humano pretendia apresentar, em
nome da arte. Tudo rasteiro, impróprio, inconveniente”. CASO 6 - MULHER,
FAIXA DOS 50 ANOS, CASADA DEVANEANDO SOBRE AMOR PLATÔNICO : - “Dona Marcia parecia regressar de outro
país. Adereçada, sorridente. Os cabelos em penteado excêntrico lhe realçavam a
graça, remoçando-a inteiramente. Harmonizava-se a maquiagem com o róseo vestido
novo. O porte se lhe erguia nos sapatos de salto alto, com a esbelteza da
cegonha jovem, quando caminha descuidada em campo livre. Exibia cores,
destilava perfumes. Contudo, a flor humana em que se metamorfoseara não
escondia para nós as larvas que a carcomiam. Jazia Dona Marcia assessorada por pequena corte de
vampirizadores desencarnados que lhe alteravam a cabeça”.
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