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sábado, 10 de janeiro de 2015

NEM PENSAR



A questão da morte é vista de forma dramática pela nossa cultura. Embora inevitável na caminhada desta vida não só pela fragilidade de corpo físico que usamos como também pelo inevitável envelhecimento provocado pelo seu desgaste natural, as pessoas preferem ignorar que a encontrarão em algum ponto de sua caminhada existencial. Um caso, porem, mostra-se como o mais difícil de todos. É o que envolve a perda de um filho de forma inesperada em função de um acidente ou previsível pela gravidade de uma doença manifestada. E, em meio a esses episódios, a dor de uma mãe chama mais a atenção. Das mães que honram esse título é claro. Chico Xavier que, em função da mediunidade, conviveu com milhares de casos dizia não existirem palavras que pudessem definir tal dor. Dizia ser superlativa. Ideias e pensamentos os mais absurdos levam-nas a gestos extremos. Seja por não suportarem tal sentimento, seja pela ilusão de, talvez, se reencontram noutra vida com o ente cuja convivência lhe interrompida. Embora seja grave delito perante as Leis Cósmicas, neste caso é considerado com atenuantes. Na verdade, conforme nos revela a Doutrina Espírita, nada é por acaso, e a perda de um ente querido, geralmente, faz parte do programa que estamos cumprindo na passagem pela face mais material da vida. Muitas vezes, solicitamos ou concordamos com tal experiência para ajudar aquele que tem frustrada sua passagem por nossa Dimensão, pelas profundas ligações que com eles mantemos desde Eras remotas. Ou, como explicado pelo Instrutor Druso a Hilário e André Luiz na obra AÇÃO E REAÇÃO (1957; feb), contribuímos para suas quedas em vida passada e pedimos para nos redimir das culpas que criamos, vivendo a difícil experiência da separação em meio a sonhos e projetos aqui acalentados. Ninguém foge de si mesmo e, mais dia, menos dia, nos sentiremos necessitados do enfrentamento dos efeitos causados por nossas atitudes insensatas. Entre a farta documentação geradas através do médium Chico Xavier – todos, casos reais -, encontramos exemplos de como a deserção via suicídio acarreta consequências, também dolorosas para quem dele se vale para fugir do aprendizado e da remissão. Um deles resulta da carta escrita pela jovem Valéria Cosentino, desencarnada em acidente automobilístico, aos 23 anos, após abalroamento que levou o carro que dirigia a chocar-se com a Ponte da Cidade Jardim, Marginal Pinheiros. Santista, católica, formada em Odontologia, cursava Pós-Graduação na Universidade de São Paulo, razão porque permanecia na capital paulista de quarta a sexta-feira. Prevenida desde 15 dias antes através de significativos sonhos que sugeriam uma grande viagem, com sua morte impôs aos pais e irmão, momentos de desespero e inconformação. Sua mãe, contudo não resistiu e cedeu ao suicídio. Formação universitária, professora de inglês, dias após a transferência da filha para a Vida Espiritual, fez uso de um tiro no crâneo para aplacar o sofrimento em que se viu mergulhada. Pouco mais de um ano após o acidente que mudou sua vida, o pai e marido, encontrava-se na reunião pública do Grupo Espírita da Prece, onde Chico Xavier, entre outras, psicografou esclarecedora e confortadora de Valéria, oferecendo notícias de sua situação. Médico Legista e Cirurgião, encontrou em suas palavras alento para seguir em frente com a própria vida.  Valéria, expondo suas impressões sobre os acontecimentos, relatando o sucedido após a morte do seu corpo físico, sua angustiante recuperação ao tomar conhecimento do sucedido, conta da aflição quando da primeira visita ao lar que deixara, em se referindo à mãe diz: -“Lutei, mas lutei muito para arredar das ideias da Mãezinha o propósito do suicídio, mas não consegui. Aquela alma forte e sensível fora ferida nas próprias entranhas, e por muito nos dedicássemos a ela, no sentido de alterar-lhe as disposições, incapaz de arrebata-la ao terrível intento, via-a arrasar o próprio corpo, imaginando que isso lhe abriria as portas da visão para o encontro comigo, quando o gesto dela, desertando da provação, nos agravava o espanto de todos. (...). A Mãezinha demorou-se para retornar a si mesma. Agora, já me reconhece, mas trouxe muito desequilíbrio no corpo espiritual, que lhe tomará tempo para desaparecer. Pai, querido, a Mãezinha tem sofrido muito nos remanescentes do suicídio a que se entregou, e agora confessa-me temer por sua sanidade mental e pela sanidade do Paulo, e me solicitou pedir-lhes calma e resignação. (...). Pai, ela e eu pedimos aos dois, com os nossos corações entrelaçados no mesmo temor para que não alimentem qualquer desejo de encontrar a morte prematura, que vem a ser uma calamidade na vida daqueles que a perpetram”.

Um comentário:

  1. Muito emocionante, dentre tantas outras mensagens vistas por mim ontem 10.01.14 em seminário "As Cartas de Chico Xavier" ministrado pelo Sr. Luiz Armando no Centro Espírita Casa do Caminho.

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