- “Todas as tribulações da vida
foram previstas e escolhidas por nós? – constitui-se numa dúvida comum
àqueles que começam a raciocinar com base nas informações oferecidas pela visão
do Espiritismo sobre A LEI DE CAUSA E
EFEITO, resumida no Código Penal da
Vida Futura apresentado no capítulo 7 do livro O CÉU E O INFERNO - a Justiça
Divina segundo o Espiritismo. Nas revelações feitas a Allan
Kardec e constantes n’ O LIVRO
DOS ESPÍRITOS, as Entidade Superiores disseram que “só os grandes acontecimentos,
que influem no destino, estão previstos, nascendo os detalhes das
circunstâncias e da força das coisas”. Família de origem, família organizada, formação, encaminhamento
profissional, doenças, limitações físicas, intelectuais ou mentais, certamente
estão entre elas. As circunstâncias da vida nos encaminham sempre ao meio em
que possamos sofrer as provas que nos reabilitem perante nossa própria
consciência, a qual reflete não apenas as Leis de Deus nela inscritas como
também nossa condição evolutiva. Para lutar contra o instinto do bandido que,
eventualmente, habite em nós, é preciso que nos encontremos entre gente dessa
espécie. Para uns, impõem-se uma vida de misérias e provações para tentar
suportá-la com coragem; outros devem experimentar as tentações da fortuna e do
poder, bem mais perigosas, pelo abuso e o mau emprego que se lhes pode dar e
pelas paixões que desenvolvem; outros, enfim, querem ser provados nas lutas que
terão de sustentar no contato com o vício. Sobre aqueles que, em meio às
dificuldades da vida, afirmam que, se pudessem escolher a sua existência,
teriam pedido a dos príncipes ou milionários, Allan Kardec diz “serem
como os míopes que não veem o que tocam, ou como as crianças gulosas, que
respondem, quando perguntamos que profissão preferem: confeiteiros ou
pasteleiros”. Explicando-se melhor, ele diz: -“Da mesma maneira, o viajante,
no fundo de um vale nevoento, não vê a extensão nem os pontos extremos da sua
rota; mas, chegando ao cume da montanha, seu olhar abrange o caminho percorrido
e o que falta a percorrer, vê o final de sua viagem, os obstáculos que ainda
tem de vencer, e pode então escolher com mais segurança os meios de o atingir.
O Espírito encarnado é como o viajante no fundo do vale; desembaraçado dos
liames terrestres, é como o que atingiu o cume. Para o viajante, o fim é o
repouso após a fadiga; para o Espírito é a felicidade suprema, após as
tribulações e as provas”. Acrescenta que temos um exemplo disso na vida
corpórea. Não buscamos muitas vezes, através dos anos, a carreira que
livremente acabamos por escolher, porque a achamos a mais apropriada aos nossos
objetivos? Se fracassamos numa, procuramos outra. Cada carreira que abraçamos é
uma fase, um período da vida. Não empregamos cada dia em escolher o que faremos
no outro? Ora, o que são as diferentes existências corpóreas para o Espírito,
senão fases, períodos, dias da sua vida espíritual que, como sabemos, é a vida
normal, não sendo a vida corpórea mais do que transitória, passageira?”. Em
meio às informações oferecidas pela Espiritualidade, uma que talvez nos ajude a
entender tanta violência gratuita na sociedade humana é a de que Espíritos
procedentes de povos mais atrasados como os canibais, ou procedentes de um
mundo inferior à Terra, podem nascer entre os povos dito civilizados. Por
terem hábitos e instintos que se chocam com os daqueles em meio aos quais
ressurgem, os faz dar o triste espetáculo da ferocidade em meio da civilização.
Retornando, eventualmente, para o meio dos canibais, não estarão retrocedendo,
mas retomando seu lugar, e talvez com mais proveito. Da mesma forma, um homem pertencente a uma
raça civilizada pode, por expiação, reencarnar-se numa raça selvagem, dependendo
do gênero da expiação de que se faz necessitado. Um senhor que tenha sido duro
para os seus escravos poderá tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infringiu
a outros. Aquele que mandou numa época, pode, em outra existência, obedecer aos
que se curvaram ante a sua vontade. É uma expiação, se ele abusou do poder, e
Deus pode determina-la. Pode ainda ocorrer de um bom Espírito, escolher uma
vida de influência entre esses povos, para os fazer avançar, o que seria uma
missão. Pelas explicações dos Espíritos responsáveis pela Codificação da
Doutrina Espírita, a questão da escolha funciona da seguinte forma: - “A
Providência Divina supre a inexperiência daqueles que se encontram no início do
processo evolutivo, simples e ignorante, traçando-lhe o caminho que deve seguir,
como fazemos com uma criança desde o berço. Mas deixa-lhe pouco a pouco a
liberdade de escolher, à medida que seu livre-arbítrio se desenvolve”.
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