“-Estamos num parque-cidade-jardim, se
posso definir com estas três palavras o grande centro de recuperação e cultura
em que presentemente nos achamos. O vovô Engelberto e o vovô Eugênio entabularam
entendimentos para que fôssemos admitidas num grande instituto de reformulação
espiritual e tivemos permissão para desfrutar a companhia e a proteção da mãezinha
Custódia que nos serve de governanta maternal. Penso que ficarão satisfeitos se
lhes contar que fomos admitidas pela Diretora, a Irmã Frida, da lista de
amizades do vovô Engelberto, com a maior distinção. Naturalmente, éramos
neófitas e o receio nos marcava a presença. O vovô dirigiu-se a ela, em alemão,
e ambos conversaram animadamente. Voltando-se cortesmente para nós, se bem me
lembro, a Irmã Frida nos disse sorrindo: -“Brech Gut. Es wird mich scher
freuen ihnen nutzlich zun sein” (traduzido para -"Tudo bem. Me alegrará muito ser-lhes útil"). Compreendo que não guardei de cor a antepenúltima
expressão dela, mas o vovô solicitou-me a troca de ideias em português e a
nossa Diretora, sem pestanejar, se exprimiu em português – brasileiro com tal
mestria que nos sentimos à vontade para a instalação em perspectiva. A cidade é
grande e especializada”. A
informação é dada aos pais na segunda mensagem psicografada por Jane
Furtado Koerich pelo médium Chico Xavier, dezessete meses após ela,
sua irmã Rosemari e a amiga Sonia,
em meio a quase cinquenta pessoas, perecerem em acidente aéreo de grandes
proporções mal iniciados os procedimentos para aterrizagem em Florianópolis (SC), em 12 de
abril de 1980. Sua carta, soma-se a dezenas de outras recebidas pelo médium
mineiro oferecendo detalhes da organização do chamado Mundo Espiritual, em suas
formatações nos diferentes Planos e Sub-planos. Se considerarmos a cogitação da
Teoria das Supercordas da Física Quântica que, além de propor matematicamente os
chamados Universos Paralelos, afirma que “mesmo que as dimensões ocultas do espaço
sejam imperceptíveis, são elas que determinam a realidade física em que vivemos”,
admitiremos como real o relato de Jane. Do momento em que Allan
Kardec, obteve da Espiritualidade a resposta de que entre o Mundo
Espiritual e o Físico o mais importante é o Espiritual, pois de lá tudo procede
e para lá tudo volta ao da descrição da jovem sobrevivente espiritualmente ao
acidente e daí ao comentário do físico materialista e ateu Marcelo Gleiser citado em
seu livro CRIAÇÃO IMPERFEITA (2011, record),
fatias diferentes de tempo transcorreram. Por outro lado, se lembrarmos que, do
ponto em que o astrônomo Nicolau Copérnico, na verdade
repetindo as ideias de Pitágoras, propôs que a Terra não era o centro do sistema
em que vivemos mas o Sol, descartando o sistema do egípcio Ptolomeu, mais de um
século transcorreu até que o italiano Galileu
desenvolvesse o telescópio que permitiu confirmar a revolucionária
proposição do sistema heliocêntrico, podemos presumir ser questão de tempo para
que as realidades espirituais se tornem um fato e não simples hipótese. Em artigo publicado na REVISTA ESPÍRITA de janeiro
de 1863, a visão do Mundo Espiritual oferecida pelo Espiritismo,
representa “uma força nova, uma nova energia, uma nova lei, numa palavra, que foi
revelada. É realmente inconcebível que a incredulidade repila mesmo a ideia,
por isso que esta ideia supõe em nós uma alma, um princípio inteligente que
sobrevive ao corpo. Se se tratasse da descoberta de uma substância material e
não inteligente, seria aceita sem dificuldade. Mas uma ação inteligente fora do
homem é para eles superstição. Se, da observação dos fatos produzidos pela
mediunidade, remontarmos aos fatos gerais, poderemos, pela similitude dos
efeitos, concluir pela similitude das causas”. Segundo ele, “vivemos
num oceano fluídico, incessantemente a braços com correntes contrárias, que
atraímos, ou repelimos, e às quais nos abandonamos, conforme nossas qualidades
pessoais, mas em cujo meio o homem sempre conserva seu livre arbítrio, atributo
essencial de sua natureza, em virtude do qual pode sempre escolher o caminho”. Acrescenta
que esse Mundo Espiritual “é a réplica ou o reflexo do Mundo corpóreo,
com suas paixões, vícios ou suas virtudes, mais virtudes do que nossa natureza
material dificilmente permite compreendermos. Tal é esse mundo oculto, que
povoa os espaços, que nos cerca, no meio do qual vivemos sem o suspeitar, como
vivemos entre miríades do Mundo Microscópico”. Alerta-nos que “o
Mundo Invisível que nos circunda reage constantemente sobre o Mundo Visível; nô-lo
mostram como uma das forças da Natureza. Conhecer os efeitos dessa força
oculta, que nos domina e subjuga contra nossa vontade, não será ter a chave de
mais um problema, as explicações de uma porção de fatos que passam
desapercebidos?”.
Compartilhamento de informações reveladoras disponibilizadas pelo Espiritismo ampliando nosso nivel cultural
faça sua pesquisa
sábado, 28 de fevereiro de 2015
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
COMO FUNCIONA
“Um século é período demasiado
curto em assuntos do Espírito”, afirmou o engenheiro Gabriel
Dellane à André Luiz em entrevista realizada em 1965, em Paris, França. Hoje,
cento e cinquenta anos se passaram desde que Allan Kardec publicou o
que seria o quarto livro da sequência fundamental do Espiritismo. A obra O CÉU E O INFERNO ou a justiça
Divina segundo o Espiritismo, apareceu pela primeira vez nas livrarias
francesas no mês de agosto de 1865. Dividido em duas partes, na segunda reúne
mais de seis dezenas de casos exemplificando as impressões e situação de
pessoas que passaram por diferentes tipos de morte e foram, através de diversos
médiuns ligados à Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas – o laboratório onde se dissipavam mistérios sobre a realidade
espiritual que se confunde com a nossa - entrevistados em reuniões ali
desenvolvidas, para se conhecer as impressões nos instantes que precederam,
marcaram e sucederam o natural transe da morte. Com base nisso e o apoio da
Espiritualidade que assessorava Allan Kardec no trabalho de
organização dos “manuais” denominados Pentateuco Espírita: O LIVRO DOS ESPÍRITOS, O LIVRO DOS MÉDIUNS,
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, O CÉU E O INFERNO e A GÊNESE, resgata a reencarnação como instrumento indispensável no
processo evolutivo dos Espíritos, e, no capítulo 7 do quarto livro, reproduz o
que chama de CODIGO PENAL DA VIDA FUTURA. Trata-se de um conjunto de
33 artigos ou princípios que mostram como o Ser avança na direção de sua
iluminação ou na escala do progresso perante a Sabedoria que caracteriza a Obra
da Inteligência
Suprema do Universo, chamada por alguns Deus, por outros Arquiteto
Supremo do Universo, Consciência Cósmica, Allah, Jeová, etc. Uma ideia
como dito por Allan Kardec, que “materializamos conforme nossa materialidade”,
em outras palavras, que evolui com nossa evolução. Aprendemos que o
desenvolvimento de nossa consciência (efeito da ampliação de
nossa inteligência e memória), vai se manifestando em nós
o “sentimento
de culpa” a cada ação intencionalmente realizada confrontando a Lei do
Amor. O ciclo vicioso de experiências empurra a criatura na direção das expiações
e, os progressos realizados como Espírito resultam numa sequência de estados
mento-emocionais conhecidos como remorso,
seguido do arrependimento que passam a solicitar a reparação dos prejuízos
causados em nossa relação conosco mesmos através da vida em sociedade. Tudo
para que nos liberemos dos incômodos registros guardados na nossa memória de
profundidade, a memória integral, o grande banco de dados acumulados a partir
de nossas experiências. Para medir eventuais os resultados, as chamadas provas
vão se sucedendo, testando avanços ou aumentando a carga de perturbadoras desarmonias
pelo não aproveitamento das oportunidades criadas. Corpo físico, tempo, família de
origem, família organizada, desenvolvimento nesta ou naquela área são
instrumentos ou ferramentas fornecidas para o trabalho que incessantemente
temos a realizar. Como repassado pelo Espírito André Luiz através do
médium Chico Xavier, “o sentimento de culpa é sempre um colapso da
consciência e, através dele, sóbrias forças se insinuam”. O filósofo
Léon Denis considera que “o deslize do Espírito no mal implica
fatalmente na diminuição de liberdade. Os pensamentos e os atos criam em torno
da alma culpada, uma sombria atmosfera fluídica que se condensa pouco a pouco,
vai se contraindo e a encerra como numa prisão”. Como explicado pelo
Espírito Emmanuel, essa fuga ao dever, precipitando-nos no sentimento
de culpa, “origina o remorso,
com múltiplas manifestações, impondo-nos brechas de sombra aos tecidos sutis da
alma”. Acrescenta que o “arrependimento, incessantemente fortalecidos
pelos reflexos de nossa lembrança amarga, transforma-se num abcesso mental,
envenenando-nos, pouco a pouco, e expelindo, em torno, a corrente miasmática de
nossa vida íntima, intoxicando o hausto espiritual de quem nos desfruta o
convívio”. Nas palavras de André Luiz, “a recordação dessa ou daquela
falta grave, mormente daquelas que jazem recalcadas no Espírito, sem que o
desabafo e a corrigenda funcionem como válvula de alívio às chagas ocultas do
arrependimento, cria na mente um estado anômalo que podemos classificar de
“zona
de remorso”, em torno as qual a onda viva e continua do pensamento passa a
enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com reflexo permanente na parte
do veículo fisiopsicossomático ligada à lembrança da pessoa e circunstâncias associadas
ao erro de nossa autoria. Estabelecida a ideia fixa sobre esse nódulo de forças
mentais desequilibradas, é indispensável que acontecimentos reparadores se
contraponham ao modo enfermiço do Ser, para que nos sintamos exonerados desse
ou daquele fardo íntimo, ou exatamente redimidos perante a Lei”.
domingo, 22 de fevereiro de 2015
PRESTEMOS ATENÇÃO
No Mundo Espiritual
muita gente vai se surpreender. Lá não seremos identificados pela importância,
ou melhor, pela suposta importância no mundo”, comentou
Chico Xavier com um grupo
de amigos. Cada um terá sua porta de acesso à verdadeira vida, bem como uma
realidade muito pessoal a enfrentar. Nossas ideias, revelam os estudos
propiciados pelo Espiritismo, especialmente as inferiores, com o tempo, se
cristalizam em nossa alma, impondo-nos aflitiva fixação mental, decorrente de
nossas criações íntimas. Em muitos casos, seu despertar se faz através dos
chamados trabalhos de desobsessão realizados em nossa Dimensão. É o caso do
Espírito cujo depoimento reproduziremos a seguir. Oculto, por razões óbvias,
apenas pela inicial F. de seu nome, ocupou a mediunidade
psicofônica de Chico ao final da reunião de 24 de junho de 1954,
retornava, oferecendo um alerta para todos nós. Entre outras coisas, diz ele:
-“Com aprovação de vossos orientadores, venho trazer-vos meu
reconhecimento e algo de minha amarga experiência, como aviso de um náufrago
aos viajantes do mundo. Quantas vezes afirmei que o dinheiro era a solução da
felicidade!.. Quanto tempo despendi, acreditando que a dominação financeira
fosse o triunfo real na Terra!... No entanto, a morte me assaltou empelna vida,
assim como o tiro do caçador surpreende o pássaro desprevenido no malto
inculto...Como foi o meu desligamento do corpo físico e quantos dias dormi na
sombra, por agora, nada sei dizer. Sei hoje apenas que acordei no espaço
estreito do sepulcro, com o pavor de um homem que se visse repentinamente
enjaulado. Sufocava-me a treva espessa. Horrível dispneia agitava-me todo.
Queria o ar puro...Respirar...respirar...E gritei por socorro. Meus brados,
contudo, se perdiam sem eco. Ao cabo de alguns instantes, notei que duas mãos
vigorosas me soergueram e vi-me, depois de estranha sensação, na paz do campo,
sorvendo o ar fresco da noite. Que lugar era aquele? Uma casa sem teto? De
repente, a cambalear, reconheci-me rodeado de grandes caixas fortes... Ao
frouxo clarão da Lua, reparei que essa caixas fortes surgiam milagrosamente
douradas...Tateei-as com dificuldade, percebi palavras em alto relevo e
verifiquei que eram túmulos...Espavorido, transpus apressado as grades daquela
inesperada prisão. Vi-me, semilouco, na via pública. Devia ser noite alta. Na
rua, quase ninguém...Um bonde retardado apareceu. Achava-me doente, inquieto e
exausto, mas ainda encontrei forças para clamar: -Condutor!...Condutor!...O homem,
porém, não me ouviu. Caminhei mais depressa. Tomei o veículo em movimento e
consegui a situação do pingente anônimo; todavia, com espanto, observei que o
bonde era todo talhado em ouro...As pessoas que o lotavam vestiam-se de ouro
puro.O motorneiro envergava uniforme metálico. Intrigado, sentia medo de mim
mesmo. E, para distrair-me, tentei estabelecer uma conversação com vizinhos. Os
circunstantes, porém, pareciam surdos. Ninguém me ouvia. Vencendo embaraços
indefiníveis, alcancei minha residência. As portas, no entanto, jaziam
cerradas. Esmurrei, chamei, supliquei... Mas tudo era silêncio e quietação. E
quando fitei o frontispício do prédio, o ouro me cercava por todos os lados.
Acomodei-me no chão de ouro e tentei conciliar, debalde, o sono, até que,
manhãzinha, a porta semiaberta permitiu-me a entrada franca. Tudo, porém,
alterara-se em minha ausência. Ninguém me reconheceu. Fatigado, avancei para
meu leito.... Mas o velho móvel se me apresentava agora em ouro maciço. Senti
sede e procurei a água simples, entretanto, o líquido que jorrava era ouro,
ouro puro... Faminto, busquei nosso antigo depósito de pão. O pão, todavia,
transformara-se. Era precioso bloco de ouro, de cuja existência, até então, não
tinha qualquer conhecimento em nossa casa. Meditei... Meditei...Todos os meus
afeiçoados como que como que conspiravam contra mim... Não passava de intruso
em minha própria moradia. Dia terrível aquele em que reassumia ou tentava
reassumir meu contato com os seres amados que, naturalmente, me deviam assistência
e carinho”. F prossegue em seu testemunho confirmando que
nosso “desejo-central”, aprisiona-nos nos efeitos do que causamos
em nossas próprias encarnações. Realmente como ponderou Chico Xavier no
apontamento com que iniciamos, “gente há que desencarna imaginando que as
portas do Mundo Espiritual irão se lhes escancarar, Ledo engano!. Ninguém quer
saber o que fomos, o que possuímos, que cargo ocupávamos no mundo. O que conta
é a luz que cada um já tenha conseguido fazer brilhar em si mesmo. Esse negócio
de ter sido fulano de tal interessa à consciência de quem foi e, na maioria das
vezes, se complicou.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
EXPIAÇÃO E PROVAS: DIRIMINDO DÚVIDAS
Expositores, facilitadores,
palestrantes costumam comentar o tema Expiação e Provas de uma forma
diferente da comentada por Allan Kardec respondendo a indagação
de seguidor do Espiritismo nascida em seu grupo de estudos na cidade de Moulllins,
interior da França, sobre a Expiação ocorrer ou não durante a encarnação dos
Espíritos, apoiando-se na expressão empregada em muitas comunicações. É na
seção Questões e Problemas do número de setembro de 1863 da REVISTA ESPÍRITA, que se ocupa dos
argumentos do consulente que se vale de “várias comunicações, dadas por Espíritos
diferentes, qualificando indistintamente as expiações e as provas,
males e tribulações que formam o quinhão de cada um de nós, durante a
encarnação na Terra. Resulta - segundo ele -, nesta aplicação de duas
palavras, muito diversas da significação, a uma mesma ideia, certa confusão,
sem dúvida pouco importante para os Espíritos desmaterializados, mas que, entre
os encarnados, dá lugar a discussões, que seria interessante fazer cessar por
uma definição clara e precisa e explicações fornecidas pelos Espíritos
Superiores, e que fixasse, de modo irrevogável, este ponto da Doutrina”.
Opina Allan Kardec: -“A distinção estabelecida pelo autor da
nota, entre o caráter da expiação e o das provas é perfeitamente
justa. Contudo não poderíamos partilhar de sua opinião no que concerne à
aplicação desta teoria à situação do homem na Terra. A expiação implica
necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma
falta cometida; a prova implica sempre a de uma inferioridade real ou
presumível, porque o que chegou ao ponto culminante a que aspira, não mais
necessita de provas. Em certos casos, a prova se confunde, com a expiação, isto
é, a expiação pode servir de prova, e reciprocamente. O candidato que se
apresenta para receber uma graduação, passa por uma prova. Se falhar, terá que
recomeçar um trabalho penoso; esse novo trabalho é a punição da negligência no
primeiro; a segunda prova é, assim, uma expiação. Para o condenado a quem se
faz esperar um abrandamento ou uma comutação, se se conduzir bem, a pena é ao
mesmo tempo uma expiação por sua falta, e uma prova para sua sorte futura. Se,
à sua saída da prisão, não estiver melhor, sua prova é nula e um novo castigo
conduzirá a uma nova prova. Agora, se considerarmos o homem sobre a Terra,
vemos que ele aí suporta males de toda sorte e, por vezes, cruéia. Esses males
tem uma causa. Ora, a menos que se os atribua a um capricho do Criador, é-se
forçado a admitir que a causa esteja em nós mesmos, e que as misérias que
experimentamos não podem ser resultado de nossas virtudes. Então tem sua fonte
nas nossas imperfeições. Se um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna,
as honras e todos os prazeres materiais, poder-se-á dizer que sofre a prova do
arrastamento; para o que cai na desgraça por sua conduta ou sua imprevidência,
é a expiação de suas faltas atuais e pode-se dizer que é punidopor onde pecou.
Mas que dizer daquele que, após o nascimento, está a braços com as necessidades
e as privações, que arrasta uma existência miserável e sem esperança de
melhora, que sucumbe ao peso de enfermidades congênitas, sem ter ostensivamente
nada feito para merecer tal sorte? Quer seja uma prova, quer uma expiação, a
posição não é menos penosa e não seria mais justa do ponto de vista do nosso correspondente, porque se o homem
não se lembra da falta, também não se lembra de haver escolhido a prova. Assim,
há que buscar alhures a solução da questão. Como todo efeito em uma causa, as
misérias humanas são efeitos que devem ter a sua; se esta não estiver na vida
atual, deve estar numa vida anterior. Além disso, admitindo-se a Justiça de
Deus, tais efeitos devem ter uma relação mais ou menos íntima com os atos
precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, castigo para o passado e prova para
o futuro. São expiações no sentido de que são consequência de uma falta e provas
em relação ao proveito delas tirado. Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um
inocente. Assim, se formos feridos e se não somos inocentes o mal que sentimos
é o castigo, a expiação, a maneira porque o suportamos é a prova. (...). Em
resumo, se certas situações da vida humana tem, mais particularmente, o caráter
de provas, outras, incontestavelmente, tem o de expiação, e toda expiação pode
servir de prova”.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
NÃO SERÁ SURPRESA
Acompanhando dia destes a
conversa entre jovens na faixa dos trinta anos, observei o interesse
demonstrado por todos a respeito de série veiculadas por canais de televisão
pagos abordando as aventuras de vampiros, de zumbis, entre outros personagens
surreais, acompanhadas com interesse crescente nos capítulos semanais que os
levam a realisticamente percorrer os cenários semelhantes aos da nossa
realidade, criados, muitas vezes, pela prodigiosa computação gráfica. Uma
verdadeira “doutrinação” que leva todos a se sintonizarem com os Seres que
inspiraram seus “criadores”. Assim, o “desembarcar”
no Mundo Espiritual ao final da viagem chamada morte não significará realmente
uma surpresa. Mesmo para os que dispõem de alguma informação resultante dos
estudos feitos em torno das supostas realidades consideradas pelas principais
escolas religiosas do passado e do presente. O médium Chico Xavier que se
notabilizou pelo impressionante acervo construído por seu intermédio, num grupo
de pessoas que lhe perguntaram sobre a posição ocupada no Além pelas criaturas
desencarnadas que não foram más e que também não se interessaram pelo
conhecimento das coisas espirituais durante a vida, respondeu que “oitenta
por cento das pessoas, que desencarnam, voltam-se para a retaguarda sem
condições de ascenderem aos planos elevados. Apenas vinte por cento gravitam
para os Planos mais altos. A maioria delas, portanto, fica vinculada aos
familiares e amigos”. Como Allan Kardec afirma em um de seus
comentários, varia ao infinito o estado feliz ou infeliz dos que chegam ao Plano
Invisível, dependendo de sua maior ou menor ligação com as questões materiais,
o meio de onde procede, o aspecto das coisas, as sensações que experimentar, as
percepções que possuir”. Planos e sub planos se estruturam dentro das grandes
Esferas que circundam o Planeta. Verdadeiros Universos Paralelos como vai
desvendando a Física Quântica. O médium Efigênio Vitor que prestou
importantes serviços na seara compreendida pelos trabalhos inspirados pelo
Espiritismo, através de Chico Xavier, relata que “acima
da crosta terrestre, temos um cinta atmosférica que classificamos por ‘cinta
densa’, com a profundidade aproximada de 50 quilômetros, e, além dela,
possuímos a ‘cinta leve’, com a profundidade aproximada de 950 quilômetros,
somando 1000 quilômetros acima da Esfera em que respiramos”,
acrescentando que “nesse grande mundo aéreo, encontramos múltiplos exemplares de almas
desencarnadas, junto de variadas espécies de criaturas sub-humanas, em desenvolvimento
mental no rumo da Humanidade”, possibilitando assim “milhões
de Espíritos alimentam-se da atmosfera terrestre, demorando-se, por vezes,
muito tempo, na contemplação íntima de suas próprias visões e criações, nas
quais habitualmente se imobilizam, à maneira da alga marinha que nutre a si
mesma, absorvendo os princípios do mar”. Numa impactante narrativa do
Espírito André Luiz, através de Chico Xavier, no livro MISSIONÁRIOS DA LUZ (1945,feb), descrevendo uma atividade socorrista por ele
acompanhada, conta: “-Pelas vibrações ambientes, reconheci que o lugar era
dos mais desagradáveis que conhecera, até então, em minha nova fase de esforço
espiritual. (...). Via
numerosos grupos de entidades francamente inferiores que se alojavam aqui e
ali. Diante do local em que se processava a matança dos bovinos, percebi um
quadro estarrecedor. Grande número de desencarnados, em lastimáveis condições, atiravam-se aos borbotões de sangue vivo, como se
procurassem beber o líquido em sede devoradora. (...) Pela deplorável
situação de embrutecimento e inferioridade, estão sugando as forças do plasma
sanguíneo dos animais”. Noutro momento do mesmo livro, encontramos comentário:
-“Os
criminosos de vários matizes, os fracos de vontade, os aleijados do caráter, os
doentes voluntários, os teimosos e recalcitrantes de todas as situações e de
todos os tempos integram comunidades de sofredores e penitentes do mesmo
padrão, arrastando-se, pesadamente, nas regiões invisíveis ao olhar humano.
Todos eles, segregam forças detestáveis e criam formas horripilantes, porque
toda matéria mental está revestida de força plasmadora e exteriorizante”. Respondendo sobre as dificuldades
para viabilizar o processo da fecundação nos casos em que ela merece maior
atenção pela tarefa a ser desenvolvida pelo candidato a reencarnar, o Instrutor
Alexandre,
esclarece que “as vibrações
contraditórias e subversivas das paixões desvairadas da alma em desequilíbrio,
comprometem os melhores esforços e, muitas vezes, nessas paisagens de
irresponsabilidade e viciação, para ajudar, em obediência ao nosso trabalho,
deve-se, antes de tudo, lutar contra
entidades monstruosas, dominadoras dos círculos de vida dos homens e das mulheres
que, imprevidentemente, escolhem o perigoso caminho da perturbação emocional,
onde tais entidades ignorantes e desequilibradas transitam”. Embora ligando as mentes dos que as assistem aos Seres e ambientes
recriados nas telas, as séries também preparam o retorno de muitos que nelas se
ligam.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
NÃO CONFIAR CEGAMENTE
Na mesma intensidade em que
se multiplicam médiuns e livros assinados por Espíritos com nomes que com suas
vidas e histórias marcaram presença na história da Humanidade em nossa Dimensão,
surgem “revelações” e informações admitidas como verdadeiras embora o
absurdo de seu teor. Seus autores, intermediários e muitas vezes editores, parecem
pouco se preocupar, movidos por interesses que variam da exaltação do
personalismo e da vaidade ao resultado do negócio em que se transformou o livro
espírita ou de conteúdo espiritual. Falta estudo, análise, bom senso e
fidelidade doutrinária. Cabe a cada um, portanto, desenvolver senso crítico que
permita avaliação segura dos conteúdos apresentados. O grande divulgador da
mensagem do Cristo, Paulo de Tarso, orientou em suas cartas que devemos “analisar
tudo, retendo o que é bom”, ressaltando que “tudo é lícito, mas, nem tudo me
convém”. que se aplica à situação exposta diante da própria
recomendação de Jesus sobre “os falsos Cristos e falsos Profetas”.
Através de Allan Kardec, encontramos algumas orientações da própria
Espiritualidade sobre a melhor maneira de nos posicionarmos diante de certas
novidades que circulam no meio espírita brasileiro. Sobre se existem sinais
através dos quais podemos reconhecer a superioridade ou inferioridade dos
Espíritos, sugerem como primeiro critério sua linguagem, como distinguimos um
estouvado de um homem sensato. Outro detalhe a ser observado dito pelos
organizadores da base do Espiritismo são as contradições em que os Espíritos
Superiores nunca incorrem. O terceiro: só tratam de boas coisas, só
querem o Bem, sua maior preocupação. Já os Espíritos inferiores estão
ainda dominados pelas ideias materiais. Suas manifestações refletem
sua ignorância e sua imperfeição, o que não acontece com os Superiores
que, além de conhecer todas as coisas, julgam-nas sem paixão. Indagados se o
conhecimento científico de um Espírito é sempre uma prova de sua elevação,
esclarecem que não, porque se ainda estiver sob a influência da matéria
pode ter nossos vícios e preconceitos, marcadas pela inveja e orgulho
excessivos. Advertem que os que morrem alimentando fortes paixões,
envoltas numa atmosfera que mantém todas essas coisas más e que esses Espíritos
semi-imperfeitos são mais temíveis que os Espíritos maus, porque, na sua
maioria, juntam a astúcia e o orgulho à inteligência. Pelo seu pretenso
saber, se impõem às pessoas simples e aos ignorantes, que aceitam sem exame as
suas teorias absurdas e mentirosas. Embora essas teorias não possam
prevalecer contra a Verdade, não deixam de produzir um mal momentâneo
porque entravam a marcha do Espiritismo e porque os médiuns se enganam
ingenuamente quanto ao mérito das comunicações que recebem. Este o ponto
que requer grande estudo de parte dos espíritas esclarecidos e dos médiuns.
Para distinguir o verdadeiro do falso é que devemos convergir toda a nossa
atenção. A propósito daqueles Espíritos protetores que se apresentam com o
nome de santos ou personagens conhecidos, consideram que todos
os nomes de santos e de personagens conhecidos não bastariam para designar o
protetor de cada criatura, sendo poucos os Espíritos de nomes conhecidos na
Terra. Esclarecem que quase sempre os Espíritos protetores não dão
seus nomes, contudo, como na maioria das vezes queremos um nome, para
nos satisfazer eles usam o de um homem que conhecemos e respeitamos, o
que se constitui numa fraude somente quando o Espírito tem a
intenção de enganar. Quanto ao grande número de Espíritos comunicantes
que tomam nomes de santos, reiteram que se identificam com os hábitos daqueles a
quem se dirigem, tomando os nomes mais aptos a melhor impressionar o
homem, de acordo com as crenças deste. Questionados sobre como os Espíritos elevados
permitem a Espíritos de baixa classe usar nomes respeitáveis para
semear o erro, explicaram que não é com sua permissão que o fazem e que serão
punidos proporcionalmente à gravidade da impostura. Ressaltam que se
não fossemos imperfeitos só teríamos Espíritos bons ao nosso redor, e,
que se
somos enganados não o devemos senão a nós mesmos, situação permitida para
provar nossa perseverança e discernimento, nos ensinando a distinguir a verdade
do erro. Se não o fazemos é porque não estamos suficientemente
elevados, necessitando ainda das lições da experiência. Previnem não
ser suficiente a boa intenção para não ser enganado, o que minimiza o
efeito negativo da mistificação, situação resultante das esquisitices que atraem
os Espíritos zombeteiros. Destacam que o homem julga-se forte e quase nunca o
é, devendo
desconfiar, pois isso mesmo, da franqueza proveniente do orgulho e dos
preconceitos. Não se levam em conta essas duas causas de que os
Espíritos se aproveitam, pois lhes agradando as manias, estão seguros
de conseguir o que desejam.
sábado, 14 de fevereiro de 2015
MAIS UMA NOVA PROVA
-“Existem
duas coisas no Espiritismo: a parte experimental das manifestações, e a
doutrina filosófica, a primeira se utilizando do médium que fez pelo Mundo Invisível o mesmo
que o microscópio pelo mundo dos infinitamente pequenos e, a segunda,
consequente das revelações sobre o primeiro”, podemos concluir
de escritos de Allan Kardec em textos por ele elaborados. No
tempo em que lhe foi possível, o iniciador das pesquisas sobre essa realidade
extraordinária que precede e sucede a nossa, procurou avançar em todas as
frentes. Uma das com que pretendia confirmar a existência do Espírito a
comandar o corpo físico, foi a comunicação entre os chamados vivos, através da
mediunidade cujas descrições e relatos muito interessantes podem ser obtidos na
publicação periódica mantida entre os anos 1858/1869 demonstrando, por exemplo,
a lucidez do portador de deficiências mentais, bloqueado em sua possibilidade
de expressão por restrições meramente fisiológicas. Algumas analisadas a partir
de correspondência por ele recebida de outros pesquisadores também empenhados
no aprofundamento dos temas espirituais. Na REVISTA ESPÍRITA, edição de janeiro de 1865, encontramos um
caso. Trata-se da contribuição de um membro da Sociedade Espírita de Paris,
o Sr. Rul reportando experiência levada a efeito em 1862 com um jovem
surdo-mudo de doze a treze anos. Segundo ele, desejoso de fazer uma observação,
perguntou aos guias protetores se seria possível evocá-lo e, tendo resposta
afirmativa, fez o rapaz vir ao seu quarto e instalou-o numa poltrona, com um
prato de uvas, que ele se pôs a devorar. Por sua vez, postou-se diante de uma
mesa, orou, e, como de hábito fez a evocação. Ao cabo de alguns instantes sua
mão estremeceu, escrevendo: -“Eis-me aqui”. Olhou o menino. Estava
imóvel, os olhos fechados, calmo, adormecido, com o prato sobre os joelhos.
Tinha cessado de comer. Perguntando-lhe onde estava, ouviu que “em
vosso quarto, em vossa poltrona”. Indagado sobre a razão de ser surdo
mudo de nascença, respondeu ser uma expiação de crimes passados,
na condição de parricida. Questionado sobre se sua mãe, a quem amava tão
ternamente, não teria sido ou mesmo seu pai, na existência de que falava, o
objeto do crime cometido, silenciou, a mão ficou imóvel, vendo, ao
olhar para o menino que acabava de despertar, voltando a comer as uvas com
apetite. Pedindo aos Guias Espirituais que explicassem o que acabava de
acontecer, explicaram: -“Ele deu os ensinamentos que desejavas e
Deus não permitiu que te desse outros”. Comentando o material recebido,
Allan
Kardec pondera: -“Faremos outra observação a respeito. A
prova da de identidade resulta do sono provocado pela evocação, e da cessação
da escrita no momento de despertar. Quanto ao silêncio guardado na última
pergunta, prova a utilidade do véu lançado sobre o passado. Suponhamos que a
mãe atual desse menino tenha sido sua vítima em outra existência, e que este
tenha querido reparar seus erros pela afeição que lhe testemunha: a mãe não
seria dolorosamente afetada se soubesse que seu filho foi seu assassino? Sua
afeição por ele não ficaria alterada? Foi-lhe permitido revelar a causa da
enfermidade, como assunto de instrução, a fim de nos dar uma prova a mais que
as aflições daqui tem uma causa anterior, quando não esteja na vida presente, e
que assim tudo é segundo a justiça. Mas o resto era inútil e teria podido
chegar aos ouvidos da mãe. Por isto os Espíritos o despertaram, talvez no momento
em que ia responder. (...). Deve concluir-se que todos os surdos-mudos tenham sido
parricidas? Seria uma consequência absurda, porque a Justiça de Deus não está
circunscrita em limites absolutos, como a Justiça humana. Outros exemplos
provam que esta enfermidade por vezes resulta do mau uso que o indivíduo tenha
feito da faculdade da palavra. Mas perguntarão: a mesma expiação para duas
faltas tão diferentes na sua gravidade, é de justiça? Os que assim raciocinam
ignoram que a mesma falta oferece infinitos graus de culpabilidade, e que Deus
mede a responsabilidade pelas circunstâncias? Aliás, que sabe se esse menino,
supondo seu crime sem escusas, não sofreu duro castigo no Mundo dos Espíritos,
e se seu arrependimento e seu desejo de reparar não reduziram a expiação
terrena a uma simples enfermidade? Admitindo, a título de hipótese, pois o
ignoramos, que sua mãe atual tenha sido sua vítima, se não mantivesse com ela a
resolução de reparar sua falta pela ternura, é certo que um castigo mais
terrível o esperaria, quer no Mundo dos Espíritos quer numa nova existência. A
Justiça de Deus jamais falha e, por ser às vezes tardia, nada perde por
esperar. Mas Deus, em sua Infinita Bondade, jamais condena de maneira
irremissível, e sempre deixa aberta a porta do arrependimento. Se o culpado
demora a aproveitá-lo, sofrerá por mais tempo. Assim, dele depende abreviar
seus sofrimentos. A duração do castigo é proporcional à duração do
endurecimento. É assim que a Justiça de Deus se concilia com sua bondade e seu
amor
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
OS ESPÍRITOS DO SENHOR
No excelente Evangelho
atribuído ao Apóstolo João, o autor informa no início do
capítulo 13 que Jesus já sabia “ter chegado sua hora de passar deste mundo
para o Pai”, e, ao final de elucidativo
dialogo ocorrido naquela que ficou conhecida como a última ceia, seus seguidores mais próximos comentaram “eis
que agora falas abertamente, e não dizes parábola alguma”. Tudo
detalhadamente preservado dos capítulos 13 ao 17. A certa altura do revivido no 14, o Mestre
dos Mestres afirma: - “E eu rogarei a Pai, e ele vos dará outro
Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de Verdade, que o
mundo pode receber, porque não o vê nem conhece; mas vós o conheceis, porque
habita convosco, e estará em vós (...). Mas aquele Consolador, o Espírito
Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos
fará lembrar tudo quanto vos tenho dito”. Os séculos correram, escrevendo-se uma história em torno da mensagem dele marcada pela
violência, opressão, lutas renhidas pelo poder, O
ciclo evolutivo compreendido como Era de Peixes, se aproximava do final quando
na inovadora e revolucionária França do século 19, um arguto professor enxerga em fenômenos insólitos a possibilidade
de esclarecer uma série de mistérios até
então indecifráveis. E, através dos diálogos estabelecidos com Inteligências
pertencentes a outra realidade chamada Espiritual, ai construindo a base de proposta
fundamentada na lógica e racionalidade possível à época ao pensamento humano. Entre
as mensagens por elas oferecidas, uma ao que tudo indica, se encaixa na
promessa daquela fatídica noite pelo seu teor: - Os Espíritos do Senhor,
que são as virtudes dos céus, como um imenso exército que se movimenta ao
receber a ordem de comando espalha-se sobre toda a face da Terra. Semelhantes a
estrelas cadentes, vem iluminar o caminho e abrir os olhos aos cegos. Eu vos
digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as coisas devem ser
restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os
orgulhosos e glorificar os justos. Embora faça parte dos textos publicados em
nome da nova proposta originalmente denominada Espiritismo, não
condiciona a ele esse trabalho de despertamento das criaturas humanas e milhares de Espíritos
do Senhor, vão se
servindo de outros tantos visíveis pela condição de encarnados para acelerar a evolução da estagnada Humanidade.
Os indicadores estão nas aberturas políticas, fim das monarquias, revolução
industrial, surgimento da tecnologia, no esforço para eliminar o trabalho
escravo, na busca de uma compreensão além da fisiológica ou mecanicista para a
vida humana. Em todas as áreas, mentes brilhantes se esforçam em busca do novo,
na verdade, refletindo os programas e planejamentos dos bastidores da evolução,
Isso fica claro na revelação contida numa das obras que falam da proposta
espírita: “Quando é chegado o tempo de uma descoberta, os Espíritos
encarregados de dirigir-lhe a marcha procuram o homem capaz de conduzi-la a bom
termo, e lhe inspiram as ideias necessárias, de maneira a deixar-lhe todo o
mérito, porque, essas ideias, é preciso que as elabore e as execute. Ocorre o
mesmo com todos os grandes trabalhos da inteligência humana”. Em outro momento explicam que “artistas,
sábios, literatos, são sem dúvida, Espíritos capazes por si mesmos de
compreender e de conceber grandes coisas; ora, é precisamente por que são
julgados capazes que os Espíritos que querem o cumprimento de certos trabalhos,
lhes sugerem as ideias necessárias, e é assim que, o mais frequentemente, são
médiuns sem o saberem. Tem, no entanto, uma vaga intuição de uma assistência
estranha, porque quem apela para a inspiração, não faz outra coisa senão uma
evocação”. Seria tudo facilitado se a condição de muitos dos que
reencarnam para o trabalho da evolução coletiva não se desviassem de seus propósitos
extravasando pelo livre arbítrio suas próprias pretensões
e presunção. Isso se pode deduzir de resposta oferecida pelo Espírito Gabriel
Delanne, um dos mais destacados continuadores de Allan Kardec,
em entrevista com ele feita em 20 de agosto de 1965, quando da passagem dos médiuns Chico
Xavier e Waldo Vieira e da comitiva espiritual que os
acompanhava com finalidades de intercâmbio. Questionado, sobre os maiores
percalços para a expansão da Doutrina Espírita, opina: - Em nossa
opinião, os maiores embaraços para o Espiritismo procedem da atuação daqueles
que reencarnam, prometendo servi-lo, seja através da mediunidade direta ou da
mediunidade indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam
nas seduções da esfera física, convertendo médiuns autênticos das regiões
inferiores, de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas estão prontos
a ridicularizá-las, através de escritos sarcásticos ou da arte histriônica, junto
dos quais encontramos as demonstrações fenomênicas improdutivas, as histórias
fantásticas, o anedotário deprimente e os filmes de terror.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
ESQUECIMENTO DO PASSADO: ONDE A LÓGICA DISTO?
-“Não compreendo
como o homem pode aproveitar a experiência adquirida em suas experiências
anteriores, se não lembra delas, pois, desde que ele não se recorda, cada
existência é como se fosse a primeira, e é assim sempre, ao recomeçar.
Suponhamos que cada dia, ao acordarmos, perdêssemos a memória do que fizemos na
véspera. Não estaríamos mais avançados aos setenta do que aos dez anos; ao
passo que, lembrando-nos de nossos erros, nossas inépcias, e as punições em que
incorremos, procuramos não recomeçar. Para servir-me da comparação do homem na
Terra, com o aluno de um colégio, eu não compreenderia como esse aluno pudesse
aproveitar as lições do quarto ano, por exemplo, se não se recordasse do que
aprendeu no terceiro. Essas soluções de continuidade, na vida do Espírito,
interrompeu todas as relações, e fazem dele, de certo modo, um novo Ser. Donde
se pode dizer que a nossa mente morre em cada existência para renascer sem
consciência do que fomos. Isso é uma espécie de negação”. O argumento bastante lógico foi apresentado a Allan
Kardec que, também de forma lógica, respondeu: -No Espiritismo tudo se encadeia,
e quando estudamos o conjunto, vemos que os princípios decorrem uns dos outros,
servindo-se mutuamente de apoio. E então o que parecia uma anomalia contrária à
justiça e à sabedoria de Deus, parece completamente natural, vindo confirmar
esta justiça e esta sabedoria. Tal é o problema do esquecimento, que está
ligado a outras questões de igual importância. Eis porque o tratarei apenas
superficialmente aqui. Se, em cada existência, é lançado um véu sobre o
passado, o Espírito nada perde do que adquiriu no passado: só esquece a maneira
como o adquiriu. Para servir-me da comparação do estudante, diria que pouco lhe
importa saber onde, como, e com quais professores ele fez o terceiro ano, se
chegando ao quarto sabe o que se ensinou no terceiro. Que lhe importa saber se
foi castigado por sua preguiça ou sua insubordinação, se esses castigos
tornaram-no trabalhador e dócil? É assim que, ao reencarnar, o homem traz, por
intuição e como ideias inatas, o que adquiriu em ciência e moralidade. Digo em
moralidade, pois se, durante uma existência ele melhorou, se aproveitou as
lições da experiência, quando voltar será instintivamente melhor. Seu Espírito,
amadurecido na escola do sofrimento e do trabalho, terá mais solidez. Longe de
ter tudo a recomeçar, ele possui um capital cada vez mais rico, sobre o qual se
apoia para adquirir mais. (...) O esquecimento temporário é um benefício da
Providência. A experiência é muitas vezes adquirida por rudes provas e
terríveis expiações, cuja lembrança seria muito penosa e viria somar-se às
angústias das tribulações da vida presente. Se os sofrimentos da vida parecem
longos, o que seria então se sua duração aumentasse com a lembrança dos
sofrimentos do passado? O senhor, por exemplo, é hoje um homem honesto, mas o
deve talvez a rudes castigos que suportou por crimes que agora repugnariam sua
consciência. Ser-lhe-ia agradável recordar-se de haver sido enforcado pelo que
fez? Não o perseguiria a vergonha ao pensar que o mundo soubesse o mal que
cometeu? Que lhe importa o que tenha podido fazer e sofrer para expiá-lo, se
agora é um homem respeitável? Aos olhos do mundo é um novo homem e aos olhos de
Deus um Espírito reabilitado. Liberto da lembrança de um passado inoportuno,
age com mais facilidade. É um novo ponto de partida; suas dívidas anteriores
estão pagas, está em si não contrair novas. (...). Suponhamos ainda um caso
muito comum, que nas suas relações, em seu próprio lar, encontra-se um Ser
contra o qual tinha queixas, que talvez o tivesse arruinado ou desonrado em
outra existência, e que, Espírito arrependido, venha a encarnar em seu meio,
unir-se ao senhor por laços de família para reparar seus erros pelo devotamento
e a afeição. Não estariam ambos na mais dificil situação, se os dois se
recordassem de sua inimizade? Em lugar de se apaziguarem, eternizariam o ódio.
Conclua daí que a lembrança do passado traria perturbações às relações sociais
e seria um entrave ao progresso. Deseja uma prova atual disso? Se um homem
condenado à prisão tomasse a firme resolução de tornar-se honesto, que
aconteceria quando saísse? Seria repelido pela sociedade, e esta repulsa, quase
sempre o mergulharia novamente no vício. Suponhamos, ao contrário, que todos
ignorem seus antecedentes. Seria bem acolhido. Se ele próprio os pudesse
esquecer não seria menos honesto e andaria de cabeça erguida, em lugar de
curvá-la sobre a vergonha das recordações.
domingo, 8 de fevereiro de 2015
ESPIRITISMO É RELIGIÃO? KARDEC ESCLARECE
A discussão sobre se o Espiritismo
é ou não religião, volta a ficar em evidência de tempos em tempos. Ao tempo de Allan
Kardec não parecia ser diferente como podemos constatar em matéria
incluída na edição de dezembro de 1868 da REVISTA ESPÍRITA. Argumenta Kardec:
-“Comunhão
de pensamento quer dizer pensamento comum, unidade de intenção, de vontade, de
desejo, de aspiração. Ninguém pode desconhecer que o pensamento seja uma força;
mas é uma força puramente moral e abstrata? Não; do contrário não explicariam
certos efeitos do pensamento. Para compreender, é preciso conhecer as
propriedades e a ação dos elementos que constituem a nossa essência espiritual,
e é o Espiritismo que no-las ensina. O pensamento é atributo característico do
Ser espiritual; é ele que distingue o Espírito da matéria.; sem o pensamento, o
Espírito não seria Espírito. A vontade não é atributo especial do Espírito; é o
pensamento chegado a certo grau de energia; é o pensamento tornado força
motriz. É pela vontade que o Espírito imprime aos membros e ao corpo movimentos
num determinado sentido. Mas se ele tem a força de agir sobre os órgãos materiais,
como não deve ser esta força sobre os elementos fluídicos que nos cercam. O
pensamento age sobre os fluidos ambientes, como o som age sobre o ar; esses
fluidos nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som. Pode, pois, dizer-se
com toda a verdade que há nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos que se cruzam
sem se confundir, como há no ar ondas e raios sonoros. Uma assembleia é um foco
onde irradiam pensamentos diversos; é como uma orquestra, um coro de
pensamentos em que cada um produz a sua nota. Resulta daí uma porção de
correntes e de eflúvios fluídicos, cada um dos quais recebe a impressão pelo
sentido espiritual, como num coro de música cada um recebe a impressão dos sons
pelo sentido da audição. (...) Todas as reuniões religiosas, seja qual for o
culto a que pertençam, são fundadas na comunhão de pensamentos; é aí, com
efeito, que esta deve e pode exercer toda a sua força, porque o objetivo deve
ser o desprendimento do pensamento das garras da matéria. Infelizmente, em sua
maioria, se afastam desse princípio, à medida que faziam da religião uma
questão de forma. (...). Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembleias religiosas
deve ser a comunhão de pensamentos; é que, com efeito, a palavra religião quer
dizer laço. Uma religião, em sua acepção nata e verdadeira, é um laço que
religa os homens numa comunidade de sentimentos, de princípios e de crenças.
Consecutivamente, esse nome foi dado a esses mesmos princípios codificados e
formulados em dogmas ou artigos de fé. É neste sentido que se diz: a religião
política; entretanto, mesmo nesta acepção, a palavra religião não é sinônima de
opinião; implica uma ideia partícula; a da fé conscienciosa; eis porque se diz
também; a fé política. Ora, os homens podem envolver-se, por interesse num
partido, sem ter fé nesse partido, e a prova é que o deixam sem escrúpulo, quando
encontram sem interesse alhures, ao passo que aquele que o abraça por convicção
é inabalável; persiste à custa dos maiores sacrifícios e é a abnegação dos
interesses pessoais que é a verdadeira pedra de toque da fé sincera. (...). O
laço estabelecido por uma religião, seja qual for o seu objetivo, é pois, um
laço essencialmente moral, que liga os corações, que identifica os pensamentos,
as aspirações, e não somente o fato de compromissos materiais, que se rompem à
vontade, ou da realização de fórmulas que falam mais aos olhos do que ao
Espírito. (...). Se assim é, perguntarão: -Então o Espiritismo é uma religião?
Ora, sim, sem dúvida. No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nos
glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e
da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases
mais sólidas: as mesmas leis da Natureza. Porque, então, declaramos que o
Espiritismo não é uma religião? Porque não há uma palavra para exprimir duas
ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da
de culto; desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não
tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí senão
uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em
matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de
cerimônias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo e de
abusos contra os quais tantas e tantas vezes se levantou a opinião pública. Não
tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual do vocábulo,
não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se
teria equivocado. Eis porque simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral”.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
TESTEMUNHO DE AMOR
A médium Eni de Carvalho, apesar
de abalada pela morte de sua mãe e de um sobrinho muito próximo, não teve como
dizer não ao pedido de uma amiga para que conversasse com um pai que havia
perdido de forma trágica o filho alguns meses antes. Confessa que ao ver aquele
senhor chorar e soluçar, reprimiu suas próprias angústias, pedindo a Deus uma
forma de acalmá-lo, e quem sabe, trazê-lo de volta à vida. O rapaz, 19 anos,
chamado Antonio Carlos Borelli Junior, viajava com o pai, a mãe e um
sobrinho em direção à capital paulista onde, no dia seguinte, iniciaria sua
atividade de aeronauta em grande companhia aérea, através da qual procuraria
seguir as pegadas do pai, experiente comandante de grandes aeronaves. O acidente ocorreu logo após terem retomado a
viagem, depois de haverem jantado, tendo Junior assumido a condução do
veículo a pedido do pai. Ao acessarem um desvio da estrada que estava sendo
duplicada, uma barra de ferro desprendeu-se de um caminhão que ia à frente,
transpassando o vidro no lado do motorista, atingindo o jovem, impondo-lhe a
morte violenta. Quase quatro meses
depois, a mediunidade de Dona Eni, abriria um canal de comunicação
entre os dois planos da Vida, permitindo a Junior iniciar a transmissão de uma
série de cartas endereçadas aos pais, relatando o que aconteceu depois que,
como disse, “visse aquela lança de fogo vindo em sua direção”. Conta que “antes
de tocá-lo, foi sugado do corpo e nada viu ou sentiu, passando de uma vida para
outra com a mesma naturalidade de quem troca de camisa, sem pânico, sem dor,
sem traumas, acordando num hospital onde o trataram com extremo carinho, o que
favoreceu sua rápida recuperação”. À medida em que suas mensagens foram
se sucedendo, muitas surpresas foram sendo oferecidas pelo moço aos pais,
infundindo-lhes a certeza de que a vida continuara para o filho além do
horrível acidente de que foram vítimas, ele fatal e eles como testemunhas.
Descreve a beleza da região em que se localiza o Hospital em que acordou, sua ideia
de ser um local de tratamento na nossa Dimensão mesmo, onde fora internado,
supondo, a princípio, haver escapado de ter sido atingido pelo objeto que viu
vir em sua direção; estranha a existência em seu quarto de apetrechos como os
que conhecia como balões de oxigênio ou mesmo um telefone com que pudesse se
comunicar com os familiares que encontravam-se recolhidos à sua tão conhecida
casa. Após dias de convalescença, vai, aos poucos, conhecendo mais detalhes do
edifício em que se instalava a casa de saúde em que estava internado; foi
apresentado a outros jovens que, como ele, viam-se intrigados sobre onde
estavam atemorizados ante a perspectiva de haverem “morrido” para a realidade a
que se ligavam, decidindo-se por ouvir a senhora que o acompanhava desde que
despertara, chamada carinhosamente vovó Marieta. Inteira-se então da grande
mudança que se operara em sua vida, recorda-se das leituras que sua mãe fazia
na área espiritualista, pressente o sofrimento em que deviam estar seus entes
mais queridos, questiona sobre uma eventual comunicação como a que soubera ser
possível assistindo a novela A VIAGEM, à época sendo levada ao ar por emissora
de televisão. Tendo alta, apresentado a alguém chamado José Henrique, passa a ser por ele acompanhado, ampliando seus
conhecimentos sobre a Colônia em que passara a residir , até que, certo dia,
todas as suas dúvidas sobre tudo aquilo não ser um sonho, se dissipam ao
encontrar-se com seu tio materno Geraldo
e seus avós – o paterno e a materna -, que sabia já não pertencerem ao mundo
dos chamados “vivos”. No diálogo estabelecido, após as compreensíveis emoções
do momento, inteira-se de detalhes que marcaram a passagem ou desligamento de
cada um deles do mundo de ilusões em que viveram quando ligados ao corpo
físico. Sua avó, devotada religiosa, relata sua dificuldade de abandonar o lar
em que vivia; o tio conta suas apreensões ao se ver preso e perseguido em
durante fuga espetacular da zona de desregramentos em que se consumira no campo
da sexualidade. Inteira-se do estado emocional deplorável em que se encontravam
os entes queridos deixados na realidade mais material da Terra, onde acumulamos
algumas experiências para daí sair no trabalho incessante da evolução. Todo
material foi transformado num livro praticamente desconhecido no meio espírita,
TESTEMUNHO DE AMOR, de grande valor
para o trabalho de despertamento sobre as ignoradas verdades espirituais que
nos marcam a existência.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
ESPIRITISMO : PROVAS DA SUA VERDADE
-“Todos os que
de Deus receberam a missão de ensinar a verdade aos homens tem provado sua
missão por meio de milagres. Por quais meios o senhor prova a verdade de seu
ensino?”. A pergunta foi
formulada por um sacerdote e originou matéria inserida na edição de fevereiro de 1862, da REVISTA ESPÍRITA. Em meio aos
argumentos apresentados por Allan Kardec, destacamos: -“O
Espiritismo não se apoia em nenhum fato miraculoso; seus adeptos não fizeram,
nem tem a pretensão de fazer qualquer milagre; não se julgam bastante dignos
para que à sua voz, Deus mude a ordem eterna das coisas. O Espiritismo constata
um fato material – o da manifestação das almas ou Espíritos. Tal
fato é ou não é real? Eis a questão. Ora, nesse fato, admitido como verdadeiro,
nada há de miraculoso. Como as manifestações desse gênero – tais como as
visões, as aparições e outras – ocorreram em todos os tempos, como bem o
atestam os historiadores sacros e profanos e os livros de todas as religiões,
aquelas de outrora passaram como sobrenaturais. Hoje, porém, que se lhes
conhece a causa, que se sabe são produzidas em virtude de certas leis, sabe-se,
também, que lhes falta o caráter essencial dos fatos miraculosos – o da exceção
à lei comum. Observadas em nossos dias com mais cuidado que na Antiguidade;
observadas sobretudo sem prevenções e com o auxílio de investigações tão
minuciosas quanto as que são feitas nos estudos científicos, tais manifestações
tem como consequência provar, de modo irrecusável, a existência de um princípio
inteligente fora da matéria, a sua sobrevivência ao corpo, a sua
individualidade após a morte, a sua imortalidade, o seu futuro feliz ou infeliz
– por conseguinte, a base de todas as religiões.(...). Voltemos às provas da
verdade do Espiritismo. Há duas coisas no Espiritismo: o fato da existência dos
Espíritos e de suas manifestações; e a doutrina daí decorrente. O primeiro
ponto não pode ser posto em dúvida senão pelos que não viram ou não quiseram
ver. Quanto ao segundo a questão é de saber se essa Doutrina é justa ou falsa.
É uma questão de apreciação. Se os Espíritos só manifestassem sua presença por
meio de ruídos, movimentos e, numa palavra, por efeitos físicos, isto não
provaria grande coisa, pois não saberíamos se são bons ou maus. O que,
sobretudo, é característico neste fenômeno, o que é de natureza a convencer os
incrédulos, é o poder de reconhecer parentes e amigos entre os Espíritos. Mas,
como podem os Espíritos atestar a sua presença, a sua individualidade e
permitir o julgamento de suas qualidades, senão falando? Sabe-se que a escrita
pelos médiuns é um dos meios que eles empregam. Desde que tem um meio de
exprimir suas ideias, podem dizer o que quiserem. Conforme o seu adiantamento,
dirão coisas, mais ou menos, boas, justas e profundas. Ao deixar a Terra, não
abdicaram do livre arbítrio: como todos os seres pensantes, tem suas opiniões;
como entre os homens, os mais adiantados dão ensinamentos de alta moralidade,
conselhos marcados de profunda sabedoria. São esses ensinamentos e esses
conselhos que, recolhidos e ordenados, constituem a Doutrina Espírita, ou dos
Espíritos. Se quiserdes, considerai essa doutrina não como uma revelação
divina, mas como a expressão de uma opinião pessoal deste ou daquele Espírito.
A questão é de saber se é boa ou má, justa ou falsa, racional ou ilógica. A quem procurar para isto? O julgamento de um
indivíduo? Mesmo de alguns indivíduos? Não. Porque, dominados pelos
preconceitos, ideias preestabelecidas ou interesses pessoais, eles podem
enganar-se. O único e verdadeiro juiz é o público, porque aí não há interesse
de camarilha, e porque nas massas há um bom senso inato, que se não equivoca.
Diz a lógica sadia que a adoção de uma ideia ou princípio pela opinião geral é
prova de que repousa sobre um fundo de verdade. Os Espíritas não dizem: ‘-Eis
uma doutrina saída da boca do próprio Deus, revelada a um só homem por meios
prodigiosos e que deve ser imposta ao gênero humano’. Ao contrário, dizem: -“Eis
uma doutrina que não é nossa, cujo mérito não reivindicamos. Adotamo-la porque
a achamos racional’. Atribuí sua origem a quem quiserdes.: a Deus, aos
Espíritos, aos homens. Examinai-a. Se vos convier, adotai-a. Caso contrário,
pode-a de lado”. Não se pode ser menos absoluto. O Espiritismo não vem usurpar
a religião; ele não se impõe; não vem forçar as consciências (...). O
Espiritismo não quer constituir-se num grupo à parte: pelos meios que lhe são
próprios, ele reconduz os que se afastam.
domingo, 1 de fevereiro de 2015
AINDA FALTA INFORMAÇÃO
Os números não mentem: o
Brasil já ostenta o oitavo
lugar em casos de suicídio entre os países monitorados pela OMS – Organização
Mundial de Saúde. A Associação Brasileira de Psiquiatria considera que 17% da
população do nosso País, já pensou, em algum momento, em cometer o suicídio.
Fatores como perda financeira ou de emprego, dor crônica ou doença, falta de
esperança, histórico familiar, abuso de álcool ou outras substâncias viciantes,
distúrbios de humor, esquizofrenia, distúrbios de personalidade, estão entre os mais considerados na análise do problema. Acredita-se atualmente que alterações
no funcionamento do cérebro determinados pelo “stress” ou outros processos de
mudanças epigenéticas nos genes e na regulação da emoção e do comportamento
causadas por mudanças no sistema de neurotransmissores, podem originar ideias
ou impulsos suicidas. Naturalmente nenhumas das publicações oficiais consideram
a hipótese da anterioridade da vida do indivíduo. Talvez somente aqueles que se
dedicam à restauração da saúde mental usando os caminhos das Terapias de Vidas
Passadas, consideram elementos transcendentes para explicar ou justificar
compulsões na área da autodestruição. O Espiritismo, revela que o traumatismo
derivado de suicídio em outras vidas, mantém-se latente na memória integral do
indivíduo, ressurgindo na mesma idade cronológica em que tal atitude
foi levada a termo no passado, tentando-o a repetir a fuga aos
problemas existenciais. Mostra ainda a ação de entidades desencarnadas,
influenciando progressivamente o individuo no fluxo inestancável de sua atividade
mental, a ponto de, minar-lhe as resistências morais, até o ponto de subjugá-lo
na execução do ato extremo. Cartas psicografadas pelo médium Chico
Xavier, no inigualável acervo construído através dos anos de
atendimento de familiares desesperados que o procuravam, demonstram a coautoria
de Espíritos obsessores nas ações dramáticas do encarnado vitimado, que, por
fim, constata que não só não resolveu o problema que o angustiava como
continuava vivo com as repercussões causadas ao corpo físico de que se servia
na encarnação de que deserta. Os estudiosos concordam que os suicidas estão
passando invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical,
sua percepção da realidade, interferindo em seu livre arbítrio. Estão certos.
Afinal, construímos permanentemente nossa realidade, sendo perseguidos pelos
efeitos que nós mesmos causamos na nossa caminhada evolutiva. E, pelo que
observa a Doutrina Espírita, tais efeitos são atenuados pelas circunstâncias,
visto que o impacto daquilo a que fazemos jus pelas opções equivocadas do
passado, dificilmente seria suportado se recaísse sobre nós de uma vez. Limitações
físicas, mentais, deformações, membros superiores ou inferiores atrofiados ou
mutilados desde a vida intrauterina, são explicáveis pelos tipos de suicídio
escolhidos outrora, como respondido pelo médium Chico Xavier em programa
de entrevista de que participou. O Espírito Emmanuel, no livro RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS (1961;feb), na
mensagem SUICÍDIO, apresenta uma
série de associações bastante lógicas diante das dificuldades de entender-se
muitos dos enigmáticos problemas estampados em corpos físicos por nós
observados. Por sinal, amplia nosso entendimento, comentando: -“Segundo
o tipo de suicídio, direto ou indireto (alimentação, temperamento,
sobrecarga causada por dependências químicas, etc), surgem as distonias orgânicas
derivadas, que correspondem a diversas calamidades congênitas, inclusive a
mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a cegueira e a loucura, a
representarem terapêutica providencial na cura da alma”. A médium Yvonne
do Amaral Pereira, se fez instrumento para a construção de obras
importantíssimas para entendermos os mecanismos utilizados pela Providência
Divina nos inevitáveis programas de reabilitação de Espíritos de suicidas.
Entre elas, o clássico MEMÓRIAS DE UM
SUICIDA do Espírito Camilo Carlos Botelho (na verdade, Camilo
Castelo Branco), o atualíssimo DRAMAS
DA OBSESSÃO; escrito pelo médico Adolfo Bezerra de Menezes; DOR
SUPREMA de Leon Tolstói. Buscando ouvir a Espiritualidade das questões 943
a 957 n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Allan Kardec obtém informações do tipo “as tribulações da vida são provas
ou expiações. Felizes os que as suportam sem se queixar, porque serão
recompensados! Infelizes, ao contrário, os que esperam uma saída nisso que, na
sua impiedade, chamam de sorte ou acaso. A sorte ou acaso, para me servir da
sua linguagem, podem de fato favorece-los por um instante, mas somente para
lhes fazer sentir mais tarde, e de maneira mais cruel, o vazio das palavras”.
Creditam o suicídio, “a efeito da ociosidade, da falta de fé e
geralmente da saciedade. Para aqueles que exercem suas faculdades com um fim
útil e segundo as suas aptidões naturais, o trabalho nada tem de árido e a vida
se escoa mais rapidamente; suportam suas vicissitudes com tanto mais paciência
quanto mais agem tendo em vista a felicidade mais sólida e mais durável que os
espera”.
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