Na mesma intensidade em que
se multiplicam médiuns e livros assinados por Espíritos com nomes que com suas
vidas e histórias marcaram presença na história da Humanidade em nossa Dimensão,
surgem “revelações” e informações admitidas como verdadeiras embora o
absurdo de seu teor. Seus autores, intermediários e muitas vezes editores, parecem
pouco se preocupar, movidos por interesses que variam da exaltação do
personalismo e da vaidade ao resultado do negócio em que se transformou o livro
espírita ou de conteúdo espiritual. Falta estudo, análise, bom senso e
fidelidade doutrinária. Cabe a cada um, portanto, desenvolver senso crítico que
permita avaliação segura dos conteúdos apresentados. O grande divulgador da
mensagem do Cristo, Paulo de Tarso, orientou em suas cartas que devemos “analisar
tudo, retendo o que é bom”, ressaltando que “tudo é lícito, mas, nem tudo me
convém”. que se aplica à situação exposta diante da própria
recomendação de Jesus sobre “os falsos Cristos e falsos Profetas”.
Através de Allan Kardec, encontramos algumas orientações da própria
Espiritualidade sobre a melhor maneira de nos posicionarmos diante de certas
novidades que circulam no meio espírita brasileiro. Sobre se existem sinais
através dos quais podemos reconhecer a superioridade ou inferioridade dos
Espíritos, sugerem como primeiro critério sua linguagem, como distinguimos um
estouvado de um homem sensato. Outro detalhe a ser observado dito pelos
organizadores da base do Espiritismo são as contradições em que os Espíritos
Superiores nunca incorrem. O terceiro: só tratam de boas coisas, só
querem o Bem, sua maior preocupação. Já os Espíritos inferiores estão
ainda dominados pelas ideias materiais. Suas manifestações refletem
sua ignorância e sua imperfeição, o que não acontece com os Superiores
que, além de conhecer todas as coisas, julgam-nas sem paixão. Indagados se o
conhecimento científico de um Espírito é sempre uma prova de sua elevação,
esclarecem que não, porque se ainda estiver sob a influência da matéria
pode ter nossos vícios e preconceitos, marcadas pela inveja e orgulho
excessivos. Advertem que os que morrem alimentando fortes paixões,
envoltas numa atmosfera que mantém todas essas coisas más e que esses Espíritos
semi-imperfeitos são mais temíveis que os Espíritos maus, porque, na sua
maioria, juntam a astúcia e o orgulho à inteligência. Pelo seu pretenso
saber, se impõem às pessoas simples e aos ignorantes, que aceitam sem exame as
suas teorias absurdas e mentirosas. Embora essas teorias não possam
prevalecer contra a Verdade, não deixam de produzir um mal momentâneo
porque entravam a marcha do Espiritismo e porque os médiuns se enganam
ingenuamente quanto ao mérito das comunicações que recebem. Este o ponto
que requer grande estudo de parte dos espíritas esclarecidos e dos médiuns.
Para distinguir o verdadeiro do falso é que devemos convergir toda a nossa
atenção. A propósito daqueles Espíritos protetores que se apresentam com o
nome de santos ou personagens conhecidos, consideram que todos
os nomes de santos e de personagens conhecidos não bastariam para designar o
protetor de cada criatura, sendo poucos os Espíritos de nomes conhecidos na
Terra. Esclarecem que quase sempre os Espíritos protetores não dão
seus nomes, contudo, como na maioria das vezes queremos um nome, para
nos satisfazer eles usam o de um homem que conhecemos e respeitamos, o
que se constitui numa fraude somente quando o Espírito tem a
intenção de enganar. Quanto ao grande número de Espíritos comunicantes
que tomam nomes de santos, reiteram que se identificam com os hábitos daqueles a
quem se dirigem, tomando os nomes mais aptos a melhor impressionar o
homem, de acordo com as crenças deste. Questionados sobre como os Espíritos elevados
permitem a Espíritos de baixa classe usar nomes respeitáveis para
semear o erro, explicaram que não é com sua permissão que o fazem e que serão
punidos proporcionalmente à gravidade da impostura. Ressaltam que se
não fossemos imperfeitos só teríamos Espíritos bons ao nosso redor, e,
que se
somos enganados não o devemos senão a nós mesmos, situação permitida para
provar nossa perseverança e discernimento, nos ensinando a distinguir a verdade
do erro. Se não o fazemos é porque não estamos suficientemente
elevados, necessitando ainda das lições da experiência. Previnem não
ser suficiente a boa intenção para não ser enganado, o que minimiza o
efeito negativo da mistificação, situação resultante das esquisitices que atraem
os Espíritos zombeteiros. Destacam que o homem julga-se forte e quase nunca o
é, devendo
desconfiar, pois isso mesmo, da franqueza proveniente do orgulho e dos
preconceitos. Não se levam em conta essas duas causas de que os
Espíritos se aproveitam, pois lhes agradando as manias, estão seguros
de conseguir o que desejam.
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