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sábado, 21 de março de 2015

A SÉRIE NOSSO LAR E ANDRÉ LUIZ

Chico Xavier já tinha 25 anos, começara suas atividades com a mediunidade oito anos antes, quando conheceu o responsável pela Fazenda Modelo, mantida pelo Ministério da Agricultura na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. O encontro foi motivado pela morte do pai do Dr Romulo Joviano, figura importante no campo da educação pública no Estado mineiro, chamado Arthur Joviano. Da conversa inicial para a inclusão do jovem de família numerosa e reconhecidamente muito pobre no quadro de servidores da importante campo experimental dirigido pelo competente engenheiro agrônomo foram poucos meses. Desse ponto para o estabelecimento das noites de quarta feira para a realização de uma reunião em torno dos ensinos do Evangelho com a presença do médium, do Dr Romulo e sua esposa, com eventuais convidados foi pouco tempo. Muitas coisas interessantes ocorreram nessas oportunidades, grande parte possível deduzir após o resgate do arquivo carinhosamente preservado pela filha do casal até a aproximação do primeiro centenário de nascimento de Chico, ocorrido em 2010. Da revisão resultaram alguns livros de grande importância para os que pesquisam as conexões da vida do incomparável médium e a evolução do pensamento espírita no século XX. Num deles, o Dr Arthur Joviano, quando do lançamento d’ OS MENSAGEIROS, a segunda obra da série NOSSO LAR, faz em mensagem psicografada na reunião de 26 de janeiro de 1944, revelador comentário: -“É um mundo novo, creia, para a responsabilidade individual. Esse esforço foi muito estudado antes da organização que se alcança agora. Precisava-se de um nome impessoal, sem filiação a grupos preestabelecidos, que pudesse trazer semelhantes observações de caráter universalista. E, felizmente, atinge-se, presentemente, o objetivo. (...). Talvez o trabalho de André Luiz não encontre uma compreensão generalizada no momento, mas, podem acreditar, que para a educação espiritual do indivíduo encarnado esse esforço apresenta ilações muito graves pela exatidão dos conceitos a que chegou o mensageiro, aproveitando todas as possibilidades de simplificação ao seu alcance”. Dois anos depois, numa da carta enviada ao Dr Antonio Wantuil de Freitas então presidente da Federação Espírita Brasileira com quem mantinha correspondência regularmente, acrescenta mais alguns dados importantes em relação ao autor da famosa série: -“Emmanuel, desde fins de 1941, se dedica afetuosamente, aos trabalhos de André Luiz. Por essa época, disse-me ele a propósito de “algumas autoridades espirituais” que estavam desejosas de algo lançar em nosso meio, com objetivos de despertamento. Falou-me que projetavam trazer-nos páginas que nos dessem a conhecer aspectos da vida que nos espera no “outro lado”, e, desde então, onde me concentrasse, via sempre aquele “cavalheiro espiritual”, que depois se revelou por André Luiz, ao lado de Emmanuel. Assim decorreram quase dois anos, antes de NOSSO LAR”. Acrescentaria mais à frente: -“Dentro de algum tempo, familiarizei-me com esse novo amigo. Participava de nossas preces, perdia tempo comigo, conversando. Contava-me histórias interessantes e, muitas vezes, relacionou recordações do Segundo Império, o que me faz acreditar tenha sido ele, André Luiz, também personalidade da época referida. Achava estranho o cuidado dele, o interesse e a estima; entretanto, decorrido algum tempo, disse-me Emmanuel que estava o companheiro treinando para se desincumbir de tarefa projetada e, de fato, em 1943, iniciava o trabalho com NOSSO LAR”.  Contou também: -“Desde então, vejo que o esforço de Emmanuel e de outros amigos nossos concentrou-se nele, acreditando, intimamente, que André Luiz está representando um círculo talvez vasto de Entidades Superiores. Assim digo porque quando estava psicografando MISSIONÁRIOS DA LUZ, houve um dia em que o trabalho se interrompeu. Levou vários dias parado. Depois, informou-me Emmanuel, quando o trabalho teve reinício, que haviam sido realizadas algumas reuniões para o exame de certas teses que André Luiz deveria ou poderia apresentar ou não no livro. Em psicografando o capítulo “Reencarnação”, do mesmo trabalho, por mais de uma vez, vi Emmanuel e Bezerra de Menezes, associados ao autor, fiscalizando ou amparando o trabalho”. Uma reflexão sobre essas revelações revelam o planejamento que envolveu a extraordinária coleção de livros. Conclui-se também sobre a importância da obra que correu sério risco de ser interrompida como se depreende do conteúdo de outras cartas: Na de 6 da abril de 1948, Chico comenta: -“Tenho recebido, meu amigo, cartas insultuosas e observações bem duras, quanto aos livros desse mensageiro espiritual que nos veio ensinar quanto é nobre e sublime a Vida Superior” e, na de 18 de novembro do mesmo ano: -“O ‘dossier’ dos irmãos gaúchos contra os trabalhos de André Luiz me veio às mãos. Foram excessivamente generosos comigo. Deram-me formosos adjetivos e só disseram que eu estou um médium “cansado”. Isto é muito honroso para uma pessoa como eu que me sinto, francamente, na posição do servidor que ainda não começou a trabalhar”

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