A reencarnação como
apresentada pelo Espiritismo encontra suas afirmações e comprovações através de
caminhos os mais inesperados. Certamente o século 21 oferecerá demonstrações
cada vez mais frequentes das revelações encontradas nas obras do grande pesquisador
que foi Allan Kardec. O erudito Hermínio Correia de Miranda por meio
de suas obras nos oferece interessantes exemplos disso. Seus instigantes
artigos – alguns dos quais enfeixados em livros – preservam o resultado de sua
mente perquiridora que sondando livrarias e sebos de países por onde passou no
exercício de sua vida competente atividade profissional. Num deles, fala da
experiência do médico inglês Denys Kelsey que, depois de formado,
exerceu a clínica, num hospital militar, onde, de maneira inesperada
encontrou-se com os problemas do Espírito. Ante o afastamento de um colega
vitimado por uma epidemia de influenza, foi convidado a acumular, tanto quanto
possível, os encargos da ala dedicada à Psiquiatria. Conta ele que já na
primeira noite, acidental e intuitivamente, hipnotizou um paciente agitadíssimo
dificilmente controlado por dois homens, o que abriu para ele um amplo panorama
sobre os mistérios do Espírito. Definiu-se pela especialidade da Psiquiatria,
associando-a com critério à hipnose. Não demorou muito tempo para se defrontar
com a ideia da reencarnação. Relutante, a princípio, acabou por integrá-la ao
seu repertório de conhecimentos como autêntico instrumento de trabalho. Essa
convicção não lhe chegou subitamente, mas, vagarosamente e por etapas, após ter
dedicar-se por mais de quatro anos em sua clínica particular, depois de ter
deixado o Hospital militar onde suas experiências psiquiátricas começaram.
Antes, convenceu-se da existência do princípio espiritual. Mantendo-se fiel aos fundamentos da
Psiquiatria, firmou-se a outro ponto importante: não ser obrigatório pesquisar
existências passadas em todos os distúrbios psíquicos. Dez anos após sua
primeira experiência no Hospital militar, uma paciente em transe hipnótico,
descreveu-lhe com precisão e sem nenhuma dúvida, sua casa, distante, como se lá
estivesse naquele momento. Surpreendeu-se com um amigo ao qual relatara o fato,
ao saber da convicção do mesmo quanto ao fato comum há várias Eras,
especialmente no Egito. Casualmente lera o livro de uma senhora chamada Joan
Grant, desconhecida até então, intitulado O FARAÓ ALADO,
convencendo-se antes do final que a reencarnação era uma realidade. Disposto a,
se necessário percorrer a distância que fosse necessária para conhecer a autora
da obra, descobriu morar ela a menos de 50 quilômetros dele. Um jantar que se desdobrou por horas de
conversa, resultou na identificação e casamento com a escritora viúva Joan
Grant. Descobriram-se velhos
conhecidos tendo passado algumas experiências muito interessantes no passado
remoto. Numa existência na Roma antiga, ela fora dama de grande beleza e
vaidade que se apaixonou por um médico – o próprio Kelsey reencarnado - que
conheceu e contratou para seu serviço permanente. Orgulhosa ante a não
declaração de afeto do jovem médico idealizou mirabolante plano de matar-se,
após a compra de belíssimo sarcófago de mármore, um banquete programado com
amigos mais próximos e um discurso de despedida, após o que se deitou na urna
cheia de água perfumada, por pétalas de rosa que nela boiavam, pedindo, em
seguida, que o amado médico lhe abrisse as veias, confiando que ante tal
procedimento, ele apaixonadamente vivesse com ele. Entretanto, ele tomou sua
determinação ao pé da letra, ocasionando sua morte prematura. Casados na vida atual
passaram a trabalhar juntos, enriquecendo suas pesquisas com as faculdades
mediúnicas de que Joan era dotada, o que resultou em 1967, num livro de dez
capítulos intitulado MUITAS EXISTÊNCIAS, alternando-se
capítulo a capítulo nos relatos de suas vivências, ele como médico, ela como
médium. Um caso impressionante tratado pelo Dr Kelsey, envolveu um homem
de meia idade, profissional liberal de elevado grau de cultura afligido por
persistente e invencível homossexualismo. A Psicanálise convencional, mesmo com
hipnose, não apresentaram resultados práticos. Apesar das convicções religiosas
profundas desenvolvidas na atividade de membro da Igreja Anglicana, na décima
quarta consulta, uma sessão de hipnose, afloraram lembranças de uma existência
remota entre os hititas, onde, na qualidade de esposa de um dos chefes da
época, exercendo grande influencia sobre o marido, ao sentir-se preterida por
ele, negociou com um sacerdote de Baal, o amaldiçoamento dele, acabando, por
fim, assassinada, levando para o Além toda a frustração da sua humilhante
posição de esposa orgulhosa e desprezada. Ao que parece, o episódio trazido do
fundo do passado distante repercutia na vida atual, na torturante tendência
homossexual. A descoberta de Hermínio apenas confirma que, a
honesta verificação de qualquer pesquisador, isento de preconceitos, conduz
inevitavelmente às verdades essenciais da Doutrina Espírita sobre a preexistência
e sobrevivência do Ser.
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