As chamadas reuniões de
tratamento da obsessão poderão se constituir em fonte inesgotável de
confirmação dos Princípios da Reencarnação, bem como dos mecanismos do
instrumento que os regula que é a Lei de Causa e Efeito. Excetuando-se os casos
preservados pelos excelentes livros NOVOS
RUMOS A MEDICINA e A PSIQUIATRIA EM FACE DA REENCARNAÇÃO,
organizados pelo médico Inácio Ferreira que, ao longo de
cinquenta anos, dirigiu o pioneiro Sanatório Espirita de Uberaba (MG),
inexistem outros estudos associando os transtornos mentais patológicos e
obsessivos – como proposto por Allan Kardec -, e, os equívocos do
passado dos envolvidos. Um incalculável desperdício, pois, nos tratamentos
desenvolvidos em função desses trabalhos, surpreendentes revelações
surgem. O caso do Espírito Joaquim
tratado no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro Leopoldo (MG), enquadra-se na
situação. Segundo o dirigente encarnado dos trabalhos ali realizados em favor
da desobsessão, a entidade manifestou-se numa das reuniões através do médium Chico
Xavier, revoltada e infeliz. Dizia-se molestado por fortes jatos de
água fria, alegando estar sendo dissecado vivo numa aula de anatomia numa
Faculdade de Medicina. Afirmava sentir pavoroso sofrimento, repetindo, a cada
passo, entre lágrimas: -“Como é possível aplicar semelhante
procedimento a um homem vivo? Não há justiça na Terra?”. Meses depois,
retornaria, segundo ele, para trazer ao grupo notícias suas. Na comunicação preservada
em um gravador disponibilizado por admirador daquelas tarefas e depois
transcrita, Joaquim conta o seguinte: -“Minha
derradeira máscara física era a de um pobre homem, que tombou na via pública,
num insulto cataléptico. Tão pobre que ninguém lhe reclamou o suposto cadáver.
Conduzido à laje úmida, não consegui falar e nem var, contudo, não obstante a
inércia, meus sentidos da audição e do olfato, tanto quanto a noção de mim
mesmo, estavam vigilante. Impossível para mim descrever-nos o que significa o
pavor de um morto-vivo. Depois de muitas horas de expectação e agonia moral,
carregaram-me seminu para a câmara fria. Suportei o ar gelado, gritando
intimamente sem que a minha boca hirta obedecesse. Não posso enumerar as horas
de aflição que me pareceram intermináveis. Após algum tempo, fui transportado
para certo recinto, em que grande turma de jovens me cercou, em animada
conversação que primava pela indiferença à minha dor. Inutilmente procurei
reagir. Achava-me cego, mudo, paralítico... Assinalava, porém, as frases
irreverentes em torno e conseguia ajuizar, quanto à posição dos grupos a se
dispersarem junto de mim... Mais alguns minutos de espera ansiosa e senti que
lâmina afiada me rasgava o abdômen.
Protestei com mais força, no imo de minha alma, no entanto, minha língua
jazia imóvel. Tolerando padecimentos inenarráveis, observei que me abriam o
tórax e me arrebatavam o coração para estudo. Em seguida, um hoque no crânio
para a trepanação fez-me perder a noção de mim mesmo e desprendi-me, enfim,
daquele fardo de carne viva e inerte, fugindo horrorizado qual se fora um cão hidrófobo,
sem rumo... Não tenho palavras para expressar a perturbação a que me reduzira.
E, até agora, não sou capaz de imaginar, com exatidão, as horas que despendi na
correria martirizante. Trazido, porém, à vossa casa, suave calor me requentou o
corpo frio. Escutei vossas advertências e orações. E braços piedosos de
enfermeiros abnegados conduziram-me de maca a um hospital que funciona como
santa retaguarda, além do campo em que sustentais abençoada luta. Banhado em
águas balsâmicas, aliviaram-se-me as dores. Transcorridos alguns dias, implorei
o favor de vir ao vosso núcleo de prece, solicitando-vos cooperação para que
todos os cadáveres, constrangidos aos tormentos da autopsia, recebessem, por
misericórdia, o socorro de injeções anestésicas (...). Em resposta, porém, à
minha alegação, um de vossos amigos, que considero agora também por meus amigos
e benfeitores -, numa simples operação magnética, mergulhou-me no conhecimento
da realidade e vi-me, em tempo recuado, envergando o chapéu de um mandarim principal.
O rubi simbólico investia-me na posse de larga autoridade. Revi-me, numa noite
de festa, determinando que um de meus companheiros, por mero capricho de meu
orgulho, fosse lançado em plena nudez num pátio gelado. Ao amanhecer,
recomendei lhe furtassem os olhos. Mandei algemá-lo qual se fora um potro
selvagem, embora clamasse compaixão. Impassível, ordenei fosse ele esfolado
vivo. Depois, quando o infeliz se debatia nas vascas da morte, decidi fosse o
seu crânio aberto, antes de entregue aos abutres, em pleno campo. Exigi, ainda,
lhe abrissem o abdômen e o tórax. Reclamei-lhe o coração numa bandeja de prata.
O toque magnético impusera-me o conhecimento de minha dívida”.
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