Paulista de Tatuí, o Dr Alberto
Seabra já aos 16 anos, iniciou seus
estudos de Medicina, em na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Pioneiro da
Homeopatia no Brasil, desencarnou em 1934 após uma intensa vida dedicada à
filantropia e às causas humanistas e espiritualistas, tendo deixado importante
conjunto de livros sobre a temática. Na
noite de 7 de julho de 1955, marcou presença em reunião do Centro Espírita Luiz
Gonzaga, em Pedro Leopoldo (MG), onde, através do médium Chico Xavier, escreveu
interessante texto reafirmando suas posições enquanto encarnado. Em sua
mensagem, diz o Dr. Seabra: -“Quando os Instrutores da Sabedoria
preconizam o estudo, não desejam que o aprendiz se intelectualize em excesso,
para a volúpia de humilhar os semelhantes com as cintilações da inteligência,
e, quando recomendam a meditação, decerto não nos inclinam à ociosidade ou ao
êxtase inútil. Referem-se à necessidade de nosso aprimoramento interior para
mais vasta integração com a Luz Infinita, porque o reflexo mental vibra em
tudo. Nossa alma pode ser comparada a um espelho vivo com qualidades de
absorção e exteriorização. Recolhe a força da vida em ondas de sentimento e
emite-as em ondas de pensamento a se expressarem através de palavras e
atitudes, exemplos e fatos. Refletimos, assim, constantemente, uns nos outros.
É pelo reflexo mental que se estabelece o fenômeno da afinidade, desde os
reinos mais simples da Natureza. Vemo-lo nos animais que se acasalam, no mesmo
tom de simpatia, tanto quanto nas almas que se reúnem na mesma faixa de
entendimento. Quando se consolida a amizade entre um homem e um cão, podemos
registrar o reflexo da mente superior da criatura humana sobre a mente
fragmentária do Ser inferior, que passa então a viver em regime de cativeiro
espontâneo para servir ao dono e condutor, cuja projeção mental exerce sobre
ele irresistível fascínio. É desse modo que Espíritos encarnados podem
influenciar entidades desencarnadas, e vice-versa, provocando obsessões e
perturbações, tanto na esfera carnal como além-túmulo. As almas que partem
podem retratar as que ficam, assim como as almas que ficam podem retratar as
almas que partem. Quando pranteamos a memória de alguém que nos antecede, aí no
mundo, na viagem da morte, atiramos nesse alguém o gelo de nossas lágrimas ou o
fogo de nossa tortura, lhe conturbando o coração, toda vez que esse Espírito
não for suficientemente forte para sobrepor-se ao nosso infortúnio. E quando
alguém se ausenta da carne, carreando aflições e pesares procedentes de nossa
conduta, arremessará da vida espiritual sobre nossa alma os dardos magnéticos
da lembrança infeliz que conserva a nossa respeito, prejudicando-nos o passo no
mundo, caso não estejamos armados de arrependimento para renovar a situação,
criando imagens de harmonia restauradora. Em razão disso, convém meditar nos ideais,
aspirações, pessoas e coisas que refletimos, porque todos nos subordinamos,
pelo reflexo mental, ao fenômeno da conexão. Estamos inevitavelmente ligados a
tudo o que nos merece amor. Essa lei é inderrogável em todos os planos do
Universo. Os mundos no Espaço refletem os sóis que os atraem, e a célula, quase
inabordável no corpo humano, reflete o alimento que lhe garante a vida. Os
planetas e os corpúsculos, porém, permanecem escravizados a leis cósmicas e
organogênicas irrevogáveis. O Espírito consciente, no entanto, embora submetido
às leis que lhe presidem o destino, tem consigo a luz da razão que lhe faculta
a escolha. A inteligência humana, encarnada ou desencarnada, pode contribuir,
pelo poder da vontade, na educação ou na reeducação de si própria, selecionando
os recursos capazes de lhe favorecerem o aperfeiçoamento. A reflexão mental no
homem pode, assim, crescer em amplitude e sublimar-se em beleza para absorver
em si a projeção do Pensamento Superior. Tudo dependerá de nosso propósito e
decisão. Enquanto nos comprazemos com a ignorância ou com a indiferença para
com os princípios que nos governam, somos cercados sem defensiva por
pensamentos de todos os tipos, muitas vezes na forma de monstruosidades e
crimes, em quadros vivos que nos assaltam a imaginação ou em vozes
inarticuladas que nos assomam à acústica do Espírito, conduzindo-nos aos mais
escuros ângulos da sugestão. É por isso que notamos tanta gente ao sabor das
circunstâncias, aceitando simultaneamente o Bem e o mal, a verdade e a mentira,
a esperança e a dúvida, a certeza e a negação, à maneira de folha volante na
ventania. Eduquemo-nos, estudando e meditando, para refletir a Divina
Inspiração. Lembremo-nos de que o impulso automático do braço que levanta a
lâmina homicida pode ser perfeitamente igual, em movimento, ao daquele que
ergue um livro enobrecedor. A atitude mental é que faz a diferença. Nosso
pensamento tem sede de elevação, a fim de que a nossa existência se eleve.
Construamos em nós o equilíbrio e o discernimento. Rendamos culto incessante à
bondade e à compreensão. Habitualmente contemplamos no espelho da alma alheia a
nossa própria imagem, e, por esse motivo, recolhemos dos outros o reflexo de
nós mesmos ou então aquela parte dos outros que se harmoniza com o nosso modo
de ser. Não bastam à nossa felicidade aquisições unilaterais de virtude ou
valores incompletos. Todos temos fome de plenitude. O desejo é o imã da vida.
Desejando, sentimos, e, pelo sentimento, nossa alma assimila o que procura e
transmite o que recebe. Aprendamos, pois, a querer o melhor para refletir o
melhor em nossa ascensão para Deus”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário