Em comentário aparentemente irônico, Chico
Xavier disse ter ouvido de representante de outra escola religiosa, que
“os
espíritas haviam conseguido um prodígio: -Tornarem-se inimigos íntimos”.
Uma análise superficial que seja a respeito das atividades de instituições que
nasceram e trabalham em nome do Espiritismo, confirmará a assertiva feita ao
médium mineiro. Em mais de um século e meio de atividades desenvolvidas,
especialmente em terras brasileiras, acentuadas após as aparições de Chico
Xavier nos dois programas PINGA
FOGO, da extinta TV Tupi, segundo dizem os Espíritos que
orientam as atividades de disseminação dos princípios espíritas, também é grande o número daqueles “que
faliram nas missões da mediunidade e da doutrinação”. A constatação não
é de hoje, pois, André Luiz, reproduzindo no livro OS MENSAGEIROS, (1944, feb), o parecer de uma das Entidades
dedicadas aos esforços da comunicação espiritual em nossa Dimensão, já alertava
para a contraditória realidade. Segundo ele, “as transições essenciais da existência na
Terra encontram a maioria dos homens absolutamente distraídos das realidades eternas.
A mente humana abre-se, cada vez mais, para o contato com as expressões
invisíveis, dentro das quais funciona e se movimenta. Isto é uma fatalidade
evolutiva. Toda expressão religiosa é sagrada, todo movimento superior de
educação espiritual é santo em si mesmo. Sacerdotes e intérpretes dos núcleos
organizados da religião e da filosofia, não percebem ainda que o espírito da
Revelação é progressivo, como a alma do homem. As concepções religiosas se elevam
com a mente da criatura. Muitas Igrejas não compreendem, por enquanto, que não
devemos espalhar a crença nos tormentos eternos para os desventurados, e sim a
certeza de que há homens infernais criando infernos para si mesmos. Não
podemos, porém, perder tempo no exame da teimosia alheia. Temos serviços
complexos e dilatados. (...). A
Humanidade terrena aproxima-se, dia a dia, da esfera de vibrações dos
invisíveis de condição inferior, que a rodeia em todos os sentidos. Mas,
segundo reconhecemos, esmagadora percentagem de habitantes da Terra não se
preparou para os atuais acontecimento evolutivos. E os mais angustiosos conflitos se verificam no
sendal humano. A Ciência progride vertiginosamente no planeta e, no entanto, à
medida que se suprimem sofrimentos do corpo, multiplicam-se aflições da alma. Os
jornais do mundo estão cheios de notícias maravilhosas, quanto ao progresso
material. Segredos sublimes da Natureza são surpreendidos nos domínios do mar, da
terra e do ar; mas a estatística dos crimes humanos é espantosa. Os assassínios
da guerra apresentam requintes de perversidade muito além dos que foram conhecidos
em épocas anteriores. Os homicídios, os suicídios, as tragédias conjugais, os
desastres do sentimento, as greves, os impulsos revolucionários da
indisciplina, a sede de experimentação inferior, a inquietação sexual, as moléstias
desconhecidas, a loucura, invadem os lares humanos. Não existe em país algum,
preparação espiritual bastante para o conforto físico. Entretanto, esse
conforto tende a aumentar naturalmente. O homem dominará, cada vez mais, a
paisagem exterior que lhe constitui moradia, embora não se conheça a si mesmo. Atendido,
porém, o corpo revelará as necessidades da alma e vemos agora a criatura
terrestre assoberbada de problemas graves não só pelas deficiências de si
própria, senão também pela espontânea aproximação psíquica com a esfera
vibratória de milhões de desencarnados, que se agarram à Crosta planetária,
sequiosos de renovar a existência que menosprezaram, sem maior consideração aos
desígnios do Eterno. Não podemos, no entanto, circunscrever apreciações, na visão unilateral do problema. Concordamos
que a reverência
ao Pai, a fé e a vontade são expressões
básicas da realização divina no homem, mas não podemos esquecer que o trabalho é
necessidade fundamental de cada espírito. Que outros irmãos nossos perseverem,
tão somente, nas especulações teológicas; encaremos, porém, os serviços do Senhor,
como se faz indispensável. A Humanidade terrena, atualmente, é como um grande
organismo coletivo, cujas células, que são as personalidades humanas se
envolvem no desequilíbrio entre si, em processo mundial de reajustamento e redenção.
Quantos cooperam conosco, veem a extensão dos cipoais em que se debate a mente
humana. Criminosos agarram-se a criminosos, doentes associam-se a doentes.
Precisamos oferecer, no mundo, os instrumentos adequados às retificações
espirituais, habilitando nossos irmãos encarnados a um maior entendimento do Espírito
do Cristo”. No
sentido de refletirmos sobre o papel desempenhado por nós mesmos nesse momento
crucial na fase de transição para novo Ciclo Evolutivo, deixou-nos um alerta: -“Para
consegui-lo, todavia, necessitamos de colaboradores fiéis, que não cogitem de
condições, compensações e discussões, mas que se interessem pela sublimidade do
sacrifício e de renuncia com o Senhor”.
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