-“Em nossa opinião, os maiores embaraços
para a expansão do Espiritismo procedem da atuação daqueles que reencarnam,
prometendo servi-lo, seja através da mediunidade direta ou da mediunidade
indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam nas seduções
da esfera física”, respondeu o
Espírito Gabriel Delanne em entrevista concedida ao também Espírito André
Luiz na cidade de Paris, no dia 20 de agosto de 1965, quando da
passagem pela França, dos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira, numa das
duas viagens de intercâmbio por eles realizada entre 1965 e 1966, para conhecer
o Espiritualismo praticado nos Estado Unidos da América do Norte e alguns
países da Europa, experiência parcialmente reproduzida no livro ENTRE IRMÃOS DE OUTRAS TERRAS (1965, feb).
Na avaliação, pode também ser enquadrada a tentativa feita pela Espiritualidade
dois séculos antes de acender a luz da Verdade Espiritual no obscuro cenário da
cultura terrestre, como se depreende de entrevista efetuada em 23 de setembro
de 1859, na Sociedade Espírita de Paris, cumprindo compromisso assumido após
ser evocação ao final da reunião de 16 de setembro passado, reproduzida por Allan
Kardec no número de novembro daquele ano, da REVISTA ESPÍRITA. No foco, um
verdadeiro gênio na avaliação convencional dos intelectuais, formado em
Engenharia de Minas, cientista, teólogo, político, filósofo e inventor, que viveu
84 anos entre 1688 e 1772. Filho de um bispo luterano, nascido em Estocolmo, na
Suécia, aos 56 anos, após um jantar tarde da noite, em Londres, Inglaterra,
passou a ter a primeira de uma série de visões com um Espírito que, segundo
escreveria, posteriormente, lhe disse: -“Eu sou Deus, o Senhor, Criador e Redentor.
Escolhi-te para explicar aos homens o sentido interior e espiritual da Sagrada
Escritura. Ditarei o que deves escrever”. Antes de começar a responder
as questões pelas quais ali se encontrava, teceu alguns comentários avaliando sua
contribuição de um século antes, dizendo que “um século antes pregara o
Espiritismo, vendo-se diante de inimigos de todos os gêneros, mas também de
fervorosos adeptos”. Acrescentou que “sua moral espírita e sua
doutrina não estavam isentas de grandes erros, que hoje reconhecia”.
Reconhece que “quando de sua primeira visão já se ocupava das questões teológicas, desejando,
de algum modo, as revelações de que foi testemunha, tendo, entretanto, elas
ocorrido espontaneamente”. Afirmou que “o Espírito que lhe apareceu
dizendo ser Deus, não o era, tendo ele pensado ter dele ouvido isso, por nele
ter visto um Ser sobre-humano, sentindo-se lisonjeado com diante da aparição”
e, que “o mesmo tomou o nome de Deus para ser melhor obedecido”. Considerava
também que o Espírito que o fez escrever coisas que reconhecia hoje errôneas, “não
agira com má intenção, pois ele mesmo estava enganado por não ser bastante
esclarecido”, entendendo atualmente que as ilusões do seu próprio
Espírito e inteligência, o influenciavam, contra sua vontade, e, chamando
a atenção para o fato de que “no meio de alguns erros de sistemas, fácil
é reconhecer grandes verdades”. A propósito do princípio em sua teoria
de existir
uma correspondência entre cada coisa do mundo material e cada coisa do mundo
moral, respondeu não passar de ficção e, sobre Deus
ser o próprio homem, esclareceu que “Deus não é o homem: o homem é que
é uma imagem de Deus, representando Deus sobre a Terra pelo poder que exerce
sobre toda a Natureza e pelas grandes virtudes que tem o poder de adquirir; não
sendo o homem uma parte da Divindade, apenas a sua imagem”. Indagado
sobre a forma como eram recebidas suas comunicações por parte dos Espíritos,
contou: -“Quando eu estava em silêncio e recolhimento, meu Espírito como que
ficava deslumbrado, em êxtase, e eu via claramente uma imagem a minha frente, a
qual me falava e ditava o que eu deveria escrever. Por vezes minha imaginação
aí se misturava”. Avaliando a contribuição de Swedenborg, Allan Kardec
diz: -“Ainda
que rendendo justiça ao mérito pessoal de Swedenborg como cientista e como
homem de Bem, não nos podemos constituir defensores de doutrinas condenadas
pelo mais elementar bom sendo. O que resulta mais claramente conforme o que
conhecemos dos fenômenos Espíritas, é a existência de um Mundo Invisível e a
possibilidade de nos comunicarmos com ele. Swedenborg gozou de uma faculdade
que em seu tempo pareceu sobrenatural. É por isto que admiradores fanáticos o
encararam como um Ser excepcional. Em tempos mais remotos ter-lhe-iam levantado
altares. Aqueles que não acreditavam nele o consideraram um cérebro exaltado ou
um charlatão. Para nós era um médium vidente e um escritor intuitivo, como os há
aos milhares”.
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