Um simples esbarrão acidental
ocorrido numa avenida de Belo Horizonte, na verdade, reativou a ligação de dois
Espíritos que compartilharam inúmeras experiências ao longo de várias
reencarnações. De um lado, um homem
abatido pela perda de sua jovem esposa vinte e um dias antes. De outro, um
médium de 36 anos, preso a difíceis compromissos familiares, sociais e
econômicos apesar de ostentar um currículo de 28 livros publicados, organizados
com produções de Espíritos desencarnados, alguns dos quais celebridades no meio
literário luso-brasileiro. Seria o início de uma amizade nesta vida que se
manteria firme até o ano de 1958, quando o médium atingido por mais uma das
insidiosas perseguições contra ele movidas, se viu obrigado a transferir às
pressas seu domicílio para a região do chamado Triângulo Mineiro, mais
especificamente para a cidade de Uberaba. O viúvo chamado Arnaldo Rocha e o médium,
Chico
Xavier. Inexplicavelmente dominado por indizível emoção, reconhecendo
naquele homem simples, modestamente trajado, o personagem de uma tendenciosa e
maldosa reportagem publicada pela revista de maior circulação na época, não
conseguiu articular palavra, fenômeno, por sinal, comum nas narrativas feitas
por pessoas que se aproximaram de Chico um dia. Em contrapartida,
ouviu daquele com quem se chocara: -“Escute, Naldinho... Não é assim que Meimei
lhe falava? Ela está aqui, conosco, radiante de alegria pelos seus vinte e
quatro janeiros, ou melhor, ela diz vinte e quatro primaveras de amor.! Hoje
não seria o dia de seu aniversário? Deixe-me ver o retrato dela, guardado em
sua carteira”. Assustado diante do que ouviu, visto que nada falara ao
desconhecido ao não ser um pedido de desculpas, inda chorando, suando frio,
mostrou-lhe a fotografia, que segura delicadamente, revelou lágrimas nos seus
olhos, seguido de um sorriso reconfortante e das seguintes palavras: -“Nossa
querida princesa Meimei que muito lhe falar. É hoje, em comemoração ao seu
aniversário; podíamos fazer uma prece. Vamos à casa de Geraldo”. O que
sucederia a partir dali resultou em páginas belíssimas no livro da vida tanto
de um quanto de outro. No centro, o Espírito Meimei, na verdade Irma
de Castro, desencarnada no auge de sua juventude em consequência de uma
nefrite crônica que a acompanhou grande parte da existência recém terminada.
Ao longo das décadas que se seguiriam inúmeras paginas Meimei
verteu através da mediunidade do amigo de muitas vidas, celebrando Natais, Dias
das Mães, entre outras datas comemorativas, além de revelações importantes. Meimei
é personagem do livro AVE CRISTO,
(feb,1953) escrito pelo Espírito Emmanuel, onde tinha o nome Blandina,
filha única de Taciano, que não era outro senão o próprio marido Arnaldo
Rocha do século XX. Blandina, por sinal, a responsável
por núcleo de assistência a crianças recém-desencarnadas descrito no livro do
Espírito André Luiz, ENTRE A
TERRA E O CÉU (1954, feb). Além de mensagens incluídas obras de Autores
Diversos, quase uma dezena produzida por Meimei, faz parte do acervo de mais
de quatro centenas de obras publicadas com material materializado em nosso
Plano, graças ao impecável trabalho de Chico Xavier. Dentre os inspiradores
textos da iluminada Entidade Espiritual, destacamos para sua avaliação a
intitulada ESCOLA DA BÊNÇÃO:
- Sofres cansaço da vida, dissabores
domésticos, deserção de amigos, falta de alguém...
Por isso, acordaste sem paciência,
tentando esquecer.
Procuraste espetáculos públicos que te
não distraíram e usastes comprimidos repousantes que não te anestesiaram o
coração.
Entretanto, para teu reconforto, pelo
menos uma vez por semana, sai de ti mesmo e busca na caridade, a escola da
bênção.
Em cada compartimento aprenderás
diversas lições ao contato daqueles que leem na cartilha das dores que
desconheces.
Surpreenderás o filme real da angústia
no martírio silencioso dos que jazem num catre de espinhos, sem se queixarem, e
a emocionante novela das mães sozinhas que ofertam, gemendo, aos filhos
nascituros a concha do próprio seio como prato de lágrimas.
Fitarás homens tristes, suando
penosamente por singela fatia de pão, como atletas perfeitos do sofrimento, e
os que disputam valorosamente com os animais um lugar de repouso ao pé de
ruínas em abandono.
Observarás, ainda mais, os paralíticos
que sonham com a alegria de se arrastarem, os que se vestem de chagas
esfogueantes, suplicando um momento de alívio, os que choram mutilações
trazidas do berço e os que vacilam, desorientados, na noite total da loucura...
Verte-ás, então, consolado, estendendo consolo,
e, ajustado a ti mesmo, volverás ao conforto da própria casa, murmurando,
feliz:
- Obrigado, meu Deus!
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