Embora alguns antropólogos
considerem que o isolamento foi um elemento importante no processo de
diferenciação e origem das raças na Terra, visto que não mantendo contato entre
si arranjavam soluções próprias para enfrentar os desafios do ambiente em que
viviam, originando os três grandes grupos em que convencionalmente o Ser humano
é dividido (negroides, caucasianos e mongoloides), o Espiritismo tem algo mais a acrescentar. No interessante
e geralmente mal interpretado artigo com que abre o número de abril
de 1862 da REVISTA ESPÍRITA,
Allan Kardec racionaliza escrevendo
que “há
no homem, duas partes bem distintas: o Espírito, Ser pensante, e o corpo,
instrumento das manifestações do pensamento, mais ou menos completo, conforme
as necessidades”. Segundo ele, isso determina uma consequência
inevitável: a perfectibilidade das raças. Afirma que “elas são perfectíveis pelo
Espírito que evolui através de suas várias migrações, em cada uma adquirindo,
pouco a pouco, as faculdades que lhe faltam, necessitando à medida que suas
faculdades se ampliam de um instrumento adequado, como uma criança que cresce
precisa de roupas maiores. Sendo insuficientes os corpos constituídos para o
seu estado primitivo, necessitam encarnar-se em melhores condições, e assim por
diante, conforme o progresso alcançado”. Pondera, contudo, que também “as
raças são perfectíveis pelo corpo; mas é somente pelo cruzamento com raças mais
aperfeiçoadas, que trazem novos elementos que, por assim dizer, que aí se
enxertam os germes de novas características. Esse cruzamento se faz pelas
emigrações, as guerras e as conquistas. Sob esse ponto de vista, as raças são
como as famílias que se abastardam, quando não recebem sangue novo. Então não
se pode dizer que haja raça primitiva pura, porque sem o cruzamento, essa raça
será sempre a mesma, pois seu estado de inferioridade depende de sua natureza;
degenerará, em vez de progredir, o que determina o seu desaparecimento, ao cabo
de certo tempo”. Acrescenta ainda que “essa teoria levando-nos a
considerar na questão do aperfeiçoamento das raças os dois elementos
constitutivos do homem: o elemento espiritual e o corporal é preciso conhecer a
ambos, o que só o Espiritismo pode esclarecer no que respeita à natureza do
elemento espiritual – o mais importante – por ser o que pensa e sobrevive,
visto que o corporal se destrói”. Cinco anos mais tarde, Allan Kardec se serviria
de uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espirita de Paris justamente
nos anos de 1862 e 1863, sob o título ESTUDOS
URANOGRÁFICOS assinados pelo Espírito Galileu através
do médium Camille Flamarion para compor o último livro por ele organizado
A GÊNESE o qual incluiria ainda mais
duas abordagens OS MILAGRES E AS
PREDIÇÕES segundo o Espiritismo. O estudo do primeiro tema ocuparia 6 dos
12 capítulos que o constituem. Entre eles, Galileu considera não haver nada de
impossível na tese dos fisiologistas sobre o corpo do homem não ser senão uma
transformação do macaco quando do surgimento dos primeiros Espíritos humanos na
Terra. Diz que, “admitida tal hipótese, pode-se dizer que, sob a influência e pelo
efeito da atividade intelectual de seu novo habitante, o envoltório
modificou-se, embelezou-se nos detalhes, conservado em tudo a forma geral do
conjunto. Os corpos melhorados, em se procriando, reproduziram-se nas mesmas
condições, como ocorre com as árvores enxertadas, originando uma nova espécie
que, pouco a pouco, se distanciou do tipo primitivo, à medida que o Espírito
progrediu. O Espírito macaco, que não se exterminou, continuou a
procriar corpos de macacos para seu uso, como o fruto da planta brava reproduz
planta brava, e o Espírito humano procriou corpos de homens, variantes
do primeiro molde que se estabeleceu. A linhagem se bifurcou; ela produziu um
descendente, e esse descendente tornou-se linhagem, sendo provável que os
primeiros homens que apareceram sobre a Terra devem ter pouco diferenciado do
macaco pela forma exterior, e, sem duvida, não muito mais pela inteligência”.
Mais à frente em seu estudo, Galileu acrescenta um dado novo às
suas explicações. Falando sobre Emigrações e Imigrações dos Espíritos,
revelando as razões dos desencarnes e reencarnes coletivos em certos períodos,
revela que além dessa transfusão de Espíritos entre diferentes Dimensões
planetária, “há emigrações e imigrações coletivas de um mundo a outro, donde resulta
a introdução, na população de um Globo, de elementos inteiramente novos; novas
raças de Espíritos que vem se misturar às raças existentes, constituindo novas
raças de homens. Como os Espíritos nunca perdem o que adquiriram, levam com
eles a inteligência e a intuição dos conhecimentos que possuem, imprimindo,
consequentemente, o seu caráter à raça corpórea que vem animar”.
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