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sexta-feira, 31 de julho de 2015

PRECISA SER CONHECIDO

Segundo Allan Kardec, “a CIÊNCIA ESPÍRITA nos ensina a causa dos fenômenos devidos às influências ocultas do Mundo Invisível e nos explica o que, sem isto, nos parecerá inexplicável. Compreende duas partes: uma experimental, sobre as manifestações em geral, outra filosófica, sobre as manifestações inteligentes”. Nesse sentido, seu campo de pesquisa, engloba temas como MEDIUNIDADE, SOBREVIVÊNCIA ALÉM DA MORTE, INFLUÊNCIA ESPIRITUAL, OBSESSÃO, REENCARNAÇÃO e FLUIDOS.  Sobretudo no que se refere ao último campo, não pode ser ignorada a contribuição do médico alemão Franz Anton Mesmer que em 1773, afirma existir uma ação recíproca entre dois seres vivos, por intermédio de um agente especial chamado FLUIDO MAGNÉTICO ANIMALIZADO capaz de causar efeitos similares ao magnetismo mineral, que - como toda ideia nova - encontrou forte oposição dentro dos seguidores da linha organicista derivada da visão mecanicista de Isaac Newton. Vítima de acusações e perseguições durante o resto de sua vida que terminou em 1815, pelo chamado mundo acadêmico, teria sua visão ampliada por um observador e pesquisador das práticas disseminadas por ele na França dos Iluministas que por mais de três décadas testemunhou resultados interessantes nos seguidores das proposições do visionário germânico. Trata-se do intelectual, pesquisador e educador Denizard Hippolite Léon Rivail que, a partir de 1854, aprofundando-se no estudo dos hoje chamados fenômenos paranormais e considerando ser o Magnetismo uma força natural, escreve na REVISTA ESPÍRITA,  em seu primeiro número em janeiro de 1858, que “o Magnetismo preparou o caminho do Espiritismo, e o rápido progresso desta última doutrina se deve, incontestavelmente, à vulgarização das ideias sobre a primeira. (...) Impossível falar de um sem falar do outro. Se tivéssemos que ficar fora da ciência magnética, nosso quadro seria incompleto e poderíamos ser comparados a um professor de física que se abstivesse de falar da luz”. Vai além, ampliando o conceito de Mesmer ao afirmar que “os resultados obtidos pelo fluido magnético (fluido vital) se devem, na verdade, à associação das emanações de um corpo fluidico por ele denominado perispírito que, por sua vez, emana o fluido perispiritual”. Anos depois, em 1864, num livro por ele publicado, afirma que, por exemplo, “a prece é uma irradiação mental em forma de pensamento que coloca o emissor em contato com o Ser a que se dirige, propagando-se impregnada de fluidos pessoais resultantes das emoções/sentimentos que inspiram sua formulação”.  Ao longo do século 20, a tentativa de dar um embasamento aceito pela comunidade dita científica proposta pelo Prêmio Nobel de Fisiologia Charles Richet com sua Metapsíquica, frustou-se com a morte do corajoso médico, sendo, de certa forma sucedida pelo iniciativa do norte-americano Joseph Banks Rhine que na Universidade de Duke, propõe a Parapsicologia influenciando mais tarde o surgimento de outras versões como a Psicotrônica nos Países Socialistas e a Psicobiofísica do Engenheiro brasileiro Hernani Guimarães Andrade. A publicação em 1970 do livro EXPERIÊNCIAS PSIQUICAS ALÉM DA CORTINA DE FERRO revela, entre outras coisas, diversos estudos desenvolvidos nos países chamados comunistas, confirmando através da chamada Maquina Kyrlian, por exemplo, que a transmissão de energia entre seres humanos proposta por Mesmer é real; que “a energia vital chamada Prana considerada pela Yoga, circula pelo corpo, podendo ser dirigida pelo pensamento”, o qual, efetivamente, se transmite de pessoa a pessoa. Diante disso, imprescindível um aprofundamento nos conceitos formulados pelo Espiritismo.


quarta-feira, 29 de julho de 2015

PASSÍVEIS DOS MESMOS ERROS

A condição de médium dificilmente nasce somente da disposição daquele que se empolga pelos resultados alcançados nas tarefas de alguns trabalhadores desse campo de atuação. Geralmente os em quem as percepções se pronunciam de maneira espontânea indica retorno às experiências reencarnatórias compromissado com o exercício nessa área para liberar-se de culpas passadas. As reações e comportamentos ante os resultados de que são meros intermediários nem sempre conduzem o sensitivo a um final feliz na sua caminhada. Como dito por um respeitado médium que se afastou do Espiritismo para criar sua própria doutrina, três são os riscos enfrentados pelos médiuns no exercício de suas atividades, os quais poderiam ser chamados de “síndromes dos três pês: poder, posição, prestígio”. A guisa de exemplo, destacamos do excelente livro INSTRUÇÕES PSICOFÔNICAS (Chico Xavier; feb, 1955),  dois depoimentos de médiuns reconhecidos por suas contribuições nas cidades e regiões onde foram chamados a servir à Espiritualidade expondo suas impressões depois de cessada a própria passagem pelo corpo físico: 1- Ana Prado (extraordinária médium de efeitos físicos apresentada no livro O TRABALHO DOS MORTOS, do Dr. Nogueira de Faria) – “Colaborei na materialização de companheiros desencarnados, na transmissão de vozes do Além, na escrita direta e na produção de outros fenômenos, destinados a formar robustas convicções, em torno da sobrevivência do ser, além da morte, no entanto, ao redor da fonte de bênçãos que fluía, incessante, junto de nossos corações deslumbrados, não cheguei a ver o despertar do sentimento para o Cristo, único processo capaz de assegurar à nossa redentora Doutrina o triunfo que ela merece na regeneração de nós mesmos. No quadro dos valores psíquicos, a mediunidade de efeitos físicos é aquela que oferece maior perigo pela facilidade com que favorece a ilusão a nosso próprio respeito. Recolhemos os favores do Céu como dádivas merecidas, quando não passam de simples caridade dos Benfeitores da Vida Espiritual, condoídos de nossa enfermidade e cegueira. E, superestimando méritos imaginários, caímos, sem perceber, no domínio de entidades inferiores, que nos exploram a displicência. A vaidade na excursão difícil, a que nos afeiçoamos com as nossas tarefas, é o rochedo oculto, junto ao qual a embarcação de nossa fé mal conduzida esbarra com os piratas da sombra, que nos assaltam o empreendimento, buscando estender o nevoeiro do descrédito ao ideal que esposamos”. 2- Paschoal Commanducci – (médium de feitos intelectuais que segundo o livro CHICO XAVIER EM PEDRO LEOPOLDO (Didier, 2000) de Divaldinho Matos, revelou ao amigo José Hermínio Perácio no distante 1927, ser ele e a esposa Carmem, médiuns cuja principal missão era ajudar Chico Xavier, jovem “detentor de recursos mediúnicos múltiplos, cercado de falanges tão poderosas como as que assistiam a Jesus, menino que assombraria o mundo, escrevendo mediunicamente centenas de livros, sendo intransigente defensor e divulgador do Espiritismo codificado por Allan Kardec, vivendo muito e, desencarnado, não teria substitutos”). Disse Commanducci: -“Também fui médium, embriagado nas surpresas do intercâmbio. Deslumbrado, nem sempre estive desperto para o justo entendimento. Por esse motivo, ainda sofro o assédio dos problemas que deixei insolúveis nas mãos dos companheiros que me buscavam, solícitos. Ajudemos a consciência que nos procura, na procura do Cristo. Só Jesus é bastante amoroso e bastante sábio para solucionar os nossos enigmas. Formemos, assim, pequenas equipes de boa-vontade em nossos templos de serviço, amparando-nos uns aos outros e esclarecendo-nos mutuamente”

segunda-feira, 27 de julho de 2015

PORQUE? COMO É POSSÍVEL?



A chamada Codificação do Espiritismo teve obviamente  em Allan Kardec o grande responsável, razão pela qual, segundo o Espírito Irmão X na mensagem KARDEC E NAPOLEÃO psicografada pelo médium Chico Xavier e apresentada no livro CARTAS E CRONICAS (feb, 1966) renasceu na cidade de Lião, França, no dia 3 de outubro de 1803, Denizard Hipollite Léon Rivail. Muitos seguidores de suas ideias o municiaram de informações de fenômenos que testemunhavam em várias partes da Europa e algumas cidades do norte da África. Os próprios Espíritos Superiores que nos bastidores da invisibilidade davam sinais dessa atuação em grupos que foram surgindo antes mesmo do lançamento da primeira versão d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, em 1857. E o faziam através de médiuns pouco letrados, o que servia de confirmação da autenticidade do fenômeno. No número de julho de 1863, da REVISTA ESPÍRITA, uma mensagem de Santo Agostinho serve de exemplo. Foi recebida na cidade de Sétif, na Argélia, e enviada por um membro da Sociedade Espírita de Paris chamado Sr Dumas, que explicou ter sido psicografada por um médium totalmente iletrado acrescentando que o sensitivo não conhecia o sentido da maioria das palavras e nos transmitindo o nome de dez pessoas notáveis que assistiram à sessão, o que mereceu de Allan Kardec o seguinte comentário –“Os médiuns iletrados, que recebem comunicações acima de seu alcance intelectual, são muito numerosos. Acabam de mostrar-nos uma página verdadeiramente admirável, obtida em Lyon por uma senhora que não sabe ler nem escrever e não conhece uma palavra do que escreve; seu marido, que quase não sabe mais que ela, o decifra por intuição durante a sessão, mas no dia seguinte isto lhe é impossível. As pessoas a lêem sem muita dificuldade. Não está aí a aplicação destas palavras do Cristo: “Vossas mulheres e vossas filhas profetizarão e farão prodígios?” Não é um prodígio escrever, pintar, desenhar, fazer música e poesia quando não se o sabe? Pedis sinais materiais: Ei-los. Dirão os incrédulos que é efeito da imaginação? Se assim fosse, seria preciso convir que tais pessoas têm a imaginação na mão, e não no cérebro. Ainda uma vez, uma teoria não é boa senão quando consegue explicar todos os fatos. Se um único fato vem contrariá-la, é que é falsa ou incompleta”. Explicando a razão de comunicações espirituais de conteúdo elevado ser recebida por médiuns de conduta discutível, Santo Agostinho, entre outras coisas diz: -“ Muitas vezes vos admirais ao ver faculdades mediúnicas, sejam físicas ou morais, que, em vossa opinião deveriam ser prova de mérito pessoal, em pessoas que, por seu caráter moral, estão colocadas abaixo de semelhante favor. Isto se prende à falsa ideia que fazeis das leis que regem tais coisas, e que quereis considerar como invariáveis. O que é invariável é o objetivo; os meios variam ao infinito, a fim de ser respeitada a vossa liberdade. (...).  Deus emprega as faculdades e as paixões de cada um, e as utiliza em suas respectivas esferas, fazendo sair o bem do próprio mal. Os atos do homem, que vos parecem tão importantes, para ele nada são; aos seus olhos, é a intenção que faz o mérito ou o demérito”. Contudo  adverte: -“Observai e estudai cuidadosamente as comunicações que recebeis; aceitai o que a vossa razão não rejeitar; repeli o que a choca; pedi esclarecimentos sobre as que vos deixam na dúvida”. 

sábado, 25 de julho de 2015

VOCÊ PODE AUXILIAR

Não é preciso estudos muito avançados para concluir que a Humanidade terrena atravessa uma grande crise, derivada da degradação dos valores nos comportamentos sociais da maioria de seus representantes. As estruturas religiosas de maneira geral não conseguem responder aos grandes questionamentos dos indivíduos desorientados e desalentados ante tantas contradições, notícias de violência, corrupção, crueldade e sofrimentos morais e físicos como a fome, as doenças de difícil diagnóstico, falta de oportunidades iguais de tratamento, índices crescentes de suicídio, desemprego, guerras ideológicas alimentadas por interesses econômicos dissimulados nas crenças obsoletas e tirânicas. Dogmas vazios de Espiritualidade iludem massas de ignorantes em todos os quadrantes do Planeta. Necessário algo novo, fundamentado na substância dos exemplos reais que infundam alento aos sedentos e famintos de entendimento. Necessário revitalizar, talvez, muitas das ideias que inspiraram o surgimento das escolas que disputam avidamente a preferência dos habitantes do Planeta, nem tão preocupadas assim com sua iniciação no conhecimento que liberta. Nesse sentido, o Espiritismo pode auxiliar, até porque como disse o Orientador Espiritual Emmanuel através de Chico Xavier, “não pode guardar a pretensão de exterminar as outras crenças, parcelas da Verdade que a sua Doutrina representa, mas, sim, trabalhar por transformá-las, elevando-lhes as concepções antigas para o clarão da Verdade Imortalista”. Tem-se, contudo,  a sensação de um avanço discreto na divulgação de suas ideias, predominantemente no Brasil, onde segundo o mesmo Espirito disse que “do último quartel do século 19 para cá, de 15 a 20 milhões de Espíritos da cultura francesa, principalmente simpatizantes da obra de Allan Kardec, se reencarnaram no Brasil para dar corpo às ideias da Doutrina Espírita e fixarem os valores da reencarnação”.. Para Gabriel Delanne, Espírito ouvido há cinco décadas em entrevista por André Luiz, no dia 20 de agosto de 1965, a divulgação do Espiritismo “terá de efetuar-se de pessoa a pessoa, de consciência a consciência, visto que a Verdade a ninguém atinge através da compulsão. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro já que um sábio por mais sábio não consegue aprender a ler por nós”. Nesse sentido, qualquer um que já enxergue veracidade na visão do pioneiro do Espiritismo, pode colaborar desde agora. A visão da sobrevivência após a morte, da mediunidade, da reencarnação, da influência espiritual, da obsessão, dos fluidos, precisa ser repassada mesmo que ecoando no aparente vazio, pois, as sementes não germinadas encontrarão um dia as condições propícias para brotar.  Válido buscar na nascente da fonte, as informações que reflitam a sabedoria dos Mestres que a repassaram para nossa Dimensão. E, elas sem encontram nos livros produzidos por Allan Kardec e na sua REVISTA ESPÍRITA, nos números por ele editados. Aos que pensam que ser esse processo moroso demais para a Humanidade, o iluminado pensador espírita diz que “uma obra prima de arte exige, por vezes, existências e existências para o artista que persegue a condição de gênio. Como acreditar que o esclarecimento e o aprimoramento do Espírito imortal se faça tão só por afirmações labiais de alguns dias?”. No que tange aos princípios espíritas, pondera que “suas atividades contam pouco mais de um século e um século é período demasiado curto em assuntos do Espírito”.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

SEMPRE ATUAL

No ano de 1964, o Instituto de Difusão Espírita, de Araras, São Paulo, lançou importante documento sobre as atividades registradas no meio espírita naquele ano. Trata-se do ANUÁRIO ESPÍRITA, que resiste ao tempo, veiculando a cada final de ano as principais notícias do ocorrido no período findo, entre outros temas. No primeiro número, uma grata surpresa: uma entrevista com o Espírito André Luiz, através dos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira. Do conjunto de questões, destacamos algumas bastante elucidativas. 1- A quantidade de espíritos que vivem nas diversas esferas do nosso planeta tende, atualmente, a aumentar ou a diminuir? -“Qual acontece na crosta planetária, as esferas de trabalho e evolução que rodeiam a Terra estão muito longe de quaisquer perspectivas de saturação, em matéria de povoamento. 2- Espíritos originários da Terra, têm emigrado, nos últimos séculos, para outros orbes? -“Seja de modo coletivo ou individual, em todos os tempos, Espíritos superiores têm saído da Terra no rumo de esferas enobrecidas, compatíveis com a elevação que alcançaram. Quanto a companheiros de evolução retardada, principalmente os que se fizeram necessitados de corretivo doloroso por delitos conscientemente praticados, em muitos casos, sofrem temporária segregação em planos regenerativos. 3- Os Espíritos, em seu desenvolvimento evolutivo, ligam-se, necessariamente, a determinados orbes? Em seu desenvolvimento, sim, qual acontece com a pessoa que em determinada fase de experiência física se vincula, transitoriamente, a certa raça ou família. 4- Onde começa o Umbral? A rigor, o Umbral, expressando região inferior da espiritualidade, pelos vínculos que possui com a ignorância e com a delinquência, começa em nós mesmos.   5- As funções reprodutoras do sexo se destinam, somente, da vida na Terra? Em muitos outros orbes, compreendendo-se, porém, que mundos existem, nos quais as funções reprodutoras não são compreensíveis, por enquanto, na terminologia terrestre. 7- Os perispiritos das entidades espirituais que se localizam nas vizinhanças da Terra conservam o órgão do aparelho sexual humano? Sim, e por que não? O órgão sexual é tão digno quanto os olhos e como não se deve atribuir aos olhos os horrores da guerra o órgão sexual não pode ser responsável pelo vício. 7- Como explicar os homossexuais? Devemos considerar que o espírito reencarna, em regime de inversão sexual, como pode renascer em condições transitórias de mutilação ou cegueira. Isso não quer dizer que homossexuais ou intersexos estejam nessa posição, endereçados ao escândalo e à viciação, como aleijados e cegos não se encontram na inibição ou na sombra para ser delinquentes. Compete-nos entender que cada personalidade humana permanece em determinada experiência merecendo o respeito geral no trabalho ou na provação em que estagia, importando anotar, ainda, que o conceito de normalidade e anormalidade são relativos. Lembremo-nos de que se a cegueira fosse a condição da maioria dos espíritos reencarnados na Terra, o homem que pudesse enxergar seria positivamente considerado minoria e exceção. 8- O Espírito desencarnado também está sujeito a crises prolongadas de ciúme? Como não? A desencarnação é um acidente no trabalho evolutivo, sem constituir por si qualquer solução aos problemas da alma. 9- O adultério é, sempre, causa de conflitos quando da volta dos cúmplices ao plano espiritual? Sim. 10- A duração média de vida dos encarnados racionais de outros orbes corresponde à terrena? Não. Essas etapas de tempo variam de mundo a mundo. 

terça-feira, 21 de julho de 2015

DOENÇAS MENTAIS E ESPIRITISMO : PERSPECTIVAS

Aceleradamente a ciência vai acessando informações extremamente úteis para o entendimento dos outrora inexplicáveis problemas humanos. Até a Organização Mundial de Saúde na Classificação Internacional de Saúde, item F.44.3 do CID 10, de 2016, já considera a possibilidade dos transtornos mentais serem causados por perturbações espirituais. Analisando um caso de obsessão coletiva no número de maio de 1862 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec oferece elementos uteis para quem quer refletir sobre a fascinante influência espiritual intencional. Diz ele: -“Está demonstrado pela experiência que os Espíritos mal-intencionados não só agem sobre o pensamento, mas, também, sobre o corpo, com o qual se identificam e do qual se servem como se fosse o seu; que provocam atos ridículos, gritos, movimentos desordenados que apresentam todas as aparências da loucura ou da monomania. Encontrar-se-á sua explicação n’O LIVRO DOS MÉDIUNS, no capítulo da obsessão. Com efeito, é bem uma espécie de loucura, uma vez que se pode dar este nome a todo estado anormal, em que o Espírito não age livremente. Deste ponto de vista, é uma verdadeira loucura acidental. Faz-se, pois, necessário distinguir a loucura patológica da loucura obsessiva. A primeira resulta de uma desordem nos órgãos da manifestação do pensamento. Notemos que, nesse estado de coisas, não é o Espírito que é louco; ele conserva a plenitude de suas faculdades, como o demonstra a observação; apenas estando desorganizado o instrumento de que se serve para manifestar-se, o pensamento, ou, melhor dizendo, a expressão do pensamento é incoerente. Na loucura obsessiva não há lesão orgânica; é o próprio Espírito que se acha afetado pela subjugação de um Espírito estranho, que o domina e subjuga. No primeiro caso, deve-se tentar curar o órgão enfermo; no segundo basta livrar o Espírito doente do hóspede importuno, a fim de lhe restituir a liberdade. Casos semelhantes são muito frequentes e muitas vezes tomados como loucura o que não passa de obsessão, para a qual deveriam empregar meios morais e não duchas. Pelo tratamento físico e, sobretudo, pelo contato com os verdadeiros alienados, muitas vezes tem sido determinada uma verdadeira loucura onde esta não existia. Abrindo novos horizontes a todas as ciências, o Espiritismo vem, também, elucidar a questão tão obscura das doenças mentais, ao atribuir-lhes uma causa que, até hoje, não havia sido levada em consideração – causa real, evidente, provada pela experiência e cuja verdade mais tarde será reconhecida. Mas como fazer que tal causa seja admitida por aqueles que estão sempre dispostos a enviar ao hospício quem quer que tenha a franqueza de crer que temos uma alma e que esta desempenha um papel nas funções vitais, sobrevive ao corpo e pode atuar sobre os vivos? Graças a Deus, e para o bem da Humanidade, as ideias espíritas fazem mais progresso entre os médicos do que se podia esperar e tudo faz prever que, num futuro não muito remoto, a Medicina saia finalmente da rotina materialista. Estando provados alguns casos isolados de obsessão física ou de subjugação, fácil é compreender que, semelhante a uma nuvem de gafanhotos, um bando de Espíritos perturbadores pode lançar-se sobre certo número de indivíduos, deles se apoderar e produzir uma espécie de epidemia moral. A ignorância, a vulnerabilidade das percepções, a ausência de cultura intelectual naturalmente lhes facultam maior influência. É por isso que eles prejudicam, de preferência, certas classes, embora as pessoas inteligentes e instruídas nem sempre estejam isentas. Estudai o Espiritismo e compreendereis a razão”.

domingo, 19 de julho de 2015

IGNORADO E PRATICAMENTE ESQUECIDO

Recebido mediúnicamente em cinco meses, constitui-se no quinto livro escrito pelo Espírito Emmanuel, o décimo terceiro dos trinta da meta estabelecida incialmente para se produzida por Chico Xavier. Trata-se do livro O CONSOLADOR (1940, feb), uma obra original e arrojada para a época, inclusive para o meio espírita, com poucas editoras e bibliografia resumindo-se à tradução dos livros de Allan Kardec e alguns autores clássicos como Léon Denis, Camille Flammarion, Gabriel Dellane, Dale Owen, etc. O curioso é a estruturação da publicação: dividido em três partes (Ciência; Filosofia e Religião), analisando em 411 perguntas e respostas os assuntos sobre vários aspectos. Nele o grande orientador das tarefas do médium mineiro, deixa claro o papel do Consolador Prometido: -“O Espiritismo não pode guardar a pretensão de exterminar as outras crenças, parcelas da Verdade que a sua doutrina representa, mas, sim, trabalhar por transformá-las, elevando-lhes as concepções antigas para o clarão da Verdade Imortalista. Até difícil aceitar a origem das variadas questões pelo nível de abrangência das mesmas, considerando a educação pública da época, o nível cultural dos que as formularam, o tempo em que isso se ocorreu, as particularidades de cada tema. O tópico CIÊNCIA, por exemplo, vai tratar de CIENCIAS FUNDAMENTAIS (Quimica, Física, Biologia, Psicologia, Sociologia) CIÊNCIAS ABSTRATAS, CIÊNCIAS ESPECIALIZADAS e COMBINADAS. Quem formulou as variadas perguntas demonstra um nível de conhecimento acima da média para a década de trinta num quase povoado a poucos quilômetros da Capital mineira. Vejamos alguns casos: QUIMICA - 3 – No campo da Química, as forças do plano espiritual auxiliam o homem terrestre? -Os prepostos de Jesus espalham-se por todos os setores do trabalho humano e, em todos os tempos, cooperam com o homem no seu esforço de aperfeiçoamento; aliás, os estudiosos e os cientistas do planeta não criaram os fenômenos químicos, que sempre existiram desde a aurora dos tempos, afirmando uma inteligência superior. Os homens, em verdade, aprenderam a química com a Natureza, copiaram as suas associações, desenvolvendo a sua esfera de estudos e inventaram uma nomenclatura, reduzindo os valores químicos, sem lhes aprender a origem Divina. FÍSICA - 19 – As noções de física conhecidas pelos homens são definições reais ou definitivas? - Os homens possuem da matéria a conceituação possível de ser fornecida pela sua mente, compreendo que o aspecto real do mundo não é aquele que os olhos mortais podem abranger, porquanto as percepções humanas estão condicionadas ao plano sensorial, sem que o homem consiga ultrapassar o domínio de determinadas vibrações. Mergulhadas nas vibrações pesadas dos círculos da carne, as criaturas têm notícias muito imperfeitas do Universo, em razão da exiguidade dos seus pobres cinco sentidos. É por isso que o homem terá sempre um limite nas suas observações da matéria, força e movimento, não só pela deficiência de percepção sensorial, como também pela estrutura do olho, onde a sabedoria divina delimitou as possibilidades humanas de análise, de modo a valorizar os esforços e iniciativas da criatura. PSICOLOGIA - 48 –O Espiritismo esclarecerá a Psicologia quanto ao problema da sede de inteligência? -Somente com a cooperação do Espiritismo poderá a ciência psicológica definir a sede da inteligência humana, não nos complexos nervosos ou glandulares do corpo perecível, mas no Espírito Imortal. Como se vê um trabalho a ser estudado diante dos avanços e busca de novos paradigmas observados atualmente.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

REENCARNAÇÃO NA VISÃO DE GRANDES PERSONALIDADES

- “Através do vidro escuro / Vejo a luta de muitas Eras / Nomes e corpos, tudo destruído / Mas sempre eu em muitas guerras”, escreveu o General norte americano George Patton, em 1944, em meio às lutas da Segunda Guerra onde foi figura destacada no norte da África. Sua passagem pela cidade francesa de Langres parece ter despertado memórias de existência em que estivera ali como legionário de Cezar, Imperador romano de uma época recuada. Mas não apenas estas foram as lembranças acessadas em estado de lucidez. Afirmava com naturalidade ter estado nos muros de Tiro com Alexandre, o Grande; ter sido membro da falange que encontrou Ciro II, o Conquistador Persa que fundou o Império Grego, 500 anos antes de Cristo; ter lutado na Guerra dos Cem Anos; ter servido à Companhia de Joaquim Murat, uma dos mais brilhantes e famosos militares a serviço de Napoleão. Este, por sinal, uma das figuras mais conhecidas as História, dizia ter a certeza sido o Imperador Carlos Magno, mil anos antes e o Imperador Juliano, o Apóstata, o ultimo a tentar substituir o Cristianismo pelo Paganismo, acreditava ter sido Alexandre, o Grande, Rei da Macedônia. No mundo das artes nos tempos modernos, Shirley MacLaine lembra ter sido escrava no Egito Antigo, modelo de Tolouse-Lautrec e uma Atlante; Sylvester Sttalone  recorda-se ter durante a Revolução Francesa e ter tido uma morte tão brutal que nem mesmo o personagem Rambo evitaria, sendo decapitado na guilhotina; John Travolta crê-se ator de filmes antigos, provavelmente Rodolfo Valentino; Martin Sheen, diz que a própria constituição da família não acontece por acaso, dizendo que “nossos filhos nascem para nos ajudar a corrigir erros do passado, sendo assuntos que não resolvemos em vidas anteriores”. O compositor alemão Richard Wagner que o Conde Rochester coloca como Tadar, um personagens do livro O ROMANCE DE UMA RAINHA, psicografado pela extraordinária médium russa Vera Kryzanovskaia; após estudos criteriosos sobre as vidas sucessivas, escreveu que “comparados os conceitos de reencarnação e carma, todos os outros são insignificantes”, dizendo também: -“Não posso tirar minha própria vida, pois o desejo de completar o objeto de arte me traria de volta novamente até que percebesse qual é exatamente este objeto e enquanto isso eu ficaria indo e vindo em um longo ciclo de lágrimas e sofrimento”. Já Gustav Mahler comentou com um biógrafo: “Todos voltamos. É esta certeza que dá sentido à vida e não faz diferença se lembramos ou não das existências anteriores. O que conta é o indivíduo e sua existência atual, mas a grande aspiração à perfeição e à pureza em cada encarnação”. No mundo empresarial, Henry Ford, o pai da indústria automobilística norte americana, dizia acreditar que “vivemos neste mundo e sempre retornamos, disso tenho certeza. Estamos aqui por um motivo. Ficamos indo e vindo indefinidamente”, acrescentando mais tarde: -“Genialidade é uma questão de experiência. Algumas pessoas imaginam que se trata de um talento, um dom., mas é simplesmente o fruto das experiências de muitas vidas. Algumas são mais antigas que outras e por isso tem mais conhecimento”. Embora os meios de comunicação de massa não destaquem esses pontos de vista e relatos, servem para refletirmos sobre sua lógica, até em nossas vidas. Se analisados sob o foco do Espiritismo então, encontraremos grandes elementos para nos entendermos e o mundo em que vivemos. Sem dúvida, como dizia Allan Kardec, a reencarnação é a chave para decifrarmos os grandes enigmas da Humanidade.


quarta-feira, 15 de julho de 2015

ENTENDENDO AS INFLUÊNCIAS DOS AMBIENTES

Abrindo o número de dezembro de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, encontra-se a reprodução de um discurso proferido pelo editor Allan Kardec na reunião de primeiro de novembro daquele ano da Sociedade Espírita de Paris. Do interessante texto, destacamos alguns pontos a respeito dos efeitos do pensamento.  1- O que é o pensamento? O pensamento é o atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o espírito da matéria: sem o pensamento, o espírito não seria espírito. 2- Qual sua relação com a vontade? A vontade não é um atributo especial do Espírito, é o pensamento chegado a um certo grau de energia; é o pensamento tornado força motora. É pelo pensamento que o Espírito imprime aos membros e ao corpo os movimentos num sentido determinado. 3- O pensamento age sobre os fluidos ambientes? Como o som age sobre o ar.  Esses fluidos nos trazem o pensamento como, o ar nos traz o som. Pode-se, pois, dizer com toda a verdade que há nesses fluidos, ondas e raios de pensamentos que se cruzam sem se confundirem, como há no ar ondas e raios sonoros. 4- Afirmações sobre poluição mental ou contaminação dos ambientes pelos pensamentos desarmônicos procedem? Comunhão de pensamento quer dizer pensamento comum, unidade de intenção, de vontade, de desejo, de aspiração. Uma assembleia é um foco de onde irradiam pensamentos diversos; é como uma orquestra, um coro de pensamentos onde cada um produz uma nota. Disto resulta uma multidão de correntes e de eflúvios fluídicos dos quais cada um recebe a impressão pelo sentido espiritual, como num coro de música, cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido do ouvido.  Do mesmo modo que há raios sonoros harmônicos ou discordantes, há também pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o conjunto é harmônico, a impressão é agradável; se é discordante, a impressão é penosa. 5- Essas irradiações precisam estar bem definidas na mente do indivíduo, em forma de palavras, por exemplo? Não há necessidade de que o pensamento seja formulado em palavras; a irradiação fluídica não existe menos, quer ela seja expressa ou não; se todos são benevolentes, todos os presentes nele experimentam um verdadeiro bem-estar, e se sentem comodamente; mas se é misturada com alguns pensamentos maus, eles produzem um efeito de uma corrente de ar gelado no meio tépido.  6- Isso explica sensações agradáveis ou não experimentadas em certos ambientes? Tal é a causa do sentimento de satisfação que se sente numa reunião simpática; ali reina como uma atmosfera moral saudável, onde se respira comodamente; dali se sai reconfortado, porque se está impregnado de eflúvios salutares. Assim se explicam também a ansiedade, o mal-estar indefinível que se sente num meio antipático, onde os pensamentos malévolos provocam, por assim dizer, correntes fluídicas doentias.  7- Mas como o homem percebe isso? A comunhão de pensamentos produz, pois, uma espécie de efeito físico que reage sobre o moral; é o que só o Espiritismo poderia fazer compreender. O homem o sente instintivamente, uma vez que procura as reuniões onde ele sabe encontrar essa comunhão; nessas reuniões homogêneas e simpáticas, ele haure novas forças morais; poder-se-ia dizer que ali recupera as perdas fluídicas que ele faz cada dia pela irradiação do pensamento, como recupera pelos alimentos as perdas do corpo material. 

segunda-feira, 13 de julho de 2015

OPINIÕES SIGNIFICATIVAS

Quando da primeira das duas viagens feitas pelos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira aos Estados Unidos e Europa em 1965 com finalidades de intercâmbio entre o Espiritismo brasileiro e o Espiritualismo de vários países, vários fatos curiosos ocorreram envolvendo os médiuns e os Espíritos que os acompanharam. Um deles, uma interessante entrevista com o pioneiro espírita Gabriel Delanne, efetuada pelo Espírito André Luiz no dia 20 de agosto de 1965, em Paris. Pela atualidade e oportunidade das respostas às 20 questões a ele formuladas, destacamos algumas para reflexão: 1- Considera que o desaparecimento do Espiritismo na França tenha atrasado sua marcha ? - De modo algum. Legiões de companheiros da obra de Allan Kardec reencarnaram, não só na França, mas igualmente em outros países, notadamente no Brasil, para a sustentação do edifício kardequiano. 2- Admite que os princípios espíritas estão caminhando lentamente no mundo? - Não penso assim... As atividades espíritas contam pouco mais de um século e um século é período demasiado curto em assuntos do espírito. 3- Para que aspecto devemos, conduzir a pesquisa científica na Terra? - Devemos estimular os estudos em torno da matéria e da reencarnação, analisar o reino maravilhoso da mente e situar no exercício da mediunidade as obras da fraternidade, da orientação, do consolo e do alívio às múltiplas enfermidades das criaturas terrestres... 4- Que mais? - Velar pelas atividades que possam, na realidade, melhorar a individualidade por dentro... 5- Onde os percalços maiores para a expansão da doutrina Espírita? - Em nossa opinião, os maiores embaraços para o Espiritismo procedem da atuação daqueles que reencarnam, prometendo servi-lo, seja através da mediunidade direta ou da mediunidade indireta, no campo da inspiração e da inteligência, e se transviam nas seduções da esfera física, convertendo-se em médiuns autênticos das regiões inferiores, de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas estão prontos a ridiculariza-las, através de escritos sarcásticos ou da arte histriônica, junto dos quais encontramos as demonstrações fenomênicas improdutivas, as histórias fantásticas, o anedotário deprimente e os filmes de terror. 6- Como vê semelhantes deformações? 54 - Os milhões de Espíritos inferiores que cercam a Humanidade possuem seus médiuns. Impossível negar isso. 7-  De que modo vencer no labirinto gigantesco em que opera a influência das sombras? - Educando... 8-  Como? - Explicando-se, tanto nos sistemas religiosos do Ocidente, quanto nos do Oriente, que a pessoa humana em qualquer lugar e em qualquer tempo somente possui o que ela fez de si própria. 9-. Exprimindo-se, desse modo, refere-se à necessidade da divulgação da Doutrina Espírita? - Sim. 10- Mas, segundo o seu conceito, a divulgação terá de efetuar-se de pessoa a pessoa. Teremos entendido certo? - Sim, de pessoa a pessoa, de consciência a consciência. A verdade a ninguém atinge através da compulsão. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro. Um sábio por mais sábio não consegue aprender a ler por nós. 11- Não considerará, porém, que esse processo é moroso demais para a Humanidade? - Uma obra-prima de arte exige, por vezes, existências para o artista que persegue a condição do gênio. Como acreditar que o esclarecimento ou o aprimoramento do espírito imortal se faça tão só por afirmações labiais de alguns dias?

sábado, 11 de julho de 2015

CONTRA FATOS NÃO HÁ ARGUMENTOS

Você sabia que a fenomenologia estudada, explicada e praticada em nome do Espiritismo encontra-se presente em muitos dos relatos que compõem a primeira parte do livro a BÍBLIA, ou seja, no VELHO TESTAMENTO? Na verdade relatam episódios derivados pelo que hoje se sabe da inerente percepção extra-sensorial, peculiar a todo Ser humano. Alguns enquadram-se nos fenômenos classificados por Allan Kardec como de Efeitos Físicos, aqueles que impactam pelos detalhes de que se revestem. "Nos capítulos VII e VIII do livro ÊXODO, por exemplo, destacamos alguns: 1- Aarão, a convite de Moises, ante o Faraó e seus servos que não deveriam ser poucos nem fáceis de enganar, converte o bastão do solicitante em serpente (11-12); 2- Pouco depois, o próprio Aarão, em presença do Faraó e sua Corte, converte em sangue as águas do rio. (20); 3- Dias mais tarde, a população inteira, foi atormentada por uma invasão de asquerosas rãs. Em vários outros livros resgatando a saga do povo Hebreu, não só se fala constantemente em feiticeiros, adivinhos, vaticinadores e encantadores, como também nas evocações dos mortos que se encontram explicitamente recordadas e condenadas em mais de um lugar, correspondendo todos eles aos médiuns definidos pelo Espiritismo. A propósito as recorrentes proibições indicam ser a comunicação espiritual corriqueira. No texto do LEVÍTICO, pode-se conferir: 1- “Não vos encaminheis aos mágicos, nem procureis saber coisa alguma dos adivinhos (19:31); 2- “A pessoa que declinar para magos e auríolos e com eles tiver comércio, porei o meu rosto contra ela e a exterminarei do meio do meu povo. (20:6) e 3- Homem ou mulher em que houver espírito pitônico ou de adivinho morram de morte. Apedrejá-lo-ão; o seu sangue recaia sobre eles. (20:27). A preocupação em controlar as praticantes era tamanha que no DEUTORONÔMIO, capítulo 28:10-12, encontramos: “Nem se ache em vós outros quem suscite Espíritos, nem que seja feiticeiro ou encantador, nem quem consulte os pitões ou seja adivinho, nem quem indague dos mortos a Verdade, pois todas estas coisas o Senhor abomina”. O primeiro livro dos REIS apresenta Saul em Endor, evocando a sombra de Samuel e com ela palestrando.  No IV livro dos REIS, diversas alusões lembram as práticas espíritas: 1- “E davam-se a adivinhações e agouros”. (17:17); 2- “E amou adivinhações e observou agouros e instituiu pítons e multiplicou os arúspices”. (21:6) e 3- “Aboliu os pítons e os adivinhos”.(23:24). Entre os Profetas, Isaías indica a aparição de Espíritos a pítons e feiticeiros: 1- “E tiveram agoureiros”. (2:6). 2- Nela se encontrarão os demônios com os onocentauros”. (34:14). O profeta Daniel fala de bruxos, encantadores e feiticeiros, narrando    a famosa visão do rei Baltasar (5:5-6): “Na mesma hora apareceram uns dedos, como de mão de homem que escrevia defronte do candeeiro, na superfície da parede da sala do rei, e o rei via os movimentos das juntas dos dedos da mão que escreva. Então, o semblante do rei se mudou, e, os seus pensamentos o perturbaram, e as juntas dos seus rins se relaxaram e os seus joelhos batiam um no outro”. Como se percebe, a ação dos Espíritos desencarnados sempre esteve presente nas diferentes épocas e Civilizações, apesar de o lado Ocidental da Terra ter isolado sua influência mais ostensiva até o surgimento do Espiritismo no século 19.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

REENCARNAÇÃO: AVALIAÇÃO RACIONAL

No número de janeiro de 1861 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec reproduz a primeira parte de um interessante e extenso texto por ele intitulado CARTA DA INCREDULIDADE. Explica que o fez após ter sido solicitado a apreciá-lo pelo amigo Sr. Canu, que o elaborara com a intenção de reparar os prejuízos causados a muitas pessoas que influenciara com suas ideias materialistas. O teor do documento mostrava-se tão bem fundamentado que Allan Kardec considerara oportuno publicar após obter autorização do autor. Dos vários aspectos por ele abordados, destacamos alguns relacionados ao tema reencarnação que dão uma perfeita ideia da sua dinâmica. Diz o seguinte:1- A Humanidade, considerada coletivamente é comparável ao indivíduo; ignorante na infância, ela se esclarece à medida que avança em idade; o que se explica naturalmente pelo próprio estado de imperfeição em que estão os Espíritos para o adiantamento dos quais essa Humanidade foi feita; 2- Quanto ao Espírito considerado individualmente, não é numa só existência que ele pode adquirir a soma de progresso que está chamado a cumprir; é porque um maior ou menor número de existências corpóreas lhe são necessárias, segundo o uso que fará de cada uma delas. Mais ele tenha trabalhado para o seu adiantamento em cada existência, menos terá que sofrê-las. 3- Como cada existência corpórea é uma prova, uma expiação, um verdadeiro purgatório, tem interesse em progredir o mais prontamente possível, para ter a sofrer menos provas, porque o Espírito não retrograda; cada progresso cumprido por ele é uma conquista assegurada que nada poderia lhe tirar. 4- Segundo este princípio, hoje averiguado, é evidente que quanto mais ele caminhar depressa, mais cedo chegará ao objetivo. Resulta do que precede que cada um de nós, hoje, não estamos em nossa primeira existência corpórea, muito longe disso, estamos mais distante ainda de última; 5- As nossas existências primitivas devem se passar em mundos bem inferiores à Terra, sobre a qual não chegamos senão quando o nosso Espírito chegou a um estado de perfeição em relação com este astro; 6- À medida que progredirmos, passaremos para Mundos mais avançados do que a Terra sob todos os aspectos, e isso, de degrau em degrau, avançando sempre para o melhor. Mas, antes de deixar um Globo, parece que se deve cumprir nele geralmente várias existências, cujo número, todavia, não é limitado, mas subordinado à soma do progresso que se terá adquirido.7- Tudo isso, pode ser verdadeiro, mas muitos podem argumentar: como não me lembro de nada, ocorrendo o mesmo com cada um de nós, tudo o que se passou em nossas existências precedentes é para nós como nulo; e se ocorre o mesmo em cada existência, pouco importa ao meu Espírito ser imortal ou morrer com o corpo, se, conservando a individualidade, não tem consciência de sua identidade. Com efeito, isso seria para nós a mesma coisa, mas não ocorre assim; não perdemos a lembrança do passado senão durante a vida corpórea, para reencontrá-la na morte, quer dizer, no despertar do Espírito, cuja verdadeira existência é a do Espírito livre, e para a qual as existências corpóreas podem ser comparadas ao sono para o corpo. 8- Em que se tornam as almas dos mortos enquanto esperam uma nova reencarnação? (...). Em geral, pouco se afastam dos vivos e, sobretudo, daqueles a quem são afeiçoados, quando se tem afeição por alguém.

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segunda-feira, 6 de julho de 2015

AJUDARIA NUM DIAGNOSTICO


–“Como as individualidades as Pátrias surgem no cenário das Civilizações, com funções definidas (...). Também às Nações é conferido, do Alto, o direito de agir, no caminho das decisões de natureza coletiva”. As revelações fazem parte de uma mensagem escrita pelo Espírito Emmanuel através de Chico Xavier e incluída no livro hoje quase desconhecido intitulado COLETÂNEA DO ALÉM (lake, 1945). E disse mais: -“Com o advento do Cristo, um roteiro novo e definitivo: O Evangelho, com a simplificação de todas as estradas das criaturas humanas (...). Mas a Civilização Ocidental não soube guardar as valorosas virtudes de seus antepassados (...). Novas missões coletivas foram dadas às nacionalidades do Globo que se entregaram à sinistra embriaguez do imperialismo e da ambição, fazendo jus às mais dolorosas expiações”, aditando: -“ É por isso que, multiplicando-se em atividades, o Mundo Espiritual, sob a determinação do Divino Mestre, transplantou para a América a árvore maravilhosa da Fraternidade e da Paz, a cuja sombra cariciosa e divina, vamos encontrar o Brasil, sob a luz do Cruzeiro, desempenhando a tarefa santificadora de Pátria do Evangelho”. Setenta anos se passaram e os céticos com razão encontram muitos argumentos contrários ao afirmado pelo Orientador Espiritual. No quase desacreditado livro BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO (feb, 1938), numa resposta dada pelo Espírito responsável pela evolução espiritual do País a lideres religiosos que o procuraram no Plano Espiritual em busca de explicações sobre as decisões que culminaram na destruição do projeto conhecido como Missões que procurava auxiliar a população indígena a se tornar autossuficiente, alguns elementos para mais reflexões: -“Muitas vezes, os próprios Espíritos que escolhemos para determinados labores terrestres não resistem à sedução do dinheiro e da autoridade. Sentem-se traídos em suas próprias forças e se entregam, sem resistência, ao inimigo oculto que lhes envenena o coração. Deixai aos déspotas da Terra a liberdade de agir sob o império da sua prepotência. Por mais que operem dentro de suas possibilidades no Plano Físico, a vitória pertencerá sempre a Jesus”. A situação observada na atualidade não nasceu recentemente. Em 1935, em pleno período ditatorial conhecido como Estado Novo, o Espírito do ex-presidente, Nilo Peçanha, em duas mensagens psicografadas pelo médium Chico Xavier e inseridas na coletânea transformada no livro PALAVRAS DO INFINITO (lake, 1936), comentaria: -“País essencialmente agrícola, o Brasil tem de voltar suas vistas para sua imensa extensão territorial, multiplicando os conselhos técnicos da agricultura, velando carinhosamente pelos seus problemas”. lamentando: -“Esses problemas grandiosos tem sido relegados a um plano inferior pelos nossos administradores (1935), os quais, infelizmente, arraigados aos sentimentos de personalismo vivem apenas para as grandes oportunidades”, e, prognosticando:-“Faz-se necessário melhorar as condições das classes operárias antes que elas se recordem de o fazer, segundo suas próprias deliberações, entregando-se à sanha de malfeitores que, sob as máscaras da demagogia e a pretexto de reivindicações, vivem no seu seio para explorar os entusiasmos vibrantes que se exteriorizam sem objeto definido”. Das observações feitas há 80 anos, servem-nos ainda: -“Seria preciso criarmos um largo movimento de brasilidade, não para a arte balofa dos dias atuais que aí correm de bandeirolas ao vento (...), um sentimento essencialmente brasileiro, saturado de nossas realidade e necessidades inadiáveis” .(...).“Infelizmente tivemos a fraqueza de nos apaixonarmos pelas teorias sonoras, acalentando os homens palavrosos, conduzindo-os aos poderes públicos; endeusando-os, incensando-os com a nossa injustificável admiração, olvidando homens de ação, de energia, que aí vivem isolados, corridos dos gabinetes da administração nacional, em virtude de sua inadaptabilidade às lutas da política do oportunismo e das longas fileiras do afilhadismo que vem constituindo a mais dolorosa das calamidades públicas do Brasil. (...) E embora se referindo à terceira década do século passado, encontramos ressonância no presente: -“No Brasil sobram as regalias politicas e as liberdades públicas. Tudo requer ordem e método. (...) Onde se conservam as criaturas do sentimento e do raciocínio que as melhores capacidades caracterizam? Justamente, quase todos, por nossa infelicidade, se conservam afastados da paixão política que empolga a generalidade dos nossos homens públicos; com algumas exceções, a nossa política administrativa, infelizmente, está cheia daqueles que apenas se aproveitam da situação, para os favores pessoais e para as condenáveis pretensões dos indivíduos. O sentimento de solidariedade das classes, do amparo social, que deveriam constituir as vigas mestras de um instituto de governo, são relegados para um plano inferior, a fim de que se saliente o partido, a pretensão, o chefe, a figura centralizadora de cada um, em desprestígio de todos”. Como se vê, as distorções vem de longa data.  



sábado, 4 de julho de 2015

MAIORIDADE PENAL : PONTOS A REFLETIR

- “Hoje ouvimos falar de muitos crimes cometidos por meninos de 10, 14 anos. Deveríamos tratar de códigos que dessem a maioridade aos 14 anos. A criança é chamada a memorizar as suas vidas passadas muito depressa, motivada pela televisão, etc. Precisávamos da criação de leis que ajudem a criança a não se fazer delinquente nem viciada. O Governo não pode ser responsável por todas as nossas modalidades de penúria; não podemos exigir que nossos ministros venham a fazer intervenções em nossas vidas familiares. O problema da penúria é nosso. (...). Não temos uma disposição muito ativa em torno da criança considerada desvalida. Nós fazemos distribuições anuais, mas nos esquecemos que criança, almoça todo dia, estuda todo dia, toma banho todo dia”. Por incrível que possa parecer a opinião pertence ao médium Chico Xavier, tendo sido expressa ainda nos anos 80 do século 20, portanto, bem antes dele desencarnar, tendo sido preservada como o fragmento 261 do livro O EVANGELHO DE CHICO XAVIER (Didier), organizado por Carlos Antonio Baccelli. Ainda estavam longe os tristes registros de extrema violência praticada pelos chamados menores de idade, especialmente nas últimas semanas. Suas considerações encontram correspondência noutra avaliação expressiva: -“Uma sociedade decadente tem certamente necessidade de leis mais severas; infelizmente essas Leis se destinam antes a punir o mal praticado do que a cortar a raiz do mal. Disse isso, Allan Kardec que consolida seu parecer com as seguintes palavras: -“Somente a educação pode reformar os homens, que assim não terão mais necessidade de leis tão rigorosas”. Nos eventos recentes, observa-se que como traço comum além da violência, o sexo e as drogas. Quando Chico Xavier comenta que “a criança é chamada a memorizar as suas vidas passadas muito depressa, motivada pela televisão”, ainda não estavam liberadas as imagens de estupros, mortes gratuitas, prostituição, etc, como ocorre hoje na chamada TV aberta, que através dessas situações disputa avidamente a atenção do publico que lhe rendera dividendos amparados por alguns pontos mais nas pesquisas de opinião publica realizadas continuamente para medir o interesse por este ou aquele assunto. Uma análise do perfil dos envolvidos certamente confirmará a precariedade das relações familiares em meio às quais renasceram e vivem. Educação é palavra desconhecida por aqueles que os trouxeram ao mundo. A Educação pública é tema apenas cogitado nas pretensões eleitoreiras sem se tornar efetivamente prioridade de legisladores e governantes. Sobra a educação das ruas, dos traficantes, dos integrantes de lares onde nada mais são que órfãos de pais vivos. Necessário despertar a consciência dos multiplicadores de opinião iludidos muitas vezes com discursos proferidos por indivíduos astutos que apenas se servem dos exemplos negativos que sempre existiram a fim de tomar-lhes o lugar e se locupletarem de poder e vantagens econômicas. A situação atual também confirma o observado pelo intelectual e educador francês Denizard Hippolite Léon Rivail, ou simplesmente Allan Kardec, mais de um século antes, quando escreveu que “quando se pensa na massa de indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das consequências desastrosas desse fato? Quando essa arte (EDUCAÇÃO MORAL) for conhecida, compreendida e praticada, o homem seguirá no mundo os hábitos de ordem e previdência para si mesmo e para os seus, de respeito pelo que é respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar de maneira menos penosa os maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisto está o ponto de partida, o elemento real do bem estar, a garantia da segurança de todos”. Ante essas observações, não é difícil concluir que quaisquer mudanças somente serão alcançadas por políticas de médio prazo. Mais uma vez temos que concordar com Allan Kardec: -“A desordem e a imprevidência são duas chagas que somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisto, está o ponto de partida, o elemento real do bem estar, a garantia da segurança de todos”. Suas palavras, contudo continuam ignoradas, perdidas no vazio das teorias e defesas sem real interesse pela solução dos problemas que certamente se multiplicarão e agravarão avassaladoramente. Assim como começamos, terminamos com outro relato depoimento de Chico Xavier baseado nas suas experiências pessoais: -“Às sextas e sábados, ouço habitualmente nas duas noites, 500 a 800 pessoas, sendo que 60 por cento nos trazem problemas perfeitamente evitáveis. Se essas criaturas tivessem tido cuidado de educarem seus filhos, conversando sobre Deus, em respeito a Deus, em trabalho, ensinando o serviço... Quando cercam a criatura aos 28 anos, ela já está perdida”.






quinta-feira, 2 de julho de 2015

REENCARNAÇÃO: A LÓGICA DOS ARGUMENTOS



“A pluralidade das existências, da qual o Cristo colocou o princípio no Evangelho, sem, contudo, defini-lo mais do que muitos outros, é uma das Leis mais importantes reveladas pelo Espiritismo, no sentido que lhe demonstra a realidade e a necessidade para o progresso. Por esta Lei, o homem explica todas as anomalias aparentes que a vida humana apresenta; as diferenças de posições sociais; as mortes prematuras que, sem a reencarnação, tornariam inúteis para a alma as vidas precocemente interrompidas; a desigualdade das aptidões intelectuais e morais, explicadas pela antiguidade do Espírito, que mais ou menos viveu, mais ou menos aprendeu e progrediu, e que traz, em renascendo, a aquisição de suas existências anteriores”. Vejamos outros dos argumentos levantados por Allan Kardec no número de setembro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA: 1- Com a doutrina da criação da alma em cada existência, cai-se no sistema das criações privilegiadas; os homens são estranhos uns aos outros, nada os religa, os laços de família são puramente carnais; não são solidários de um passado em que não existiam; com a do nada depois da morte, toda relação cessa com a vida; eles não são solidários do futuro. 2- Pela reencarnação, são solidários do passado e no futuro; suas relações se perpetuam no Mundo Espiritual e no Mundo Corpóreo, a fraternidade tem por base as próprias leis da Natureza; o Bem tem um objetivo, o mal as suas consequências inevitáveis. 3- Com a reencarnação caem os preconceitos de raças e de castas, uma vez que o próprio Espírito pode renascer rico ou pobre, grande senhor ou proletário, senhor ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. De todos os argumentos invocados contra a injustiça da servidão e da escravidão, contra a sujeição da mulher à lei do mais forte, não há nenhuma que prepondere em lógica o fato material da reencarnação se, pois, a reencarnação funda-se sobre uma lei da Natureza, o princípio da Fraternidade Universal, funda-se sobre a mesma lei no da igualdade dos Direitos Sociais, e, consequentemente no da Liberdade. Os homens não nascem inferiores e subordinados senão pelo corpo; pelo Espírito, eles são iguais e livres. Daí o dever de tratar os inferiores com bondade, benevolência e humanidade, porque aquele que é nosso subordinado hoje pode ter sido nosso igual ou nosso superior, talvez um parente ou um amigo, e que podemos nos tornar, por nossa vez, o subordinado daquele ao qual comandamos. (...) 4- Tirai ao homem o Espírito livre, independente, sobrevivente à matéria, dele fareis uma máquina organizada, sem objetivo, sem responsabilidade, sem outro freio que o da lei civil, e bom para explorar como um animal inteligente. Nada esperamos depois da morte, nada nos detém para aumentar os gozos do presente; se sofre, não tem em perspectiva senão o desespero e o nada por refúgio. Com a certeza do futuro, a de reencontrar com aqueles a quem amou, o medo de rever aqueles a quem ofendeu, todas as suas ideias mudam. (...) 5- Sem a preexistência da alma, a doutrina do pecado original não é somente irreconciliável com a Justiça de Deus, que torna todos os homens responsáveis pela falta de um único, ela seria um contra-senso, e tanto menos justificável quanto a alma não existia na época em que se pretende fazer remontar a sua responsabilidade. Com a preexistência e a reencarnação, o homem traz, em renascendo, o germe de suas imperfeições passadas, as faltas das quais não pôde se corrigir e que se traduzem por seus instintos natos, suas propensões a tal ou tal vício. Está aí o seu verdadeiro pecado original, do qual sofre muito naturalmente as consequências; mas com a diferença capital de que carrega a pena de suas próprias faltas, e não as da falta de outro; e esta outra diferença, ao mesmo tempo consoladora, encorajadora, e soberanamente equitativa, que cada existência lhe oferece os meios de resgatar pela reparação, e de progredir, seja em se despojando de alguma imperfeição, seja adquirindo novos conhecimentos, até que, estando suficientemente purificado, não tenha mais necessidade da vida corpórea, e possa viver exclusivamente da Vida Espiritual, eterna e feliz. Pela mesma razão, aquele que progrediu moralmente, traz em renascendo, qualidades inatas, assim como, o que progrediu intelectualmente traz ideias inatas; está identificado com o Bem; pratica-o sem esforços, sem intenções secundárias, e, por assim dizer, sem nele pensar. Aquele que está obrigado a combater as suas más tendências, nisto ainda está em luta; o primeiro já venceu, o segundo está em vias de vencer. A mesma causa produz o pecado original e a virtude.