Abrindo o número de dezembro
de 1868 da REVISTA ESPÍRITA,
encontra-se a reprodução de um discurso proferido pelo editor Allan
Kardec na reunião de primeiro de novembro daquele ano da
Sociedade Espírita de Paris. Do interessante texto, destacamos alguns pontos a
respeito dos efeitos do pensamento. 1- O
que é o pensamento? O pensamento é o atributo característico do ser espiritual; é ele que
distingue o espírito da matéria: sem o pensamento, o espírito não seria
espírito. 2- Qual sua relação com a vontade? A vontade não é um atributo
especial do Espírito, é o pensamento chegado a um certo grau de energia; é o
pensamento tornado força motora. É pelo pensamento que o Espírito imprime aos
membros e ao corpo os movimentos num sentido determinado. 3- O
pensamento age sobre os fluidos ambientes? Como o som age sobre o ar. Esses fluidos nos trazem o pensamento como, o
ar nos traz o som. Pode-se, pois, dizer com toda a verdade que há nesses
fluidos, ondas e raios de pensamentos que se cruzam sem se confundirem, como há
no ar ondas e raios sonoros. 4- Afirmações sobre poluição mental ou contaminação
dos ambientes pelos pensamentos desarmônicos procedem? Comunhão de pensamento quer
dizer pensamento comum, unidade de intenção, de vontade, de desejo, de
aspiração. Uma assembleia é um foco de onde irradiam pensamentos diversos; é
como uma orquestra, um coro de pensamentos onde cada um produz uma nota. Disto
resulta uma multidão de correntes e de eflúvios fluídicos dos quais cada um
recebe a impressão pelo sentido espiritual, como num coro de música, cada um
recebe a impressão dos sons pelo sentido do ouvido. Do mesmo modo que há raios sonoros harmônicos
ou discordantes, há também pensamentos harmônicos ou discordantes. Se o
conjunto é harmônico, a impressão é agradável; se é discordante, a impressão é
penosa. 5- Essas irradiações precisam estar bem definidas na mente do
indivíduo, em forma de palavras, por exemplo? Não há necessidade de que o
pensamento seja formulado em palavras; a irradiação fluídica não existe menos,
quer ela seja expressa ou não; se todos são benevolentes, todos os presentes
nele experimentam um verdadeiro bem-estar, e se sentem comodamente; mas se é
misturada com alguns pensamentos maus, eles produzem um efeito de uma corrente
de ar gelado no meio tépido. 6- Isso
explica sensações agradáveis ou não experimentadas em certos ambientes? Tal
é a causa do sentimento de satisfação que se sente numa reunião simpática; ali
reina como uma atmosfera moral saudável, onde se respira comodamente; dali se
sai reconfortado, porque se está impregnado de eflúvios salutares. Assim se
explicam também a ansiedade, o mal-estar indefinível que se sente num meio
antipático, onde os pensamentos malévolos provocam, por assim dizer, correntes
fluídicas doentias. 7- Mas como o homem percebe isso? A
comunhão de pensamentos produz, pois, uma espécie de efeito físico que reage
sobre o moral; é o que só o Espiritismo poderia fazer compreender. O homem o sente
instintivamente, uma vez que procura as reuniões onde ele sabe encontrar essa
comunhão; nessas reuniões homogêneas e simpáticas, ele haure novas forças
morais; poder-se-ia dizer que ali recupera as perdas fluídicas que ele faz cada
dia pela irradiação do pensamento, como recupera pelos alimentos as perdas do
corpo material.
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