- “Hoje
ouvimos falar de muitos crimes cometidos por meninos de 10, 14 anos. Deveríamos
tratar de códigos que dessem a maioridade aos 14 anos. A criança é chamada a
memorizar as suas vidas passadas muito depressa, motivada pela televisão, etc.
Precisávamos da criação de leis que ajudem a criança a não se fazer delinquente
nem viciada. O Governo não pode ser responsável por todas as nossas modalidades
de penúria; não podemos exigir que nossos ministros venham a fazer intervenções
em nossas vidas familiares. O problema da penúria é nosso. (...). Não temos uma
disposição muito ativa em torno da criança considerada desvalida. Nós fazemos
distribuições anuais, mas nos esquecemos que criança, almoça todo dia, estuda
todo dia, toma banho todo dia”. Por incrível que possa parecer a opinião pertence
ao médium Chico Xavier, tendo
sido expressa ainda nos anos 80 do século 20, portanto, bem antes dele
desencarnar, tendo sido preservada como o fragmento 261 do livro O EVANGELHO DE CHICO XAVIER (Didier), organizado
por Carlos Antonio Baccelli. Ainda
estavam longe os tristes registros de extrema violência praticada pelos
chamados menores de idade, especialmente nas últimas semanas. Suas
considerações encontram correspondência noutra avaliação expressiva: -“Uma sociedade decadente tem
certamente necessidade de leis mais severas; infelizmente essas Leis se destinam
antes a punir o mal praticado do que a cortar a raiz do mal. Disse isso, Allan Kardec que consolida
seu parecer com as seguintes palavras: -“Somente a educação pode reformar
os homens, que assim não terão mais necessidade de leis tão rigorosas”. Nos
eventos recentes, observa-se que como traço
comum além da violência, o sexo e as drogas. Quando Chico Xavier comenta que “a criança é chamada a
memorizar as suas vidas passadas muito depressa, motivada pela televisão”, ainda não estavam liberadas as imagens de estupros,
mortes gratuitas, prostituição, etc, como ocorre hoje na chamada TV aberta, que
através dessas situações disputa avidamente a atenção do publico que lhe
rendera dividendos amparados por alguns pontos mais nas pesquisas de opinião
publica realizadas continuamente para medir o interesse por este ou aquele
assunto. Uma análise do perfil dos envolvidos certamente confirmará a
precariedade das relações familiares em meio às quais renasceram e vivem. Educação
é palavra desconhecida por aqueles que os trouxeram ao mundo. A Educação
pública é tema apenas cogitado nas pretensões eleitoreiras sem se tornar
efetivamente prioridade de legisladores e governantes. Sobra a educação das
ruas, dos traficantes, dos integrantes de lares onde nada mais são que órfãos
de pais vivos. Necessário despertar a consciência dos multiplicadores de opinião
iludidos muitas vezes com discursos proferidos por indivíduos astutos que
apenas se servem dos exemplos negativos que sempre existiram a fim de
tomar-lhes o lugar e se locupletarem de poder e vantagens econômicas. A
situação atual também confirma o observado pelo intelectual e educador francês Denizard
Hippolite Léon Rivail, ou simplesmente Allan Kardec, mais
de um século antes, quando escreveu que “quando se pensa na massa de
indivíduos diariamente lançados na corrente da população, sem princípios, sem
freios, entregues aos próprios instintos, deve-se admirar das consequências
desastrosas desse fato? Quando essa arte (EDUCAÇÃO MORAL) for
conhecida, compreendida e praticada, o homem seguirá no mundo os hábitos de
ordem e previdência para si mesmo e para os seus, de respeito pelo que é
respeitável, hábitos que lhe permitirão atravessar de maneira menos penosa os
maus dias inevitáveis. A desordem e a imprevidência são duas chagas que somente
uma educação bem compreendida pode curar. Nisto está o ponto de partida, o
elemento real do bem estar, a garantia da segurança de todos”. Ante
essas observações, não é difícil concluir que quaisquer mudanças somente serão
alcançadas por políticas de médio prazo. Mais uma vez temos que concordar com Allan
Kardec: -“A desordem e a imprevidência são duas chagas que
somente uma educação bem compreendida pode curar. Nisto, está o ponto de
partida, o elemento real do bem estar, a garantia da segurança de todos”. Suas
palavras, contudo continuam ignoradas, perdidas no vazio das teorias e defesas
sem real interesse pela solução dos problemas que certamente se multiplicarão e
agravarão avassaladoramente. Assim como começamos, terminamos com outro relato
depoimento de Chico Xavier baseado nas suas experiências
pessoais: -“Às sextas e sábados, ouço habitualmente nas duas noites, 500
a 800 pessoas, sendo que 60 por cento nos trazem problemas perfeitamente evitáveis.
Se essas criaturas tivessem tido cuidado de educarem seus filhos, conversando
sobre Deus, em respeito a Deus, em trabalho, ensinando o serviço... Quando
cercam a criatura aos 28 anos, ela já está perdida”.
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