A condição de médium
dificilmente nasce somente da disposição daquele que se empolga pelos
resultados alcançados nas tarefas de alguns trabalhadores desse campo de
atuação. Geralmente os em quem as percepções se pronunciam de maneira
espontânea indica retorno às experiências reencarnatórias compromissado com o
exercício nessa área para liberar-se de culpas passadas. As reações e
comportamentos ante os resultados de que são meros intermediários nem sempre
conduzem o sensitivo a um final feliz na sua caminhada. Como dito por um
respeitado médium que se afastou do Espiritismo para criar sua própria
doutrina, três são os riscos enfrentados pelos médiuns no exercício de suas
atividades, os quais poderiam ser chamados de “síndromes dos três pês: poder,
posição, prestígio”. A guisa de exemplo, destacamos do excelente livro INSTRUÇÕES PSICOFÔNICAS (Chico Xavier; feb,
1955), dois depoimentos de médiuns reconhecidos
por suas contribuições nas cidades e regiões onde foram chamados a servir à
Espiritualidade expondo suas impressões depois de cessada a própria passagem
pelo corpo físico: 1- Ana Prado (extraordinária médium de
efeitos físicos apresentada no livro O TRABALHO DOS MORTOS, do Dr. Nogueira de Faria) – “Colaborei
na materialização de companheiros desencarnados, na transmissão de vozes do Além,
na escrita direta e na produção de outros fenômenos, destinados a formar
robustas convicções, em torno da sobrevivência do ser, além da morte, no
entanto, ao redor da fonte de bênçãos que fluía, incessante, junto de nossos corações
deslumbrados, não cheguei a ver o despertar do sentimento para o Cristo, único
processo capaz de assegurar à nossa redentora Doutrina o triunfo que ela merece
na regeneração de nós mesmos. No quadro dos valores psíquicos, a mediunidade de
efeitos físicos é aquela que oferece maior perigo pela facilidade com que
favorece a ilusão a nosso próprio respeito. Recolhemos os favores do Céu como
dádivas merecidas, quando não passam de simples caridade dos Benfeitores da
Vida Espiritual, condoídos de nossa enfermidade e cegueira. E, superestimando
méritos imaginários, caímos, sem perceber, no domínio de entidades inferiores,
que nos exploram a displicência. A vaidade na excursão difícil, a que nos
afeiçoamos com as nossas tarefas, é o rochedo oculto, junto ao qual a
embarcação de nossa fé mal conduzida esbarra com os piratas da sombra, que nos assaltam
o empreendimento, buscando estender o nevoeiro do descrédito ao ideal que
esposamos”. 2- Paschoal Commanducci – (médium de
feitos intelectuais que segundo o livro CHICO
XAVIER EM PEDRO LEOPOLDO (Didier, 2000) de Divaldinho Matos, revelou
ao amigo José Hermínio Perácio no distante 1927, ser ele e a esposa Carmem,
médiuns cuja principal missão era ajudar Chico Xavier, jovem “detentor
de recursos mediúnicos múltiplos, cercado de falanges tão poderosas como as que
assistiam a Jesus, menino que assombraria o mundo, escrevendo mediunicamente
centenas de livros, sendo intransigente defensor e divulgador do Espiritismo
codificado por Allan Kardec, vivendo muito e, desencarnado, não teria
substitutos”). Disse Commanducci: -“Também fui médium, embriagado
nas surpresas do intercâmbio. Deslumbrado, nem sempre estive desperto para o
justo entendimento. Por esse motivo, ainda sofro o assédio dos problemas que
deixei insolúveis nas mãos dos companheiros que me buscavam, solícitos.
Ajudemos a consciência que nos procura, na procura do Cristo. Só Jesus é
bastante amoroso e bastante sábio para solucionar os nossos enigmas. Formemos,
assim, pequenas equipes de boa-vontade em nossos templos de serviço,
amparando-nos uns aos outros e esclarecendo-nos mutuamente”.
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