Considerando o perfil dos Espíritos ligados ao Planeta Terra
no seu processo evolutivo apresentado no capítulo 3 d’O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, entende-se parte da realidade
observada atualmente. Acrescentando a isso o fato de que numa hipotética
existência de 60 anos, apenas v20 são aproveitados, visto que 20 dispende-se no
sono físico, e outros 20 no processo de ascensão à vida adulta, deduz-se quanto
é moroso o progresso da Individualidade. A análise de Allan Kardec reproduzida
na REVISTA ESPÍRITA de janeiro
de 1864 em resposta a um leitor dá uma dimensão do problema: -“Ignoramos
absolutamente em que condições se dão as primeiras encarnações da alma; é um
desses princípios das coisas que estão nos segredos de Deus. Apenas sabemos que
são criadas simples e ignorantes, tendo todas, assim, o mesmo ponto de partida,
o que é conforme à justiça; o que sabemos ainda é que o livre-arbítrio só se
desenvolve pouco a pouco e após numerosas evoluções na vida corpórea. Não é,
pois, nem após a primeira, nem depois da segunda encarnação que a alma tem
consciência bastante clara de si mesma, para ser responsável por seus atos; não
é senão após a centésima, talvez após a milésima. Dá-se o mesmo com a criança,
que não goza da plenitude de suas faculdades, nem um, nem dois dias após o
nascimento, mas depois de anos. E, ainda, quando a alma goza do livre-arbítrio,
a responsabilidade cresce em razão do desenvolvimento de sua inteligência; é
assim, por exemplo, que um selvagem que come os seus semelhantes é menos
castigado que o homem civilizado, que comete uma simples injustiça. Sem dúvida
os nossos selvagens estão muito atrasados em relação a nós e, no entanto, já se
acham bem longe de seu ponto de partida. Durante longos períodos, a alma
encarnada é submetida à influência exclusiva dos instintos de conservação;
pouco a pouco esses instintos se transformam em instintos inteligentes ou,
melhor dizendo, se equilibram com a inteligência; mais tarde, e sempre
gradualmente, a inteligência domina os instintos. Só então é que começa a séria
responsabilidade. (...) Se houvesse acaso ou fatalidade, toda responsabilidade
seria injusta. Como dissemos, o Espírito fica num estado inconsciente durante
numerosas encarnações; a luz da inteligência não se faz senão aos poucos e a
responsabilidade real só começa quando o Espírito age livremente e com
conhecimento de causa. (...) A Terra já foi, mas não é mais, um mundo
primitivo; os mais atrasados seres humanos encontrados em sua superfície já se
despojaram das primeiras fraldas da encarnação e os nossos selvagens estão em
progresso, comparativamente ao que eram antes que seu Espírito viesse encarnar
neste Globo Que se julgue agora o número de existências necessárias a esses
selvagens para transpor todos os degraus que os separam da mais adiantada
civilização; todos esses degraus intermediários se acham na Terra sem solução
de continuidade e se pode segui-los observando as nuances que distinguem os
diferentes povos; só o começo e o fim aí não se encontram; para nós o começo se
perde nas profundezas do passado, que não nos é dado penetrar. Aliás, isto
pouco importa, pois tal conhecimento em nada nos adiantaria. Não somos
perfeitos, eis o que é positivo; sabemos que nossas imperfeições são o único
obstáculo à nossa felicidade futura; portanto, estudemo-nos, a fim de nos
aperfeiçoarmos. No ponto em que estamos a inteligência está bastante
desenvolvida para permitir ao homem julgar sensatamente o bem e o mal, e é
também deste ponto que a sua responsabilidade é mais seriamente empenhada, já
que não mais se pode dizer o que dizia Jesus: “Perdoai-lhes, Senhor, porque não
sabem o que fazem.”
Compartilhamento de informações reveladoras disponibilizadas pelo Espiritismo ampliando nosso nivel cultural
faça sua pesquisa
sábado, 29 de agosto de 2015
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
DUVIDA COMUM
O problema foi apresentado a Allan Kardec em carta reproduzida na REVISTA ESPÍRITA de agosto de 1863, por
um espírita de Lucarno, pequena cidade turistica da Suíça, mas constitui-se na
dúvida de muitos: -“Porque Deus permite que os bem intencionados sejam enganados pelos que
os deveriam esclarecer? Com aquela ponderação característica o Mestre
lionês responde: -“O mundo corpóreo, retornando ao mundo espírita pela morte, e o mundo
espírita, fazendo o caminho inverso pela reencarnação, resulta que a população
normal do espaço que circunda a Terra é composta de Espíritos provenientes da
Humanidade terrestre. Sendo esta Humanidade uma das mais imperfeitas, não pode
dar senão produtos imperfeitos, razão por que à sua volta pululam os Espíritos
maus. Pela mesma razão, nos mundos mais adiantados, onde o bem reina sem
limite, só há Espíritos bons. Admitindo isto, compreender-se-á que a
intromissão, tão frequente, dos Espíritos maus nas relações mediúnicas é
inerente à inferioridade do nosso globo; aqui se corre o risco de ser vítima
dos Espíritos enganadores, como num país de ladrões o de ser roubado. Não se
poderia perguntar, também, por que permite Deus que pessoas honestas sejam
despojadas por larápios, vítimas da malevolência e alvo de toda sorte de
misérias? Perguntai antes por que estais na Terra, e vos será respondido que é
porque não merecestes um lugar melhor, salvo os Espíritos que aqui estão em
missão. É preciso, pois, sofrer-lhe as consequências e envidar esforços para
dela sair o mais cedo possível. Enquanto isto, é necessário esforçar-se por se
preservar das investidas dos Espíritos maus, o que só se consegue lhes fechando
todas as brechas que lhes poderiam dar acesso em nossa alma, a eles se impondo
pela superioridade moral, a coragem, a perseverança e uma fé inabalável na
proteção de Deus e dos Espíritos bons, no futuro que é tudo, ao passo que o
presente nada é. Mas como ninguém é perfeito na Terra, ninguém se pode
vangloriar, sem orgulho, de estar ao abrigo de suas malícias de maneira
absoluta. Sem dúvida a pureza de intenções é importante; é a rota que conduz à
perfeição, mas não é a perfeição e, ainda, pode haver, no fundo da alma, algum
velho fermento. Eis por que não há um só médium que não tenha sido mais ou
menos enganado. A simples razão nos diz que os Espíritos bons não podem fazer
senão o bem, pois, do contrário, não seriam bons, e que o mal só pode vir dos
Espíritos imperfeitos. Portanto, as mistificações só podem provir de Espíritos
levianos ou mentirosos, que abusam da credulidade e, muitas vezes, exploram o
orgulho, a vaidade ou outras paixões. Tais mistificações têm o objetivo de pôr
à prova a perseverança, a firmeza na fé e exercitar o julgamento. Se os
Espíritos bons as permitem em certas ocasiões, não é por impotência de sua
parte, mas para nos deixar o mérito da luta. A experiência que se adquire à sua
custa sendo mais proveitosa, se a coragem diminuir, é uma prova de fraqueza que
nos deixa à mercê dos Espíritos maus. Os Espíritos bons velam por nós,
assistem-nos e nos ajudam, mas sob a condição de nos ajudarmos a nós mesmos. O
homem está na Terra para a luta; precisa vencer para dela sair, senão fica nela”.
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
O BOM SENSO REENCARNADO
Seguindo o pensamento do intelectual, pesquisador e estudioso
oculto no pseudônimo Allan Kardec nas páginas da REVISTA ESPIRITA ou mesmo em notas de
rodapé nas cinco principais obras da chamada Codificação Espírita, entende-se a
razão de ter-lhe sido atribuído o título acima. Num dos temas aqui trazidos
sobre a posição do Espiritismo perante a
Numerologia, por exemplo, diz não deter conhecimentos suficientes para
pronunciar-se a respeito, todavia “porque não se compreende uma coisa, não é
motivo para que ela não exista”, visto que “o que hoje é utopia, poderá ser
verdade amanhã”. Noutra matéria afirmou que “O LIVRO DOS ESPÍRITOS não é um tratado completo de
Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem
desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”. No número de
maio
de 1865 da REVISTA ESPÍRITA,
na seção QUESTÕES E PROBLEMAS
com que é aberta a edição, o assunto é MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO DE ANIMAIS,
reproduzindo parte de carta recebida pela redação, analisada e comentada por Allan
Kardec. Ao final, uma interessante comunicação recebida na Sociedade
Espírita de Paris, reunião de 21 de abril, pelo médium E. Vézy, que mereceu a
seguinte observação: -“Estas últimas reflexões do Espírito foram
motivadas pela citação, feita na sessão, de pessoas que pretendiam ter recebido
comunicações de diversos animais. Como explicação do fato precitado, sua teoria
é racional e, no fundo, concorda com a que hoje prevalece nas instruções dadas
na maior parte dos Centros. Quando tivermos reunido documentos suficientes, resumi-los-emos
num corpo de Doutrina metódica, que será submetida ao Controle Universal. Até
lá são balizas postas no caminho, para o esclarecer”. Para refletirmos.
Destacamos alguns trechos sugestivos da mensagem: -“Não basta apenas crer no
progresso incessante do Espírito, embrião na matéria, desenvolvendo-se ao
passar pela peneira do mineral, do vegetal e do animal, para chegar à
humanimalidade, onde começa a ensaiar-se apenas a alma que se encarnará,
orgulhosa de sua tarefa, na Humanidade. Entre essas diferentes fases existem
laços importantes, que é necessário conhecer, e que chamarei períodos
intermediários ou latentes; porque é aí que se operam as transformações
sucessivas (...). Entre os animais domésticos e os homens as afinidades são
produzidas pelas cargas fluídicas que vos cercam e sobre eles recaem. É um pouco
a Humanidade que se distingue sobre a animalidade, sem alterar as cores de uma
ou de outra. Daí esta superioridade inteligente do cão sobre o instinto brutal
do animal selvagem e é somente a essa causa que poderão ser devidas essas
manifestações que vos acabam de ler. Assim, não se enganaram ouvindo um grito
alegre do animal reconhecido pelos cuidados de seu dono, o qual veio, antes de
passar ao estado intermediário de um desenvolvimento a outro, trazer-lhe uma
lembrança. A manifestação, portanto, pode ocorrer, mas é passageira, porque o
animal, para subir um degrau, precisa de um trabalho latente, que aniquila, em
todos, qualquer sinal exterior de vida. Esse estado é a crisálida espiritual,
onde se elabora a alma, perispírito informe, não tendo nenhuma figura
reprodutiva de traços, irrompendo num estado de maturidade para deixar escapar,
nas correntes que a arrastam, os germes de almas que aí se originam.(...) Assim,
pois, sernos-ia difícil falar-vos dos Espíritos de animais do espaço: eles não
existem; ou, melhor, sua passagem é tão rápida como se nula fosse e, no estado
de crisálida, não poderiam ser descritos. Já sabeis que nada morre da matéria
que sucumbe.(...) O que é do domínio da inteligência animal não pode ser
reproduzido pela inteligência humana, isto é, que o animal, seja qual for, não
pode expressar seu pensamento pela linguagem humana; suas ideias são apenas
rudimentares. Para ter a possibilidade de exprimir-se, como faria o Espírito de
um homem, precisaria de ideias, conhecimentos e um desenvolvimento que não tem,
que não pode ter. Tende, pois, como certo, que nem o cão, nem o gato, nem o
burro, nem o cavalo, nem o elefante podem manifestar-se por via mediúnica. Só
os Espíritos chegados ao grau da Humanidade podem fazê-lo, e ainda em razão de
seu adiantamento, porquanto o Espírito de um selvagem não vos poderá falar como
o de um homem civilizado.
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
FISIOGNOMONIA: A ANÁLISE DE KARDEC
Religioso, filósofo, poeta,
entusiasta do magnetismo animal, Johan Gaspar Laváter (1741/1801), é considerado o fundador
da Fisiognomonia, a arte de conhecer
a personalidade das pessoas através dos traços fisionômicos, baseando-se no princípio
incontestável de que é o pensamento que põe os órgãos em jogo, imprimindo aos
músculos certos movimentos. No número de julho de 1860, da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec analisa o
tema. Diz ele: -“Estudando as relações entre os movimentos aparentes e o pensamento,
dos movimentos vistos, podemos deduzir o pensamento, que não vemos. É assim que
não nos enganaremos quanto à intenção de quem faz um gesto ameaçador ou
amigável; que reconheceremos o modo de andar de um homem apressado e o do que
não o é. De todos os músculos, os mais móveis são os da face; ali se refletem
muitas vezes até os mais delicados matizes do pensamento. Eis por que, com
razão, se diz que o rosto é o espelho da alma. Pela frequência de certas
sensações, os músculos contraem o hábito dos movimentos correspondentes e
acabam formando a ruga. A forma exterior se modifica, assim, pelas impressões
da alma, de onde se segue que, dessa forma, algumas vezes se podem deduzir
essas impressões, como do gesto podemos deduzir o pensamento. Tal é o princípio
geral da arte ou, se se quiser, da ciência fisiognomônica. Este princípio é
verdadeiro; não apenas se apoia sobre base racional, mas é confirmado pela
observação.(...) Entre as relações fisiognomônicas, existe principalmente uma
sobre a qual a imaginação muitas vezes se exerceu: é a semelhança de algumas
pessoas com certos animais. Procuremos, então, buscar a causa. A semelhança
física entre os parentes resulta da consanguinidade que transmite, de um a
outro, partículas orgânicas semelhantes, porque o corpo procede do corpo. Mas
não poderia vir ao pensamento de ninguém supor que aquele que se parece com um
gato, por exemplo, tenha nas veias o sangue de gato. (...) Conforme os
Espíritos, nenhum homem é a reencarnação do Espírito de um animal. Os instintos
animais do homem decorrem da imperfeição de seu próprio Espírito, ainda não
depurado e que, sob a influência da matéria, dá preponderância às necessidades
físicas sobre as morais e sobre o senso moral, não ainda suficientemente
desenvolvido. (...) Outra indução não menos errônea é tirada do princípio da
pluralidade das existências. Da sua semelhança com certas personagens, algumas
concluem que podem ter sido tais personagens. Ora, do que precede, é fácil
demonstrar que aí existe apenas uma ideia quimérica. Como dissemos, as relações
consanguíneas podem produzir uma similitude de formas, mas não é este aqui o
caso, pois Esopo pode ter sido mais tarde um homem bonito e Sócrates um belo
rapaz. Assim, quando não há filiação corporal, só haverá uma semelhança
fortuita, porquanto não há nenhuma necessidade para o Espírito habitar corpos
parecidos e, ao tomar um novo corpo, não traz nenhuma parcela do antigo.
Entretanto, conforme o que dissemos acima, quanto ao caráter que as paixões
podem imprimir aos traços, poder-se-ia pensar que, se um Espírito não progrediu
sensivelmente e retorna com as mesmas inclinações, poderá trazer no rosto
identidade de expressão. Isto é exato, mas seria no máximo um ar de família, e
daí a uma semelhança real há muita distância. Aliás, este caso deve ser
excepcional, pois é raro que o Espírito não venha em outra existência com
disposições sensivelmente modificadas. Assim, dos sinais fisiognomônicos não se
pode tirar absolutamente nenhum indício das existências anteriores. Só podemos
encontrá-las no caráter moral, nas ideias instintivas e intuitivas, nas
inclinações inatas, nas que não resultam da educação, assim como na natureza
das expiações suportadas. E, ainda isto, só poderia indicar o gênero de
existência, o caráter que se deveria ter, levando em conta o progresso, mas não
a individualidade”.
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
FATO SURPREENDENTE
A impressionante bibliografia construída pela Espiritualidade
através de Chico Xavier, inclui duas obras quase desconhecidas no meio
espírita atualmente mas que representam trabalhos de conteúdo extraordinário: INSTRUÇÕES PSICOFÔNICAS e VOZES DO GRANDE ALÉM (feb). Resultaram da retomada dos trabalhos de
desobsessão contando com a participação do àquela altura (1952/1955), não tão
conhecido médium. A preservação deste material, por sinal, somente foi possível
pela doação ao grupo que se reunia no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em Pedro
Leopoldo, nas noites de quinta feira de um gravado por ilustre testemunha de
alguns dos trabalhos: o escritor Carlos Torres Pastorinho.
Ocorrências surpreendentes fizeram parte da história das iluminadas reuniões.
Uma delas, da noite de 2 de junho de 1955. Relata o dirigente encarnado dos trabalhos e
organizador das obras Arnaldo Rocha que “por ausência do companheiro encarregado do
serviço de gravação, ocupamo-nos pessoalmente desse mister. E, enquanto atendíamos
a semelhante tarefa, notamos que a organização mediúnica denotava expressiva
alteração. Intuitivamente assinalamos que o nosso Grupo estava sendo visitado
por mensageiro espiritual de elevada hierarquia. E não nos enganávamos.
Colocando-se de pé, o instrutor passou à palavra. Dicção educada. Voz clara e
bela. Em sucinto estudo, exalça a figura excelsa de Jesus, à frente do
Espiritismo. Na saudação final, identifica-se. Tínhamos conosco a presença de
Bittencourt Sampaio, cuja sublime envergadura espiritual escapa à exiguidade de
nossa conceituação. Despede-se o orientador e encerramos a reunião.
Movimentamo-nos para estudar a mensagem, ouvindo-a, de novo; no entanto, com o
maior desapontamento, notamos que o gravador não funcionara. Perdêramos a palavra
do grande Instrutor. Comentando a alocução ouvida, a maior parte dos
companheiros afasta-se do recinto. Nós, porém, um conjunto de seis amigos,
permanecemos na sede do Grupo mais tempo, examinando a máquina e lamentando o
acontecido. Uma hora decorrera sobre o encerramento de nossas tarefas e
preparávamos a retirada, quando o médium anunciou estar ouvindo de nosso amigo
espiritual José Xavier o seguinte aviso: — “Não se preocupem. Meimei e eu
gravamos a palavra do benfeitor que esteve entre nós, de passagem. Reúnam-se em
silêncio e o médium poderá ouvi-la de nossa máquina, fixando-a no papel.”
Sentamo-nos ao redor da mesa, com o material de escrita indispensável. Depois
de nossa prece, o Chico esclarece estar vendo uma pequena gravadora junto de
nós, manejada pelos amigos espirituais e, dizendo escutar a mensagem, põe-se a
escrever moderadamente, evidenciando a audição em curso. Entretanto, o médium
escreve e faz a pontuação, ao mesmo tempo. Ajudando-o a segurar o papel,
conjeturamos mentalmente: — “Ora, se o Chico está ouvindo a mensagem gravada,
como pode fazer a pontuação? Estamos diante de um ditado ou de psicografia
comum?” No instante exato em que formulamos a indagação em pensamento, sem
externá-la, o médium interrompe a grafia por momentos e explica-nos: — “Meu
amigo, o José recomenda-me informar a você que, enquanto Meimei está comandando
a gravadora, ele está ditando a pontuação para melhor segurança do nosso
serviço.” Extremamente surpreendido, guardamos o esclarecimento. Terminada a
escrita, o médium leu quanto ouvira. Notamos com admiração que o papel
apresentava a mensagem que ouvíramos de Bittencourt Sampaio”. A mensagem
intitulada O CRISTO ESTÁ NO LEME representa um forte incentivo aos que
trabalham para a restauração da mensagem de Jesus através do Espiritismo e pode
ser conferida no INSTRUÇÕES PSICOFÔNICAS.
sábado, 22 de agosto de 2015
QUESTÃO DE LÓGICA
Quem estudar a questão da Conexão entre e Espiritismo e
Veganismo, obrigatoriamente encontrará a informação de que o segundo movimento
surge em 1944, na Inglaterra, sendo uma versão mais completa do Vegetarianismo
que, até onde as pesquisas conseguem alcançar surgiu na Índia Milenar, chegou
ao lado Ocidental da Terra através da Escola fundada por Pitágoras que tanto
influenciou o Pensamento da Humanidade nos séculos que se seguiram até hoje.
Refletindo sobre porque o hábito encontrou sempre tanta resistência para se
impor, traçando um paralelo com a mensagem de Jesus e, mais
recentemente, a Doutrina Espírita, nas informações disseminadas pela esta,
identificamos o fator causal da situação. Justamente numa revelação feita pelo
Espírito identificado como Santo Agostinho - o importante
teólogo das origens das bases da escola que ele ajudou a conceituar no que
tange a dogmas – que encontramos no capítulo Há Muitas Moradas na Casa de
Nosso Pai, d’ O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO. Desenvolvendo raciocínios sobre essas moradas ser “a
Casa do Pai o Universo” e “as diferentes moradas os mundos que
circulam no espaço infinito, oferecendo aos Espíritos desencarnados estações
apropriadas ao seu adiantamento”, explica que “o grau de
adiantamento ou inferioridade dos seus habitantes determina a categoria desses
mundos, classificação antes relativa que absoluta, servindo para a evolução
dos Espíritos que a ele não se ligam indefinidamente, não passando nele todas
as fases de progresso que devem realizar, passando a outros mais adiantados
proporcionais ao seu progresso quando atinge o grau estabelecido para aquele a
que se liga”. Diante dessa colocação, entende-se que “a origem
e predominância do mal na Terra resulta da imperfeição dos Espíritos que nela
estão encarnados, sendo ela um Mundo Inferior em que a maioria dos
Espíritos que a habitam são inferiores ou pouco progrediram”, concluindo-se que
“a Terra pertence à categoria dos Mundos de Expiações e
Provas, onde o mal predomina, expondo o homem a muitas misérias físicas,
sociais e morais”. Servindo-se de algumas analogias, sugere que “se considerarmos
a Terra como um hospital, um arrebalde, uma penitenciaria, um pantanal,
compreenderemos porque suas aflições sobrepujam os prazeres, porque ela é tudo
isso ao mesmo tempo. Assim sendo, “as aflições na Terra são
remédios para a alma. Salvam-na, garantindo-lhe o futuro, assim como uma
operação cirúrgica dolorosa salva a avida do doente e lhe restitui a saúde. Explica
ainda que “não são todos os Espíritos encarnados na Terra que se
encontram em expiação, constituindo-se as raças selvagens de Espíritos
apenas saídos da infância, e que estão, por assim dizer, educando-se e
desenvolvendo-se ao contato dos Espíritos mais avançados; seguidos das raças semicivilizadas,
formadas pelos mesmos Espíritos mais evoluídos, compreendendo as raças
indígenas, que se desenvolvem pouco a pouco. Os Espíritos em
Expiação, analogamente seriam como os estrangeiros, por terem vivido
em outros Mundos de onde foram excluídos por sua obstinação no mal, causando
perturbação aos bons, tendo por missão fazer avançar os Espíritos mais
atrasados, transtornando, causando grande perturbação à raças mais inteligentes
detentoras de maior sensibilidade pelo grau de evolução que alcançaram.
Se tomarmos cada povo em particular, poderemos julgar, pelo caráter
dominante dos seus habitantes, suas preocupações, seus sentimentos mais ou
menos morais e humanitários, das ordens de Espíritos que ali iremos, de
preferência, encontrar”. Diante disso, enquanto o perfil dos habitantes
predominantes no Planeta expressas uma condição de grande atraso espiritual,
dificilmente as ideias que reflitam o respeito à Criação Divina se sobreporão
ao dominante. Lembrando como dito por uma Entidade Espiritual que “não é
deixando de comer carne que o Ser se espiritualizará, mas, se espiritualizando
que deixará de comer carne”, propomos uma reflexão sobre a orientação
do Espírito Irmão X, através do médium Chico Xavier:
-“. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição. O
lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos
situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se
devoravam uns aos outros”.
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quinta-feira, 20 de agosto de 2015
DEVEMOS ACREDITAR EM TUDO?
Sem que soubesse, Chico Xavier psicografou entre 1927
e 1931 milhares de páginas psicografadas por Espíritos diversos, segundo o
Orientador Emmanuel para treinamento de suas percepções mediúnicas, sendo
aconselhado a jogar tudo fora após seu primeiro contato em nível consciente com
aquele que guiaria suas atividades até o ano 2000, quando se afastou para
reencarnar. Atualmente, os que se iniciam na prática mediúnica sem
conhecimentos mais aprofundados, anseiam para ver o resultado de seu trabalho
publicado, originando muitas vezes, conteúdos e revelações bizarras. Políticos,
Santos, Autoridades Religiosas, entre outros, incluem-se entre os autores cujas páginas circulam pelas redes sociais ou pelas mãos de ávidos leitores opinando ou oferecendo orientações.
Como recomenda a Doutrina Espirita nos posicionarmos diante disso? Allan Kardec desenvolveu alguns
raciocínios sobre o assunto na REVISTA
ESPÍRITA de outubro de 1858 que parcialmente reproduzimos a seguir: -“Seja
por entusiasmo, por fascinação dos Espíritos, ou por amor-próprio, em geral o
médium psicógrafo é levado a crer que são superiores os Espíritos que com ele
se comunicam, sobretudo quando tais Espíritos, aproveitando-se dessa presunção,
adornam-se de títulos pomposos, tomando nomes de santos, de sábios, de anjos e
da própria Virgem Maria, conforme a necessidade e segundo as circunstâncias. E,
para desempenhar seu papel de comediantes, chegam até mesmo a portar a
indumentária extravagante das personagens que representam. Tirai suas máscaras
e vereis que se transformam no que sempre foram: ilustres desconhecidos; é o
que necessariamente devemos fazer, tanto com os Espíritos, quanto com os
homens. Da crença cega e irrefletida na superioridade dos Espíritos que se
comunicam, à confiança em suas palavras não há senão um passo; é o que também
acontece entre os homens. Se conseguirem inspirar essa confiança, haverão de
sustentá-la por meio de sofismas e dos mais capciosos raciocínios, perante os
quais frequentemente inclinamos a cabeça. Os Espíritos grosseiros são menos
perigosos: reconhecemo-los imediatamente e só inspiram repugnância. Os mais
temíveis, em seu mundo, como no nosso, são os Espíritos hipócritas: falam
sempre com doçura, lisonjeando as mentes predispostas; são meigos, aduladores,
pródigos em expressões de ternura e em protestos de devotamento. É preciso ser
realmente forte para resistir a semelhantes seduções. Mas, direis, onde estaria
o perigo, desde que os Espíritos são impalpáveis? O perigo está nos conselhos
perniciosos que dão, aparentemente benévolos, e nos passos ridículos,
intempestivos ou funestos a que somos induzidos. (...). Como convém dar o
exemplo ao lado da teoria vamos relatar a história de uma pessoa do nosso
conhecimento que se encontrou sob o império de uma fascinação semelhante. O Sr.
F..., rapaz instruído, de esmerada educação, de caráter suave e benevolente,
mas um pouco fraco e indeciso, tornou-se hábil médium psicógrafo com bastante
rapidez. Obsidiado pelo Espírito que dele se apoderou e não lhe dava sossego,
escrevia sem parar. Desde que uma pena, ou um lápis, lhe caíam à mão, ele os
tomava num movimento convulsivo e se punha a preencher páginas inteiras em
poucos minutos. Na falta de instrumento, simulava escrever com o dedo, onde
quer que se encontrasse: na rua, nas paredes, nas portas, etc. Entre outras
coisas que lhe ditaram havia estas: “O homem é composto de três coisas: o
homem, o Espírito bom e o Espírito mau. Todos vós tendes vosso Espírito mau,
que está ligado ao corpo por laços materiais. Para expulsar o Espírito mau é
necessário romper esses laços e, para isso, é preciso enfraquecer o corpo.
Quando este se encontra suficientemente enfraquecido, o laço se parte e o
Espírito mau o abandona, permanecendo apenas o bom.” Em consequência dessa bela
teoria, fizeram-no jejuar durante cinco dias consecutivos e velar à noite.
Quando ficou extenuado, disseram-lhe: “Agora a coisa está feita e o laço
rompido; teu Espírito mau partiu e ficamos apenas nós, em quem deves crer sem
reserva.” E ele, persuadido de que seu Espírito mau havia fugido, acreditava
cegamente em todas as suas palavras”.
terça-feira, 18 de agosto de 2015
PARA ENTENDER A FILOSOFIA ESPIRITA
Autodidata, tinha 11 anos de idade quando, em Paris, Allan
Kardec recebeu os primeiros exemplares impressos d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS. Residente em
Tours, cidade a pouco mais de trezentos quilômetros da capital francesa, encontrou-se
com a consoladora Doutrina, aos 18, conhecendo seu Codificador, aos 21, quando
da visita do mesmo à cidade em que residia para proferir palestra para a qual
foi convidado, em 1867. Viveria até os 81 anos, sendo que desde vinte anos
antes, praticamente ficou cego, tendo sido secretariado no trabalho de seus
escritos nessa fase, por uma admiradora chamada Claire Baumart, cuja
convivência permitiu escrever o livro LÉON
DENIS NA INTIMIDADE (clarim). Dentre os três grandes personagens da
primeira hora do Espiritismo - o engenheiro Gabriel Dellane, o astrônomo
Camille
Flammarion -, ele, Léon
Denis, preparado pela rudeza da própria vida na luta pela sobrevivência,
certamente é o que melhor desenvolveu o aspecto filosófico da Doutrina. A
leitura de seus livros transporta os que perpassam suas páginas para níveis
vibratórios superiores. Quem leu O
PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR, entende o que dizemos. Para
demonstrar essas conjecturas, apreciemos um trecho do texto d’ O PORQUÊ DA VIDA: “O homem deve antes de tudo
aprender a se conhecer a fim de clarear seu porvir. Para caminhar com passo
firme, precisa saber para onde vai. É conformando seus atos com as leis
superiores que o homem trabalhará eficazmente para a própria melhoria e do meio
social. O importante é discernir essas leis, determinar os deveres que elas nos
impõem, prever as consequências de suas ações. O dia em que estiver
compenetrado da grandeza de sua função, o Ser humano poderá melhor se desapegar
daquilo que o diminui e rebaixa; poderá se governar com sabedoria, preparar por
seus esforços a união fecunda dos homens em uma grande família de irmãos. Mas
estamos longe desse estado de coisas. Ainda que a Humanidade avance na via do
progresso, pode-se dizer, entretanto, que a imensa maioria de seus membros
caminha pela via comum, em meio à noite escura, ignorante de si mesma, nada
compreendendo do propósito real da existência. Espessas trevas obscurecem a
razão humana. (...) Por que é assim? Por
que o homem desce fraco e desarmado na grande arena onde trava sem trégua, sem
descanso, a eterna e gigantesca batalha? É porque este Globo, a Terra, está em
um degrau inferior na escala dos mundos. Aqui residem em sua maior parte
espíritos infantis, isto é, almas nascidas há pouco tempo para a razão. A
matéria reina soberana em nosso mundo. Nos curva sob seu jugo, limita nossas
faculdades, estanca nossos impulsos para o bem e nossas aspirações para o
ideal. Além disso, para discernir o porquê da vida, para entrever a Lei Suprema
que rege as almas e os mundos, é preciso saber se libertar dessas pesadas
influências, desapegar-se das preocupações de ordem material, de todas essas
coisas passageiras e cambiantes que encobrem nosso Espírito e que obscurecem
nossos julgamentos. É nos elevando pelo pensamento acima dos horizontes da
vida, fazendo abstração do tempo e do lugar, pairando, de alguma forma, acima
dos detalhes da existência, que perceberemos a Verdade”.
domingo, 16 de agosto de 2015
SUICÍDIO - SEMPRE IMPORTANTE LEMBRAR
Atitude condenada pela maioria das religiões, na visão
do Espiritismo, ganha contornos mais realísticos do que os da fé cega.
Sobretudo n’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS
das questões 943 a 957, em que Allan Kardec cerca os Espíritos que
lhe forneceram elementos às diferentes perguntas a eles formuladas sobre os
mais diferentes assuntos, inclusive o suicídio. A roda do tempo girou e um
século após, no ano de 1960, nos estudos encetados em torno dos temas tratados na
mais básica de todas as Obras organizadas pelo pesquisador, intelectual e
educador francês que enxergou nos fenômenos das mesas girantes a oportunidade
de obter informações cruciais para o entendimento da natureza humana e do
ignorado Mundo que se lhe apresentava, o Espírito Emmanuel, através do
médium Chico Xavier, amplia horizontes para os interessados no assunto
na obra RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS (feb).
Em capítulo intitulado simplesmente SUICÍDIO,
entre outras coisas explica: -“No suicídio intencional, sem as atenuantes
da moléstia ou da ignorância, há que considerar não somente o problema da
infração ante as Leis Divinas, mas também o ato de violência que a criatura
comete contra si mesma, através da premeditação mais profunda, com remorso mais
amplo. Atormentada de dor, a consciência desperte no nível de sobre a que se
precipitou, suportando compulsoriamente as companhias. É assim que após
determinado tempo de reeducação, nos círculos de trabalho fronteiriços da
Terra, os suicidas são habitualmente reinternados no Plano Carnal, em regime de
hospitalização na cela física, que lhes
reflete as penas e angústias na forma de enfermidades e inibições. Ser-nos-á
fácil, desse modo, identifica-los, no berço em que repontam, entremostrando a
expiação a que se acolhem. Ilustrando suas ponderações, exemplifica: -“Os
que se envenenaram, conforme os tóxicos de que se valeram, renascem
trazendo as afecções valvulares, os achaques do aparelho digestivo, as doenças
do sangue e as disfunções endócrinas, tanto quanto os males de etiologia
obscura; os que incendiaram a própria carne amargam as agruras da
ictiose ou do pênfigo; os que se asfixiaram, seja no leito das águas ou
nas correntes de gás, exibem os processos mórbidos das vias respiratórias, como
no caso do enfisema ou dos cistos pulmonares; os que se enforcaram
carreiam consigo os dolorosos distúrbios do sistema nervoso, como sejam as
neoplasias diversas e a paralisia cerebral infantil; os que se estilhaçaram
ou deitaram a própria cabeça sob as rodas destruidoras, experimentam
desarmonias da mesma espécie, notadamente as que se relacionam com o
cretinismo, e os que se atiraram de grande altura reaparecem portando os
padecimentos da distrofia muscular progressiva ou da osteíte difusa. Segundo
o tipo de suicídio, direto ou indireto, surgem as distonias orgânicas
derivadas, que correspondem a diversas calamidades congênitas, inclusive a
mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a cegueira e a loucura, a
representarem terapêutica providencial
na cura da alma. Junto de semelhantes quadros de provação regenerativa,
funciona a ciência médica por missionária de redenção, conseguindo ajudar e
melhorar os enfermos de conformidade com os créditos morais que atingiram ou
segundo o merecimento de que disponham”. Sendo assim, fazendo o
processo inverso, dos efeitos remontando as causas, embora a generalização não
seja recomendável, poderíamos ter uma ideia das razões de processos incompreensíveis
pelo conhecimentos da nossa realidade.
,
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
INTERVENÇÃO DA CIÊNCIA NO ESPIRITISMO
Mais de um século e meio se
passou e a questão continua inalterada: a indiferença de parte dos
representantes da chamada ciência em relação aos fenômenos mediúnicos. Já os
rotularam de espíritas, metapsíquicos, paranormais. E o público leigo continua
a se esconder nesta situação para justificar seu descrédito quanto à
autenticidade dos fatos, notadamente os explicados com base nas interpretações
do Espiritismo. Allan Kardec deparou-se com os argumentos desprovidos de
sentido e conteúdo à sua época como se deduz de artigo escrito e inserido por
ele na REVISTA ESPÍRITA de junho
de 1859. Deste trabalho, destacamos alguns tópicos para sua apreciação.
Escreve o autor: -“Para começar, é um erro muito grave afirmar que todos
os cientistas estejam contra nós, considerando-se que o Espiritismo se propaga
justamente na classe esclarecida. Só existem cientistas na ciência oficial e
nos corpos constituídos? Pelo fato de o Espiritismo não desfrutar ainda dos
direitos de cidadania no âmbito da ciência oficial, poder-se-ia prejulgar a
questão? É conhecida a circunspeção daquela em relação às ideias novas. Se a
Ciência jamais se tivesse enganado, sua opinião poderia pesar na balança; a
experiência, infelizmente, prova o contrário. Não repeliu como quimeras uma
imensidão de descobertas que, mais tarde, ilustraram a memória de seus autores?
Por isso deve-se concluir que os sábios sejam ignorantes? Isso justifica os
epítetos triviais à custa do mau gosto que certas pessoas se aprazem em
prodigalizar-lhes? Não, certamente. Não há ninguém de bom-senso que não faça
justiça aos sábios, embora reconhecendo que não são infalíveis e que seu
julgamento, assim, não representa a última instância. Seu erro é resolver
certas questões um pouco levianamente, confiando demasiado em suas luzes, antes
que o tempo se tenha pronunciado, e assim se expondo a receber os desmentidos
da experiência. Cada um só tem competência para julgar o que conhece. Se
quisermos construir uma casa, chamaremos um músico? Se estivermos doentes,
seremos tratados por um arquiteto? Se tivermos um processo, buscaremos a
opinião de uma dançarino? Enfim, se se tratar de uma questão de teologia,
pediremos a sua solução a um químico ou a um astrônomo? Não; cada qual no seu
ofício. As ciências vulgares repousam sobre as propriedades da matéria, que
podemos manipular à vontade; os fenômenos que ela produz têm como agentes
forças materiais. Os do Espiritismo têm como agente inteligências que possuem
sua independência, seu livre-arbítrio, e de modo algum se submeteriam aos
nossos caprichos; escapam, dessa forma, aos nossos processos anatômicos e
laboratoriais, bem como aos nossos cálculos e, assim, não são da competência da
ciência propriamente dita. A Ciência se enganou ao querer experimentar os
Espíritos como se o fizesse a uma pilha voltáica; partiu de uma ideia fixa,
preconcebida, à qual se aferra, e quer forçosamente ligá-la à ideia nova.
Fracassou, e assim devia acontecer, porque agiu tendo em vista uma analogia que
não existe. Depois, sem ir mais longe, concluiu pela negativa: julgamento
temerário que o tempo diariamente se encarrega de reformar, como reformou
tantos outros, e aqueles que o pronunciaram muito se envergonharão por haverem
levianamente assumido uma falsa posição contra o poder infinito do Criador.
Assim, pois, as corporações científicas não devem, nem jamais deverão
pronunciar-se sobre o assunto; ele não é da sua alçada, assim como também não o
é o direito de decretar se Deus existe. É, pois, um erro constituí-las em juiz.
Mas quem será o juiz? Os Espíritos se julgam no direito de impor suas idéias?
Não; o grande juiz, o juiz soberano, é a opinião pública. Quando essa opinião
se formar pela aquiescência das massas e dos homens esclarecidos, os cientistas
oficiais a aceitarão como indivíduos e sofrerão a força das circunstâncias.
Deixai passar uma geração e, com ela, os preconceitos do amor-próprio que se
obstina, e veremos dar-se com o Espiritismo o mesmo que se deu com tantas
outras verdades combatidas, que atualmente seria ridículo pôr em dúvida".
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
CASOS DE INFLUÊNCIA ESPIRITUAL DESCRITOS POR ANDRÉ LUIZ
Apreciando o tema Influência Espiritual, Allan Kardec
faz uma distinção entre esta e a Obsessão que define como a ação intencional de
um Espírito desencarnado sobre outro, seja encarnado ou não, enquanto a
primeira situação ocorre devido às propriedades do fluido perispiritual,
acionados pela Lei da Afinidade, interligando os envolvidos como um imã tanto
mais poderoso quanto maior for a vulnerabilidade mento-emocional do atingido
pelo problema. Preso aos condicionamentos intelectuais da formação em Medicina
na nossa Dimensão, compreensível as surpresas do Espírito conhecido como André
Luiz diante das realidades com que foi se defrontando nas incursões
relacionadas à vida no Mundo Espiritual, bem como suas interações com os Plano
chamado Físico, descritas nas obras da conhecida como NOSSO LAR. Destacamos alguns exemplos para reflexão. CASO 1 - NA VIA
PÚBLICA: –“No longo percurso, através de ruas
movimentadas, surpreendia-me, sobremaneira, por se me depararem quadros
totalmente novos. Identificava, agora, a presença de muitos desencarnados de
ordem inferior, seguindo os passos de transeuntes vários, ou colados a eles, em
abraço singular. Muitos se dependuravam a veículos, contemplavam-nos outros,
das sacadas distantes. Alguns, em grupos, vagavam pelas ruas, formando verdadeiras
nuvens escuras que houvessem baixado repentinamente ao solo. Assustei-me. Não
havia notado tais ocorrências nas excursões anteriores ao círculo carnal. (...)
Não dissimulava, entretanto, minha surpresa. As sombras sucediam-se umas às
outras e posso assegurar que o número de entidades inferiores, invisíveis ao
homem comum, não era menor, nas ruas, ao de pessoas encarnadas, em continuo
vaivém (...). Tinha a impressão nítida de havermos mergulhado num oceano de
vibrações muito diferentes, onde respirávamos com certa dificuldade. CASO 2 - NUMA RESIDÊNCIA COMUM: -"A família, constituída da viúva, três
filhos e um casal de velhos, permanecia à mesa de refeições, no almoço muito
simples. Entretanto, um fato, até então inédito para mim, feriu-me a
observação: seis entidades envolvidas em círculos escuros acompanhavam-nos ao
repasto, como se estivassem tomando alimentos por absorção.(...) Os que
desencarnam em condições de excessivo apego aos que deixaram na Crosta, neles
encontrando as mesmas algemas, quase sempre se mantém ligados à casa, às
situações domésticas e aos fluidos vitais da família. Alimentam-se com a
parentela e dormem nos mesmos aposentos onde se desligaram do corpo físico. CASO 3 – NUM HOSPITAL: -A enfermaria estava
repleta de cenas deploráveis. Entidades inferiores, retidas pelos próprios
enfermos, em grande viciação da mente, postavam-se em leitos diversos,
inflingindo-lhes padecimentos atrozes, sugando-lhes vampirescamente preciosas
forças, bem como atormentando-os e perseguindo-os. Seria inútil qualquer esforço extraordinário,
pois os próprios enfermos, em face da ausência de educação mental, se
incumbiriam de chamar novamente os verdugos, atraindo-os para suas mazelas
orgânicas, competindo-nos apenas irradiar boa vontade e praticar o Bem, tanto
quanto fosse possível, sem, contudo, violar as posições de cada um. CASO 4- NUM RESTAURANTE: -“Transpusemos a entrada. As emanações do
ambiente produziam em nós indefinível mal estar. Junto de fumantes e bebedores
inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição se demoravam expectantes.
Algumas sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo
calor dos pulmões que as expulsavam, nisso encontrando alegria e alimento.
Outras aspiravam o hálito de alcóolatras impenitentes. Informou o orientador:
-Muitos de nossos irmãos, que já se desvencilharam do vaso carnal, se apegam
com tamanho desvario às sensações da experiência física, que se cosem àqueles
nossos amigos terrestres temporariamente desequilibrados nos desagradáveis
costumes por que se deixam influenciar. Os quadros de viciação mental,
ignorância e sofrimento nos lares sem equilíbrio religioso, são muito grandes.
Onde não existe organização espiritual, não há defesas de paz de espírito. Isto
é intuitivo para todos os que estimem o reto pensamento”.
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
CHICO XAVIER FALA SOBRE COMPORTAMENTO
A AUTORIDADE MORAL associada à figura de Chico
Xavier, certamente é resultado da forma como viveu, as razões pelas quais
milhares de pessoas o procuraram ao longo dos anos. Vale, portanto, rever de
vez em quando algumas de suas opiniões, como as 5 reproduzidas a seguir. 1-
“É preciso que nós, os espíritas, compreendamos que não podemos nos distanciar
do povo. É preciso fugir da tendência à elitização no seio do Movimento
Espírita. É necessário que os dirigentes espíritas (...), compreendam e sintam
que o Espiritismo veio para o povo e com ele dialogar. É indispensável que
estudemos a Doutrina Espírita junto com as massas, que amemos a todos os
companheiros, mas sobretudo aos espíritas mais humildes social e
intelectualmente falando, e deles nos aproximarmos com real espírito de
compreensão e fraternidade. Se não nos precavermos, daqui a pouco teremos
nossas Casas Espíritas, apenas falando e explicando o Evangelho de Cristo, as pessoas
laureadas por títulos acadêmicos ou intelectuais e confrades de posição social
mais elevada. Mais que justo evitarmos a elitização no Espiritismo, isto é a
formação do “espírito de cúpula”, com a vocação de infalibilidade, em nossas
organizações. O problema não é de direção ou administração em si, mas a maneira
como a conduzem, isto é, a falta de maior aproximação com irmãos socialmente
menos favorecidos, que equivale à ausência de amor, presente no excesso de
rigorismo, de suposta pureza doutrinária, de formalismo por parte daqueles que
são responsáveis pelas nossas instituições; é a preocupação excessiva com a
parte material das instituições(....); é a preocupação com o patrimônio
material ao invés do espiritual e doutrinário; é a preocupação de inverter o
processo de maior difusão do Espiritismo, fazendo-o partir de cima para baixo,
da elite intelectualizada para as massas, exigindo-se dos companheiros em
dificuldades materiais ou espirituais uma elevação ou um crescimento, sem apoio
dos que foram chamados pela Doutrina Espírita a fim de ampará-los na formação
gradativa”. (MANDATO DE AMOR) 2- Essa insatisfação diante da vida, esse anseio de
destaque social, econômico, de poder, nos coloca a mercê de emoções muito
fortes (...); não nos educamos para viver: nos educamos para ser
criaturas cada vez mais possessivas”. (ECX). 3-“Podemos
viver com menos...Há um problema no Brasil curioso. Todos falam em crise, nossa
comunidade adquiriu dívidas muito grandes (..). O nosso carnaval era simples,
as pessoas saiam cantando. Hoje o carnaval custa milhões. Vão dizer que é
turismo. Pode ser turismo, mas é negativo, é um dispêndio de força e de vida
humana. Depois do carnaval, aparecem as listas: tantos mortos no sábado, no
domingo, na segunda, na terça. Porque não houve tantos mortos nos outros
sábados ou nos outros domingos? Foram vítimas dos excessos a que nos
entregamos, porque não sabemos viver. Temos escolas maravilhosas, exercícios
físicos, o mundo da ginástica, que nos ajuda a conservar a saúde, as nossas
universidades, que são verdadeiros mundos da cultura... Nunca vi uma escola
para ensinar as pessoas a viver, a viver com o que tem, com o que são, com os
recursos que possam adquirir”. (ECX) 4-Nós todos
caímos pela inteligência. Sentimo-nos falsamente superiores aos outros. Mas
resolveremos o assunto pelo coração, pelo sentimento, pelo Cristo aplicado em
nossa vida. Temos muita pena do menino que está com fome, mas, às vezes, temos
um desprezo total pelo menino que se faz delinquente. Quem precisa mais? O
menino dado aos tóxicos ou que se entrega às más influências poderia ser o
nosso? Estamos na mesma embarcação e o naufrágio é para nós todos”. (ECX). 5-“A
violência no mundo é falta de Deus no coração”. (OCX)
sábado, 8 de agosto de 2015
CONECTANDO FORÇAS SUPERIORES
O iluminado Paulo de Tarso escreveu aos Corintios na primeira das cartas a
ele dirigidas: - “Se eu, pois, ignorar a significação das palavras,
serei estrangeiro para aquele que fala; e ele, estrangeiro para mim. – Porque,
se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica
infrutífera. – E se tu bendisseres apenas em espírito, como dirá o indouto o
amém depois da tua ação de graças? visto que não entende o que dizes. – Porque
tu, de fato, dás bem as graças, mas o outro não é edificado”. O trecho foi resgatado por Allan Kardec em artigo
reproduzido no número de agosto de 1864 da REVISTA ESPÍRITA, que ele procura esclarecer duvidas sobre o
conteúdo do último capítulo do livro O
EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO que se constitui numa coletânea de preces
sugeridas aos leitores da obra. Explica que “elas fazem parte das comunicações
dadas pelos Espíritos; nós as reunimos no capítulo consagrado ao exame da
prece, como agregamos a cada um dos outros capítulos as comunicações que lhes
diziam respeito”. Sobre a
enunciação de preces em idiomas diferentes do profitente, pondera que “todas
as religiões antigas e pagãs tiveram sua língua sagrada, língua misteriosa,
inteligível apenas aos iniciados, mas cujo sentido verdadeiro era oculto ao
vulgo, que a respeitava tanto mais quanto menos a compreendia. Isto podia ser
aceito na época da infância intelectual das massas; mas hoje, que estão
espiritualmente emancipadas, as línguas místicas não têm mais razão de ser e
constituem um anacronismo; querem ver tão claro nas coisas da religião quanto
nas da vida civil; não se pede mais para crer e orar, mas se quer saber por que
se crê e o que se pede orando”. Embora
as gerações atuais ignorem, o fato é que até pouco depois da metade do século
20, as orações publicas nos templos da escola religiosa dominante no Ocidente, “o
latim, de uso habitual nos primeiros tempos do Cristianismo, tornou-se para a
Igreja a língua sagrada, e é por um resquício do antigo prestígio ligado a
essas línguas, que a maioria dos que não o sabem recitam a oração dominical
nessa língua, em vez de na sua própria. Dir-se-ia que ligam a isto tanto mais virtude
quanto menos a compreendem. Por certo, não foi essa a intenção de Jesus quando
a ditou, e tal não foi, igualmente, a de São Paulo, quando disse: “Se eu orar
em outra língua, o meu Espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera”.
Ressaltamos, prossegue Allan Kardec “a
necessidade das preces inteligíveis. Aquele que ora sem compreender o que diz,
habitua-se a ligar mais valor às palavras do que aos pensamentos; para ele as
palavras é que são eficazes, mesmo que o coração em nada tome parte. Assim,
muitos se julgam desobrigados depois de recitarem algumas palavras que os
dispensam de se reformarem. É fazer da Divindade uma ideia estranha acreditar
que ela se deixe pagar por palavras em vez de atos, que atestam uma melhora moral”
Orienta, por fim, que “a principal qualidade da prece é ser clara,
simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que não passam
de falsos adereços; cada palavra deve ter o seu alcance, despertar um
pensamento, agitar uma fibra; numa palavra, deve fazer refletir; só com esta
condição a prece pode atingir o seu objetivo, do contrário não passa de ruído”.
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
ELEMENTOS PARA REFLEXÃO
Objetivando demonstrar “nossa
necessidade de estudo metódico da obra de Allan Kardec”, bem como
saudar o primeiro centenário da publicação d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, Emmanuel, o Orientador das
atividades mediúnicas de Chico Xavier, logo após a
transferência deste para Uberaba (MG), organizou um trabalho em torno de 91
temas tratados em igual número de sessões públicas desenvolvidas no ano de
1959, na Comunhão Espírita Cristã – instituição
em que atuou até 1976 quando surgiu o Grupo Espírita da Prece – em torno
das 1019 questões da obra fundamental do Espiritismo: RELIGIÃO DOS ESPÍRITOS. Reúne segundo ele, “simples comentários em torno da
substância religiosa da proposta do Consolador Prometido por Jesus” no
derradeiro diálogo mantido com seus seguidores mais diretos, conforme
registrado no capítulo 14, versículos 16 e 26 do EVANGELHO de João. Na mesma linha, em 1961 compôs
SEARA DOS MÉDIUNS; em 1964, O LIVRO DA ESPERANÇA – marco do
nascimento editora da CEC (Comunhão Espírita Cristã) a segunda ( a primeira foi
a LAKE) fora a da Federação Espírita Brasileira a obter direitos autorais dos
trabalhos de Chico Xavier-; e, em 1965; JUSTIÇA
DIVINA, todos assinalando o primeiro centenário, respectivamente, d’O LIVRO DOS MÉDIUNS, O EVANGELHO SEGUNDO O
ESPIRITISMO e O CÉU E O INFERNO
ou a Justiça
Divina Segundo o Espiritismo. Todas
elas nascidas em reuniões que ocorriam nas noites das segundas e sextas feiras
da instituição que abrigou as tarefas do médium até 1976 quando ele se
transferiu para o Grupo Espírita da Prece onde prosseguiu até sua desencarnação
em 2002. Apresentando abordagem original sobre temas tratados nas chamadas Obras
Básicas, os comentários de Emmanuel refletem aspectos
reveladores sobre as características essenciais da criatura humana. Um deles no
SEARA DOS MÉDIUNS, capítulo CARTÃO DE VISITA, ajuda-nos a entender um pouco mais
sobre a formação do pensamento que, por sinal, segundo avalia “vige
na base de todos os fenômenos de sintonia na esfera da alma”. Escreve: -“Observa os próprios impulsos. Desejando,
sentes. Sentindo, pensas. Pensando, realizas, Realizando, atrais, atraindo,
refletes. Refletindo, estendemos a própria influência, acrescida dos fatores de
indução do grupo com que afinizamos”. Allan Kardec já havia publicado em
um número da REVISTA ESPÍRITA que o “pensamento
é o atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o espírito
da matéria: sem o pensamento, o Espírito não seria Espírito”.. Afirma
inclusive no referido trabalho que “não há necessidade de que o pensamento seja
formulado em palavras; a irradiação fluídica não existe menos, quer ela seja
expressa ou não; se todos são benevolentes, todos os presentes nele
experimentam um verdadeiro bem-estar, e se sentem comodamente; mas se é
misturada com alguns pensamentos maus, eles produzem um efeito de uma corrente
de ar gelado no meio tépido”. Para ele, “tal é a causa do sentimento de
satisfação que se sente numa reunião simpática; ali reina como uma atmosfera
moral saudável, onde se respira comodamente; dali se sai reconfortado, porque
se está impregnado de eflúvios salutares. Assim se explicam também a ansiedade,
o mal-estar indefinível que se sente num meio antipático, onde os pensamentos
malévolos provocam, por assim dizer, correntes fluídicas doentias”. E acrescenta: - O homem o sente instintivamente,
uma vez que procura as reuniões onde ele sabe encontrar essa comunhão; nessas
reuniões homogêneas e simpáticas, ele haure novas forças morais; poder-se-ia
dizer que ali recupera as perdas fluídicas que ele faz cada dia pela irradiação
do pensamento, como recupera pelos alimentos as perdas do corpo material.
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
REVELAÇÕES PARA SE PENSAR
Vez ou outra, ouvimos “meus
fluidos não batem com os daquela pessoa”. Intuitiva ou conscientemente,
estão falando uma verdade. Segundo Allan Kardec apoiado nas informações
oferecidas pelos Espíritos que o ajudaram a organizar a base do Espiritismo,
isso “muito
frequentemente, ocorre entre pessoas que se conheceram, prejudicaram ou amaram
em uma existência precedente, e que são atraídas uma pela outra originando as
simpatias ou aversões instintivas”. Abre, porém, a possibilidade de
existir outra causa. Nasce ela da realidade revelada ou apresentada de forma
adequada aos níveis de entendimento de parcela da Humanidade presente em nossa
Dimensão do século 19 para frente: a existência de um corpo intermediário entre
o Espírito, a individualidade, o “EU” e o corpo físico, por Kardec
denominado Perispírito, o milenarmente conhecido Corpo
Espiritual. Revestimento e modelador do Princípio Inteligente na fase
humana de sua evolução, segundo as explicações do Codificador, “o períspirito
irradia, ao redor de si mesmo, uma espécie de atmosfera impregnada das
qualidades boas ou más do Espírito encarnado. Assim, duas pessoas que se
encontram experimentam, pelo contato desses fluídos, impressão agradável ou não,
por sinal, a mesma da sensitiva – planta que se retrai ante a aproximação de
qualquer Ser humano. Tais fluidos tendem a confundir-se ou repelir-se, segundo
sua natureza semelhante ou dessemelhante”. Dentro dessa visão,
entende-se a razão daqueles fatos ou fenômenos em que uma pessoa como que percebe a realidade interior daquela com a qual se relaciona, “se
adivinhando e compreendendo sem se falarem”. Nada mais que o “contato
dos fluidos pessoais”. Décadas depois, o Instrutor Espiritual Emmanuel
através do médium Chico Xavier, escreveria no livro O CONSOLADOR (feb; 1940), que “a simpatia ou a antipatia tem suas raízes
profundas no Espírito, na sutilíssima entrosagem dos fluidos peculiares a cada
um e, quase sempre, de modo geral, atestam uma renovação de sensações experimentadas
pela criatura, desde o pretérito delituoso, em iguais circunstâncias”.
Mais à frente, o Espírito identificado como André Luiz – nome aproveitado
de um irmão consanguíneo do médium Xavier que à época do lançamento do
primeiro livro escrito pelo médico desencarnado enfrentava um processo judicial
movido pela viúva do escritor Humberto de Campos pelo uso do nome
do marido, requerendo indenização ou participação nos resultados dos direitos
autorais dos livros mediúnicos que utilizassem o nome do intelectual -, reproduziria explicação ouvida na Colônia NOSSO
LAR, segundo a qual “todo Espírito, esteja onde estiver, é um
núcleo irradiante de forças que criam, transformam ou destroem, exteriorizadas
em vibrações que a ciência terrestre presentemente (1943) não
pode compreender. Quem pensa, está fazendo alguma coisa alhures”. No
mesmo aprendizado, registra um dado bastante significativo: -“Pelo
pensamento, os homens encontram no Umbral os companheiros que afinam com as
tendências de cada um. Toda alma é um imã poderoso. Há uma extensa Humanidade
invisível, que se segue à Humanidade visível”. Exemplificam dizendo que
“pelos
dispositivos da Lei da Afinidade, a maledicência atrairá caluniadores
invisíveis e a ironia buscará, sem dúvida, as entidades galhofeiras e
sarcásticas, que inspirarão o anedotário menos digno, deixando margem
vastíssima à leviandade e à perturbação”. No quesito antipatia, a
Espiritualidade orienta: -“Toda antipatia, aparentemente a mais
justa, deve morrer para dar lugar à simpatia que edifica o coração para o
trabalho construtivo e legítimo da fraternidade”.
domingo, 2 de agosto de 2015
AS MULHERES TEM ALMA?
A pergunta parece piada, mas,
era coisa séria há apenas 149 anos na França, considerada o berço do
Iluminismo. A confirmação está no número de
janeiro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA, em matéria na qual Allan Kardec registra que “lia-se
nos jornais que uma jovem senhorita de vinte anos acabava de defender o
bacharelado com pleno sucesso perante a faculdade de Montpellier. Dizia-se que
era o quarto diploma concedido a uma mulher. Ainda não faz muito tempo foi
agitada a questão de saber se o grau de bacharel podia ser conferido a uma
mulher. Embora a alguns isto parecesse uma monstruosa anomalia, reconheceu-se
que os regulamentos sobre a matéria não faziam menção às mulheres e, assim,
elas não se achavam excluídas legalmente. Depois de terem reconhecido que elas
tinham alma, lhes reconheceram o direito à conquista dos graus da Ciência, o
que já é alguma coisa. Mas a sua libertação parcial é apenas resultado do
desenvolvimento da urbanidade, do abrandamento dos costumes ou, se quiserem, de
um sentimento mais exato da justiça; é uma espécie de concessão que lhes fazem
e, é preciso se diga, que lhes regateiam o mais possível”. Comenta
também saber-se que “a coisa nem sempre foi tida por certa, pois,
ao que se diz, foi posta em deliberação num concílio. A negação ainda é um
princípio de fé em certos povos. Sabe-se a que grau de aviltamento essa crença
as reduziu na maior parte dos países do Oriente. Embora hoje, nos povos
civilizados, a questão esteja resolvida em seu favor, o preconceito de sua
inferioridade moral perpetuou-se a tal ponto que um escritor do século passado,
cujo nome não nos vem à memória, assim definia a mulher: “Instrumento de
prazer do homem”, definição mais muçulmana que cristã. Desse preconceito
nasceu a sua inferioridade legal, ainda não apagada de nossos códigos. Durante
muito tempo elas aceitaram essa submissão como uma coisa natural, tão poderosa
é a força do hábito. Dá-se o mesmo com os que, votados à servidão de pai a
filho, acabam por se julgar de natureza diversa da dos seus senhores”.
Apresentando, entre outros argumentos, a posição
do Espiritismo pondera o sábio pensador: -“Os sexos só existem no organismo; são
necessários à reprodução dos seres materiais. Mas os Espíritos, sendo criação
de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, razão pela qual os sexos seriam
inúteis no mundo espiritual. Os Espíritos progridem pelos trabalhos que
realizam e pelas provas que devem sofrer, como o operário se aperfeiçoa em sua
arte pelo trabalho que faz. Essas provas e esses trabalhos variam conforme sua
posição social. Devendo os Espíritos progredir em tudo e adquirir todos os
conhecimentos, cada um é chamado a concorrer aos diversos trabalhos e a
sujeitar-se aos diferentes gêneros de provas. É por isso que, alternadamente,
nascem ricos ou pobres, senhores ou servos, operários do pensamento ou da
matéria. Assim se acha fundado, sobre as próprias leis da Natureza, o princípio
da igualdade, pois o grande da véspera pode ser o pequeno do dia seguinte e reciprocamente.
Desse princípio decorre o da fraternidade, visto que, em nossas relações
sociais, reencontramos antigos conhecimentos, e no infeliz que nos estende a
mão pode encontrar-se um parente ou um amigo. É com o mesmo objetivo que os
Espíritos se encarnam nos diferentes sexos; aquele que foi homem poderá
renascer mulher, e aquele que foi mulher poderá nascer homem, a fim de realizar
os deveres de cada uma dessas posições, e sofrer-lhes as provas.
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