Seguindo o pensamento do intelectual, pesquisador e estudioso
oculto no pseudônimo Allan Kardec nas páginas da REVISTA ESPIRITA ou mesmo em notas de
rodapé nas cinco principais obras da chamada Codificação Espírita, entende-se a
razão de ter-lhe sido atribuído o título acima. Num dos temas aqui trazidos
sobre a posição do Espiritismo perante a
Numerologia, por exemplo, diz não deter conhecimentos suficientes para
pronunciar-se a respeito, todavia “porque não se compreende uma coisa, não é
motivo para que ela não exista”, visto que “o que hoje é utopia, poderá ser
verdade amanhã”. Noutra matéria afirmou que “O LIVRO DOS ESPÍRITOS não é um tratado completo de
Espiritismo; apenas apresenta as bases e os pontos fundamentais, que se devem
desenvolver sucessivamente pelo estudo e pela observação”. No número de
maio
de 1865 da REVISTA ESPÍRITA,
na seção QUESTÕES E PROBLEMAS
com que é aberta a edição, o assunto é MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO DE ANIMAIS,
reproduzindo parte de carta recebida pela redação, analisada e comentada por Allan
Kardec. Ao final, uma interessante comunicação recebida na Sociedade
Espírita de Paris, reunião de 21 de abril, pelo médium E. Vézy, que mereceu a
seguinte observação: -“Estas últimas reflexões do Espírito foram
motivadas pela citação, feita na sessão, de pessoas que pretendiam ter recebido
comunicações de diversos animais. Como explicação do fato precitado, sua teoria
é racional e, no fundo, concorda com a que hoje prevalece nas instruções dadas
na maior parte dos Centros. Quando tivermos reunido documentos suficientes, resumi-los-emos
num corpo de Doutrina metódica, que será submetida ao Controle Universal. Até
lá são balizas postas no caminho, para o esclarecer”. Para refletirmos.
Destacamos alguns trechos sugestivos da mensagem: -“Não basta apenas crer no
progresso incessante do Espírito, embrião na matéria, desenvolvendo-se ao
passar pela peneira do mineral, do vegetal e do animal, para chegar à
humanimalidade, onde começa a ensaiar-se apenas a alma que se encarnará,
orgulhosa de sua tarefa, na Humanidade. Entre essas diferentes fases existem
laços importantes, que é necessário conhecer, e que chamarei períodos
intermediários ou latentes; porque é aí que se operam as transformações
sucessivas (...). Entre os animais domésticos e os homens as afinidades são
produzidas pelas cargas fluídicas que vos cercam e sobre eles recaem. É um pouco
a Humanidade que se distingue sobre a animalidade, sem alterar as cores de uma
ou de outra. Daí esta superioridade inteligente do cão sobre o instinto brutal
do animal selvagem e é somente a essa causa que poderão ser devidas essas
manifestações que vos acabam de ler. Assim, não se enganaram ouvindo um grito
alegre do animal reconhecido pelos cuidados de seu dono, o qual veio, antes de
passar ao estado intermediário de um desenvolvimento a outro, trazer-lhe uma
lembrança. A manifestação, portanto, pode ocorrer, mas é passageira, porque o
animal, para subir um degrau, precisa de um trabalho latente, que aniquila, em
todos, qualquer sinal exterior de vida. Esse estado é a crisálida espiritual,
onde se elabora a alma, perispírito informe, não tendo nenhuma figura
reprodutiva de traços, irrompendo num estado de maturidade para deixar escapar,
nas correntes que a arrastam, os germes de almas que aí se originam.(...) Assim,
pois, sernos-ia difícil falar-vos dos Espíritos de animais do espaço: eles não
existem; ou, melhor, sua passagem é tão rápida como se nula fosse e, no estado
de crisálida, não poderiam ser descritos. Já sabeis que nada morre da matéria
que sucumbe.(...) O que é do domínio da inteligência animal não pode ser
reproduzido pela inteligência humana, isto é, que o animal, seja qual for, não
pode expressar seu pensamento pela linguagem humana; suas ideias são apenas
rudimentares. Para ter a possibilidade de exprimir-se, como faria o Espírito de
um homem, precisaria de ideias, conhecimentos e um desenvolvimento que não tem,
que não pode ter. Tende, pois, como certo, que nem o cão, nem o gato, nem o
burro, nem o cavalo, nem o elefante podem manifestar-se por via mediúnica. Só
os Espíritos chegados ao grau da Humanidade podem fazê-lo, e ainda em razão de
seu adiantamento, porquanto o Espírito de um selvagem não vos poderá falar como
o de um homem civilizado.
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