Um dos grandes nomes da literatura mundial, o inglês Charles
Dickens morreu em 9 de junho de 1870, antes de ter concluído a obra que
escrevia. Sua paixão pelas letras, contudo, não o impediu de fazê-lo, pois três
anos depois, encontrou o caminho da mediunidade para consumar seu trabalho, fato
que alcançou grande repercussão nos Estados Unidos da América do Norte, visto
ter sido tornada publica sua intenção. Conta o pesquisador Alexandre Aksakof em seu
livro ANIMISMO E ESPIRITISMO (feb): -“Quando
se espalhou o boato de que o romance de Dickens ia ser terminado por tão
extraordinário e insólito processo, o Springfield Daily Union expediu um de
seus colaboradores a Brattleborough (Vermont), onde morava o médium, para fazer
uma investigação, no local, de todos os pormenores dessa estranha empresa
literária. Do que se escreveu na época, extraímos:
“Ele (o médium) nasceu em Boston; aos catorze anos foi colocado como aprendiz
em casa de um mecânico, ofício que até hoje exerce; de maneira que sua
instrução escolar terminou na idade de treze anos. Se bem que não fosse nem
destituído de inteligência, nem iletrado, não manifestava gosto algum pela
literatura e nunca se tinha interessado por ela. Até então, nunca tinha
experimentado publicar, em qualquer jornal, o menor artigo. Tal é o homem de
quem Charles Dickens lançou mão da pena para continuar THE MISTERY OF EDWIN
DROOD Eis como se passaram as coisas. Havia dez meses, um jovem, o médium que,
para ser breve, designarei pela inicial A (pois que ele não quis ainda divulgar
seu nome), tinha sido convidado por seus amigos a sentar-se perto de uma mesa
para fazer parte de uma experiência espírita. Até aquele dia, sempre havia
zombado dos “milagres espíritas”, considerando-os fraudes, sem suspeitar que
ele próprio possuía dons mediúnicos. Apenas começou a sessão, ouviram-se
pancadas rápidas e a mesa, depois de movimentos bruscos e desordenados, cai
sobre os joelhos do Sr. A. para fazer-lhe ver que é ele o médium. No dia
seguinte, à noite, convidaram-no para tomar parte em uma segunda sessão; as
manifestações foram ainda mais acentuadas. O Sr. A. caiu subitamente em transe,
tomou um lápis e escreveu uma comunicação assinada com o nome do filho de uma
das pessoas presentes, de cuja existência o Sr. A. não suspeitava. Em fins do
mês de outubro de 1872, no decurso de uma sessão, o Sr. A. escreveu uma
comunicação dirigida a si mesmo assinada com o nome de Charles Dickens, com o
pedido de organizar para ele uma sessão especial, a 15 de novembro. Entre
outubro e meados de novembro, novas comunicações lembraram-lhe aquele pedido por
muitas vezes. A sessão de 15 de novembro, que, segundo as indicações recebidas,
se realizou às escuras, em presença do Sr. A. somente, deu em resultado uma
longa comunicação de Dickens, que externou o desejo de terminar, com o auxílio
do médium, seu romance não acabado. Essa comunicação informava que Dickens
tinha procurado por longo tempo o meio de conseguir esse intento, mas que até
aquele dia não tinha encontrado médium apto para realizar semelhante
incumbência. Ele desejava que o primeiro ditado fosse feito na véspera do
Natal, noite que prezava particularmente, e pedia encarecidamente ao médium que
consagrasse àquela obra todo o tempo de que pudesse dispor, sem prejudicar as
suas ocupações habituais... Em breve tornou-se evidente que era a mão do mestre
que escrevia, e o Sr. A. aceitou com a melhor boa vontade essa estranha
situação. Esses trabalhos, executados pelo médium, fora de suas ocupações
profissionais, que lhe tomavam dez horas por dia, produziram, até julho de
1873, 200 folhas de manuscrito, o que representa um volume de 400 páginas”. Conforme
conclusão de uma dos críticos que analisaram o conteúdo do trabalho, “é difícil
admitir que o gênio e o senso artístico com que esse escrito está marcado e que
têm tanta semelhança com o gênio e com o senso artístico de Charles Dickens
tenham induzido o seu autor, qualquer que ele seja, a só se apresentar ao mundo
como hábil falsificador.”
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