O número de outubro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA,foi quase uma edição
especial. Grande parte de suas páginas foram ocupadas por uma matéria
intitulada OS TEMPOS SÃO CHEGADOS,
compreendendo uma extensa reflexão de Allan
Kardec sobre um grande número de comunicações transmitidas por vários
Espíritos, a ele endereçadas, bem como a outras pessoas sobre o mesmo assunto,
conforme nota por ele adicionada ao final do seu texto. Na sequência, incluiu
mensagens recebidas em abril daquele ano, em Paris, através de dois médiuns
identificados apenas pelas iniciais M. e T., concluindo o material
com outra a ele dirigida em 1 de setembro, por um dos seus protetores
invisíveis. Ante a evolução dos
acontecimentos observados no Planeta recentemente, destacamos alguns pontos
para reflexão, demonstrando que muitas do que se vê, esta previsto e predito
por aqueles que, nos bastidores da invisibilidade coordenam as mudanças profetizadas
há vários séculos, especialmente, por Jesus, como provam os escritos dos
Apóstolos que preservaram as palavras do Mestre. 1 - Os acontecimentos se precipitam com rapidez, de modo que não vos
dizemos mais, como outrora: “Os tempos estão próximos”; agora dizemos: “Os
tempos são chegados.” Por estas palavras não entendais um novo dilúvio, nem um
cataclismo, nem uma perturbação geral. Convulsões parciais do globo ocorreram
em todas as épocas e ainda se produzem, porque inerentes à sua constituição,
mas são sinais dos tempos. Entretanto, tudo quanto está predito no Evangelho deve
realizar-se e se cumpre neste momento, como reconhecereis mais tarde. 2- Não tomeis os sinais anunciados senão
como figuras, dos quais é preciso captar o espírito, e não a letra. Todas as
Escrituras encerram grandes verdades sob o véu da alegoria, e é porque os
exegetas se apegaram à letra que se extraviaram. Faltou-lhes a chave para a
compreensão de seu verdadeiro sentido. Esta chave está nas descobertas da
Ciência e nas leis do mundo invisível, que o Espiritismo vos vem revelar. 4- Sendo
chegado esse tempo, uma grande emigração se realiza neste momento entre os que
a habitam; os que fazem o mal pelo mal e não são tocados pelo sentimento do bem
por não serem dignos da Terra transformada, dela serão excluídos, porque aí
trariam novamente a perturbação e a confusão e seriam um obstáculo ao
progresso. Irão expiar seu endurecimento nos Mundos Inferiores, para onde
levarão os conhecimentos adquiridos e terão por missão fazê-los progredir.
Serão substituídos na Terra por Espíritos melhores, que farão reinar entre eles
a justiça, a paz e a fraternidade. 5 - A geração atual desaparecerá
gradualmente, e a nova a sucederá, sem que nada seja mudado na ordem natural
das coisas. Tudo se passará, pois, exteriormente, como de hábito, com uma única
diferença, mas esta diferença é capital: uma parte dos Espíritos que aí se
encarnavam não mais encarnarão. Numa criança que nascer, em vez de um Espírito
atrasado e devotado ao mal que tivesse encarnado, será um Espírito mais
adiantado e devotado ao bem. 6- A época
atual é de transição; os elementos das duas gerações se confundem. Colocados em
ponto intermediário, assistis à partida de uma e à chegada da outra, e cada um
já se assinala no mundo pelos caracteres que lhes são próprios. As duas
gerações que sucedem uma à outra têm ideias e pontos de vista opostos. Pela
natureza das disposições morais, mas, sobretudo, das disposições intuitivas e
inatas, é fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo. Devendo
fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por uma
inteligência e uma razão geralmente precoces, aliadas ao sentimento inato do
bem e das crenças espiritualistas, o que é sinal indubitável de certo grau de
progresso anterior. 7 - Por esta emigração de Espíritos não se deve entender
que todos os Espíritos retardatários serão expulsos da Terra e relegados a
mundos inferiores. Muitos, ao contrário, a ela voltarão, porque muitos cederam
ao arrastamento das circunstâncias e do exemplo; neles a casca era pior que a
essência. Uma vez subtraídos à influência da matéria e dos preconceitos do
mundo corporal, a maioria verá as coisas de maneira completamente diferente do
que quando vivos, do que tendes numerosos exemplos.
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