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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

SURPRESAS DA MEDIUNIDADE

     
      Poeta épico grego, ao qual se atribui a autoria de ODISSÉIA e ILÍADA, Homero, ainda na atualidade é tema de polêmicas acaloradas por parte dos estudiosos de sua vida e obra. Pois, na REVISTA ESPÍRITA de novembro de 1860, encontramos interessante matéria onde Allan Kardec apresenta o resultado de interessante comunicação em forma de diálogo estabelecido através de dois médiuns avaliados por ele como confiáveis - até pelo seu nível cultural.  Comunicação obtida espontaneamente e sem que o médium de forma alguma pensasse no poeta grego, provocou diversas perguntas. Vejamos alguns trechos da interessante conversa: -“ Passei a juventude nos alagados de Mélès; banhei-me e embalei-me muitas vezes em suas ondas. Daí por que, na minha juventude, eu era chamado de Melesigênio.”  1. Sendo este nome desconhecido, rogamos ao Espírito que se dignasse explicá-lo de maneira precisa. Resp. – Minha mocidade foi embalada nas ondas; a poesia me deu cabelos brancos. Sou eu a quem chamais Homero. Observação – Grande foi a nossa surpresa, pois não fazíamos nenhuma ideia do sobrenome de Homero; depois o encontramos no dicionário mitológico. Continuamos as perguntas. 2. Poderíeis dizer a que devemos a felicidade de vossa visita espontânea? Não pensávamos absolutamente em vós neste momento, pelo que vos pedimos perdão. Resp. – É porque venho às vossas reuniões, como se vai sempre aos irmãos que têm em vista fazer o bem. 4. Os poemas da ILÍADA e da ODISSÉIA, que temos, são exatamente os que compusestes? Resp. – Não; foram modificados. 5. Várias cidades disputaram a honra de vos ter sido o berço. Poderíeis esclarecer-nos a respeito? Resp. – Procurai a cidade da Grécia que possui a casa do cortesão Clénax. Foi ele quem expulsou minha mãe do lugar de meu nascimento, porque ela não queria ser sua amante; assim, sabereis em que cidade eu nasci. Sim, elas disputaram essa suposta honra, mas não disputavam por me haverem dado hospitalidade. Oh! eis os pobres humanos; sempre futilidades; bons pensamentos, jamais!”. Analisando o depoimento, Allan Kardec observa: - “O fato mais importante desta comunicação é a revelação do sobrenome de Homero; e é tanto mais notável quanto os dois médiuns, que deploram a insuficiência de sua instrução – o que os obriga a viver do trabalho manual – não podiam ter a menor ideia a respeito. E tanto menos se pode atribui-lo a um reflexo qualquer do pensamento, considerando-se que no momento estavam sós. A respeito, faremos outra observação: Está provado, para todo espírita, mesmo para os menos experientes, que se alguém soubesse o sobrenome de Homero e, numa evocação, como prova de identidade, lhe pedisse para o revelar, nada obteria. Se as comunicações não passassem de um reflexo do pensamento, como não diria o Espírito aquilo que sabemos, enquanto ele próprio diz aquilo que ignoramos? É que ele também tem a sua dignidade e a sua susceptibilidade e quer provar que não está às ordens do primeiro curioso que apareça. Suponhamos que aquele que mais protesta contra o que chama capricho ou má vontade do Espírito, se apresente numa casa declinando o nome. Que faria, se o acolhessem e lhe pedissem à queima-roupa que provasse ser ele mesmo? Voltaria as costas. É o que fazem os Espíritos. Isto não quer dizer que se deva crer sob palavra; mas quando se querem provas de identidade, é necessário que os tratemos com a mesma consideração que dispensamos aos homens. As provas de identidade fornecidas espontaneamente pelos Espíritos são sempre as melhores. Se nos estendemos tanto a propósito de um assunto que não parecia comportar tantas considerações, é que se me afigura útil não negligenciar nenhuma ocasião de chamar a atenção sobre a parte prática de uma ciência cercada de mais dificuldades do que geralmente se pensa, e que muitas pessoas julgam possuir porque sabem fazer bater uma mesa ou mover-se um lápis”. 

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