Na questão 350 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS Allan
Kardec ao indagar se “o Espírito, uma vez unido ao corpo da
criança, e não podendo mais retroceder, lamenta algumas vezes a escolha feita”,
obteve o seguinte esclarecimento: - Queres perguntar se, como homem, ele se
queixa da vida que tem? Se desejaria outra? Sim, Se lamenta a escolha feita?
Não, porque não sabe que a escolheu. O Espírito, uma vez encarnado, não pode
lamentar uma escolha de que não tem consciência, mas pode achar muito pesada a
carga. O médium Chico
Xavier, num comentário a respeito da criança classificada como autista,
explicou tratar-se, muitas vezes, de Espírito que não aceitava a reencarnação, daí
manter-se alienado da realidade em que vive, entre dois mundos.
Pesquisando e estudando há mais de uma década as chamadas Cartas de Chico Xavier,
ou seja, o extraordinário acervo construído com o resultado do trabalho
continuado de atendimento a Espíritos encarnados e desencarnados que buscaram conforto ou explicações nele ou nas reuniões públicas na cidade de Uberaba, Minas Gerais, nos deparamos
com duas situações interessantes sobre aqueles que reencarnaram para cumprir
uma passagem de curta duração no corpo físico, ou seja, que sabiam que
morreriam como se diz “precocemente”, para
reabilitarem-se de atitudes equivocadas em vidas passadas, tipo
suicídios ou homicídios. Alguns imprimiram a suas existências um ritmo intenso
de aprendizados ou realizações, enquanto outros mantiveram-se como que
desinteressados de qualquer comprometimento nas oportunidades a eles
oferecidas. Analisando um caso sobre o qual refletimos recentemente, cremos
enquadrado no segundo grupo. Já no renascimento, um erro de avaliação sobre a
data provável do nascimento, quase lhe impõem a morte ou possíveis lesões cerebrais;
os últimos anos de vida física, consumiu em obsessiva preocupação a respeito da
morte, provavelmente traído pelo inconsciente, que trazia o registro da
informação sobre a volta mais cedo. Muitos,
pelo que vimos, exercendo seu livre arbítrio, desistem da vida e de si mesmos,
frustrando projetos cuidadosamente elaborados em seu favor. A questão da morte
precoce de muitos reencarnado, encontrou em mensagem psicografada por seis
meses após sua desencarnação em acidente automobilístico a explicação obtida
pelo comunicante com um tio desencarnado anos antes dele. Comentou que “por amigos daqui, veio a saber que milhões
de pessoas estão passando pela desencarnação no tempo áureo da existência,
porque nos achamos numa fase de muitas mudanças na Terra. E aqueles Espíritos
retardatários em caminho, quando induzidos a considerar a extensão das próprias
dívidas, aceitam a prova da desencarnação mais cedo do que o tempo razoável
para a partida, e são atendidos com a separação de pais e afetos outros, no
período em que mais desejariam continuar vivendo, em razão do tempo que perderam
com frivolidades nas vidas que usufruíram. São muitos os companheiros que se retiraram da Terra,
compulsoriamente; das comodidades humanas em que repousavam, de modo a
rematarem o resgate de certos débitos que os obrigavam a sofrer no âmago da
própria consciência”. Surge, naturalmente, a pergunta sobre os
pais e os sofrimentos derivados das perdas. No livro AÇÃO E REAÇÃO (1957,Feb), do Espírito André Luiz pelo médium Chico
Xavier, no final do capítulo RESGATES
COLETIVOS, a questão é apresentada ao Instrutor Druso. Com argumentos
lógicos, explica: - “As entidades que necessitam de tais lutas expiatórias são
encaminhadas aos corações que se acumpliciaram com elas em delitos lamentáveis,
no pretérito distante ou recente ou, ainda, aos pais que faliram junto dos
filhos, em outras épocas, a fim de que aprendam na saudade cruel e na angústia
inominável o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos
devemos na Terra ao instituto da família”.
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