A contribuição do estudioso
e pesquisador Hermínio Correia de Miranda precisa ser mais conhecida pelos
que chegam ao Espiritismo. Criterioso, sensato, produziu trabalhos que
demonstram sua erudição, oferecendo aos interessados na verdade dos fatos e
evidências valiosas informações. Um deles, A MEMÓRIA E O
TEMPO (edicel, 1980), com antecedência de alguns anos, incursões no campo
da regressão de memória na confirmação da reencarnação. Outro, EU SOU CAMILLE DEMOULINS (lachâtre,
1993), fascinante, lamentavelmente não mais publicado – pelo que sei por
divergências com o pesquisado -, revela detalhes e minúcias da incursão pelo
inconsciente profundo de um jornalista recentemente desencarnado que, em transe
repetidas vezes induzido, revelou-se um personagem da Revolução Francesa, no
século 20 reencarnado no Brasil. Nele, encontramos o depoimento em carta, do
advogado, médium e também pesquisador, Dr Cesar Burnier, na verdade Cesar
Gouveia Pessoa de Melo, amigo pessoal de Chico Xavier a quem
conheceu – ou reencontrou – em 2 de junho de 1938, poucos dias após a morte
surpreendente de um de seus filhos vitimado por insidioso quadro de meningite.
Na referida obra, vamos encontrar interessante relato do Dr. Burnier,
envolvendo o grande médium mineiro. Segundo ele, Chico Xavier, “ao
tempo da Grande Revolução, era uma moçoila um tanto caipira da cidade francesa
de Arras. Chamava-se Jennne D’Arencourt, sendo protegida de Andréa de Taverne,
condessa de Charny, que a introduziu na corte de Maria Antonieta. Sua
permanência na corte foi muito curta. É que Jeannne, sem jeito e extremamente
acanhada, quebrou logo o protocolo real pisando nos pés da Rainha. Foi sua
felicidade. Esse acidente, afastando-a da alta nobreza, evitou-lhe a morte na
guilhotina, mas não evitou que a lâmina desta cortasse a cabeça do seu pai,
pequeno nobre da terra de Robespierre. Jeannne era amiga de Danton. Apelou para
o ardoroso tribuno pedindo sua juda junto ao “incorruptível”. Danton levou-a à
presença do “todo poderoso detentor das pulcritudes cívicas”. Durante o
trajeto, Danton recomendou-lhe: -“Atire-se aos pés do homem; diga-lhe que seu
pai é pessoa moderada, nas cida em sua terra – Arras; chame-o de Citoyen,
mostre-se humilde e confiante no seu poder e na sua magnanimidade”. Jeanne
cumpriu religiosamente os conselhos do amigo, enquanto Danton se dirigia ao
Pontífice das Virtudes Cívicas, implorando sua piedade para com a infeliz moça.
Robespierre ouviu das culminâncias do seu orgulho. Depis, num gesto todo seu,
atirou a cabeça para trás, trincou os maxilares e exclamou: - “Minha filha,
Robespierre comoveu-se com a a sua rogativa, mas é o Comitê de Salvação Pública
que está encarregado dos assuntos da pátria. Todo traidor terá de morrer!”.No
dia seguinte o pai de Jeanne perdeu a cabeça na guilhotina, e a moça, banhada
em lágrima, fugiu para a Espanha, onde faleceu, algum tempo depois, vítima de
tuberculose, em Barcelona, na Igreja de Sant’Ana. Emmanuel, o magnífico guia do
Chico, fugiu de Paris, do terror de Robespierre. Chama-se Jean Jacques
Tourville ou Turville. Era professor da nobreza e se refugiou igualmente na
Espanha. Surpreendente Lei de Causa e Efeito, contudo, tem suas
sutilezas. Ainda segundo o Dr. Burnier, “Robespierre reencarnou no Brasil
na figura de uma médica, em Minas Gerais. Seu novo sexo – ao que julgo –
deveria dar-lhe novas perspectivas da vida, principalmente na faixa da
sentimentalidade reparadora”. Sua história seria ligada novamente ao
Espírito conhecido como Chico Xavier em episódio, certamente,
refletido daqueles resgatados no testemunho do Dr. Burnier. A continuidade
e desfecho, porém, ficam para outra oportunidade.
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