A
produção mediúnica de Chico Xavier tem aspectos inusitados
e pouco conhecidos, especialmente na fase das chamadas Cartas que recebia em
reuniões públicas na cidade de Uberaba, entre 1972 e a década de 80. Um exemplo
disso está na sexta das que psicografou do Engenheiro Eletrotécnico Luiz
Ricardo Maffei, que desencarnado aos 26 anos de Lupus Agudo, menos de três meses depois na reunião de 7 de julho de
1983, escreveu a primeira das seis mensagens dirigidas aos angustiados e
aflitos pais. Além de surpreendentes revelações a seu respeito do seu próprio
passado no que tange a reencarnações anteriores, naquela que foi a última
publicada, expõe um caso curioso, introduzindo inclusive um termo anteriormente
não citado nos milhares de conteúdos revelados pela Espiritualidade em nossa
Dimensão. Escreveu Luiz Ricardo: -“Serei tão sucinto quanto possível, na
exposição do caso. O senhor sabe que, em toda parte, é possível fazer amigos e
eu encontrei um deles na pessoa do Joaquim Pereira da Silva, um cavalheiro de
alta severidade com a família que deixou no Rio, cujas ideias abertas e francas
me faziam meditar. Joaquim se queixava de obsessores no lar, conturbando a
esposa e as filhas, chegando a estabelecer um clima de antagonismos
sistemáticos entre elas. A companheira viúva e três filhas viviam em querelas
por pequeninas razões claramente evitáveis. E Joaquim, desencarnado, lhes
agravava as relações alegando que ele, desencarnado, estava muito longe de ser
um anjo, e discutia com as entidades infelizes que lhe povoavam a casa. Muitas
vezes, lembrando os nossos estudos de hoje, solicitava-lhe calma, ponderação. O
companheiro não me atendia e fustigava os obsessores de sua casa, com palavras
e até pragas das mais escabrosas, e sem a mínima condição de sequer serem, de
leve, mesmo, mencionadas. Contudo, há pouco tempo, um diretor de serviço;
notando-lhe as boas qualidades que se misturavam de más, aconselhou-lhe um
tratamento com análise de fotografias correspondentes ao seu passado próximo.
Joaquim aceitou e submeteu-se a tal tratamento em um determinado aparelho. Tratava-se de um aparelho complexo, que ainda,
em determinado tempo, deverá chegar à Terra para o conhecimento dos homens, e à
consequente comprovação mecânica da reencarnação. Alguns amigos daqui, da Vida
Espiritual, designam tal aparelho com o nome de preterografia. Tal
aparelho tem o cunho de prestar observações do pretérito das pessoas pelas
imagens correspondentemente colhidas. Durante dois dias Joaquim foi ao gabinete de
preterografia, e, no exame final das chapas colhidas, ficou ciente de que fora
um chefe desumano do tempo de D. João VI, no Brasil. Exorbitava das funções de
mordomo de uma das casas imperiais e mandava açoitar fosse quem fosse, além de
privar diversos subalternos de conforto e alimentação conveniente. Estuprava
jovens servidores da casa real sem compaixão e para com as que engravidassem, à
conta dele, as atirava em lugares ocultos do Rio Paraíba... Quando o amigo viu
a extensão de suas faltas, chorou de remorso, e reconheceu que os obsessores
que lhe fustigavam a casa eram vingadores contra ele, Espíritos infelizes ainda
fixados no mal. * Ele, Joaquim, vem fazendo o possível para retificar a própria
situação; no entanto, admito que ele gastará tempo para modificar o ânimo dos
inimigos que ele próprio criou. Tenho pensado tanto no assunto que voltarei de
minhas digressões na História com muito cuidado e com muito espírito de
compreensão, que ainda preciso consolidar”.
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