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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

PRECE: ADIANTA ALGUMA COISA?

- “Cada um é livre para encarar as coisas à sua maneira, e nós, que reclamamos essa liberdade para nós, não podemos recusá-la aos outros. Mas, do fato de que uma opinião seja livre, não se segue que não se possa discuti-la, examinar seu  aspecto forte e o fraco, pesar-lhe as vantagens ou os inconvenientes”. O racional e lógico argumento é utilizado por Allan Kardec em artigo escrito para a edição de janeiro de 1866 da REVISTA ESPÍRITA posicionando-se sobre movimento que defendia a inutilidade da prece considerada prática supersticiosa e ato de fingida devoção incompatível com o Espiritismo que, ciência puramente filosófica, não deveria ter qualquer caráter religioso; que estando todos os seres submetidos a Leis Eternas estabelecidas por Deus seria inútil orar, pedindo ou agradecendo um favor especial; bem como orar pelos Espíritos cuja sorte está traçada, não se podendo mudar a ordem natural das coisas. Das considerações de Allan Kardec destacamos algumas, bastante atuais sobre o tema: 1- Se o Espiritismo proclama sua a utilidade, não é por espírito de sistema, mas porque a observação permitiu constatar-lhe a eficácia e o modo de ação. Desde que, pelas leis fluídicas, compreendemos o poder do pensamento, compreendemos também o da prece, que é, ela mesma, um pensamento dirigido para um objetivo determinado. Para algumas pessoas, a palavra prece não revela senão uma ideia de pedido; é um grave erro. 2- Com relação à Divindade é um ato de adoração, de humildade e de submissão ao qual não se pode recusar sem desconhecer o poder e a bondade do Criador. Negar a prece a Deus é reconhecer Deus como um fato, mas é recusar prestar-lhe homenagem; está ainda aí uma revolta do orgulho humano. 3- Com relação aos Espíritos, que não são outros senão as almas de nossos irmãos, a prece é uma identificação de pensamentos, um testemunho de simpatia; repeli-la, é repelir a lembrança dos seres que nos são caros, porque essa lembrança simpática e benevolente é em si mesma uma prece. Aliás, sabe-se que aqueles que sofrem a reclamam com instância como um alívio às suas penas; se a pedem, é, pois, que delatem necessidade; recusá-la é recusar o copo d'água ao infeliz que tem sede 4- Além da ação puramente moral, o Espiritismo nos mostra, na prece, um efeito de alguma sorte material, resultante da transmissão fluídica. Sua eficácia, em certas doenças, está constatada pela experiência, como é demonstrada pela teoria. Rejeitar a prece é, pois, privar-se de um poderoso auxiliar para o alívio dos males corpóreos. 5- A prece é, pois, uma necessidade universal, independente das seitas e das nacionalidades. Depois da prece, estando-se fraco, sente-se mais forte; estando-se triste, sente-se consolado; tirar a prece é privar o homem de seu mais poderoso sustento moral na adversidade. Pela prece ele eleva sua alma, entra em comunhão com Deus, se identifica com o mundo espiritual, desmaterializa-se, condição essencial de sua felicidade futura; sem a prece, seus pensamentos ficam sobre a Terra, se prendem cada vez mais às coisas materiais; daí um atraso em seu adiantamento. 6- a principal autoridade da Doutrina é que não há um único de seus princípios que seja o produto de uma ideia preconcebida ou de uma opinião pessoal; todos, sem exceção, são o resultado da observação dos fatos; foi unicamente pelos fatos que o Espiritismo chegou a conhecer a situação e as atribuições dos Espíritos, assim como as leis, ou melhor uma parte das leis que regem suas relações com o mundo invisível; este é um ponto capital. 7- O Espiritismo partilhado em dez, em vinte seitas, aquela que tiver a supremacia e mais vitalidade será naturalmente a que dará maior soma de satisfações morais, que encherá o maior número de vazios da alma, que será fundada sobre as provas mais positivas, e que melhor se colocará ao uníssono com a opinião geral. Ora, o Espiritismo, tomando o ponto de partida de todos os seus princípios na observação dos fatos, não pode ser derrubado por uma teoria; mantendo-se constantemente ao nível das ideias progressivas, não poderá ser ultrapassado; apoiando-se sobre o sentimento da maioria, ele satisfaz as aspirações da maioria; fundado sobre estas bases, é imperecível, porque aí está a sua força.









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