“Uma coisa que vos parecerá estranhável, mas que por isso
não deixa de ser rigorosa verdade, é que o Mundo dos Espíritos, mundo que vos
rodeia, experimenta o contra-choque de todas as comoções que abalam o mundo dos
encarnados. Digo mesmo que aquele toma parte ativa nessas comoções. Nada tem
isto de surpreendente, para quem sabe que os Espíritos fazem corpo com a
Humanidade”. A
revelação faz parte de mensagem assinada por um Espírito identificado como Dr
Barry, reproduzida no capítulo 18 do livro A GÊNESE de Allan Kardec. E os surpreendentes relatos
do Espírito André Luiz confirmam
isso. Na obra OS MENSAGEIROS (feb,1944), por exemplo, imagens
que ilustram o comentário anterior. Reflitamos, percebendo inclusive o valor da
oração em nossas vidas: “Embora as luzes que nos rodeavam, notei
que os céus prometiam aguaceiros próximos. As brisas leves transformavam-se,
repentinamente, em ventania forte. Não obstante, as sensações de sossego eram
agradabilíssimas. — O vento, na Crosta, é sempre uma bênção celeste — exclamou Aniceto, sentencioso. — Podemos avaliar-lhe o caráter divino, em
virtude da nossa condição atual. A pressão atmosférica sobre os Espíritos
encarnados é, aproximadamente, de quinze mil quilos.— . Todavia, é interessante
notar — aduziu Vicente — que não sentimos
tamanho peso sobre os ombros. — É a diferença dos veículos de manifestação — esclareceu
Aniceto, atencioso. — Nossos corpos e os
de nossos companheiros encarnados apresentam diversidade essencial. Imaginemos
o círculo da Crosta como um oceano de oxigênio. As criaturas terrestres são
elementos pesados que se movimentam no fundo, enquanto nós somos as gotas de
óleo, que podem voltar à tona, sem maiores dificuldades, pela qualidade do
material de que se constituem. A essa altura do esclarecimento, notei que
formas sombrias, algumas monstruosas, se arrastavam na rua, à procura de abrigo
conveniente. Reparei, com espanto, que muitas tomavam a nossa direção, para,
depois de alguns passos, recuarem amedrontadas. Provocavam assombro.
Muitas, pareciam verdadeiros animais perambulando na via pública. Confesso que
insopitável receio me invadira o coração. Calmo, como sempre, Aniceto nos tranquilizou:
— Não temam — disse. Sempre que ameaça tempestade, os seres vagabundos
da sombra se movimentam procurando asilo. São os ignorantes que vagueiam nas
ruas, escravizados as sensações mais fortes dos sentidos físicos. Encontram-se
ainda colados às expressões mais baixas da experiência terrestre e os
aguaceiros os incomodam tanto quanto ao homem comum, distante do lar. Buscam,
de preferência, as casas de diversão noturna, onde a ociosidade encontra
válvula nas dissipações. Quando isto não se lhes torna acessível, penetram as
residências abertas, considerando que, para eles, a matéria do plano ainda
apresenta a mesma densidade característica. E, demonstrando interesse em
valorizar a lição do minuto, acrescentou.
— Observem como se inclinam para cá, fugindo, em seguida, espantados e
inquietos. Estamos colhendo mais um ensinamento sobre os efeitos da prece.
Nunca poderemos enumerar todos os benefícios da oração. Toda vez que se ora num
lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. Cada prece do coração
constitui emissão eletromagnética de relativo poder. Por isso mesmo, o culto
familiar do Evangelho não é tão só um curso de iluminação interior, mas também
processo avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que acende
em torno. O homem que ora traz consigo inalienável couraça. O lar que cultiva a
prece transforma-se em fortaleza, compreenderam? As entidades da sombra experimentam
choques de vulto, em contato com as vibrações luminosas deste santuário
doméstico, e é por isso que se mantêm à distância, procurando outros rumos”...
Compartilhamento de informações reveladoras disponibilizadas pelo Espiritismo ampliando nosso nivel cultural
faça sua pesquisa
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
sábado, 27 de fevereiro de 2016
DIFERENTE DO QUE SE IMAGINA
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
DEPENDÊNCIAS PSÍQUICAS
Argumento
usado pelos evasivos materialistas para justificar atitudes contrárias ao bom
senso resultante do conhecimento da Verdade seja ela a revelada pela ciência ou
pela experiência, a expressão ‘a carne é fraca’ definitivamente perde sentido com
a confirmação da imortalidade do Ser. Os Espíritos revelaram isso a Allan
Kardec nas pesquisas que fez acerca da situação dos Espíritos após a
morte ou mesmo dos depoimentos de inúmeros que foram entrevistados através de
diferentes médiuns nas reuniões da Sociedade Espírita de Paris. No fundo
reflete o estágio evolutivo daquele que no início do processo de aprendizado
através da experiência cede às pressões do instinto em detrimento da
inteligência que em algum momento prevalecerá funcionando como um mecanismo de
controle na ânsia do progresso. Nas avaliações da nossa realidade eram
denominados vícios, hoje com os avanços das pesquisas para entender o comportamento
humano, os podemos classificar dependências. E, há muitas: afetivas, químicas,
econômicas, sexuais, espirituais, doenças, da ilusão do poder, de redes sociais, aplicativos de celular e, entre outras,
até de Espíritos obsessores. Num interessante comentário reproduzido pelo Espírito
André
Luiz no livro OS MENSAGEIROS
(feb,1944), O Instrutor Aniceto considera: -“Demoramo-nos
todos a escapar da velha concha do individualismo. A visão da universalidade
custa preço alto e nem sempre estamos dispostos a pagá-lo. Não queremos
renunciar ao gosto antigo, fugimos aos sacrifícios louváveis. Nessas
circunstâncias, o mundo que prevalece para a alma desencarnada, por longo
tempo, é o reino pessoas de nossas criações inferiores”. Nas revelações
contidas na obra NOS DOMÍNIOS DA
MEDIUNIDADE (feb,1954), cenas que ilustram bem como nem a morte libera o indivíduo das mesmas: -“Transpusemos
a entrada. As emanações do ambiente produziam em nós indefinível mal-estar.
Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste
feição se demoravam expectantes. Algumas sorviam as baforadas de fumo
arremessadas ao ar, ainda aquecidas pelo calor dos pulmões que as expulsavam,
nisso encontrando alegria e alimento. Outras aspiravam o hálito de alcoólatras
impenitentes. Indicando-as, informou o orientador: – Muitos de nossos irmãos,
que já se desvencilharam do vaso carnal, se apegam com tamanho desvario às
sensações da experiência física, que se cosem àqueles nossos amigos terrestres
temporariamente desequilibrados nos desagradáveis costumes por que se deixam
influenciar. (...) O que a vida começou, a morte continua... Esses nossos
companheiros situaram a mente nos apetites mais baixos do mundo, alimentando-se
com um tipo de emoções que os localiza na vizinhança da animalidade. Não
obstante haverem frequentado santuários religiosos, não se preocuparam em
atender aos princípios da fé que abraçaram, acreditando que a existência devia
ser para eles o culto de satisfações menos dignas, com a exaltação dos mais
astuciosos e dos mais fortes. O chamamento da morte encontrou-os na esfera de
impressões delituosas e escuras e, como é da Lei que cada alma receba da vida
de conformidade com aquilo que dá, não encontram interesse senão nos lugares
onde podem nutrir as lhes são peculiares, porquanto, na posição em que se veem,
temem a verdade e abominam-na, procedendo como a coruja que foge à luz. (...)
Chegará o dia em que a própria Natureza lhes esvaziará o cálice Há mil
processos de reajuste, no Universo Infinito em que se cumprem os Desígnios do
Senhor, chamem-se eles aflição, desencanto, cansaço, tédio, sofrimento,
cárcere... (...) Quando não se fatiguem, a Lei poderá conduzi-los a prisão
regeneradora(...) Há dolorosas reencarnações que significam tremenda luta
expiatória para as almas necrosadas no vício. Temos, por exemplo, o mongolismo,
a hidrocefalia, a paralisia, a cegueira, a epilepsia secundária, o idiotismo, o
aleijão de nascença e muitos outros recursos, angustiosos embora, mas
necessários, e que podem funcionar, em benefício da mente desequilibrada, desde
o berço, em plena fase infantil. Na maioria das vezes, semelhantes processos de
cura prodigalizam bons resultados pelas provações obrigatórias que oferecem...
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
MEDIUNIDADE - AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ
Inerente
ao Ser humano, instrumento de interação entre Dimensões Existenciais - ou
Universos Paralelos – teve no Espiritismo sua definição e até agora as melhores
explicações. Allan Kardec a comparava ao microscópio no aprofundamento dos
conhecimentos do microuniverso, descortinando as realidades existentes além da
Terceira Dimensão, dos nossos limitados cinco sentidos. Tendo n’O
LIVRO DOS MÉDIUNS seu guia de orientações para os interessados no assunto,
foi tratada sob diferentes ângulos em outras Obras Básicas, mas especialmente nos números da REVISTA ESPÍRITA, em várias edições,
oferecendo elementos importantes para reflexão. Numa compilação desenvolvida em
2015 intitulada MEDIUNIDADE - AS RESPOSTAS QUE O ESPIRITISMO DÁ - disponível na INTERNET no Google -, inúmeros esclarecimentos. Destacamos
na sequencia alguns desses apontamentos que ampliam o entendimento sobre a questão.1-
Qual a dinâmica dos fenômenos mediúnicos? Durante sua encarnação, o Espírito atua sobre a matéria por intermédio de
seu corpo fluídico ou perispírito; ocorre o mesmo fora da encarnação. Ele faz,
como Espírito e na medida de suas possibilidades, o que fazia como homem; como
ele não tem mais seu corpo carnal por instrumento, se serve, quando necessário,
dos órgãos materiais de um encarnado, que se torna o que se chama médium. Ele
faz como aquele que, não podendo mesmo escrever, toma emprestada a mão de um
secretário; ou que, não sabendo uma língua, serve-se de um interprete. Um
secretário, um interprete são os médiuns de um encarnado, como o médium é o
secretário ou interprete de um Espírito. (G, 13, 5) 2- Ocorrem de forma natural? Os fenômenos espíritas são, o mais
frequentemente, espontâneos e se produzem sem nenhuma ideia preconcebida
nas pessoas que neles menos pensam; em certas circunstâncias, eles podem ser
provocados por agentes designados sob o nome de médiuns; no primeiro caso, o
médium é inconsciente do que se produz por seu intermédio; no segundo, age com
conhecimento de causa; daí a distinção de médiuns conscientes e inconscientes.
Estes últimos são mais numerosos e se encontram frequentemente, entre os
incrédulos mais obstinados que, assim, praticam o Espiritismo sem o saber e sem
querer. Os fenômenos espontâneos tem, por isso mesmo, uma importância capital,
por não se pode suspeitar da boa fé daqueles que os obtém. (G, 13, 12)
4- A mediunidade é, como dizem, um
dom? A mediunidade não é um
talento; não existe senão pelo concurso de um terceiro; se esses terceiros se
recusam, não há mais mediunidade. A aptidão pode subsistir, mas o seu exercício
está anulado. Um médium sem a assistência dos Espíritos é como um violinista
sem violino. (RE; 3/1864)
5- Todas as pessoas são realmente médiuns? A mediunidade é uma faculdade inerente à natureza do homem. Nem é uma
exceção, nem um favor; faz parte do grande conjunto humano e, como tal, está
sujeita às variações físicas e às desigualdades morais; sofre o dualismo
terrível do instinto e da inteligência. (RE; 5/1865) 6- Porque a maioria não a percebe em si? A mediunidade é uma faculdade multiforme; apresenta uma infinidade de nuanças em seus meios e em seus
efeitos. Aquele que é apto para receber ou transmitir as comunicações dos
Espíritos é, por isto mesmo, um médium, seja qual for o meio empregado ou o
grau de desenvolvimento da faculdade – desde a simples influência oculta até a
produção dos mais insólitos fenômenos. Contudo, no uso corrente, o vocábulo tem
uma acepção mais restrita e se diz, geralmente, das pessoas dotadas de uma
potência mediatriz muito grande, tanto para produzir efeitos físicos, quanto
para transmitir o pensamento dos Espíritos pela escrita ou pela palavra. (RE, 2/1859) 7- A faculdade mediúnica é indício de um
estado patológico qualquer, ou simplesmente anormal? Algumas vezes anormal, mas não patológico; há médiuns de uma saúde
vigorosa; os que são doentes, o são por outras causas. (LM) 8- Como saber se sou médium com essa característica? Até o momento não se conhece nenhum diagnóstico para a mediunidade.
(...). Experimentar é o único meio de saber se existe ou não a percepção. De
resto, os médiuns são muito numerosos, sendo bastante raro que, se não o somos
nós mesmos, não encontremos alguns em membros de nossas famílias ou em nosso
círculo de amizades. O sexo, a idade, o temperamento são indiferentes. São
encontrados entre os homens e entre as mulheres, as crianças e os velhos, as
pessoas que tem boa saúde e as que estão doentes. (OQE)
domingo, 21 de fevereiro de 2016
SEMPRE VÁLIDO REVER
O
monitoramento das causas de morte nos países cobertos pela OMS- Organização
Mundial de Saúde indicam ser o suicídio uma das que mais crescem nas
estatísticas. Inclusive suicídios juvenis, o que havia sido previsto pela
Espiritualidade Superior nas mensagens reproduzidas e analisadas por Allan
Kardec em números da REVISTA
ESPÍRITA, ano 1866. Decisão e ação condenada por todas as Escolas
Religiosas, através do Espiritismo encontra um posicionamento racional
inclusive nascido do depoimento de vários Espíritos que recorreram a tão
radical expediente. Ao longo do século 20, o médium Chico Xavier foi abordado
em mais de uma vez sobre a questão, acrescentando elementos uteis para nossas
reflexões. Destacamos a seguir dois deles: 1- O suicídio é consequência
de fatores psicológicos em desagregação ou de influências espirituais em
evolução? Chico Xavier – Cada Espírito é
senhor de seu próprio mundo individual. Quando perpetramos a deserção
voluntária dos nossos deveres, diante das leis que nos governam, decerto que
imprimimos determinadas deformidades no corpo espiritual. Essas deformidades
resultam das causas cármicas estabelecidas por nós mesmos, pelas quais sempre
recebemos de volta os efeitos das próprias ações. Cometido o suicídio, nessa ou
naquela circunstância, geramos lesões e problemas psicológicos na própria alma,
dificuldades essas que seremos chamados a debelar na próxima existência, ou nas
próximas existências, segundo as possibilidades ao nosso alcance. Assim,
formamos, com um suicídio, muitas tentações a suicídio no futuro, porque em nos
reencarnando, carregamos conosco tendências e inclinações, como é óbvio, na
recapitulação de nossas experiências na Terra. 2-
Os Espíritos acham que os sofrimentos dos
suicidas decorrem de um castigo e Deus? Chico Xavier – Não. Não decorrem de um castigo de Deus,
porque Deus é a Misericórdia Infinita, a Justiça Perfeita. Emmanuel sempre me
explica que, quando atentamos contra o nosso corpo, na Terra, ferimos as
estruturas do nosso corpo espiritual. Infringimos a nós mesmos essas punições. Permanecemos
no Além com os resultados do suicídio para depois, ao reencarnarmos na Terra,
trazermos as consequências em nosso próprio corpo. O suicídio, para aqueles que
conhecem a importância da vida, impõe um complexo culposo muito grande nas
consciências. O problema está dentro de nós e, na hora de voltar à Terra,
pedimos para assumir as dificuldades inerentes às nossas culpas. Se a bala
atravessou o centro da fala, naturalmente vamos retomar o corpo físico em
condições de mudez. Se atravessa o centro da visão, vamos renascer com processo
de cegueira. Se nos precipitamos de alturas e aniquilamos o equilíbrio de
nossas estruturas espirituais, vamos voltar com determinadas moléstias que
afetam o nosso equilíbrio. Quando nos envenenamos, quando envenenamos as nossas
vísceras, somos candidatos, quando voltamos à Terra, ao câncer nos primeiros
dias de infância, ao problema de fluidos comburentes que criam desequilíbrio no
campo celular. Muitas vezes encontramos numa criança recentemente nascida um
processo canceroso que nós não sabemos justificar, senão pela reencarnação,
porque o espírito traz consigo aquela angústia, aquele desequilíbrio que se
instala dentro de si próprio. Pelo enforcamento, nós trazemos determinados
problemas de coluna e caímos logo nos processos de paraplegia. Somos crianças
ligadas, parafusadas ao leito durante determinado tempo, em luta de auto corrigenda,
de autopunição, de reestruturação de peças de nosso corpo espiritual.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
IMPORTANTE POSICIONAMENTO
Num
dos artigos da REVISTA ESPÍRITA de janeiro
de 1863, um questionamento interessante dirigido ao editor é proposto: -“Li numa de vossas obras: ‘O Espiritismo não se dirige àqueles que têm
uma fé religiosa qualquer, com vista a dissuadi-los, e aos quais essa fé basta
à sua razão e à sua consciência, mas à numerosa categoria dos indecisos, dos
incrédulos, etc.’ “E por que não? O Espiritismo, que é a verdade, não deveria
dirigir-se a todos? a todos os que estão em erro? Ora, os que creem numa
religião qualquer, protestante, judaica, católica ou outra qualquer, não estão
em erro? Indubitavelmente, porque as diversas religiões hoje professadas apregoam
verdades incontestáveis e nos obrigam a crer em coisas completamente falsas ou,
pelo menos, em coisas que podem até vir de fontes verdadeiras, mas falseadas em
sua interpretação. Se está provado que as penas são apenas temporárias – e Deus
sabe se é um leve erro confundir o temporário com o eterno – que o fogo do
inferno é uma ficção e que, se em vez de uma criação em seis dias, trata-se de
milhões de séculos, etc.; se tudo isto está provado, digo eu, partindo do
princípio de que a verdade é una, as crenças oriundas de uma interpretação tão
falsa desses dogmas não são nem mais nem menos do que falsas, pois uma coisa é
ou não é; não há meio termo. “Por que, então, o Espiritismo não se dirige
também a todos os que acreditam em absurdos, para os dissuadir, como aos que em
nada creem ou que duvidam, etc?”
Avaliando o argumento, Allan Kardec argumenta: -“Aproveitamos
a oportunidade da carta, da qual extraímos as passagens acima, para lembrar,
uma vez mais, o objetivo essencial do Espiritismo, sobre o qual o autor da
carta não parece bastante edificado. Pelas provas patentes que dá da existência
da alma e da vida futura, base de todas as religiões, o Espiritismo é a negação
do materialismo e, por conseguinte, se dirige aos que negam ou duvidam. É bem
evidente que os que não creem em Deus e na alma não são católicos, nem judeus,
nem protestantes, seja qual for a religião em que tiverem nascido; não seriam,
sequer, maometanos ou budistas. Ora, pela evidência dos fatos, são levados a crer
na vida futura, com todas as suas consequências morais; são livres para adotar,
mais tarde, o culto que melhor lhes convenha à razão ou à consciência. Mas aí
se detém o papel do Espiritismo; ele é o responsável por três quartos do
caminho; ajuda a transpor o passo mais difícil – o da incredulidade. Compete
aos outros fazer o resto. “Mas” – poderá dizer o autor da carta – “e se nenhum
culto me convier?” Muito bem! ficai então como estais. Aí o Espiritismo nada
pode. Ele não se encarrega de vos fazer abraçar um culto à força, nem de
discutir para vós o valor intrínseco dos dogmas de cada um: deixa isto à vossa
consciência. Se o que o Espiritismo dá não vos basta, buscai, entre todas as
filosofias existentes, uma doutrina que melhor satisfaça às vossas aspirações.
Os incrédulos e os indecisos formam uma categoria muito numerosa. Quando o
Espiritismo diz que não se dirige aos que têm uma fé qualquer, e aos quais esta
é bastante, quer significar que não se impõe a ninguém e não violenta
consciência alguma. Dirigindo-se aos incrédulos, chega a convencê-los por meios
próprios, pelos raciocínios que sabe terem acesso à sua razão, porquanto os
outros foram impotentes. Numa palavra, tem o seu método, com o qual obtém,
diariamente, belíssimos resultados; mas não tem uma doutrina secreta. Não diz a
uns: abri os ouvidos, e a outros: fechai-os. A todos fala pelos seus escritos e
cada um é livre de adotar ou rejeitar sua maneira de encarar as coisas. Desse
modo, faz crentes fervorosos dos que eram incrédulos. É tudo o que ele quer.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
MUDANDO O FOCO
Professor
de Filosofia, italiano, Ernesto Bozzano está intimamente
ligado à pesquisa dos fenômenos inabituais na espécie humana,
invariavelmente, associados por isso mesmo -pelos que não querem estudar ou pensar - ao misticismo. Nessa área organizou
cerca de 52 livros, alguns dos quais póstumos, de conteúdo extremamente interessante
demonstrando que entre o final do século 19 e o fim da primeira metade do
século 20, muitos pesquisadores igualmente se interessavam pelo assunto. O
Espiritismo conforme apresentado por Allan Kardec não parece ter sido sua
principal preocupação, tendo se influenciado mais intensamente pela
Metapsíquica do fisiologista francês Charles Richet. Seu nome,
curiosamente ainda é lembrado porque espíritas brasileiros procuraram traduzir
alguns dos principais títulos por ele assinados. Num deles, PENSAMENTO E VONTADE (feb),encontramos importante contribuição a
respeito de assunto tratado por Allan Kardec em artigo reproduzido n’ OBRAS POSTUMAS sob o título FOTOGRAFIA
DO PENSAMENTO. No trabalho de Bozzano, ele satisfaz a dúvida dos que ouvem
falar das FORMAS PENSAMENTO. Destacamos alguns pontos para reflexão:- “Já
os magnetizadores da primeira metade do século passado haviam notado que os
sonâmbulos não só percebiam o pensamento das pessoas com quem se punham em
relação, sob a forma de imagens geralmente localizadas no cérebro,, com também,
eventualmente, fora dele, e mais ou menos imersos na aura da pessoa que, na
ocasião, tinha na mente o pensamento correspondente à imagem. (...). Os
teósofos, que têm sempre muitas observações a respeito das formas do
pensamento, afirmam, apoiados em declarações de seus videntes - entre eles
Annie Besant e Charles Leadbeater - que as ditas formas do pensamento não se
restringem às imagens de pessoas e coisas, mas atingem as concepções abstratas,
as aspirações do sentimento, os desejos passionais, que revestem formas
características e estranhamente simbólicas . A este respeito, importa acentuar
que as descrições teosóficas desse simbolismo do pensamento estão em
surpreendente concordância com as dos clarividentes sensitivos. Vamos aqui
resumir o trecho de um livro (THOUGHT-FORMES) de Annie Besant e Leadbeater,
para compará-lo depois a uma outra passagem tomada às declarações de um
sensitivo clarividente. Eis o que a respeito diz esses autores: Todo pensamento
cria uma série de vibrações na substância do corpo mental, correspondentes à
natureza do mesmo pensamento, e que ai combinam em maravilhoso jogo de cores,
tal como se dá com as gotículas de água desprendidas de uma cascata, quando
atravessadas pelo raio solar, apenas com a diferença de maior vivacidade e
delicadeza de tona. O corpo mental, graças ao impulso do pensamento,
exterioriza uma fração de si mesmo, que toma forma correspondente à intensidade
vibratória, tal como o pó de licopódio que, colocado sobre um disco sonante,
dispõe-se em figuras geométricas, sempre uniformes em relação com as notas
musicais emitidas. Ora, este estado vibratório da fração exteriorizada do corpo
mental, tem a propriedade de atrair ai, no meio etéreo, substância sublimada
análoga à sua. Assim é que se produz uma forma pensamento, que é, de certo
modo, uma entidade animada de intensa atividade, a gravitar em torno do
pensamento gerador... Se este pensamento implica uma aspiração pessoal de quem
o formulou - tal como se dá com a maioria dos pensamentos - volteia, então, ao
derredor do seu criador, pronto sempre a reagir benéfica ou maleficamente, cada
vez que o sinta em condições passivas. Estranhamente simbólicas as formas do
pensamento, algumas delas representam graficamente os sentimentos que as
originaram. A usura, a ambição, a avidez, produzem formas retorcidas, como que
dispostas a apreender o cobiçado objeto. O pensamento, preocupado com a
resolução de um problema, produz filamentos espirais. Os sentimentos
endereçados a outrem, sejam de ódio ou de afeição, originam formas-pensamentos
semelhantes aos projéteis. A cólera, por exemplo, assemelha-se ao ziguezague do
raio, o medo provoca jactos de substância pardacenta, quais salpicos de lama.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
ENTENDENDO A OBSESSÃO
Indiscutivelmente
após Allan
Kardec ter demonstrado através de seus experimentos com a mediunidade a
existência do Mundo Espiritual, as revelações daí derivadas sobre a influência
espiritual e a obsessão representam importante contribuição para se compreender
melhor o comportamento humano. Sempre oportuno, portanto, refletirmos sobre o
tema. O Espírito Emmanuel, no início do século 20 repassou para nossa Dimensão
através dos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira uma interessante obra intitulada LEIS DE AMOR (feesp). Dela, o
conteúdo apresentado a seguir: 1-Existe relação entre
obsessão e correntes mentais?-Quem
se refere à obsessão há de reportar-se, necessariamente, às correntes mentais.
O pensamento é a base de tudo. 2- Em que tempo e
situação no podem atingir os fenômenos deprimentes da obsessão? - Salientando-se que o pensamento é a alavanca de
ligação, para o bem ou para o mal, é muito fácil perceber que os fenômenos
deprimentes da obsessão podem atingir-nos, em qualquer condição e em qualquer
tempo. 3- É preciso que o obsediado observe a própria
vida mental para contribuir para as próprias melhorias? - Sim. As correntes mentais são tão evidentes quanto as correntes
elétricas, expressando potenciais de energias para realizações que nos exprimem
direção, propósito ou vontade, seja para o mal ou para o bem. 4- Qual o papel do desejo, da palavra, da atividade e da ação
no fenômeno obsessivo? - Cada um de nós é
acumulador por si, retendo as forças construtivas ou destrutivas que geramos.
Desejo, palavra, atitude e ação representam eletroímãs, através dos quais atraímos
forças iguais àquelas que exteriorizamos, no rumo dos semelhantes. 5- Quais as consequências para quem se detém em qualquer
aspecto do mal? - Deter-nos, em
qualquer aspecto do mal, é aumentar-lhe a influência, sobre nós e sobre os outros.
6- Qual
a relação entre as manifestações do sentimento aviltado e os desequilíbrios da
personalidade? -Todas as
manifestações de sentimento aviltado quais sejam a calúnia e a maledicência, a
cólera e o ciúme, a censura e o sarcasmo, a intemperança e a licenciosidade,
estabelecem a comunicação espontânea com os poderes que os representa, nos
círculos inferiores da natureza, criando distonias e enfermidades, em que se
levantam fobias e fixações, desequilíbrios e psicoses, a evoluírem para a
alienação mental declarada. 7- O que nos acontece
moralmente quando emitimos um pensamento? -
Emitindo um pensamento, colocamos um agente energético em circulação, no organismo da vida – agente esse que
retornará fatalmente a nós, acrescido do bem ou do mal de que o revestimos. 8- Qual a relação entre
os nossos pontos vulneráveis e o retorno do mal que praticamos? - Compreendendo-se que cada um de nós possui pontos
vulneráveis, no estado evolutivo deficitário em que ainda nos encontramos, toda
vez que o mal se nos associe a essa ou àquela ideia, teremos o mal de volta a
nós mesmos, agravando-se doenças e fraquezas, obsessões e paixões. 9- O que recebemos dos outros? - Assimilamos dos outros o que damos de nós. 10- Que imagens reflete o espelho da mente? - A mente pode ser comparada a espelho vivo, que reflete
as imagens que procura. 11- Qual o nexo
existente entre a obsessão e os interesses da criatura? - A obsessão, em qualquer tipo pelo qual se expresse, está
fundamentalmente vinculada aos processos mentais em que se baseiam os
interesses da criatura. 12- As companhias têm
influência na obsessão? - Assevera o Cristo: “Busca e acharás”. Encontraremos, sim,
os companheiros que buscamos, seja par ao bem ou para o mal. 13- Qual a solução mais simples ao problema da obsessão? - Consagremo-nos à construção do bem de todos; cada dia
e cada hora, porquanto caminhar entre Espíritos nobres ou desequilibrados;
sejam eles encarnados ou desencarnados, será sempre questão de escolha e
sintonia.
sábado, 13 de fevereiro de 2016
ADVERTÊNCIA ATUALÍSSIMA
As comunicações procedentes do Plano Espiritual são
totalmente confiáveis? A dúvida é procedente, constituindo-se
a resposta em argumento importante para aqueles que se esforçam em desacreditar
a realidade da influência espiritual em nossa Dimensão. No número de maio
de 1865 da REVISTA ESPÍRITA,
Allan
Kardec reproduz três manifestações do Espírito Pascal, recebidas por um
médium de Lyon, identificado apenas como Sr. X, uma das quais
posicionando-se sobre o tema. Diz o celebre matemático do século 17: –“Temos-vos
dito muitas vezes que investiguem as comunicações que vos são dadas,
submetendo-as à análise da razão, e que não tomeis sem exame as inspirações que
vêm agitar o vosso Espírito, sob a influência de causas por vezes muito
difíceis de constatar pelos encarnados, entregues a distrações sem-número. As
ideias puras que, por assim dizer, flutuam no espaço (segundo a ideia
platônica), levadas pelos Espíritos, nem sempre podem alojar-se sozinhas e
isoladas no cérebro dos vossos médiuns. Muitas vezes encontram o lugar
ocupado por ideias preconcebidas, que se espalham com o jacto da
inspiração, perturbando-o e transformando-o de maneira inconsciente, é verdade,
mas algumas vezes de maneira bastante profunda para que a ideia espiritual se
ache, assim, inteiramente desnaturada. A inspiração encerra dois elementos: o
pensamento e o calor fluídico destinado a excitar o Espírito do médium,
dando-lhe o que chamais a verve da composição. Se a inspiração encontrar o
lugar ocupado por uma ideia preconcebida, da qual o médium não pode ou não quer
desligar-se, nosso pensamento fica sem intérprete e o calor fluídico se gasta
em estimular uma ideia que não é nossa. Quantas vezes em vosso mundo egoísta e
apaixonado temos trazido o calor e a ideia! Desdenhais a ideia, que vossa
consciência deveria fazer-vos reconhecer e vos apoderais do calor, em benefício
de vossas paixões terrenas, por vezes dilapidando o bem de Deus em proveito do
mal. Assim, quantas contas terão de prestar um dia todos os advogados das
causas equivocadas! Sem dúvida seria desejável que as boas inspirações pudessem
sempre dominar as ideias preconcebidas. Mas, então, entravaríamos o
livre-arbítrio da vontade do homem e, assim, este último escaparia à
responsabilidade que lhe pertence. Mas se somos apenas os conselheiros
auxiliares da Humanidade, quantas vezes nos devemos felicitar, quando nossa
ideia, batendo à porta de uma consciência estreita, triunfa da ideia
preconcebida e modifica a convicção do inspirado! Entretanto, não se deveria
crer que nosso auxílio mal-empregado não traísse um pouco o mau uso que dele
podem fazer. A convicção sincera encontra acentos que, partidos do coração,
chegam ao coração; a convicção simulada pode satisfazer as convicções
apaixonadas, vibrando em uníssono com a primeira, mas traz um frio particular
que deixa a consciência malsatisfeita e revela uma origem duvidosa. Quereis
saber de onde vêm os dois elementos da inspiração mediúnica? A resposta é
fácil: a ideia vem do mundo extraterrestre – é a inspiração própria do
Espírito. Quanto ao calor fluídico da inspiração, nós o encontramos e o tomamos
em vós mesmos; é a parte quintessenciada do fluido vital em emanação; algumas
vezes nós a tomamos do próprio inspirado, quando este é dotado de certo poder
fluídico, ou mediúnico, como dizeis; na maioria das vezes nós o tomamos em seu
ambiente, na emanação de benevolência, de que está mais ou menos cercado. É por
isto que se pode dizer com razão que a simpatia torna eloquente. Se refletirdes
atentamente nestas causas, encontrareis a explicação de muitos fatos que a
princípio causam admiração, mas dos quais cada qual possui uma certa intuição.
Só a ideia não bastaria ao homem, se não se lhe desse o poder de exprimi-la. O
calor é para a ideia o que o perispírito é para o Espírito, o que o vosso corpo
é para a alma. Sem o corpo a alma seria impotente para agitar a matéria; sem o
calor, a ideia seria impotente para comover os corações. A conclusão desta
comunicação é que jamais deveis abdicar de vossa razão, ao examinardes as
inspirações que vos são submetidas. Quanto mais o médium tem ideias
adquiridas, mas é ele susceptível de ideias preconcebidas, mais deve fazer
tábula rasa de seus próprios pensamentos, abandonar as influências que o agitam
e dar à sua consciência a abnegação necessária a uma boa comunicação”.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
SEM MUITO ESPAÇO
Muitos
imaginam que o Espírito que se destacou na sociedade humana do século 20 com o
nome Chico
Xavier, tenha chegado pronto para o exercício, sobretudo, de sua tarefa
no campo da mediunidade. Todavia, estudando sua trajetória, percebe-se que a
partir do primeiro encontro com o Orientador Espiritual Emmanuel é que começa a
se intensificar o trabalho de burilamento dirigido que o transformou numa
referência do verdadeiro espírita definido por Allan Kardec, aquele que
é
reconhecido por sua transformação moral e pelo esforço que faz para dominar
suas más inclinações. O roteiro da disciplina, disciplina, disciplina,
foi incorporado por ele ao longo dos anos que se seguiram ao 1931 em que ouviu
a orientação de Emmanuel. Reunimos algumas passagens para demonstrar como o
Guia Espiritual era severo com seu discípulo: EXEMPLO 1- Em 1940,
ficou gravemente enfermo. O médico que lhe assistia fez o diagnóstico,
prevendo um ataque de uremia. Se a retenção perdurasse por mais 24
horas, teria o Chico um colapso e
desencarnaria. Assim lhe dissera o médico, o colocando a par da realidade
dolorosa. O facultativo saiu e Chico
notou que, do Alto, Bezerra de
Menezes, André Luiz e Emmanuel providenciavam lhe recursos, entremostrando
lhe que era grave seu estado. Preparou se, então, para morrer bem.
Pediu, em prece sentida, a Emmanuel,
que o recebesse na Espiritualidade. Seu amoroso Guia, sentindo-lhe a
intenção, considerou: — Não posso,
Chico, auxiliá-lo no seu desencarne. Tenho muito que fazer. Mas se você
sentir que a hora chegou, recorra aos amigos do “Luiz Gonzaga”. Você não
é melhor que os outros. EXEMPLO
2- O Chico recebera um convite reiterado para assistir a uma solenidade
que um Centro Espírita de determinado lugar, um pouco distante de Belo
Horizonte, realizaria. A carta convite, assinada pelos diretores do Centro,
contendo encômios à pessoa do médium, dizia que sua presença era
indispensável... O Chico pensou
muito naquele adjetivo, sentiu a preocupação dos irmãos distantes,
ansiosos pela sua presença. Certamente iria realizar uma grande missão. E não
relutou mais. Junto ao seu bondoso chefe, justificou sua
ausência por dois dias, comprou passagem na Central do Brasil e partiu. No
meio da viagem, quando já sonhava com a chegada, antes sentindo a alegria dos
irmãos, Emmanuel lhe aparece e diz:
— Então, você se julga
indispensável e, por isto, rompeu todos os obstáculos e viaja assim como
quem, por isto mesmo, vai realizar uma importante tarefa... Já refletiu, Chico,
que o serviço do ganha pão é indispensável a você? Pense bem... O Chico pensou... E, na próxima estação,
desceu do trem e tomou outro de volta... EXEMPLO 3 - Numa
singela sala residencial, em Pedro Leopoldo, a conversação ia animada. Muitos
assuntos. Muitas referências. A palestra começara às cinco da tarde e o relógio
anunciava onze da noite. Chico ia
começar uma variação de tema, quando viu Emmanuel a chamá-lo para o interior doméstico. O médium pediu
licença e foi atender. — Você sabe
que hoje temos a tarefa do livro em recepção e já estamos atrasados...
— falou o amigo espiritual. — É verdade — concordou o Chico —, entretanto, tenho visitas e
estamos conversando. — Sem dúvida
— considerou o Guia — compreendemos
a oportunidade de uma a duas horas de entendimento fraterno para atender aos
irmãos sem objetivo, porque, às vezes, através da banalidade, podemos algo
fazer na sementeira de luz... Mas não entendo, seis horas a fio de conversação
sem proveito. O médium nada respondeu. Indeciso, deixara correr os minutos,
quando Emmanuel lhe disse: — Bem, eu não disponho de mais tempo. Você
decide. Converse ou trabalhe. Chico
não mais vacilou. Deixou a palestra que prosseguia, cada vez mais
acesa na sala e confiou se à tarefa que o aguardava com a assistência generosa
do Benfeitor Espiritual. EXEMPLO
4 - Alguns companheiros
conversavam furiosamente, em Pedro Leopoldo, sobre certo político: a
coisa devia ser assim... Devia ser de certo modo... O homem era a perversidade
em pessoa... Prometera isso e fizera aquilo... Um dos irmãos dirigiu se ao
médium e perguntou: — Que diz você, Chico? Temos alguma referência dos
Amigos Espirituais sobre o caso? O interpelado pretendia responder, mas no
justo momento, em que ia emitir a sua opinião, ouviu a voz de Emmanuel sussurrar lhe, segura, aos
ouvidos: — Cale a sua boca. Você
nada tem a ver com isso. O médium ruborizou-se e o grupo, em torno,
verificou que o Chico
não conseguia responder, apesar do desejo de externar se. Alguém
ponderou que ele deveria estar mal e rodearam no, em oração, dando lhe
passes. A reunião dispersou se. Não foram poucos os que, estranhando o caso,
afirmaram em surdina que o Chico
parecia francamente um pobre obsidiado.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
COISAS QUE TALVEZ VOCÊ NÃO SAIBA
Quando o Espírito
de Verdade enunciou a célebre orientação “Espíritas amai-vos, eis
o primeiro mandamento; instruí-vos, eis o segundo”, de certa forma
apenas reafirmava outra preservada nos Evangelhos de que “conhecereis a
Verdade e ela vos libertará”. Aqueles que ávidos de informação buscam
respostas, esbarram, por vezes em duvidas que certamente consistiram buscas de
Allan Kardec no acervo que construiu nos 12 anos de suas pesquisas em torno da
nova realidade que se lhe revelava. Na REVISTA ESPÍRITA de fevereiro
de 1868, por exemplo, encontramos uma delas: - “O Messias anunciado é
a pessoa mesma do Cristo?. A resposta encontra-se numa
mensagem do Espírito Lacordaire cujo nome
completo é Jean Baptiste-Henri Dominique Lacordaire. Autor de
mensagens de conteúdo significativo, incluídas por Allan Kardec em
várias edições da própria REVISTA
ESPÍRITA e três n’ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO é considerado
como um precursor do catolicismo moderno. Foi Padre, jornalista,
educador, deputado e acadêmico. Advogado aos 22 anos, ordenado Sacerdote aos
26, aos 28 passa a colaborar no jornal diário católico L’AVENIR,
periódico que defende a liberdade religiosa e de ensino, defendendo também a
separação da Igreja do Estado. Desencarnado em 1861, aos 59 anos, já no ano de 1862, ressurge em Paris,
através da mediunidade, ofertando sua contribuição sobre temas importantes nas
obras básicas do nascente ESPIRITISMO. Entre outras interessantes informações, diz
ele: -
Perto de Deus estão numerosos Espíritos chegados ao topo da escada dos
Espíritos puros, entre eles seus enviados superiores, encarregados de missões
especiais. Podeis chama-los Cristos: é a mesma escola; são as mesmas ideias
modificadas conforme os tempos. Eis porque uma multidão de Espíritos de todas
as ordens, sob a direção do Espírito de Verdade, vieram a todas as partes do
mundo e a todos os povos, revelar as leis do Mundo Espiritual, cujo ensino Jesus
havia adiado e lançar, pelo Espiritismo, os fundamentos da nova ordem social. Não
creiais que esse Messias esteja só; haverá muitos que abraçarão, pela posição
que cada um ocupará no Mundo, as grandes partes da ordem social: a politica, a
religião, a legislação, a fim de as fazer concordar com o mesmo objetivo. Além
dos Messias principais, surgirão Espíritos de escol em todas as partes do
detalhe e que, com lugares-tenentes animados da mesma fé e do mesmo desejo,
agirão de comum acordo, sob o impulso do pensamento superior. Assim é que,
pouco a pouco, estabelecer-se-á a harmonia do conjunto”. Outra curiosidade que se apresenta aos estudiosos da Doutrina Espírita
é sobre se O ESPÍRITO DE VERDADE
É JESUS?. A
resposta pode ser deduzida de uma mesma mensagem reproduzida em duas das
chamadas obras básicas organizadas por Allan Kardec. A primeira n’ O LIVRO DOS MÉDIUNS, capítulo 31, item 9, assinada por JESUS
DE NAZARÉ. N’O EVANGELHO
SEGUNDO O ESPIRITISMO, capítulo 6,
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS, primeira mensagem – a mesma do livro anterior
suprimido apenas o primeiro parágrafo é assinada por ESPÍRITO DE VERDADE. Outro dado desconhecido
que pode parecer sem maior importância mas não é aos que tentam entender a
lógica da evolução está na resposta à questão 607 d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS. A
condição de Espírito é
característica do período conhecido como Humano. Reflitamos na resposta da
Espiritualidade a Allan Kardec: - “Nos seres inferiores da
criação, que estais longe de conhecer inteiramente, o Princípio Inteligente se
elabora, se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida. É de certa
maneira um trabalho preparatório, como o de germinação, em seguida ao qual o
Princípio Inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito”.
domingo, 7 de fevereiro de 2016
CARNAVAL - TRANSE ALUCINATÓRIO E ALIENANTE
-“Grande,
expressiva faixa da humanidade terrena transita entre os limites do instinto e
os pródromos da razão, mais sequiosos de sensações do que ansiosos pelas
emoções superiores. Natural que se permitam, nestes dias, os excessos que
reprimem por todo o ano, sintonizados com as Entidades que lhes são afins. É de
lamentar, porém, que muitos se apresentam, nos dias normais, como discípulos de
Jesus, preferindo, agora, Baco e os seus assessores de orgia ao Amigo
Afetuoso”. Os
razoavelmente esclarecidos pelos conteúdos do Espiritismo não tem dificuldade
de entender a ponderação do Dr Bezerra de Menezes ao Espírito Manuel
Philomeno de Miranda nas páginas do livro NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA (alvorada). Numa das cenas capturadas
pelo autor, podemos ter uma ideia dos bastidores das grandes concentrações
humanas em diferentes localidades brasileiras: -“A cidade, regorgitante, era um
pandemônio. A multidão de desencarnados, que se misturava à mole humana em
excitação dos sentidos físicos, dominava a paisagem sombria das avenidas,
ruas e praças feericamente iluminadas, mas cujas luzes não venciam a psicosfera
carregada de vibrações de baixo teor. Parecia que as milhares de lâmpadas
coloridas apenas bruxuleavam na noite, como ocorre quando desabam fortes
tempestades. Os grupos mascarados eram acolitados por frenéticas massas de
seres espirituais voluptuosos, que se entregavam a desmandos e orgias
lamentáveis, inconcebíveis do ponto de vista terreno. Uns magotes desenfreados
atacavam os burlescos transeuntes, tentando prejudicá-los com as induções
nefastas que se permitiam transmitir. Outros, compostos de verdugos que não disfarçavam
as intenções, buscavam as vítimas em potencial para alijá-las do equilíbrio,
dando início a processos nefandos de obsessões demoradas. Podíamos registar que
muitos fantasiados haviam obtido inspiração para as suas expressões grotescas,
em visitas a regiões inferiores do Além, onde encontravam larga cópia de
deformidades e fantasias do horror de que padeciam os seus habitantes em punição
redentora, a que se arrojavam espontaneamente. As incursões aos sítios de
desespero e loucura são muito comuns pelos homens que se vinculam aos ali
residentes pelos fios invisíveis do pensamento, em razão das preferências que
acolhem e dos prazeres que se facultam no mundo íntimo. Fixados como clichês
mentais, ressurgem na consciência e são recopiados pelos que lhes estão
habituados, recompondo, na extravagância do prazer exacerbado, a paisagem donde
procedem e à qual se vinculam. A sucessão de cenas, deprimentes umas, selvagens
outras, era constrangedora”. Sinalizando o tanto que parte dos
Espíritos fixados em tal comportamento pouco avançaram nos últimos milênios,
explica o Benfeitor Espiritual: -“Perdendo-se nos períodos mais recuados, as
origens do carnaval podem ser encontradas nas bacanálias, da Grécia, quando era
homenageado o deus Dionísio. Anteriormente, os trácios entregavam-se aos
prazeres coletivos, como quase todos os povos antigos. Mais tarde,
apresentavam-se estas festas, em Roma, como saturnalia, quando se imolava uma
vítima humana, adredemente escolhida, no seu infeliz caráter pagão. Depois, na
Idade Média, aceitava-se com naturalidade: Uma vez por ano é lícito
enlouquecer, tomando corpo, nos tempos modernos, em três ou mais dias de
loucura, sob a denominação, antes, de tríduo momesco, em homenagem ao rei da
alegria... "Há estudiosos do comportamento e da psique, sinceramente
convencidos da necessidade de descarregarem-se as tensões e recalques nesses
dias em que a carne nada vale, cuja primeira sílaba de cada palavra compôs o
verbete carnaval. "Sem dúvida, porém, a festa é o vestígio da barbárie e
do primitivismo ainda reinantes, e que um dia desaparecerão da Terra, quando a
alegria pura, a jovialidade, a satisfação, o júbilo real substituírem as
paixões do prazer violento e o homem houver despertado para a beleza, a arte,
sem agressão nem promiscuidade. Observa ainda: -“Não se creia que todos quantos
desfilam nos carros do prazer, se encontrem em festa. Incontáveis têm a mente
subjugada por problemas de que procuram fugir, usando o corredor enganoso que
leva à loucura; diversos suicidam-se, propositalmente, pensando escapar às
frustrações que os atormentam em longo curso; numerosos anseiam por alianças de
felicidade que os momentos de sonho parecem prometer, despertando, depois,
cansados e desiludidos... (...) Pessoas responsáveis, portadoras de inquietações
que fazem parte do processo de evolução, deixam-se mergulhar na bacanal
inconsequente, sem pensarem no dia seguinte... Raros divertem-se,
descontraem-se sadiamente, desde que os apelos fortes se dirigem à consunção de
todas as reservas de dignidade e respeito nas fornalhas dos vícios e embriaguez
dos sentidos. Por isso, os Benfeitores da Humanidade assinalaram a Allan
Kardec, que a Terra é um planeta de provas e expiações, onde programamos o
crescimento para Deus. "Saturado pelo sofrimento e cansado das
experiências inditosas, o homem, por fim, regenerar-se-á ao influxo da própria
dor e sôfrego para fruir o amor que lhe lenificará as íntimas inspirações da
alma."
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
PARA QUE SE VIVE
Normalmente
em meio às crises que periodicamente atravessa, a pessoa se pergunta qual o
sentido, a finalidade da vida. Abrindo o número de julho do 1862 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec desenvolve
alguns argumentos que podem auxiliar nas reflexões sobre o questionamento tão
comum. Explica ele: - “A vida corporal é necessária ao Espírito,
ou à alma, o que é a mesma coisa, para que possa realizar neste mundo material
as funções que lhe são designadas pela Providência: é uma das engrenagens da
harmonia universal. A atividade que, contra sua vontade, é forçado a
desenvolver nas funções que exerce, crendo agir por si mesmo, auxilia o
desenvolvimento de sua inteligência e lhe facilita o adiantamento. Sendo a
felicidade do Espírito na Vida Espiritual proporcional ao seu progresso e ao
bem que pôde fazer como homem, resulta que, quanto maior importância adquire a
vida espiritual aos olhos do homem, mais ele sente a necessidade de fazer o que
é necessário para se garantir o melhor lugar possível. A experiência dos que
viveram vem provar que uma vida terrena inútil ou mal-empregada não tem
proveito para o futuro, e que aqueles que aqui só buscarem satisfações
materiais as pagam muito caro, seja por sofrimentos no mundo dos Espíritos,
seja pela obrigação de recomeçar a tarefa em condições mais penosas que as do
passado; tal é o caso dos que sofrem na Terra. Assim, considerando as coisas
deste mundo do ponto de vista extracorpóreo, o homem, longe de ser estimulado à
despreocupação e à ociosidade, compreende melhor a necessidade do trabalho.
Partindo do ponto de vista terreno, essa necessidade é uma injustiça aos seus
olhos, quando se compara aos que podem viver sem nada fazer: tem ciúme deles;
inveja-os. Partindo do ponto de vista espiritual, essa necessidade tem a sua
razão de ser, sua utilidade, e ele a aceita sem murmurar, pois compreende que
sem o trabalho ficará indefinidamente na inferioridade e privado da felicidade
suprema a que aspira e que não poderá alcançar, caso não se desenvolva
intelectual e moralmente. A esse respeito parece que muitos monges compreendem
mal o objetivo da vida terrena e, menos ainda, as condições da vida futura.
Pelo enclausuramento, eles se privam dos meios de se tornarem úteis aos
semelhantes e muitos dos que hoje se acham no mundo dos Espíritos
confessaram-nos que se enganaram redondamente e que sofrem as consequências de
seu erro. Para o homem, tal ponto de vista tem outra imensa e imediata consequência:
é a de tornar-lhe mais suportáveis as tribulações da vida. Que procure o
bem-estar e se esforce por tornar o seu tempo na Terra o mais agradável
possível: isto é muito natural e ninguém lho proíbe. Mas, sabendo que está aqui
apenas momentaneamente, que um futuro melhor o aguarda, pouco se atormenta com
as decepções que experimenta e, vendo as coisas do alto, aceita os reveses com
menor amargura; fica indiferente aos aborrecimentos de que é vítima, por parte
dos invejosos e dos ciumentos; reduz a seu justo valor os objetos de sua
ambição e se coloca acima das pequenas susceptibilidades do amor-próprio.
Liberto das preocupações criadas pelo homem que não sai de sua esfera limitada,
pela perspectiva grandiosa que se desdobra à sua frente, é mais livre para se
entregar a um trabalho proveitoso, para si próprio e para os outros. Para ele, as humilhações, as críticas
severas e as maldades de seus inimigos não passam de nuvens imperceptíveis num
vasto horizonte; não se inquieta por elas mais do que pelas moscas que zumbem
aos ouvidos, porque sabe que logo estará livre. Assim, todas as pequenas
misérias que lhe suscitam deslizam por ele como a água sobre o mármore.
Colocando-se do ponto de vista terreno, irritar-se-ia e talvez se vingasse. Do
ponto de vista extraterreno, ele as despreza como os salpicos de lama de um
caminhante desatento. São espinhos lançados no caminho e pelos quais passa, sem
sequer se dar ao trabalho de os afastar, a fim de não moderar a marcha para um
objetivo mais sério que se propõe atingir”..
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
ALERTA
Jornalista
por vocação e profissão, graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, José
Herculano Pires (1914-1979) deixou uma legado de obras que precisariam
ser estudadas pelos interessados em Espiritismo. Desenvolveu em seus últimos
anos de vida análises importantes para entendermos a problemática da fé neste
turbulento momento vivido pela Humanidade. AGONIA
DAS RELIGIÕES, REVISÃO DO CRISTIANISMO e, entre outras, CURSO DINÂMICO DE ESPIRITISMO – O GRANDE
DESCONHECIDO que não chegou a ver publicado. Reconhecida como o
Cristianismo redivivo, denuncia na obra, o grande perigo que a Doutrina
Espírita corre de sofrer as deformações, deturpações e desvios da proposta de Jesus,
originadas na grande ignorância da maioria dos seguidores da contribuição
de Allan
Kardec. Exaltado por “Chico Xavier como “o melhor metro que mediu Kardec” o
conhecido e lucido professor traça um paralelo entre as duas fases das escolas e denuncia: -“A luta contra o Cristianismo só se tornou eficaz quando os adeptos se
deixaram fascinar pelo já agonizante Império Romano. Graças a essa fascinação o
Império conseguiu submeter o Cristianismo ao seu serviço e o desfigurou em
pouco tempo. No Espiritismo temos agora a técnica semelhante do Império das
Trevas, organizado nas regiões inferiores do Mundo Espiritual, onde os Espíritos
apegados à matéria, revestidos de corpo espiritual em que os elementos
materiais predominam, continuam a viver em condições terrenas. População maior
do que a encarnada na crosta do Planeta, essas entidades disputam as almas
ignorantes e vaidosas das fileiras espíritas e as utilizam como instrumentos de
confusão no meio doutrinário. As mistificações mais grosseiras são aceitas por
esses adeptos vaidosos, que chegam à extrema audácia de aviltar os textos da
Codificação Kardequiana e tentar substituí-los por obras eivadas de
contradições e absurdos de toda a espécie. Ao invés de procurarem instruir-se,
melhorar seus conhecimentos, pretendem transformar-se em novos reveladores de
mistérios assombrosos. Há várias correntes já formadas no meio espírita, contra
as quais as pessoas sensatas precisam precaver-se. É claro que essas
mistificações de homens fátuos e Espíritos inconsequentes serão varridas pela
evolução, mas até que isso aconteça haverá tempo suficiente para que muitas
criaturas ingênuas sejam envolvidas em processos obsessivos. Todo espírita
consciente de suas responsabilidades humanas e doutrinárias está no dever
intransferível de lutar contra essas ondas de poluição espiritual que pesam na
atmosfera terrena. Ninguém tem o direito de cruzar os braços em nome de uma
falsa tolerância que os levará à cumplicidade. Os próprios e infelizes corifeus
e propagadores dessas teorias ridículas são os mais necessitados de socorro. É
legítima caridade repelir todas essas fantasias em nome da verdade, mesmo que isso
magoe os companheiros iludidos. A tolerância comodista dos que vêem o erro e se
calam é crime que terá de ser pago no futuro. Quem pactua com o erro para não
criar problemas está, sem o saber, enleando-se nas teias sombrias da mentira,
compromissando-se com os mentirosos. E esse compromisso é um desrespeito a
todos os que se sacrificaram no passado e se sacrificam no presente para ajudar
a Humanidade na defesa dos seus direitos evolutivos. Este é o momento grave da
evolução terrena em que não podemos esquecer a advertência de Jesus: Seja o teu
falar sim, sim; não, não. Multidões de criaturas foram sacrificadas no passado
para que a Humanidade se libertasse de seus enganos e pudesse encontrar os
caminhos limpos da verdade, ou seja, das coisas reais, verdadeiras, que nos
conduzem ao saber e à liberdade. Se trairmos hoje, comodistamente, esses
mártires inumeráveis, estaremos conspurcando a dignidade humana, cobrindo de
lixo as sendas da verdade abertas pelo Cristo e agora reabertas pelo Espírito
da Verdade através de Kardec. Trocar o ensino puro do Mestre pelas bugigangas
de camelôs vaidosos é fazer o papel dos porcos da parábola, que rejeitam as
pérolas e avançam, raivosos contra quem as oferece. Palavras duras, sem dúvida,
mas que foram usadas por Jesus para despertar as almas empedernidas. Não há
mais lugar para comodismos, compadrismos, tolerâncias criminosas no meio
espírita. Cada um será responsável pelas ervas daninhas que deixar crescer ao
seu redor. É essa a maneira mais eficaz de se combater o Espiritismo na
atualidade: cruzar os braços, sorrir amarelo, concordar para não contrariar,
porque, nesse caso, o combate à doutrina não vem de fora, mas de dentro do
movimento doutrinário”.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
BASTIDORES DE UMA GRANDE OBRA
-“Um
mundo novo para a responsabilidade individual. Esse esforço foi muito estudado
antes da organização que se alcança agora. Precisava-se de um nome impessoal,
sem filiação a grupos preestabelecidos, que pudesse trazer semelhantes
observações de caráter universalista”, comentou o Espírito Arthur Joviano em
mensagem psicografada por Chico Xavier aos participantes de
reunião mediúnica nos idos de 1943, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. O
texto, preservado no livro SEMENTEIRA DE
LUZ (fonte viva, 2010), através da observação, dá uma ideia do significado
da nascente série NOSSO LAR, bem como do perfil do autor da incrível obra. Esta
informação histórica encontra complemento em carta escrita por Chico
ao Dr. Wantuil de Freitas, à época presidente da Federação Espírita
Brasileira, em 12 de outubro de 1946, revisada pela escritora Suely Caldas
Schubert, no livro TESTEMUNHOS DE CHICO
XAVIER, (feb, 1986). Entre outras coisas revelou o médium: -“ Emmanuel, desde fins de 1941, se dedica,
afetuosamente, aos trabalhos
de André Luiz. Por essa época, disse-me ele a propósito de “algumas autoridades
espirituais” que estavam desejosas de algo lançar em um nosso meio, com
objetivos de despertamento. Falou-me que projetavam trazernos páginas que nos
dessem a conhecer aspectos da vida que nos espera no “outro lado”, e, desde
então, onde me concentrasse, via sempre aquele “cavalheiro espiritual”, que
depois se revelou por André Luiz, ao lado de Emmanuel. Assim decorreram quase
dois anos, antes do “Nosso Lar”. Mais
à frente diz: - “Dentro de
algum tempo, familiarizei-me com esse novo amigo. Participava de nossas preces,
perdia tempo comigo, conversando. Contava-me histórias interessantes e, muitas
vezes, relacionou recordações do Segundo Império, o que me faz acreditar tenha
sido ele, André Luiz, também personalidade da época referida. Achava estranho o
cuidado dele, o interesse e a estima; entretanto, decorrido algum tempo,
disse-me Emmanuel que estava o companheiro treinando para se desincumbir de
tarefa projetada”. Conta
ainda: - “Desde então, vejo que o esforço de
Emmanuel e de outros amigos nossos concentrou-se nele, acreditando,
intimamente, que André Luiz está representando um círculo talvez vasto de
entidades superiores. Assim digo porque quando estava psicografando o
“Missionários da Luz”, houve um dia em que o trabalho se interrompeu. Levou
vários dias parado. Depois, informou-me Emmanuel, quando o trabalho teve
reinicio, que haviam sido realizadas algumas reuniões para o exame de certas teses que André Luiz deveria ou
poderia apresentar ou não no livro. Em psicografando o capítulo REENCARNAÇÃO,
do mesmo trabalho, por mais de uma vez, vi Emmanuel e Bezerra de Menezes,
associados ao autor, fiscalizando ou amparando o trabalho”. Auto avaliando-se diante da responsabilidade
a ele conferida acrescenta: -“Esta é
a razão pela qual, segundo creio, não tem o nosso amigo trazido a sua contribuição
direta. Isto é o que eu acredito, sem saber se está certo, porque no meio destas
realizações eu estou como “um batráquio na festa”. A luz que, por vezes, me rodeia
me amedronta. Vejo, ouço, e me movimento, no circulo destes trabalhos, mas, podes
crer, vivo sempre com a angústia de quem se sente indigno e incapaz. Cada dia que
passa, mais observo que a luz é luz e que a minha sombra é sombra. Reconhecendo
a minha indigência, tenho medo de tantas responsabilidades e rogo a Jesus me socorra”.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
PROBLEMA DIFÍCIL DE RESOLVER
Em
entrevista concedida ao Espírito André Luiz em Paris em 20 de agosto
de 1965, reproduzida no livro ENTRE
IRMÃOS DE OUTRAS TERRAS (feb, 1965), o pioneiro Gabriel Dellane ao ser
questionado sobre onde estariam os percalços maiores para a expansão da Doutrina Espírita?,
respondeu: - Em nossa opinião, os maiores embaraços para o Espiritismo procedem da
atuação daqueles que reencarnam, prometendo servi-lo, seja através da
mediunidade direta ou da mediunidade indireta, no campo da inspiração e da inteligência,
e se transviam nas seduções da esfera física, convertendo-se em médiuns autênticos
das regiões inferiores, de vez que não negam as verdades do Espiritismo, mas
estão prontos a ridiculariza-las, através de escritos sarcásticos ou da arte
histriônica, junto dos quais encontramos as demonstrações fenomênicas
improdutivas, as histórias fantásticas, o anedotário deprimente e os filmes de
terror. Analisando o problema que já se verificava apenas sete anos
após o surgimento d’ O LIVRO DOS
ESPÍRITOS, Allan Kardec na edição de março de 1863 da REVISTA ESPÍRITA, escreveu:- “Nunca
seria demais recomendar aos espíritas que refletissem maduramente antes de
agir. Em tais casos manda a prudência não confiar em sua opinião pessoal. Hoje,
que de todos os lados se formam grupos ou sociedades, nada mais simples que se
pôr de acordo antes de agir. Não tendo em vista senão o bem da causa, o
verdadeiro espírita sabe fazer abnegação do amor-próprio. Crer em sua própria
infalibilidade, recusar o conselho da maioria e persistir num caminho que se demonstra
mau e comprometedor, não é a atitude de um verdadeiro espírita. Seria dar prova
de orgulho, se não de obsessão. Entre as inabilidades é preciso colocar em
primeira linha as publicações intempestivas ou excêntricas, por serem os fatos
de maior repercussão. Nenhum espírita ignora que os Espíritos estão longe de
possuir a soberana ciência; muitos dentre eles sabem menos que certos homens e,
como certos homens também, têm a pretensão de tudo saber. Sobre todas as coisas
têm sua opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa. Ora, ainda como os
homens, em geral os que têm ideias mais falsas são os mais obstinados. Esses
pseudo-sábios falam de tudo, constroem sistemas, criam utopias ou ditam as
coisas mais excêntricas, sentindo-se felizes quando encontram intérpretes
complacentes e crédulos que lhes aceitam as elucubrações de olhos fechados.
Esse tipo de publicação tem grave inconveniente, pois o médium, iludido e
muitas vezes seduzido por um nome apócrifo, tem-na como coisa séria, de que se
apodera a crítica prontamente para denegrir o Espiritismo, ao passo que, com
menos presunção, bastaria que se tivesse aconselhado com os colegas para ser
esclarecido. É muito raro, neste caso, que o médium não ceda às injunções de
um Espírito que, ainda como certos homens, quer ser publicado a qualquer preço.
Com mais experiência ele saberia que os Espíritos verdadeiramente superiores
aconselham, mas não impõem nem adulam jamais, e que toda prescrição imperiosa é
um sinal suspeito. Quando o Espiritismo estiver completamente implantado e
conhecido, as publicações desta natureza não terão mais inconvenientes que os
maus tratados de Ciência em nossos dias. Mas, repetimos, no começo elas
incomodam muito. Em matéria de publicidade, portanto, toda circunspeção é pouca
e não se calcularia com bastante cuidado o efeito que talvez produzisse sobre o
leitor. Em resumo, é um grave erro crer-se obrigado a publicar tudo quanto
ditam os Espíritos, porque, se os há bons e esclarecidos, também os há maus e
ignorantes. Importa fazer uma escolha muito rigorosa de suas comunicações e
suprimir tudo quanto for inútil, insignificante, falso ou susceptível de
produzir má impressão. É preciso semear, sem dúvida, mas semear a boa semente e
em tempo oportuno”.
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