Jornalista
por vocação e profissão, graduado em Filosofia pela Universidade de São Paulo, José
Herculano Pires (1914-1979) deixou uma legado de obras que precisariam
ser estudadas pelos interessados em Espiritismo. Desenvolveu em seus últimos
anos de vida análises importantes para entendermos a problemática da fé neste
turbulento momento vivido pela Humanidade. AGONIA
DAS RELIGIÕES, REVISÃO DO CRISTIANISMO e, entre outras, CURSO DINÂMICO DE ESPIRITISMO – O GRANDE
DESCONHECIDO que não chegou a ver publicado. Reconhecida como o
Cristianismo redivivo, denuncia na obra, o grande perigo que a Doutrina
Espírita corre de sofrer as deformações, deturpações e desvios da proposta de Jesus,
originadas na grande ignorância da maioria dos seguidores da contribuição
de Allan
Kardec. Exaltado por “Chico Xavier como “o melhor metro que mediu Kardec” o
conhecido e lucido professor traça um paralelo entre as duas fases das escolas e denuncia: -“A luta contra o Cristianismo só se tornou eficaz quando os adeptos se
deixaram fascinar pelo já agonizante Império Romano. Graças a essa fascinação o
Império conseguiu submeter o Cristianismo ao seu serviço e o desfigurou em
pouco tempo. No Espiritismo temos agora a técnica semelhante do Império das
Trevas, organizado nas regiões inferiores do Mundo Espiritual, onde os Espíritos
apegados à matéria, revestidos de corpo espiritual em que os elementos
materiais predominam, continuam a viver em condições terrenas. População maior
do que a encarnada na crosta do Planeta, essas entidades disputam as almas
ignorantes e vaidosas das fileiras espíritas e as utilizam como instrumentos de
confusão no meio doutrinário. As mistificações mais grosseiras são aceitas por
esses adeptos vaidosos, que chegam à extrema audácia de aviltar os textos da
Codificação Kardequiana e tentar substituí-los por obras eivadas de
contradições e absurdos de toda a espécie. Ao invés de procurarem instruir-se,
melhorar seus conhecimentos, pretendem transformar-se em novos reveladores de
mistérios assombrosos. Há várias correntes já formadas no meio espírita, contra
as quais as pessoas sensatas precisam precaver-se. É claro que essas
mistificações de homens fátuos e Espíritos inconsequentes serão varridas pela
evolução, mas até que isso aconteça haverá tempo suficiente para que muitas
criaturas ingênuas sejam envolvidas em processos obsessivos. Todo espírita
consciente de suas responsabilidades humanas e doutrinárias está no dever
intransferível de lutar contra essas ondas de poluição espiritual que pesam na
atmosfera terrena. Ninguém tem o direito de cruzar os braços em nome de uma
falsa tolerância que os levará à cumplicidade. Os próprios e infelizes corifeus
e propagadores dessas teorias ridículas são os mais necessitados de socorro. É
legítima caridade repelir todas essas fantasias em nome da verdade, mesmo que isso
magoe os companheiros iludidos. A tolerância comodista dos que vêem o erro e se
calam é crime que terá de ser pago no futuro. Quem pactua com o erro para não
criar problemas está, sem o saber, enleando-se nas teias sombrias da mentira,
compromissando-se com os mentirosos. E esse compromisso é um desrespeito a
todos os que se sacrificaram no passado e se sacrificam no presente para ajudar
a Humanidade na defesa dos seus direitos evolutivos. Este é o momento grave da
evolução terrena em que não podemos esquecer a advertência de Jesus: Seja o teu
falar sim, sim; não, não. Multidões de criaturas foram sacrificadas no passado
para que a Humanidade se libertasse de seus enganos e pudesse encontrar os
caminhos limpos da verdade, ou seja, das coisas reais, verdadeiras, que nos
conduzem ao saber e à liberdade. Se trairmos hoje, comodistamente, esses
mártires inumeráveis, estaremos conspurcando a dignidade humana, cobrindo de
lixo as sendas da verdade abertas pelo Cristo e agora reabertas pelo Espírito
da Verdade através de Kardec. Trocar o ensino puro do Mestre pelas bugigangas
de camelôs vaidosos é fazer o papel dos porcos da parábola, que rejeitam as
pérolas e avançam, raivosos contra quem as oferece. Palavras duras, sem dúvida,
mas que foram usadas por Jesus para despertar as almas empedernidas. Não há
mais lugar para comodismos, compadrismos, tolerâncias criminosas no meio
espírita. Cada um será responsável pelas ervas daninhas que deixar crescer ao
seu redor. É essa a maneira mais eficaz de se combater o Espiritismo na
atualidade: cruzar os braços, sorrir amarelo, concordar para não contrariar,
porque, nesse caso, o combate à doutrina não vem de fora, mas de dentro do
movimento doutrinário”.
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