-“Grande,
expressiva faixa da humanidade terrena transita entre os limites do instinto e
os pródromos da razão, mais sequiosos de sensações do que ansiosos pelas
emoções superiores. Natural que se permitam, nestes dias, os excessos que
reprimem por todo o ano, sintonizados com as Entidades que lhes são afins. É de
lamentar, porém, que muitos se apresentam, nos dias normais, como discípulos de
Jesus, preferindo, agora, Baco e os seus assessores de orgia ao Amigo
Afetuoso”. Os
razoavelmente esclarecidos pelos conteúdos do Espiritismo não tem dificuldade
de entender a ponderação do Dr Bezerra de Menezes ao Espírito Manuel
Philomeno de Miranda nas páginas do livro NAS FRONTEIRAS DA LOUCURA (alvorada). Numa das cenas capturadas
pelo autor, podemos ter uma ideia dos bastidores das grandes concentrações
humanas em diferentes localidades brasileiras: -“A cidade, regorgitante, era um
pandemônio. A multidão de desencarnados, que se misturava à mole humana em
excitação dos sentidos físicos, dominava a paisagem sombria das avenidas,
ruas e praças feericamente iluminadas, mas cujas luzes não venciam a psicosfera
carregada de vibrações de baixo teor. Parecia que as milhares de lâmpadas
coloridas apenas bruxuleavam na noite, como ocorre quando desabam fortes
tempestades. Os grupos mascarados eram acolitados por frenéticas massas de
seres espirituais voluptuosos, que se entregavam a desmandos e orgias
lamentáveis, inconcebíveis do ponto de vista terreno. Uns magotes desenfreados
atacavam os burlescos transeuntes, tentando prejudicá-los com as induções
nefastas que se permitiam transmitir. Outros, compostos de verdugos que não disfarçavam
as intenções, buscavam as vítimas em potencial para alijá-las do equilíbrio,
dando início a processos nefandos de obsessões demoradas. Podíamos registar que
muitos fantasiados haviam obtido inspiração para as suas expressões grotescas,
em visitas a regiões inferiores do Além, onde encontravam larga cópia de
deformidades e fantasias do horror de que padeciam os seus habitantes em punição
redentora, a que se arrojavam espontaneamente. As incursões aos sítios de
desespero e loucura são muito comuns pelos homens que se vinculam aos ali
residentes pelos fios invisíveis do pensamento, em razão das preferências que
acolhem e dos prazeres que se facultam no mundo íntimo. Fixados como clichês
mentais, ressurgem na consciência e são recopiados pelos que lhes estão
habituados, recompondo, na extravagância do prazer exacerbado, a paisagem donde
procedem e à qual se vinculam. A sucessão de cenas, deprimentes umas, selvagens
outras, era constrangedora”. Sinalizando o tanto que parte dos
Espíritos fixados em tal comportamento pouco avançaram nos últimos milênios,
explica o Benfeitor Espiritual: -“Perdendo-se nos períodos mais recuados, as
origens do carnaval podem ser encontradas nas bacanálias, da Grécia, quando era
homenageado o deus Dionísio. Anteriormente, os trácios entregavam-se aos
prazeres coletivos, como quase todos os povos antigos. Mais tarde,
apresentavam-se estas festas, em Roma, como saturnalia, quando se imolava uma
vítima humana, adredemente escolhida, no seu infeliz caráter pagão. Depois, na
Idade Média, aceitava-se com naturalidade: Uma vez por ano é lícito
enlouquecer, tomando corpo, nos tempos modernos, em três ou mais dias de
loucura, sob a denominação, antes, de tríduo momesco, em homenagem ao rei da
alegria... "Há estudiosos do comportamento e da psique, sinceramente
convencidos da necessidade de descarregarem-se as tensões e recalques nesses
dias em que a carne nada vale, cuja primeira sílaba de cada palavra compôs o
verbete carnaval. "Sem dúvida, porém, a festa é o vestígio da barbárie e
do primitivismo ainda reinantes, e que um dia desaparecerão da Terra, quando a
alegria pura, a jovialidade, a satisfação, o júbilo real substituírem as
paixões do prazer violento e o homem houver despertado para a beleza, a arte,
sem agressão nem promiscuidade. Observa ainda: -“Não se creia que todos quantos
desfilam nos carros do prazer, se encontrem em festa. Incontáveis têm a mente
subjugada por problemas de que procuram fugir, usando o corredor enganoso que
leva à loucura; diversos suicidam-se, propositalmente, pensando escapar às
frustrações que os atormentam em longo curso; numerosos anseiam por alianças de
felicidade que os momentos de sonho parecem prometer, despertando, depois,
cansados e desiludidos... (...) Pessoas responsáveis, portadoras de inquietações
que fazem parte do processo de evolução, deixam-se mergulhar na bacanal
inconsequente, sem pensarem no dia seguinte... Raros divertem-se,
descontraem-se sadiamente, desde que os apelos fortes se dirigem à consunção de
todas as reservas de dignidade e respeito nas fornalhas dos vícios e embriaguez
dos sentidos. Por isso, os Benfeitores da Humanidade assinalaram a Allan
Kardec, que a Terra é um planeta de provas e expiações, onde programamos o
crescimento para Deus. "Saturado pelo sofrimento e cansado das
experiências inditosas, o homem, por fim, regenerar-se-á ao influxo da própria
dor e sôfrego para fruir o amor que lhe lenificará as íntimas inspirações da
alma."
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