Muitos
imaginam que o Espírito que se destacou na sociedade humana do século 20 com o
nome Chico
Xavier, tenha chegado pronto para o exercício, sobretudo, de sua tarefa
no campo da mediunidade. Todavia, estudando sua trajetória, percebe-se que a
partir do primeiro encontro com o Orientador Espiritual Emmanuel é que começa a
se intensificar o trabalho de burilamento dirigido que o transformou numa
referência do verdadeiro espírita definido por Allan Kardec, aquele que
é
reconhecido por sua transformação moral e pelo esforço que faz para dominar
suas más inclinações. O roteiro da disciplina, disciplina, disciplina,
foi incorporado por ele ao longo dos anos que se seguiram ao 1931 em que ouviu
a orientação de Emmanuel. Reunimos algumas passagens para demonstrar como o
Guia Espiritual era severo com seu discípulo: EXEMPLO 1- Em 1940,
ficou gravemente enfermo. O médico que lhe assistia fez o diagnóstico,
prevendo um ataque de uremia. Se a retenção perdurasse por mais 24
horas, teria o Chico um colapso e
desencarnaria. Assim lhe dissera o médico, o colocando a par da realidade
dolorosa. O facultativo saiu e Chico
notou que, do Alto, Bezerra de
Menezes, André Luiz e Emmanuel providenciavam lhe recursos, entremostrando
lhe que era grave seu estado. Preparou se, então, para morrer bem.
Pediu, em prece sentida, a Emmanuel,
que o recebesse na Espiritualidade. Seu amoroso Guia, sentindo-lhe a
intenção, considerou: — Não posso,
Chico, auxiliá-lo no seu desencarne. Tenho muito que fazer. Mas se você
sentir que a hora chegou, recorra aos amigos do “Luiz Gonzaga”. Você não
é melhor que os outros. EXEMPLO
2- O Chico recebera um convite reiterado para assistir a uma solenidade
que um Centro Espírita de determinado lugar, um pouco distante de Belo
Horizonte, realizaria. A carta convite, assinada pelos diretores do Centro,
contendo encômios à pessoa do médium, dizia que sua presença era
indispensável... O Chico pensou
muito naquele adjetivo, sentiu a preocupação dos irmãos distantes,
ansiosos pela sua presença. Certamente iria realizar uma grande missão. E não
relutou mais. Junto ao seu bondoso chefe, justificou sua
ausência por dois dias, comprou passagem na Central do Brasil e partiu. No
meio da viagem, quando já sonhava com a chegada, antes sentindo a alegria dos
irmãos, Emmanuel lhe aparece e diz:
— Então, você se julga
indispensável e, por isto, rompeu todos os obstáculos e viaja assim como
quem, por isto mesmo, vai realizar uma importante tarefa... Já refletiu, Chico,
que o serviço do ganha pão é indispensável a você? Pense bem... O Chico pensou... E, na próxima estação,
desceu do trem e tomou outro de volta... EXEMPLO 3 - Numa
singela sala residencial, em Pedro Leopoldo, a conversação ia animada. Muitos
assuntos. Muitas referências. A palestra começara às cinco da tarde e o relógio
anunciava onze da noite. Chico ia
começar uma variação de tema, quando viu Emmanuel a chamá-lo para o interior doméstico. O médium pediu
licença e foi atender. — Você sabe
que hoje temos a tarefa do livro em recepção e já estamos atrasados...
— falou o amigo espiritual. — É verdade — concordou o Chico —, entretanto, tenho visitas e
estamos conversando. — Sem dúvida
— considerou o Guia — compreendemos
a oportunidade de uma a duas horas de entendimento fraterno para atender aos
irmãos sem objetivo, porque, às vezes, através da banalidade, podemos algo
fazer na sementeira de luz... Mas não entendo, seis horas a fio de conversação
sem proveito. O médium nada respondeu. Indeciso, deixara correr os minutos,
quando Emmanuel lhe disse: — Bem, eu não disponho de mais tempo. Você
decide. Converse ou trabalhe. Chico
não mais vacilou. Deixou a palestra que prosseguia, cada vez mais
acesa na sala e confiou se à tarefa que o aguardava com a assistência generosa
do Benfeitor Espiritual. EXEMPLO
4 - Alguns companheiros
conversavam furiosamente, em Pedro Leopoldo, sobre certo político: a
coisa devia ser assim... Devia ser de certo modo... O homem era a perversidade
em pessoa... Prometera isso e fizera aquilo... Um dos irmãos dirigiu se ao
médium e perguntou: — Que diz você, Chico? Temos alguma referência dos
Amigos Espirituais sobre o caso? O interpelado pretendia responder, mas no
justo momento, em que ia emitir a sua opinião, ouviu a voz de Emmanuel sussurrar lhe, segura, aos
ouvidos: — Cale a sua boca. Você
nada tem a ver com isso. O médium ruborizou-se e o grupo, em torno,
verificou que o Chico
não conseguia responder, apesar do desejo de externar se. Alguém
ponderou que ele deveria estar mal e rodearam no, em oração, dando lhe
passes. A reunião dispersou se. Não foram poucos os que, estranhando o caso,
afirmaram em surdina que o Chico
parecia francamente um pobre obsidiado.
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