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terça-feira, 8 de março de 2016

INTRIGANTE QUESTÃO SOCIAL NA VISÃO DO ESPIRITISMO

Vez ou outra, a mídia internacional noticia fatos estarrecedores envolvendo ações praticadas em algum lugar do Planeta em que vivemos capazes de envergonhar a espécie humana dita civilizada. Talvez pensando nisso também, Allan Kardec publicou em 1859, portanto dois anos após a primeira edição d’O LIVRO DOS ESPÍRITOS, um opúsculo intitulado O QUE É O ESPIRITISMO. Apresenta de forma sucinta, os princípios da Doutrina Espírita, assim como respostas às principais objeções que lhe podiam ser apresentadas. É dividida em três partes: na primeira três diálogos – com um  crítico, um cético e um padre; na segunda, noções elementares de Espiritismo; e, na terceira a solução de alguns problemas do cotidiano pela Doutrina Espírita.  No precioso trabalho, três respostas com elementos para refletirmos sobre a questão incialmente citada.1- Por que há na Terra selvagens e homens civilizados? Sem a preexistência da alma, esta questão é insolúvel, a menos que admitamos tenha Deus criado almas selvagens e almas civilizadas, o que seria a negação da sua justiça. Além disso, a razão recusa admitir que, depois da morte, a alma do selvagem fique perpetuamente em estado de inferioridade, bem como se ache na mesma elevação que a do homem esclarecido. Admitindo para as almas um mesmo ponto de partida — única doutrina compatível com a Justiça de Deus —, a presença simultânea da selvageria e da civilização, na Terra, é um fato material que prova o progresso que uns já fizeram e que os outros têm de fazer. A alma do selvagem atingirá, pois, com o tempo, o mesmo grau da alma esclarecida, mas como todos os dias morrem selvagens, essa alma Solução de alguns problemas pela Doutrina Espírita não pode atingir esse grau senão em encarnações sucessivas, cada vez mais aperfeiçoadas e apropriadas ao seu adiantamento, seguindo todos os graus intermediários a esses dois extremos. 2- Não será admissível, segundo pensam algumas pessoas, que a alma, não encarnando mais que uma vez, faça o seu progresso no estado de Espírito ou em outras esferas? Esta proposição seria admissível, se todos os habitantes da Terra se achassem no mesmo nível moral e intelectual; caso em que se poderia dizer ser a Terra destinada a determinado grau; ora, quantas vezes temos diante de nós a prova do contrário! Com efeito, não é compreensível que o selvagem não pudesse conseguir civilizar-se aqui na Terra, quando vemos almas mais adiantadas encarnadas ao lado dele; do que resulta a possibilidade da pluralidade das existências terrenas, demonstrada por exemplos que temos à vista. Se fosse de outro modo, era preciso explicar: Primeiro- por que só a Terra teria o monopólio das encarnações; Segundo- por que, tendo esse monopólio, nela se apresentam almas encarnadas de todos os graus. 3- Por que, no meio das sociedades civilizadas, se mostram seres de ferocidade comparável à dos mais bárbaros selvagens? São Espíritos muito inferiores, saídos das raças bárbaras, que experimentam reencarnar em meio que não é o seu, e onde estão deslocados, como estaria um rústico colocado de repente numa cidade adiantada.  Allan Kardec, por fim, observa: -“Não é possível admitir-se, sem negar a Deus os atributos de bondade e justiça, que a alma do criminoso endurecido tenha, na vida atual, o mesmo ponto de partida que a de um homem cheio de virtudes. Se a alma não é anterior ao corpo, a do criminoso e a do homem de Bem são tão novas uma como a outra; por que razão, então, uma delas é boa e a outra má?”.


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