Nos tempos que
vivemos, comum surgirem nos Centros Espíritas pessoas buscando informações
sobre experiências do chamado desdobramento consciente. A abordagem do tema
começa a despertar interesse até pela evolução das ideias sobre a Apometria,
técnica experimentada a partir dos anos 60, pelo Dr José Lacerda de Azevedo, Psiquiatra ligado ao Hospital Espírita de
Porto Alegre. Poucos livros, contudo tratam do assunto como os do sensitivo Wagner Borges e do Dr Waldo Vieira que no primeiro dia de
1980, prefaciou PROJEÇÕES DA CONSCIÊNCIA
– DIÁRIO DE EXPERIÊNCIAS FORA DO CORPO FÍSICO. Para se ter uma ideia,
buscamos um de seus relatos para vermos como as realidades que nos circundam vão além do
que imaginamos: 6 de setembro de
1979. Em minutos, atravessando rapidamente o espaço, atingimos uma área no
continente, junto ao mar, costa deserta sob tempestade de amplas proporções que
parecia atingir o auge àquela hora, entre ribombos de trovões, faíscas
sucessivas e bátegas em turbilhões escachoantes. Informaram-me que junto à tormenta física ocorria
chuva torrencial de recursos magnéticos de Esferas Superiores na região,
objetivando a limpeza periódica das espessas formas — pensamentos nas
cavernas subcrostais que se ramificavam pela Crosta sob os morros e penhascos
selvagens, infiltrando-se pelas entranhas da Terra. A tempestade
assemelhava-se a vasto maremoto e terremoto conjugados levantando ondas
imensas, soerguendo o solo e fazendo tremer as estruturas de todo o cenário. As
cavernas começaram a ser inundadas por verdadeiros rios interiores, forçando a
saída de animais, talvez ratazanas, dos covis de terra sólida, bichos nas
águas, principalmente ariranhas de olhos coruscantes na escuridão, e morcegos
desvairados cortando os ares. Todos tentavam sair em pânico dos saguões das
galerias múltiplas, umas amplas e altas, outras acanhadas e baixas, a se
multiplicarem em furnas, precipícios e gargantas no recôndito da massa
terrestre. Fazíamos a passagem sobre os elementos deslizando com a
emissão do potencial das forças mais íntimas para flutuar acima dos bichos e
atravessar as revoadas de morcegos. O ambiente gélido das furnas, com
exalações desagradáveis poluindo o ar, mostrava o hórrido-belo com toda a
magnificência possível, além de qualquer pesadelo. Entre as cores das pedras
escalavradas das paredes e a majestade estática das estalactites e
estalagmites, os numerosos magotes de entidades padecentes, alienados mentais
sem corpos físicos ainda profundamente materializados, sentiam os efeitos
magnéticos e psicológicos das convulsões indescritíveis dos elementos, correndo
espavoridos e exibindo assombro indefinível nas carantonhas pelas galerias
espraiadas em labirintos, num "salve-se quem puder" deprimente e
aterrador. Os recintos tenebrosos das cavernas pareciam transformados em
catacumbas do horror. Angustioso pavor campeava nas fisionomias e nos gestos
dos grupos desventurados que se amontoavam onde podiam, com os espíritos
perturbados, muitos atônitos, alguns vacilantes, buscando apoio desesperado e
inencontrável uns nos outros. Profunda compaixão brotava, espontânea, em
todos nós que presenciávamos as cenas inesquecíveis atravessando o ambiente à
meia altura, procurando manter-nos flutuando pouco acima, na posição difícil de
espectadores impotentes ante o realismo da catástrofe programada. Era
necessário dominar as emoções e abafar os impulsos de choro convulso. Secções
dos elementos geológicos suspensos pareciam tremer e daí a pouco caíam
fragorosamente sobre o leito turbilhonante das extensas grutas que acolhiam
considerável população espiritual, vinda à tona nas águas misturadas de chuva e
mar, saindo de cada enxovia escondida, poços de lama semelhantes a solitárias e
cárceres encravados em esconderijos e tijucos, numa das piores atmosferas que
se possa imaginar. Tarefeiros do conforto espiritual, em pequenas
falanges luminescentes, chegavam para os trabalhos de cooperação fraternal, em
levas contínuas, durante e após a tempestade hidromagnética.
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