-“A Humanidade terrestre, tendo chegado a um desses períodos de
crescimento, está em cheio, há quase um século, no trabalho da sua
transformação, pelo que a vemos agitar-se de todos os lados, presa de uma
espécie de febre e como que impelida por invisível força. Assim continuará, até
que se haja outra vez estabilizado em novas bases”. O comentário
faz parte de mensagem assinada por um Espírito chamado Dr. Barry e foi inserida por Allan
Kardec no capítulo final do livro A
GÊNESE. Considerando a informação “há quase um século”, conclui-se que
o programa objetivando a elevação do Planeta Terra na escala dos mundos,
alcançando a condição de Mundo de Regeneração iniciou-se por volta de 1755,
introduzindo na Humanidade terrena Espíritos que voluntariamente deixaram
sociedades mais evoluídas dentre as distribuídas pelas “muitas moradas na Casa do Pai”,
para aqui vir e colaborar no progresso observado nas revoluções politicas,
sociais, industriais, tecnológicas surgidas nos últimos dois séculos. Na seção ESTUDOS MORAIS da edição de julho
de 1865 da REVISTA ESPÍRITA,
Allan
Kardec comenta matéria divulgada em publicação da época lida e
comentada em reunião da Sociedade Espírita de Paris sobre pequena localidade
existente na Floresta Negra, onde se notava o modelo do Mundo Futuro em
miniatura. Depois de reproduzir breve mensagem psicografada pelo Espírito Lamennais,
através da médium Sra Didier, Kardec formula interessante
comentário do qual destacamos alguns pontos que nos permitem entender a
dimensão dos problemas atuais: -“Qual a
causa da maior parte dos males da Terra, senão o contato incessante dos homens
maus e perversos? O egoísmo mata a benevolência, a condescendência, a
indulgência, o devotamento, a afeição desinteressada e todas as qualidades que
fazem o encanto e a segurança das relações sociais. Numa sociedade de egoístas
não há segurança para ninguém, porque cada um, apenas buscando o próprio
interesse, sacrifica sem escrúpulo o do vizinho. Muitas criaturas se julgam
perfeitamente honestas, porque incapazes de assassinar e de roubar nas
estradas; mas será que aquele que, por cupidez e severidade, causa a ruína de
um indivíduo e o impele ao suicídio, reduzindo toda uma família à miséria, ao
desespero, não é pior que um assassino e um ladrão? Assassina em fogo brando; e
porque a lei não o condena e os semelhantes aplaudem sua maneira de agir e sua
habilidade, crê-se isento de censuras e marcha de fronte erguida! Assim os
homens estão sempre desconfiados uns dos outros; sua vida é uma ansiedade
perpétua; se não temem o ferro, nem o veneno, são alvo das chicanas, da inveja,
do ciúme, da calúnia, numa palavra, do assassinato moral. Que seria preciso
fazer para cessar esse estado de coisas? Praticar a caridade. Tudo está aí,
como diz Lamennais. A comuna de Koenigsfeld oferece-nos em miniatura o que será
o mundo quando for regenerado. O que é possível em pequena escala sê-lo-á em
grande? Duvidar disto seria negar o progresso. Dia virá em que os homens,
vencidos pelos males gerados pelo egoísmo, compreenderão que seguem caminho
errado, e quer Deus que eles o aprendam à própria custa, porque lhes deu o
livre-arbítrio. O excesso do mal lhes fará sentir a necessidade do Bem e eles
se voltarão para este lado, como para a única âncora de salvação. (...) Tudo
está submetido à lei do progresso; os mundos também progridem, física e
moralmente; mas se a transformação da Humanidade deve esperar o resultado da
melhora individual, se nenhuma causa vier acelerar essa transformação, quantos
séculos, quantos milhares de anos não serão ainda precisos? Tendo a Terra chegado a uma de suas fases
progressivas basta não mais permitir aos Espíritos atrasados de aqui
reencarnarem, de modo que, à medida que se forem extinguindo, Espíritos mais
adiantados venham tomar o lugar dos que partem, para que em uma ou duas
gerações o caráter geral da Humanidade seja mudado. Suponhamos, pois,
que em vez de Espíritos egoístas, a Humanidade seja, num dado tempo, formada de
Espíritos imbuídos de sentimentos de caridade: em vez de buscarem
prejudicar-se, eles se ajudarão mutuamente, viverão felizes e em paz. Não mais
ambição de povo a povo e, portanto, não mais guerras; não mais soberanos
governando ao seu bel-prazer, a justiça em vez do arbítrio, portanto não mais
revoluções; não mais os fortes esmagando ou explorando o fraco; equidade
voluntária em todas as transações, portanto não mais querelas e chicanas. Tal
será o estado do mundo depois de sua transformação. De um mundo de expiação e
de provas, de um lugar de exílio para os Espíritos imperfeitos, tornar-se-á um
mundo feliz, um local de repouso para os Espíritos bons; de um mundo de
punição, será um mundo de recompensa”.
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