faça sua pesquisa

terça-feira, 17 de maio de 2016

AINDA SOBRE A ESCRAVIDÃO NO BRASIL

Escolhida por editores e leitores como uma das mais importantes obras mediúnicas do século 20, curiosamente esperou quase três décadas para se tornar conhecida pelo grande público na forma de um livro. Tudo pelo temor da médium Yvonne do Amaral Pereira em relação aos possíveis efeitos na mente e coração dos leitores. Uma revisão do Espírito Léon Denis, todavia, infundiu-lhe a segurança necessária para nos anos 50, disponibilizar a obra MEMÓRIAS DE UM SUICÍDA (feb, 1954). O trabalho descortina a intensa atividade desenvolvida nos Planos Espirituais em favor dos que cedem aos impulsos pessoais ou induzidos para a consumação do suicídio. No terceiro capítulo da segunda parte, uma revelação histórica importante e interessante é apresentada. Comenta um Instrutor Espiritual de nome Epaminondas de Vigo: "— As sociedades brasileiras, meus caros discípulos, sofrem hoje e sofrerão ainda por espaço de tempo que estará ao seu alcance o dilatar ou reprimir, as consequências das iniquidades que em pleno domínio da Era Cristã permitiram fossem cometidas em seu seio. Refiro-me, como bem percebeis, à escravização de seres humanos, tratados por elas com maior rigor do que o eram os próprios animais inferiores, para a extração de posses e haveres que lhes facultassem o gozo e o império das paixões! Se não foi crime individual e sim coletivo, será a coletividade que expiará e reparará o grande opróbrio, o grande martírio infligido a uma raça carecedora do amparo fraternal da Civilização cristã, a fim de que, por sua vez, também se gloriasse as alvíssaras da educação fornecida através da Boa Nova do Reino de Deus! Sob os céus assinalados pelo símbolo augusto da Iniciação como do Cristianismo — a Cruz —, ressoam ainda, ecoando aflitivamente na Espiritualidade, os brados angustiosos de milhares de corações torturados que durante o dobar dos decênios se compungiram ante a infâmia de que eram vítimas! Não deixaram de repercutir ainda nas ondas delicadas do éter, onde se assentam as Esferas de proteção às sociedades humanas, os rumores trágicos dos látegos sanhudos dos capatazes diabólicos, a vergastarem homens e mulheres indefesos, cujas lágrimas, recolhidas uma a uma pela Incorruptível Justiça do Todo Poderoso, foram, por lei, espalhadas, em seguida, sobre essa mesma coletividade criminosa, para que, por sua vez, as sorvesse em pelejas posteriores, a se purificarem do acervo de maldades e infâmias praticadas! (...) E assim prosseguirão até que a Voz Celeste dos Missionários do Senhor as oriente para finalidade apaziguadora, no trabalho sublime da reconciliação individual por amor do Cristo de Deus! (...) Sabei que entre os escravos que, sob os céus do Cruzeiro Sublime, choraram, vergados sob o trabalho excessivo, famintos, rotos, doentes, tristes, saudosos, desesperados frente à opressão, à fadiga, à maldade, nem todos traziam os característicos íntimos da inferioridade, como bastas vezes foi comprovado por testemunhas idôneas; nem todos apresentavam caracteres primitivos! Grandes falanges de romanos ilustres, do império dos Césares; de patrícios orgulhosos, de guerreiros altivos, autoridades das hostes de Diocleciano, como de Adriano e Maxêncio, dolorosamente arrependidas das monstruosas séries de arbitrariedades cometidas em nome da Força e do Poder contra pacíficos adeptos do Cordeiro Imaculado, pediram reencarnações na África infeliz e desolada, a fim de testemunharem novos propósitos ao contacto de expiações decisivas, fustigando, assim, o desmedido orgulho que a raça poderosa dos romanos adquirira com as mentirosas glórias do extermínio da dignidade e dos direitos alheios! Suplicaram, ainda e sempre corajosos e fortes, novas conquistas! Mas, agora, nas pelejas contra si próprios, no combate ao orgulho daninho que os perdera! Suplicaram disfarce carnal qual armadura redentora, em envoltórios negros, onde peadas fossem suas possibilidades de reação, e arvorada em suas consciências a branca bandeira da paz, flâmula augusta concedida pela reparação do mal! E os escravizadores de tantos povos e tantas gerações dignas! Os desumanos senhores do mundo terráqueo, que gargalhavam enquanto gemiam os oprimidos! Que faziam seus regalos sobre o martírio e o sangue inocente dos cristãos, expungiram sob o cativeiro africano a mancha que lhes enodoava o Espírito!Daí, meus discípulos queridos, a doce, mesmo sublime resignação dessa raça africana digna, por todos os motivos, da nossa admiração e do nosso respeito, a passividade heroica que nem sempre se estribou na ignorância e na incapacidade oriunda de um estado inferior, mas também no desejo ardente e sublime da própria reabilitação espiritual!






Nenhum comentário:

Postar um comentário