Uma
das heresias cometidas pelo Espiritismo em sua apresentação à sociedade humana
foi afirmar a Pluralidade dos Mundos Habitados, dizendo que as fascinantes
imagens capturadas pelo nosso acanhado sentido da visão e aprofundadas pela
evolução dos instrumentos óticos (como o telescópio Huble, por exemplo) que a Terra não é o único planeta
habitado. Tudo tem sua utilidade na Criação Divina. Ousa afirmar que há uma
hierarquização dentro das construções do Cosmos, variando essa classificação
conforme o estágio evolutivo da maioria humana predominante. No caso do Sistema Solar, o Planeta Júpiter estaria enquadrado como um Mundo Superior. O advento da
Teoria das Cordas e suas evoluções a partir dos anos 70 sugerem que as
afirmações dos Espíritos que auxiliaram Allan Kardec a compor as bases da
Terceira Revelação podem ter fundamento, como que ressoando vida além dos
limites da matéria como definida e estruturada. Esses comentários surgem a
propósito da seção QUESTÕES E PROBLEMAS DIVERSOS da edição de fevereiro
de 1861 da REVISTA ESPÍRITA,
onde três perguntas sobre o esquecimento do passado são levantadas e respondidas
pelo dirigente espiritual das reuniões da Sociedade
Espírita de Paris: 1. Em um Mundo Superior, como Júpiter ou outro, tem o
Espírito encarnado a lembrança de suas existências passadas, assim como a do
seu estado errante? - Não; desde que o Espírito se reveste do
envoltório material, perde a lembrança de suas existências anteriores. 2-Entretanto,
sendo rarefeito em Júpiter o envoltório corporal, ali o Espírito não seria mais
livre? – Sim, mas ainda suficientemente denso para extinguir, no Espírito, a
lembrança do passado. 3- Então os Espíritos que habitam Júpiter e que
se comunicaram conosco encontravam-se mergulhados no sono? – Certamente.
Naquele mundo, sendo o Espírito muito mais elevado, melhor compreende Deus e o
Universo; mas o seu passado se apaga por enquanto, sem o que se obscureceria a
sua inteligência. Ele mesmo não se compreenderia; seria o homem da África, o da
Europa ou da América? o da Terra, de Marte ou de Vênus? Não se recordando mais,
é ele mesmo, o homem de Júpiter, inteligente, superior, compreendendo a Deus;
eis tudo. Em observação adicional, o Editor Allan Kardec pondera: – Se o
esquecimento do passado é necessário num mundo adiantado como Júpiter, com mais
forte razão deve sê-lo em nosso mundo material. É evidente que a lembrança de
nossas existências precedentes causaria lamentável confusão em nossas ideias,
sem falar de todos os outros inconvenientes já assinalados a respeito. Tudo
quanto Deus faz leva o selo de sua sabedoria e de sua bondade; não nos cabe
criticar, ainda mesmo quando não compreendamos o objetivo. A questão do
esquecimento do passado serve de argumento para muitos dos que tentam
justificar as ações possibilitadas pelo livre arbítrio que caracteriza as
individualidades em processo de evolução. Os homens que no século 20
aprofundaram alguns estudos em torno da veracidade ou não da reencarnação,
concluíram que o intervalo curto entre reencarnações denominado por eles de
intermissão seria o responsável pelo aflorar de lembranças de vida passada,
sobretudo na infância, bem como a genialidade demonstrada por instrumentistas,
conhecedores de física, matemática, aspectos científicos de maneira geral. A
lógica confirma a exatidão das revelações espirituais segundo as quais o
esquecimento tem fins terapêuticos, visto que seria muito difícil alguém que
tivesse conhecimento de que o filho rebelde oculta o rival ou desafeto do
passado conseguir conviver com ele sem reincidir em antigos atos extremos.
Assim sendo, a reencarnação como instrumento de aperfeiçoamento através da
educação do Espírito somente dará certo se durante a permanência no corpo
físico, seja por limitações deste, seja por medidas providenciais, esquecermos
quem é quem no novo enredo que vamos construindo dia após dia.
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