Uma
das inteligências mais impregnadas do pensamento espírita no século XX, foi o
professor de Filosofia, Jornalista e escritor J. Herculano Pires. Com
ele, a divulgação do Espiritismo ganhou importante espaço na mídia impressa e radiofônica, neste caso em particular através
de um programa que esclareceu muitas dúvidas de interessados na visão espírita
sobre variadas questões: NO LIMIAR DO
AMANHÃ. Valiosos conhecimentos foram ali desdobrados e alguns admiradores
da época recuperaram as opiniões do Professor e os enfeixaram em livro pouco
conhecido. Dentre as dúvidas levantadas e ali preservadas destacamos uma tão
interessante quanto curiosa: JESUS FOI
UM MITO APENAS? Com a palavra Herculano Pires: -“A
ideia de que Jesus é um “mito” levou alguns pensadores europeus a publicarem
livros a respeito. Mas todo o esforço nesse sentido foi mal dado, diante
daquilo que Deus negou a esses pensadores, isto é, diante das provas históricas
irrefutáveis da existência de Jesus. Pois Jesus não está na História. Ele fez a
História. O mundo em que vivemos é o mundo cristão e o mundo cristão nasceu de
que? Dos ensinamentos de Jesus. Alguns naturalmente se apegam a certas
exposições de pensadores materialistas, que querem negar a existência de Jesus.
Mas a mesma é tão mais firmada na História do que qualquer outra. Além disso,
os fatos comprovados e investigados atualmente, nas pesquisas universitárias,
não apenas nas pesquisas dos religiosos, mostram que realmente Jesus existiu,
foi um homem, agiu intensamente na Palestina, criou uma nova concepção do
mundo, que foi registrada pelos seus discípulos, aparecendo mais tarde nas
formulações dos Evangelhos. Poderão dizer, por exemplo: Os Evangelhos foram
escritos muito depois da morte de Jesus (...). Ernesto Renan, por exemplo, que
foi o grande investigador histórico, famoso por suas obras de investigação da
história do Cristianismo, tem livros dedicados aos Evangelhos em que explica
pormenorizadamente e afirma, de maneira decisiva, que os mesmos nasceram do
círculo dos mais íntimos de Jesus, dos seus familiares, dos seus discípulos,
daqueles que privaram com Ele. Passados mais de cem anos depois de Renan,
aparece na França Charles Lindenberg, grande pesquisador e professor de
história do Cristianismo na Sorbonne, que afirma, depois de profundos estudos a
respeito, a mesma coisa que Renan. Os Evangelhos nasceram nos círculos mais
íntimos, ligados a Jesus, portanto procedem da fonte dos Seus ensinos orais. Se
isso não bastasse para provar a existência de Jesus, existem todos os
testemunhos, dados pelos apóstolos. Alguém pode dizer: não há na História um
registro assim, por um historiador qualquer, da passagem de Jesus na Terra.
Realmente, essa passagem foi obscura. Jesus viveu na época do mundo clássico
greco-romano. O que era importante, no tempo, era a história de Roma e não a
história da Palestina. O que se passava na Palestina tinha pouca importância.
Quando o historiador judeu Josefo trata da história da Palestina, ele não dá
atenção a Jesus, porque Jesus era um rabino popular. Ele era uma figura
exponencial do mundo judaico; não era nem sequer um sacerdote do templo. Ele
era um daqueles tipos de rabinos populares, mestres do povo, que andavam pela
Palestina, ensinando. A grandeza de Jesus não era material, exterior. Não era
dada pelos nomes, nem pelos títulos. Era a grandeza moral e espiritual de Jesus
que transparecia nos Seus ensinos. E a melhor grandeza desses ensinos se
confirma pelos resultados que eles produziram no mundo. Qual foi o homem que,
humildemente andando de sandálias, pelas praias de um lago humilde, como o lago
de Genesaré, pregando nas estradas, nos povoados, nas ruas das cidades judaicas
daquele tempo, numa província obscura do império romano, que era a Judéia, qual
foi o homem, repito, que dessa humildade e nessa humildade conseguiu produzir,
através simplesmente de palavras, ensinos orais, uma revolução total, que
transformou a civilização greco-romana na Civilização Cristã? Quem conseguiu
isso? Ninguém. Só Jesus. Esta é a maior prova, a mais decisiva prova de sua
existência, do seu trabalho, da sua grandeza.
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