Diplomado
em Teologia e Filosofia por importante escola de Roma, Carlos Torres Pastorino obviamente era profundo conhecedor dos
temas relacionados à Biblia, obra organizada
no final do século IV para servir de base para orientar, a princípio o
pensamento do Catolicismo e, a partir do século XVI, o Protestantismo. Como se
sabe, na referida obra encontra-se o Novo
Testamento onde preserva-se o que se resgatou o que se sabe sobre Jesus. Demitindo-se do
cargo que ocupava no Vaticano, retornando ao Brasil e dedicando-se à função de
educador, Carlos Pastorino depois de aproximar-se do Espiritismo e de Chico
Xavier, fundou um movimento denominado Sabedoria, publicando uma revista com que o divulgava, fazendo mês
a mês criteriosa análise dos EVANGELHOS.
No importante estudo do autor de MINUTOS
DE SABEDORIA, encontramos interessantes observações que devem ser conhecidas
por quem reflete sobre os Ensinos dos Evangelhos. LÍNGUA ORIGINAL A língua original do
NOVO TESTAMENTO é o grego denominado
Koiné, ou seja, comum, popular, falado pelo povo. Não é o grego clássico. O
grego do NOVO TESTAMENTO apresenta
um colorido francamente hebraista, e bem se compreende a razão: todos os
autores eram judeus, com exceção de Lucas, que era grego. OS EVANGELISTAS Mateus (nome grego, Mathios,
que significa dom de Deus. Seu nome em hebraico era Leví. jamais foi
encontrada nenhuma citação de Mateus em hebraico, nem mesmo em
aramaico. Com efeito, em hebraico é que não escreveu ele, já que desde 400 anos
antes de Cristo o hebraico não era mais falado, e sim o aramaico, que é
uma mistura de hebraico com siríaco. Um argumento em favor do hebraico ou
aramaico de Mateus original são seus numerosíssimos hebraísmos. Entretanto,
qualquer tradutor teria o cuidado de expurgar a obra dos hebraísmos. Se eles
aparecem em abundância, É mais lógico supor-se que o autor era judeu, e
escrevia numa língua que ele não conhecia bem, e por isso deixava escapar
muitos barbarismos. Supõe-se que Mateus haja escrito entre os anos 54
e 62. Dirige-se claramente aos judeus (basta observar as numerosas citações do Velho
Testamento e o esforço para provar que Jesus era o Messias
prometido aos judeus pelos antigos Profetas).
Marcos, ou melhor, João Marcos, era sobrinho de Pedro.
O nome João era hebraico, mas o segundo nome Marcos era puramente
latino. Não deve admirar-nos esse hibridismo, sabendo-se que os romanos
dominavam a Palestina desde 70 anos antes de Cristo, introduzindo
entre o povo não apenas a língua grega, como os nomes latinos e gregos. Os
romanos impuseram a língua latina às conquistas do Ocidente e a grega às do
Oriente, daí o fato de falar-se grego na palestina desde 70 anos antes de Cristo,
por coação dos dominadores. Marcos escreveu entre 62 e 66, e
parece que se dirigia aos romanos, tanto que não vemos nele citações de
profecias; apenas uma vez (e duvidosa) cita o VELHO TESTAMENTO. Mais: se aparece algo de típico dos costumes
judaicos, Marcos apressa-se a esclarecer, explicando com pormenores o de
que se trata, como estando consciente de que seus leitores, normalmente, não no
perceberiam. Lucas, abreviatura grega do nome latino Lucianus, não tinha
sangue judeu: era grego puro, de nascimento e de raça. Escreveu em linguagem
correta, entre 66 e 70, interpretando o pensamento de Paulo a quem acompanhava
nas viagens apostólicas, talvez para prestar-lhe assistência médica, pois o
próprio Paulo o chama médico querido ( 2.a Cor. 12:7). Todo
o plano de sua obra é organizado, demonstrando hábito de estudo e leitura e de
pesquisa. João, chamado também o discípulo amado, e mais tarde o
presbítero, isto é, o velho. Filho de Zebedeu, e portanto primo irmão de Jesus,
acompanhou o Mestre no pequeno grupo iniciático, com seu irmão Tiago
e com Pedro. Clemente
de Alexandria diz ter João escrito o EVANGELHO Pneumático. Sabemos que pneuma significa Espírito. Então,
é o Evangelho espiritual. Em que sentido? Escrito por um Espírito?
Pneumografado? Tal como hoje dizemos psicografado? João escreveu entre 70 e
100, tendo desencarnado em 104. Seu estilo é altaneiro, condoreiro e seu
Evangelho está repleto de simbolismos iniciáticos, tendo dado origem a uma
teologia. Linguisticamente, Lucas é o mais correto e Marcos
o mais vulgar, estando Mateus e João escritos numa
linguagem intermediária.
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