Reagir
às sugestões do Bem no sentido de trabalhar conscientemente pela própria
evolução não é comum em nosso Plano e condição de vida. Os milhares de exemplos
reunidos em depoimentos de Espíritos encarnados e desencarnados - esses através de testemunhos de
médiuns -, constituem-se numa prova disso. No número de julho de 1865 da REVISTA ESPÍRITA, Allan Kardec se vê diante
de questão levantada por estudiosos e praticantes do Espiritismo a época. A
situação problema colocada foi a seguinte: Muitas vezes vemos Espíritos de natureza má
cederem muito prontamente sob a influência da moralização e se melhorarem.
Podemos agir do mesmo modo sobre os encarnados, mas com muito mais trabalho.
Por que a educação moral dos Espíritos desencarnados é mais fácil que a dos
encarnados? Explica Kardec: Esta pergunta foi motivada pelo
seguinte fato. Um rapaz, cego há doze anos, tinha sido recolhido por um
espírita devotado, empenhado em curá-lo pelo magnetismo, pois os Espíritos haviam
dito que a cura era possível. Mas o rapaz, em vez de se mostrar reconhecido
pela bondade de que era objeto, e sem a qual teria ficado sem asilo e sem pão,
só teve ingratidão e mau procedimento, dando provas do pior caráter.
Consultado a respeito, respondeu o Espírito São Luís: “Como
muitos outros, esse jovem é punido por onde errou e suporta a pena de sua má
conduta. Sua enfermidade não é incurável, e uma magnetização espiritual,
praticada com zelo, devotamento e perseverança, certamente teria êxito,
auxiliada por um tratamento médico destinado a corrigir seu sangue viciado. Já
haveria uma sensível melhora em sua visão, que ainda não está completamente
extinta, se os maus fluidos de que está cercado e saturado não opusessem um obstáculo
à penetração dos bons fluidos que, de certo modo, são repelidos. No estado em
que se encontra, a ação magnética será impotente, enquanto não se desembaraçar,
por sua vontade e sua melhoria, desses fluidos perniciosos. É, pois, uma cura
moral que se deve obter, antes de buscar a cura física. Só um retorno sério
sobre si mesmo poderá tornar eficazes os cuidados de seu magnetizador, que os
Espíritos bons se desvelarão em secundar. Caso contrário, deve-se esperar que
perca o pouco de luz que lhe resta e que sofra novas e mais terríveis
provações. Agi, pois, sobre ele como fazeis com os Espíritos maus
desencarnados, que quereis reconduzir ao bem. Ele não está sob a ação de uma
obsessão: é sua natureza que é má e, além disso, perverteu-se no meio onde viveu.
Os Espíritos maus que o assediam só são atraídos pela similitude existente
entre eles; à medida que se melhorar, eles se afastarão. Só então a ação
magnética terá toda a sua eficácia. Dai-lhe conselhos; explicai-lhe sua
posição; que várias pessoas sinceras se unam em pensamento para orar, a fim de
atrair para ele influências salutares. Se as aproveitar, não tardará a lhes
experimentar os bons efeitos, pois será recompensado por um mais sensível na
sua posição.” Esta instrução nos revela um fato importante, o do obstáculo
oposto pelo estado moral, em certos casos, à cura dos males físicos. A
explicação acima é de uma lógica incontestável, mas não poderia ser
compreendida pelos que só vêem em toda parte a ação exclusiva da matéria. No
caso em tela, a cura moral do paciente encontrou sérias dificuldades; foi o que
motivou a pergunta acima, proposta na Sociedade Espírita de Paris. Explica
Kardec
terem sido obtidas seis respostas, todas concordando perfeitamente entre si. Das
duas selecionadas para evitar repetições inúteis escolhemos uma: -“Como
o Espírito desencarnado vê manifestamente o que se passa e os exemplos
terríveis da vida, compreende com tanto mais rapidez o que o estimula a crer ou
a fazer(...) A adversidade amadurece o pensamento. Esta expressão é verdadeira
sobretudo para os Espíritos desencarnados, que veem de perto as consequências
de sua vida passada. A negligência e o preconceito, ao contrário, triunfam nos
Espíritos encarnados; as seduções da vida e, mesmo, os seus desenganos,
dão-lhes uma misantropia ou uma completa indiferença pelos homens e pelas coisas
divinas.
Excelente texto!!!! Sempre esclarecedor.
ResponderExcluir