Tendo
vivido por 64 anos entre a metade do século 17 e início do 18, François Fénelon foi um teólogo católico, escritor e poeta que
se destacou pelas suas ideias liberais sobre política e educação contrapondo-se
ao pensamento dominante. Entre suas obras literárias, destaca-se DIÁLOGO DOS MORTOS em que simula uma
conversa com personalidades celebres do passado empenhadas em reavaliar
atitudes e posturas próprias e alheias. Desencarnado no início de 1715,
integrou a equipe de Espíritos que organizaram as primeiras obras do
Espiritismo publicadas por Allan Kardec. Fechando a edição de
julho de 1861 da REVISTA
ESPÍRITA, encontra-se uma mensagem de sua autoria recebida na cidade de
Bordeaux, enviada à redação por um correspondente de nome Sabò. O conteúdo
naturalmente é de grande importância para os que ainda não conhecem a utilidade
desse procedimento denominado prece em meio às tribulações da vida. Escreve ele: -“Tempestade
de paixões humanas, que abafais os bons sentimentos de que todos os Espíritos
encarnados trazem uma vaga intuição no fundo da consciência, quem acalmará a
vossa fúria? É a prece que deve proteger os homens contra o fluxo desse
oceano, cujo seio encerra os monstros horrendos do orgulho, da inveja, do ódio,
da hipocrisia, da mentira, da impureza, do materialismo e das blasfêmias. O
dique que lhe opondes pela prece é construído com a pedra e o cimento mais
duros e, impotentes para o transpor, esses monstros se esgotam em vãos esforços
contra ele e mergulham, sangrentos e aflitos, nas profundezas abissais. Ó prece
do coração, invocação incessante da criatura ao Criador, se conhecessem tua
força, quantos corações arrastados pela fraqueza teriam recorrido a ti no
momento da queda! Tu és o precioso antídoto que cura as chagas, quase
sempre mortais, que a matéria abre no Espírito, fazendo correr em suas veias o
veneno das sensações brutais. Mas como é restrito o número dos que oram bem!
Acreditais que depois de haver consagrado grande parte do vosso tempo a recitar
fórmulas que aprendestes, ou a lê-las em vossos livros, tereis merecido bastante
de Deus? Desiludi-vos; a boa prece é a que parte do coração; não é prolixa;
apenas, de vez em quando, deixa escapar seu grito a Deus em aspirações, em
angústias e em rogativas de perdão, como a implorar que venha em nosso socorro
e os Espíritos bons a levem aos pés do Pai justo, pois esse incenso é para Ele
de agradável odor. Então Ele os envia em grupos numerosos para fortalecer os
que oram bem contra o Espírito do mal; assim, tornam-se fortes como rochedos
inabaláveis. Vêem quebrar-se contra eles as vagas das paixões humanas e, como
se comprazem nessa luta que os deve cumular de méritos, constroem, como a
alcíone, seus ninhos em meio às tempestades”. Ampliando de certo modo
essas informações, o Espírito André Luiz oferece duas observações
importantes. A primeira no livro OS
MENSAGEIROS (1944, feb) e a segunda na obra seguinte MISSIONÁRIOS DA LUZ (feb, 1945). Diz ele:1-“
O trabalho da prece é mais importante do que se pode imaginar no círculo dos
encarnados. Não há prece sem resposta”. 2- A
oração, elevando o nível mental da criatura confiante e crente no Divino Poder,
favorece o intercâmbio entre as duas esferas e facilita a tarefa de auxílio
fraternal. Imensos exércitos de trabalhadores desencarnados se movimentam em
toda parte, em nome de Nosso Pai”.
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