Os
exemplos falam mesmo mais que numerosas palavras. E a vida do cidadão Chico
Xavier precisa ser lembrada também por isso. Marcada por grandes
dificuldades familiares, econômicas e sociais, serve de inspiração para muitas
reflexões sobre ângulos geralmente esquecidos por nós em meio às tribulações em
que nos vemos. A passagem a seguir demonstra isso. Chico contava 31 anos quando o fato se deu. Conta ele: -“Em 1939,
desencarnou um de meus irmãos, José Cândido Xavier, deixando sob nossa
responsabilidade, a viúva com dois filhinhos. A viúva de meu irmão era uma moça
extraordinária, humilde e bondosa. Em 1941, ela foi acometida de grave
distúrbio mental. Depois de alguns meses em que a viúva de meu irmão estava
conosco em casa, doente, o caso agravou-se requerendo internação numa casa de
saúde mental, o que foi providenciado em Belo Horizonte, com o auxílio de
médicos amigos. Voltei para casa com o coração muito abatido. Era noite. O
segundo filho de minha cunhada, com meu irmão, era uma criança paralítica, cega
e surda-muda. A criança chorava e eu me enterneci muito ao ver o pequenino sem
a presença materna. Sentei-me e comecei a orar. As lágrimas vieram-me aos
olhos, ao lembrar meu irmão desencarnado muito moço ainda, a viúva tão cedo
também, numa prova tão difícil! Na incapacidade de dar a ela a assistência
precisa, senti que minha dor era muito grande! Achegou-se, então, a mim, o
Espírito de nosso amigo Emmanuel. Perguntou-me porque
chorava. Contei-lhe que, naquela hora eu me enternecia muito por ver minha cunhada
numa casa de saúde mental em condições assim precárias. – Não! disse ele –
você está chorando por seu orgulho ferido; você, aqui, tem sido instrumento
para cura de alguns casos de obsessão, para a melhoria de muitos
desequilibrados. Quando aprouve ao Senhor, que a provação viesse
debaixo de seu teto, você está com o coração amargurado, ferido, porque foi
obrigado
a recorrer à assistência médica o que, aliás, é muito natural. Uma casa de
saúde
mental, um sanatório, um hospício, é uma casa de Deus. Você não deve ficar
assim.
Disse-lhe, então, que concordava e pedi-lhe como espírito benfeitor, que
trouxesse a minha cunhada de volta ao lar, pois a criança, o seu segundo filho
era paralítico e aquele choro atestava a falta que o pequenino sentia dela. Ela
voltaria – afirmou-me. Mas aquele “Ela
voltaria” poderia ser depois de muito tempo – o que de fato aconteceu só
depois de dois anos. – Eu queria que ela voltasse depressa –
disse a ele impaciente. – Imaginemos a Terra – respondeu-me
– como
sendo o Palácio da Justiça, e ela como sendo uma pessoa incursa em determinada
sentença da Justiça. Eu sou seu advogado e você é serventuário no Palácio da
Justiça. Nós estamos aqui para rasgar ou cumprir o processo? – Para
cumprir – respondi. Continuei, porém, chorando por observar o assunto
ser mais grave do que pensava. – Por que você continua chorando? –
disse ele. Querendo me agastar, muito indevidamente, porque a minha atitude era
desrespeitosa, diante de um amigo espiritual tão grande e tão generoso,
disse-lhe: – Estou chorando porque, afinal de contas, o senhor precisa saber que
ela é minha irmã! - ouvindo dele – Eu me admiro muito porque, antes dela, você tinha lá dentro naquela
casa, trezentas irmãs e nunca vi você ir lá chorar por nenhuma. A dor Xavier não é maior que a dor Almeida, do
que a dor Pires, do que a dor Soares, a dor de toda a família que tem um doente. Se você quer mesmo seguir a Doutrina
que professa, ao invés de chorar por
sua cunhada, tome o seu lugar ao lado da criança que está doente, precisando de calor humano. Substitua nossa irmã, exercendo,
assim, a fraternidade. – Foi uma
lição que não posso esquecer!
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terça-feira, 30 de agosto de 2016
domingo, 28 de agosto de 2016
UMA JUSTA HOMENAGEM
Personagem
importante nos primeiros momentos do Espiritismo no Brasil, o médico Adolfo
Bezerra de Menezes Cavalcanti, renasceu em nossa Dimensão no dia 29 de
agosto de 1831, em Riacho do Sangue, Estado de Ceará, tendo-se mudado aos 20
para o Rio de Janeiro onde em meio a grandes dificuldades se formou em Medicina
em 1856. Católico, se converteria ao Espiritismo anos depois após ler e se
convencer pela lógica - embora a impressão de estar diante de informações já
conhecidas - a primeira tradução d’ O
LIVRO DOS ESPÍRITOS do amigo Dr Joaquim Passos Tavares que a
realizara. Atraído para o movimento espírita que se organizava, fundou com
outros companheiros em 1891, o Grupo Espírita Regeneração, instituição que
dirigiu até sua morte em abril de 1891. Solicitado a conciliar os polêmicos místicos
e científicos que não se entendiam na direção da recém-nascida Federação
Espírita Brasileira, regressando ao Plano Espiritual em 1900, o Dr Bezerra
começa o trabalho de orientação através de inúmeros médiuns ao longo do século
20, a princípio pessoalmente e, na continuidade por meio das centenas de Amigos
Espirituais que comporiam equipe por ele liderada. Através de Chico
Xavier, revela-se uma encarnação por volta do século II, identificado
como Irmão
Corvino, cristão convertido e personagem da obra AVE CRISTO escrita pelo Espírito Emmanuel pelo médium que
orientava. Através de Chico, ante a proximidade do
primeiro centenário do Grupo Regeneração que fundara no fim do século passado, em
reunião de 6 de novembro de 1986 na residência do médium cumpre promessa e
conta as origens remotas do núcleo como CASA DOS BENEFÍCIOS, por ele fundada na
personalidade do convertido Irmão Parmenio Narra, entre outros
detalhes, o Espírito do Dr Bezerra: “Nos últimos dias do Século V, da
nossa Era, considerada a Era Cristã, duas meninas gêmeas eram vistas numa
residência nobre do Palatium em Roma, suscitando admiração pela beleza com que
se distinguiam. Entretanto, nos traços psicológicos eram, em si, a antítese uma
da outra. Ceres trazia, no coração pessimista, um processo de inadaptação ao
mundo que a incompatibilizava com a vida. Rancorosa e apaixonada pelas próprias
fantasias, fazia-se difícil pelo temperamento complexo. Cecília, porém,
guardava o íntimo possuído por belos ideais. Amava a natureza, praticava a
benemerência com espontaneidade de sentimento e conquistava a simpatia de
quantos lhe desfrutassem o convívio. (...) Depois de algum tempo, conquanto o
ciúme de Ceres, que seguia os acontecimentos com aparente sinceridade, o
casamento de Cecília e Coriolano se realizou com os vinhos e alegrias do noivo
e com as distribuições de alimentos e agasalhos, em homenagem a Deus, para com
os desvalidos, que, convidados para a festa, compareceram em grande número.
Instalado em sua própria residência, o casal se rejubilava com as bênçãos de
que se reconheciam depositários, recebendo amigos e comparecendo a reuniões
sociais do grande mundo a que pertenciam. Após doze meses de felicidade, os
cônjuges foram agraciados pela Divina Providência com o nascimento de um filho,
ao qual deram o nome de Pompílio, como preito de gratidão de Coriolano a um dos
avós, que se acostumara a amar em sua infância. (...) Acontece, no entanto, que
o menino Pompílio foi acometido pela escarlatina complicada, e as melhores
sumidades médicas da vida romana passaram pelo caso, com absoluta ignorância,
sem qualquer medida que pudesse alcançar a extinção do mal que atingia a
criança com a marca de inumeráveis padecimentos. Cecília, mãe aflita, soube, por
amiga fiel — Domitila Pompônia — , que na povoação de Possidônia, outrora
chamada Pestum, havia um homem piedoso, que não só abraçara o Cristianismo, mas
também se dedicara à sustentação de uma casa rústica em que hospedava os
doentes e os infelizes. Tratava-se do Irmão Parmênio, que, em idade avançada e
abandonado pela família anticristã, construíra o recanto a que chamava Casa dos
Benefícios, para melhor cumprir os seus deveres de homem, cujo coração se
represara dos ensinos do Divino Mestre, abrigando sofredores de qualquer
procedência. A Casa dos Benefícios se localizava, no ano de 513, no sexto
século do Cristianismo, em pequena colina, cujos alicerces se espraiavam em
formosas campinas, frequentemente pródigas de flores, que embalsamavam o
ambiente com perfumes considerados medicamentos. Ali vivia toda uma comunidade
formada por viúvas de guerreiros aniquilados em conflitos políticos ou em
hostilidades de raças; de enfermos que vinham buscar socorro, desde as
edificações do porto de Óstia e das diversas cidades e aldeias da periferia
romana, à caça de apoio e consolação. O irmão Parmênio presidia a esse núcleo
de gente sofrida e dilacerada por amargas provações humanas. A Casa dos
Benefícios era a escola e o lar, o templo e o recanto de cura para centenas de
pessoas dos mais diversos níveis sociais, que lá se irmanavam pelos desenganos
e pelas próprias lágrimas. Valendo-se de uma viagem claramente inadiável,
Coriolano se ausentara por tempo breve, a caminho de Pádua, ocasião em que
Cecília, induzida pela amiga que lhe prestava assistência em todos os passos
difíceis da existência, resolveu tomar o filho nos braços e, em companhia dela,
a amiga de sempre, procurar o irmão Parmênio, em Possidônia, para que o
doentinho lá recebesse a bênção e as instruções possíveis à cura da enfermidade
que o feria, tomando para isso um carro quais os do tempo, movimentado à força
de cavalos dóceis, que lhe facilitavam a excursão. Em casa, porém, Ceres não
descansou no ciúme doentio que lhe marcava os sentimentos. Convidou Claudius
para uma refeição íntima, alegando haver recebido preciosos vinhos da Sicília,
e solicitou de Túlia, uma servidora de sua confiança pessoal, a seguisse de
perto no ágape, pelo tempo em que se prolongassem os serviços. Cláudius
compareceu, muito bem apessoado e, enquanto se fartava das finas viandas e dos
vinhos licorosos que a jovem anfitriã havia reservada, notou que Ceres lhe
endereçava olhares inflamados de sensualidade, a que ele, algo conturbado pelas
bebidas entontecedoras, não conseguia resistir. E, ante a própria serva que os
observava, beijou a jovem com loucura. Decorridos dois dias em que Cecília e a
amiga com a criança se instalaram na Casa dos Benefícios, Coriolano regressou
quase de inesperado, e a serva, que igualmente se embriagara na noite da visita
do rapaz convidado de Ceres, se prontificou a comunicar ao dono da casa as
cenas de que fora testemunha, numa intriga totalmente tramada. Coriolano,
indignado com a ausência da esposa e do filho que se puseram em peregrinação,
buscando o apoio de um homem, que ele, patrício de muitas gerações, considerara
charlatão e impostor, indagou da escrava: — Mas, Cecília se encontrava nesta
mistura de desequilíbrio e obscenidade? Ei-la que respondeu com maldade
intencional, dizendo simplesmente: — Senhor, Ceres e Cecília são gêmeas. Eu não
posso diferenciar uma da outra. Diante de semelhante calúnia, Coriolano
organizou toda uma legião de homens fortes, em maioria assinalados por
instintos bestiais, e colocou o pelotão em caminho, conduzido por cavalos
ágeis, que facilmente cobriram a distância, atingindo a Casa dos Benefícios,
nas sombras da noite. Coriolano, informado por um guarda de que era proibido
incomodar os doentes na hora tardia em que se apresentava, deixou que todas as
suas reservas de desespero e inclemência lhe assomassem o pensamento, exigindo
que o fogo fosse atirado à instituição por todos os lados. Conquanto os gemidos
de muitos abrigados, o incêndio destruiu tudo o que as chamas alcançassem e
todos os que tentassem opor-lhes resistência. Em poucas horas o Irmão Parmênio
e a sua obra humanitária não passavam de um montão de cinzas fumegantes. O
delito não encontrou censores nem corretivos, porque o tempo permitia aos
poderosos do momento qualquer espécie de ímpetos loucos, sem que a justiça lhes
viesse tomar contas, punindo-lhes os desacatos. Foi assim que no Século VI, da
nossa Era, a Casa dos Benefícios se viu destruída e Cecília, com outras
entidades amigas, prometeu a Jesus que a obra do Irmão Parmênio seria
reconstituída, para o que daria a sua própria vida, antes que o milênio
terminasse. Prometemos que vos diríamos no instante oportuno, algo sobre o
assunto e aí tendes — com o auxílio de muitos dos implicados no delito que
varou os séculos e que hoje são companheiros do Cristo, devotados ao Bem,
transformados pelo sofrimento — a tarefa edificante em que vos unistes,
rendendo louvores ao Pai Misericordioso pelo trabalho bendito a que fomos todos
chamados, no Grupo Espírita Regeneração. Louvado seja Deus! Bezerra de Menezes
quinta-feira, 25 de agosto de 2016
A TRAGÉDIA ITALIANA E O ESPIRITISMO
A
notícia do forte terremoto ocorrido no centro da Itália na madrugada de 24 de
agosto reaviva os comentários de perplexidade sobre o fato das centenas de
pessoas atingidas pelos escombros em que se transformaram as construções da
vasta região coberta pelas vibrações da onda
císmica. Tema das abordagens de Allan Kardec com os Espíritos
que o ajudaram a compor a base da Doutrina Espírita das perguntas 737 a 741 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS tratando dos FLAGELOS DESTRUIDORES, ficou esclarecido,
entre outras coisas, ser necessário ver o fim para apreciar os
resultados e que esses transtornos são frequentemente necessários para fazer
com que as coisas cheguem mais prontamente a uma ordem melhor, visto que
contribuem para que a Humanidade avance mais depressa. Observam as
Entidades Espirituais que durante a vida o homem relaciona tudo a seu
corpo, mas após a morte pensa de outra maneira, visto que a vida no corpo é um
quase nada, representando um século de nosso mundo como um relâmpago na Eternidade,
sendo os sofrimentos de alguns meses ou dias, quase nada. Questionados
sobre a possibilidade de ‘inocentes’ estarem entre as vítimas, respondem que se se
considerasse a insignificâncias da vida perante o Infinito, menos importância
lhe daríamos e mesmo que pessoas enquadradas na condição
citada sejam vítimas, “noutra existência terão uma larga compensação para os
seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem lamentar considerando que
‘quer
a morte se verifique por uma flagelo ou causa comum, não se pode escapar a ela
quando chega a hora da partida”. No número de novembro de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, uma abordagem sobre
uma epidemia que desde dois anos antes se abatia sobre a Ilha Maurícia
pertencente ao território da França foi analisada por Allan Kardec que termina
suas apreciações com a mensagem do médico Dr Demeure desencarnado
tempo antes e que se integrara à Equipe que operava na Sociedade Espírita de Paris, que a conclui dizendo: -“Entramos
cada vez mais no período transitório, que deve levar à transformação orgânica
da Terra e à regeneração de seus habitantes. Os flagelos são os instrumentos de
que se serve o grande cirurgião do Universo para extirpar, do mundo, destinado
a marchar para frente, os elementos gangrenados que nele provocam desordens
incompatíveis como o seu novo estado. Cada órgão, ou melhor dizendo, cada
região será, sucessivamente, dissecada por flagelos de diversas naturezas.
Aqui, a epidemia sob todas as suas formas; ali, a guerra, a fome. Cada um deve,
pois, preparar-se para suportar a prova nas melhores condições possíveis,
melhorando-se e se instruindo, a fim de não ser surpreendido de improviso.
Algumas regiões já foram provadas, mas seus habitantes se equivocariam
redondamente se se fiassem na era de calma, que vai suceder à tempestade, para
recaírem nos seus antigos erros. É uma pequena trégua que lhes é concedida,
para entrarem num caminho melhor; se não o aproveitarem, o instrumento de morte
os experimentará até os trazer ao arrependimento. Bem-aventurados aqueles a quem
a prova feriu de começo, porque terão, para se instruírem, não só os males que
sofreram, mas o espetáculo daqueles seus irmãos em Humanidade, que por sua vez
serão feridos. Esperamos que um tal exemplo lhes seja salutar, e que entrem,
sem hesitar, na via nova, que lhes permitirá marchar de acordo com o progresso”.
Meses ante, noutra abordagem, Allan Kardec assinala: -“Os Espíritos não se
enganaram quando anunciaram que flagelos de toda sorte devastariam a Terra.
(...) Os homens não devem culpar senão a
si mesmos pelos males que suportam. (...) Que faz às vítimas da cobrança da Idade Média
o regime mais saudável no qual vivemos? Pode-se chamar a isto de justiça? É
notório que, até hoje, nenhuma filosofia, nenhuma doutrina religiosa tinha
resolvido esta grave questão, de tão poderoso interesse, entretanto, para a
Humanidade. Só o Espiritismo lhe dá uma solução racional pela reencarnação,
essa chave de tantos problemas, que se julgavam insolúveis. Em virtude da
pluralidade das existências, as gerações que se sucedem são compostas das
mesmas individualidades espirituais, que renascem em diferentes épocas e
aproveitam os melhoramentos que elas próprias prepararam, da experiência que
adquiriram no passado.
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
OS ESPÍRITOS SUPERIORES E ALLAN KARDEC FALAM SOBRE PRINCÍPIO VITAL E FLUIDO VITAL
O
ponto que mais impressiona no trabalho do pesquisador e professor Denizard Hippolite Léon Rivail - mais conhecido pelo pseudônimo Allan
Kardec - na ordenação das
informações que servem de base para o Espiritismo agrupadas nas OBRAS BÁSICAS ou nas análise dos
assuntos tratados na REVISTA ESPÍRITA
que fundou e dirigiu nos onze anos que o separaram da morte física é o bom
senso e a preocupação em não deixar dúvidas sobre muitos aspectos. Isso tornou
sua obra algo consistente e difícil de ser modificado. No assunto Principio
Vital e Fluido Vital pode-se observar essa sutileza. Já na Introdução
ao Estudo da Doutrina Espírita contida no início d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, encontramos: Princípio vital, o princípio da vida
material e orgânica, qualquer que seja a fonte donde promane, princípio esse comum
a todos os seres vivos, desde as plantas até o homem. Pois que pode haver vida
com exclusão da faculdade de pensar, o princípio vital é coisa distinta e
independente. A palavra vitalidade não daria a mesma ideia. Para uns o princípio
vital é uma propriedade da matéria, um efeito que se produz achando-se a matéria
em dadas circunstâncias. Segundo outros, e esta é a ideia mais comum, ele
reside em um fluido especial, universalmente espalhado e do qual cada ser
absorve e assimila uma parcela durante a vida, tal como os corpos inertes
absorvem a luz. Esse seria então o fluido vital
que, na opinião de alguns, em nada difere do fluido elétrico animalizado,
ao qual também se dão os nomes de fluido
magnético, fluido nervoso,
etc. Mais à frente, no capítulo quatro, nos diálogos realizados com os
Espíritos, sete perguntas são feitas para dirimir dúvidas, dentre as quais
destacamos: 63. O princípio vital reside nalgum agente
particular, ou é simplesmente
uma propriedade da matéria organizada? Numa palavra, é efeito, ou
causa? “Uma e outra
coisa. A vida é um efeito devido à ação de um agente sobre a matéria. Esse
agente, sem a matéria, não é a vida, do mesmo modo que a matéria não pode viver
sem esse agente. Ele dá a vida a todos os seres que o absorvem e assimilam.”
65. O princípio vital reside em algum dos corpos
que conhecemos? “Ele tem por fonte o fluido universal. É o
que chamais fluido magnético,
ou fluido elétrico animalizado. É o intermediário, o elo existente entre o Espírito e a matéria.” 66.
O princípio vital é um só para
todos os seres orgânicos?“ Sim,
modificado segundo as espécies. É ele que lhes dá movimento e
atividade e os distingue da matéria inerte, porquanto o movimento da
matéria não é a vida. Esse movimento ela o recebe, não o dá.”. Numa
elucidativa nota à questão 70, entre outras coisas Allan Kardec pondera: 1- Os órgãos (do corpo
físico) se impregnam, por assim dizer,
desse fluido vita. 2- A quantidade de
fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies
e não é constante, quer em cada indivíduo, quer nos indivíduos de uma espécie.
Alguns há, que se acham, por assim dizer, saturados desse fluido, enquanto outros
o possuem em quantidade apenas suficiente. Daí, para alguns, vida mais ativa,
mais tenaz e, de certo modo, superabundante. 3- A quantidade de fluido vital se esgota. Pode
tornar-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção
e assimilação das substâncias que o contêm. 4- O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro.
Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos e em
certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se.
segunda-feira, 22 de agosto de 2016
UM CASO COMO MUITOS
Como as estatísticas
demonstram, a violência resultante do consumo de drogas foi ganhando proporções
epidêmicas na sociedade no final do século 20. Muitas vidas físicas foram
interrompidas marcando dolorosamente a dos que remanesceram em nossa Dimensão.
A história contada a seguir ilustra isso, embora a mediunidade tenha mostrado
aos envolvidos um aspecto ignorado da fato, provocando reações até certo ponto
positivas. Para entender por que vamos voltar à noite de 5 de junho de 1984, em
São Paulo, capital. O dia terminava para a família Sorrentino, todos já
haviam se recolhido, o casal e dois de seus filhos, faltando apenas Renato,
um jovem que apesar dos seus 22 anos já trabalhava como analista de sistemas da
Bolsa de Valores de São Paulo e cursava o quarto ano da Faculdade de Economia e
Administração da USP. Um telefonema por volta da meia noite, porém, provoca um
alvoroço naquele lar, até aquele momento tranquilo e feliz. A voz era de um
policial que informava que Renato havia sido vítima de um
assalto seguido de roubo da moto, que utilizava para os deslocamentos de casa
para o trabalho e deste para a Faculdade. Como consequência de tiros recebidos,
não resistira e viera a falecer no próprio local da ocorrência. Perplexidade,
dor, revolta, inconformação, ódio, misturaram-se no coração e mente de seus
pais e irmãos nos cinco meses que se seguiram. A aceitação somente começaria a
ser experimentada no dia 9 de novembro, na cidade de Uberaba, Minas Gerais. Naquela
noite, em meio às cartas psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier,
encontrava-se a de Renato, esclarecendo e envolvendo seus entes queridos no
reconforto conforme depoimento de sua mãe, que “admitiu que passaram todos a
experimentar um novo alento e muita vontade de trabalhar pelos companheiros
necessitados”. Em sua mensagem, Renato conta: -“Lembro-me da última frase que o jovem desconhecido me endereçou com a
voz suplicante: – “Oi, companheiro, dê-me por favor uma carona. Sou seu colega
sem nica no bolso...” O pedido me alcançou o coração e parei a
moto. Estava de saída da USP e devia a meu ver prestar um gesto de
solidariedade ao amigo anônimo. Coloquei-lhe
a garupa ao dispor e seguimos juntos. Não houve tempo para muito diálogo.
Passados alguns minutos, o rapaz pediu parada e deixou o pedal que eu lhe havia
cedido. Mal nos defrontamos e ele
sacou um revólver e os projéteis me atingiram com violência. Compreendi que era o fim. Fixei o infeliz
que me prostrara sem comiseração e roguei a Deus em silêncio que me fizesse
entender aquele estranho assalto, em que os meus melhores sentimentos haviam
sido cruelmente explorados... O
desventurado amigo ou inimigo (ainda não sei bem) procurou ganhar distância,
mas foi reconhecido. A sangria
desatada não me permitia qualquer movimento. Recordo-me de que alguns desconhecidos se abeiraram de mim, no entanto,
meu cérebro como que se apagara. Nada
mais vi nem ouvi, porque um torpor, que nunca imaginei pudesse ser assim tão
forte, se me apoderou do corpo e da mente. Quanto tempo permaneci naquele desmaio sofrido de profunda
inconsciência, ainda não sei. Acordei num aposento confortável, assistido por uma
senhora em cuja presença adivinhava uma enfermeira prestimosa. Não pude articular a palavra logo após
retomar a própria consciência, abrindo os olhos. Notei que uma grande
dificuldade me tomara a garganta e, entre pensamentos enfileirando orações,
esperei o momento no qual me foi permitido falar. Então, perguntei à protetora diligente sobre o meu próprio destino, já
que a minha triste cena final me voltava à memória. Estaria em algum recanto de
tratamento na Terra mesmo ou me achava em algum lugar fora do plano físico?
O corpo estava quebrado, dolorido... A senhora me informou que a minha presença,
fosse onde fosse, lhe seria muito grata ao coração e me recomendou chamá-la por
vovó Josefina. Vovó Josefina era um
nome que, muitas vezes, ouvi como sendo alguém de nossa família que a morte
arrebatara, e ainda estávamos naquele início de conversação, que me espantava,
quando outra senhora veio até nós, abraçou-me afetuosamente e me solicitou
nomeá-la por vovó Benedita. Então,
não tive mais dúvida. Chorei ali mesmo, refletindo em meus queridos pais, em
meus irmãos e em nossa querida Sílvia, a quem prometera casamento. Vovó Josefina consolou-me e, qual se fizesse
de mim um menino de volta à infância, me fez rememorar preces do tempo de
criança que eu desde muito havia esquecido... Entendi, no entanto, que não estava numa universidade e sim num
santuário. O santuário do lar em cujo clima de amor formara o coração. Minhas avós me recomendaram pedir à Divina
Providência bastante força para perdoar ao jovem que me despojara da vida
física. E quando fiz isso, com todo o
meu coração, pois, repeti as petições por vários dias consecutivos até que
conseguisse repeti-las com sinceridade, pensei no infeliz companheiro qual se
fosse ele meu próprio irmão do lar e, desde essa hora, um calor diferente me
animou por dentro da própria alma”. A integra da mensagem poderá ser lida no livro VIAJARAM MAIS CEDO, publicado pela editora geem.
sábado, 20 de agosto de 2016
PROTEÇÃO DO ESPÍRITO DOS SANTOS PATRONOS
Tradição
que orientou por gerações a escolha dos nomes das crianças renascidas nas
famílias, a adoção de nomes de personalidades, especialmente ligadas à escola
religiosa a que se vinculam os pais, através das gerações do final do século
20, vai se modificando. Allan Kardec foi questionado sobre a possível vinculação entre
o homenageado e aquele que lhe recebeu o nome na REVISTA ESPÍRITA, edição de setembro de 1868. Analisando o tema,
escreveu: -“O que é que determina, em geral, a escolha dos nomes? Uma veneração
particular pelo santo que o tinha? admiração por suas virtudes? confiança em
seus méritos? o pensamento de o dar como modelo ao recém-nascido? Perguntai à
maioria dos que o escolhem se sabem quem foi, o que fez, quando viveu, por que se
distinguiu, se conheciam uma só de suas ações. Se se excetuarem alguns santos
cuja história é popular, quase todos são totalmente desconhecidos e, sem o
calendário, o público nem mesmo saberia se tinham existido. Assim, nada pode,
pois, atrair o seu pensamento antes para um do que para outro. Admitamos que,
para certas pessoas, o título de santo baste e que se pode tomar um nome de
confiança, desde que esteja na lista dos bem-aventurados, preparada pela
Igreja, sem que seja preciso saber mais: é uma questão de fé. Mas, então, para
essas mesmas pessoas, quais são os motivos determinantes? Há dois que
predominam quase sempre. O primeiro é, muitas vezes, o desejo de agradar a
algum parente ou amigo, cujo amor-próprio se quer adular, dando seu nome ao
recém-nascido, sobretudo se daquele espera alguma coisa, porque se fosse um
pobre diabo, sem crédito e sem consistência, não lhe fariam esta honra. Nisto
visam muito mais a proteção do homem que a do santo. O segundo motivo é ainda
mais mundano. O que se busca quase sempre num nome é a forma graciosa, uma
consonância agradável. Sobretudo num certo mundo, querem nomes bem
sofisticados, que tenham um cunho de distinção. Há outros que são repelidos
impiedosamente, porque não agradam ao ouvido, nem à vaidade, mesmo que fossem
de santos ou de santas mais dignos de veneração. E, depois, muitas vezes o nome
é uma questão de moda, como a forma de um penteado. É preciso convir que essas
santas personagens em geral devem ser pouco tocadas pelos motivos da
preferência que lhes concedem; na realidade, não têm nenhuma razão especial
para se interessarem, mais que por outros, por aqueles que têm o seu nome,
perante os quais são como esses parentes afastados, dos quais só se lembram
quando esperam uma herança. Os espíritas, que compreendem o princípio das
relações afetuosas entre o mundo corporal e o mundo espiritual, agiriam de
outro modo em tal circunstância. Ao nascer uma criança, os pais escolheriam,
entre os Espíritos, beatificados ou não, antigos ou modernos, amigos, parentes
ou estranhos à família, um daqueles que, com seu conhecimento, deram provas
irrecusáveis de sua superioridade, por sua vida exemplar, pelos atos meritórios
que praticavam, pela prática das virtudes recomendadas pelo Cristo: a caridade,
a humildade, a abnegação, o devotamento desinteressado à causa da Humanidade,
numa palavra, por tudo quanto sabem ser uma causa de adiantamento no mundo dos
Espíritos; invocá-lo-iam solenemente e com fervor, pedindo-lhe que se unisse ao
anjo-da guarda da criança para a proteger na vida que vai percorrer, guiá-la
com seus conselhos e suas boas inspirações; e em sinal de aliança daria a essa
criança o nome do Espírito. O Espírito veria nessa escolha uma prova de
simpatia e aceitaria com prazer uma missão que seria um testemunho de estima e
de confiança. Depois, à medida que a criança crescesse, ensinar-lhe iam a
história de seu protetor; contar-lhe-iam suas boas ações; ele saberia por que
tem esse nome e esse nome sempre lhe lembraria um belo modelo a seguir. É então
que na festa de aniversário o protetor invisível não deixaria de associar-se,
porque teria seu lugar no coração dos assistentes.
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
INFORMAÇÕES UTEIS SOBRE A PRECE
1858
– O intelectual,
pesquisador e educador Denizard Hippolite Léon Rivail oculto no
pseudônimo Allan Kardec, após mais de 30 anos de observações no
campo do magnetismo, aprofundando-se no estudo dos hoje chamados fenômenos
paranormais e considerando ser o Magnetismo uma força natural,
amplia-lhe o conceito afirmando que os resultados obtidos pelo fluido magnético
(fluido vital) se devem à associação das emanações de um CORPO FLUIDICO por ele
denominado PERISPÍRITO que, por sua vez, emana o fluido perispiritual. 1864- O mesmo
pesquisador afirma que a prece é uma irradiação mental em forma de pensamento que
coloca o emissor em contato com o Ser a que se dirige, propagando-se impregnada
de fluidos pessoais resultantes das emoções/sentimentos que inspiram sua
formulação. 1905 – A proposição de Albert Einstein de que energia e matéria são duas
manifestações diferentes da mesma substância universal sendo esta a energia
básica de que todos somos constituídos, abre caminho para estudos sobre a
tentativa de se curar o corpo através da manipulação desse nível básico
energético que pode ser chamada de MEDICINA VIBRACIONAL. Em velocidade cada vez
mais acelerada verifica-se uma sucessão de avanços na compreensão das
interações mente-cérebro com descobertas como:1-O
eletroencefalógrafo no final dos anos 20 confirmando uma atividade
eletromagnética nas ondas cerebrais conforme o estado da consciência. 2-
As da Neurociência com os neurotransmissores 3- Evolui a compreensão
sobre outros níveis de consciência/inconsciência além da visão FREUD/JUNG para
os chamados estados alterados de consciência em que podem ser enquadrados os
estágios alcançados pela hipnose, meditação, transe mediúnico e, podemos
afirmar, até pela prece. ANOS 60 - Revelada a descoberta em 1939, da eletrofotografia
também chamada fotografia kirlian que demonstra a existência de um campo
eletromagnético ao redor do corpo humano, suas características e sua
subordinação ao estado mento-emocional da criatura humana. 1970 – Publicado
o livro EXPERIÊNCIAS PSIQUICAS ALÉM DA CORTINA DE FERRO que, entre
outras revelações, mostra diversos
estudos desenvolvidos nos países chamados comunistas , entre os quais,
um a partir da informação da Yoga de que“uma energia vital chamada
Prana circula pelo corpo podendo ser dirigida pelo pensamento exatamente como o
pensamento dirigiu a energia fotografada pela máquina Kirlian”. 1988
– O médico norte-americano Richard Gerber publica o
livro MEDICINA VIBRACIONAL em que desenvolve uma visão einsteiniana dos
sistemas vivos. Alguns pontos a serem considerados de suas conclusões: 1- Todos
os organismos dependem de uma sutil força vital que cria uma sinergia graças a
uma singular organização estrutural dos componentes moleculares. 2- Matéria
é uma forma de energia. 3- Consciência é uma espécie de energia
que está integralmente relacionada com a expressão celular do corpo físico,
participando da contínua criação de saúde ou doença. 4- Existe no
Ser Humano um CORPO ETÉRICO que é um molde holográfico de energia que orienta o
crescimento e o desenvolvimento do corpo físico, por sinal detectado nos anos
50 por cientistas russos através das experiências com a chamada eletrofotografia
(foto Kirlian), denominado por eles MOB – Modelo Organizador Biológico.
5- Os Seres humanos são sistemas dinâmicos de energia que refletem os
padrões evolutivos do crescimento da alma. A consciência humana está
constantemente aprendendo, evoluindo se desenvolvendo. À medida que a percepção
espiritual desse processo dinâmico de mudança tornar-se mais disseminado,
haverá uma reação em cadeia que transformará toda a espécie humana. 1995 - Pesquisas conduzidas pela Psiquiatra Elizabeth
Targ, estudiosa da Psiconeuroimunologia, a fim de confirmar ou não a
eficácia das preces à distância na cura de doenças, desenvolveu o seguinte
experimento: 40 curadores religiosos e espiritualistas de diferentes
áreas, de cristãos a xamãs, com histórico de curas de pessoas desenganadas pela
Medicina Tradicional / 20 pacientes com diagnóstico de AIDS, mesmo tratamento,
divididos em dois grupos de 10, um dos quais receberiam as preces ou
pensamentos de intenções de cura e bem estar, durante uma hora por dia, seis
dias por semana, durante dez semanas. / Os curadores não tinham acesso aos
pacientes, trabalhando a partir de um nome, uma foto e um exame de linfócitos.
/ Seis meses depois, quatro dos que não receberam preces haviam morrido e os que
receberam preces não apenas estavam vivos como diziam se sentir muito melhor, fato
confirmado por exames e médicos que os assistiam. / Repetido o experimento com 50
fatores de controle diferentes que poderiam influenciar os resultados, os que receberam
preces apresentavam um índice de saúde significativamente maior em todos os
parâmetros utilizados.
terça-feira, 16 de agosto de 2016
O QUE A HISTÓRIA NÃO MOSTROU
Zona rural da cidade de Mogi das Cruzes, São Paulo, 04 de dezembro de 1961.
O casal Alberto e Angélica Fortunato e seus três
filhos foram convidados para passarem o fim de semana na Fazenda Bela Vista, arrendada
por José, ex vizinho na Zona Leste da capital paulista que arrendara as terras
da propriedade para produção de hortaliças. Era um dia ensolarado e os três rapazes, Jair
(com 13 anos), Osmar (15) e José (16), além de um menininho
filho do anfitrião resolveram se divertir na piscina da Fazenda. Não havia nenhum adulto por perto e, Jair,
aniversariante do dia, o primeiro a entrar na piscina, começou a se afogar, o
que levou os outros irmãos a mergulharem para salvá-lo; debateram-se na água e
morreram juntos, apesar da tentativa de salvamento do japonesinho, com uma vara
de bambu. O choque emocional para as duas famílias foi muito grande,
transformando em poucos minutos um fim de semana feliz e festivo numa dolorosa
tragédia. Vinte e um anos depois, em 19 de fevereiro de 1982, o casal Fortunato
compareceu à reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, MG, onde
manteve rápido diálogo com Chico Xavier. O médium, para surpresa e alegria de ambos,
visualizou ao lado deles as entidades espirituais Maria Justina, avó do Sr.
Alberto;
Angelina, avó da Sra. Angélica e um senhor japonês, o
velho amigo do casal que abalado pela depressão surgida após o acidente em sua
casa, desencarnara pouco tempo depois do mesmo. Horas mais tarde, no desenrolar da reunião, Chico
psicografou elucidativa carta de José, um dos três filhos do casal Fortunato,
revelando as razões profundas do acidente coletivo que colocou os três irmãos
no caminho da redenção. Na emocionada carta, além da descrição do que ninguém
viu, a explicação da origem do fato ocorrido: -“Quando caímos nas águas da grande
piscina, o Osmar, o Jair e eu estávamos sendo conduzidos pelos Desígnios do
Senhor a resgatar o passado que nos incomodava. Nada posso detalhar quanto ao
fim do corpo de que nos desvencilhamos, como quem se vê na contingência de trocar
a veste estragada e de reajuste impossível. O sono compulsivo que nos empolgou
os três foi algo inexplicável de que voltamos à forma da consciência, dias após
o estranho desenlace. Estávamos os três alarmados e infelizes no hospital a que
fomos transportados, quando duas senhoras se destacaram dos serviços de
enfermagem para nos endereçarem a palavra... No fundo, queríamos apenas
regressar à casa e retornar ao cotidiano, porque aquele debate com as águas
fora para nós, naquele despertar, uma espécie de brincadeira de mau gosto, na
qual supúnhamos haver desmaiado... Aquele instituto devia ser uma casa de
pronto socorro como tantas... Entretanto, as duas senhoras se declararam nossas
avós Maria Justina e Angélica, e nos informaram, com naturalidade e sem qualquer
inflexão de voz agressiva, que havíamos voltado ao Lar, ao Grande Lar de nossa
família na Vida Espiritual. Os irmãos e eu choramos, como não podia deixar de
acontecer... Fomos conduzidos à nossa casa e vimos os pais amargurados. (...) Nosso pranto se misturou ao da Mamãe Angélica
e do Papai, do Antônio e do Carlos Alberto, e muitos dias e meses correram
nessa situação de incompreensão e de dor... Dois anos passados, fomos visitados
por um amigo de nossa família que se deu a conhecer por Miguel Pereira Landim,
respeitado e admirado por nossos familiares da Espiritualidade. Nossa avó Maria
Justina nos permitiu endereçar-lhe perguntas e todos os três indagamos dele a
causa do sucedido em nossa ida a Mogi. Ele sorriu e marcou o dia em que nos
facultaria o conhecimento do acontecido em suas causas primordiais. Voltando a
nós, na ocasião prevista, conduziu-nos, os três, à Matriz do Senhor Bom Jesus,
em Ibitinga. Entramos curiosos e inquietos. A igreja estava repleta de
militares desencarnados. Muitos traziam as medalhas conquistadas, outros
ostentavam bandeiras. Em meu coração passou a surgir a recordação que eu não
estava conseguindo esconder. De repente, vi-me na farda de que não me lembrava,
junto dos irmãos igualmente transformados em homens de guerra e o nosso olhar
se voltou inexplicavelmente para as cenas que se nos desenrolavam diante dos
olhos. Envergonho-me de confessar, mas a consciência não me permite recuos.
Vi-me com os dois irmãos numa batalha naval, que peço permissão para não
mencionar pelo nome, quando nós, na condição de brasileiros, lutávamos com os
irmãos de república vizinha... Afundávamos criaturas sem nenhuma ligação com as
ordens belicistas nas águas do grande rio, criaturas que, em vão, nos pediam
misericórdia e vida... Replicávamos que em guerra tudo resulta em guerra... Foi
então que o chefe Landim apontou para uma antiga imagem de Jesus, do Senhor Bom
Jesus, e falou em voz alta que aquela figura do Cristo viera do forte Itapura
com destino à nossa cidade e que, perante Jesus, havíamos os três, resgatado
uma dívida que nos atormentava, desde muito tempo. Aqueles companheiros
presentes passaram a nos felicitar, explicando-nos que se haviam transformado
em servidores das legiões de Jesus Cristo. O que choramos, num misto de alegria
e sofrimento, não sabemos contar. Fique, porém, esta informação para os
queridos pais e para os irmãos queridos, a fim de que todos saibamos que a
injustiça não é de Deus e que os nossos sofrimentos e provas se efetuam a
pedido de nós mesmos, para que a nossa vida espiritual, a única verdadeira, se
torne mais aceitável e mais ajustada às Leis Divinas que a todos nos regem”. A íntegra desta e outras mensagens
poderá ser lida na obra “RETORNARAM
CONTANDO” (ide).
domingo, 14 de agosto de 2016
JUSTIFICADA RIDICULARIZAÇÃO
Má
fé, precipitação, desconhecimento, falta de discernimento são explicações que
se encontra para a grande quantidade de obras de conteúdo duvidoso assinado
por Espíritos que através de vários médiuns se identificam ou revelam com nomes
respeitáveis da história da Humanidade. Ao tempo do surgimento do Espiritismo
não era diferente como se percebe lendo as páginas da REVISTA ESPÍRITA. No numero de junho de 1865, por exemplo, Allan
Kardec apresenta sua opinião sobre matéria publicada no periódico italiano
CHARIVARI,
edição de 20 de maio de 1865. Nela a reprodução de carta mediúnica de ninguém
menos que Dante Alighieri cujo sexto centenário de nascimento se
comemorava naquela ano, a um certo sr Thiers nos seguintes termos: “Senhor
e caro confrade, “Eu não podia ficar indiferente às festividades que iam
celebrar em minha honra e, tendo minha sombra pedido e obtido licença de oito
dias, venho assistir à inauguração do monumento que me é consagrado. É, pois,
de Florença que vos dirijo esta carta, ainda sob a emoção que me causou a
cerimônia que acabo de testemunhar. Se tomo esta liberdade, senhor e caro
confrade, é porque julgo estar em condição de vos fornecer informações que vos
serão de alguma utilidade. “Não obstante morto há cinco séculos, não deixei de
continuar a seguir com a mesma atenção e o mesmo patriotismo a marcha dos acontecimentos
que interessam ao futuro da Itália. Sabeis tão bem quanto eu de quantas
vicissitudes tenho sido testemunha; também podeis fazer uma ideia de quantas
dores meu coração foi assoberbado...” Seguem-se longas reflexões sobre
os negócios da Itália e as opiniões do Sr. Thiers. Não as reproduzimos pelo
duplo motivo de que são estranhas ao nosso assunto e porque a política está
fora dos planos deste jornal. A carta termina assim:) “Se, pois, como me afirmaram, em
breve deveis empreender viagem à Itália, tende a bondade de passar por
Florença e vir conversar alguns instantes com minha estátua. Ela terá
coisas muito interessantes a vos dizer. “Com esta esperança, senhor e caro
confrade, rogo aceiteis a certeza de..., etc.” Dante Alighieri.
Analisando o assunto, Allan Kardec comenta: -A julgar pelos artigos que o CHARIVARI
publicou mais de uma vez sobre o assunto, duvidamos muito que o Sr. Pierre
Véron seja simpático à ideia espírita. Assim, não se deve ver nessa carta mais
que um simples produto da imaginação apropriado à circunstância, a menos que o
Espírito Dante tenha vindo ditá-la à revelia do autor. Ela é muito espirituosa
para que ele não a desaprove, mas só deve ser apreciada em seu conjunto, porque
perde muito se for fracionada. Era um pensamento engenhoso fazer intervir,
mesmo ficticiamente, o Espírito Dante nessa ocasião. Salvo alguns pequenos
detalhes, um espírita não teria falado de outro modo. Para nós não é duvidoso
que Dante, a menos que tenha reencarnado, pudesse ter assistido a essa imponente
manifestação, atraído pela poderosa evocação de todo um povo irmanado num mesmo
pensamento. Se, naquele momento, o véu que oculta o mundo espiritual aos olhos
dos encarnados pudesse ser levantado, que imenso cortejo de grandes homens
teria sido visto planando no espaço e misturado à multidão para aplaudir a
regeneração da Itália! Que belo assunto para um pintor ou um poeta inspirado
pela fé espírita! Allan Kardec
sexta-feira, 12 de agosto de 2016
UMA OPINIÃO DE PESO
Reconhecido pelos estudiosos do Espiritismo como uma das mais importantes
personalidades do século 20 não apenas no conhecimento como na defesa da
importância da não adulteração dos conteúdos produzidos por Allan Kardec, o Professor José Herculano Pires – jornalista,
formado em Filosofia e, intransigente defensor da pureza doutrinária, possuía
opiniões surpreendentes. Tradutor das Obras Básicas assinadas por Allan Kardec,
revisor da primeira tradução da coleção da REVISTA ESPÍRITA, autor de dezenas
de livros falando sobre a Doutrina Espírita, enxergou aspectos que outros não
viam. Uma prova disso evidencia-se na visão da importância do egoísmo no
processo evolutivo da individualidade, enfim do Ser humano. No excelente livro CURSO
DINÂMICO DE ESPIRITISMO – o grande desconhecido (clarim, 1979),
desenvolve tal argumento num dos capítulos. Para se ter uma ideia, destacamos
parte de seu texto para análise a seguir:-“Tudo tem a sua utilidade na Natureza. O Universo é
teleológico, finalista, busca sempre e em tudo uma finalidade. Os filósofos
antifinalistas apoiam suas teorias no erro humano, de todos os tempos, que
interpreta a Natureza como criada especialmente para o homem. Esse erro surgiu
nas selvas, permaneceu nas civilizações primitivas e projetou-se nas
civilizações posteriores. Os próprios deuses e demônios de toda a Antiguidade
foram postos ao serviço do homem, que embora os reverenciando, pretendiam
utilizá-los como seus auxiliares. O Universo tem, naturalmente, uma finalidade
única e superior, em que todas as finalidades se conjugam num resultado único.
Mas esse resultado escapa às nossas possibilidades de pesquisa, de compreensão
e mesmo de imaginação. A mais inútil das coisas e os mais prejudiciais dos
seres são necessários. E ser necessário é ser indispensável, é pertencer a um
elo da cadeia inimaginável que Kardec nos apresenta nesta frase tantas vezes
repetida n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS: Tudo se encadeia no Universo. Os problemas
ecológicos da atualidade, surgidos com o desenvolvimento tecnológico, deram
ênfase à importância da Ecologia, ciência das relações entre sujeito e meio e
mesmo entre objeto e meio. O meio físico em' que vivemos, com seus elementos
naturais configurando determinada situação mesológica humana, é formado por uma
infinidade de substituições necessárias à vida vegetal e animal. A ignorância
do homem a respeito, tentando aniquilar elementos nocivos do meio, provoca o
desencadeamento de desequilíbrios perigosos e até mesmo fatais. Minerais,
vegetais e animais considerados perniciosos, quando retirados do meio, revelam
a sua função necessária e têm de ser repostos ou substituídos por outros que os
compensem. Esse delicado equilíbrio das coisas mínimas apresenta-se também nas
coisas máximas, como no jogo de forças que sustentam o equilíbrio planetário o
próprio equilíbrio das galáxias no espaço sideral. O mesmo acontece na nossa
estrutura corporal, com seus vários aspectos físicos, psíquicos e espirituais.
Por isso o Espiritismo é contrário a todas as práticas de mortificação,
extinção, asfixia ou desenvolvimento de funções, instintos, percepções e
poderes inferiores ou superiores na criatura humana. Esta deve ser respeitada
em sua integridade, com seus defeitos, deformações, deficiências e assim por
diante, cabendo-nos apenas o direito, que é também dever, de auxiliar as
criaturas no seu processo natural de aperfeiçoamento e reajustamento, nos rumos
naturais da transcendência. Nem mesmo a mediunidade deve ser desenvolvida por
supostas técnicas provindas de tradições místicas ou de invenção de pretensos
mestres espirituais. O Espiritismo se opõe a todas essas tentativas imaginosas,
que podem levar, como tem levado, muitas pessoas a desequilíbrios graves. O
egoísmo, a vaidade, o orgulho, a pretensão, a ambição representam elementos
negativos da constituição do Ser humano, que devem ser eliminados. Mas essa
eliminação não se dá pelos métodos antigos das corporações religiosas, até hoje
empregados, apesar dos terríveis malefícios causados. Kardec e os Espíritos Superiores,
em suas comunicações, consideraram o egoísmo como verdadeira praga que impediu
.o desenvolvimento real do Cristianismo na Terra. Mas jamais aconselharam
métodos artificiais para o combate ao egoísmo. As penitências, os cilícios, o
isolamento, as autoflagelações de toda espécie tornaram mais negra a Idade
Média e ainda hoje se escondem nas furnas da ignorância religiosa que só
serviram para desequilibrar milhões de criaturas que constituem o triste e
pesado legado da Antiguidade para nosso tempo.
quarta-feira, 10 de agosto de 2016
SALDANDO DÍVIDAS
O caso revela como nos bastidores da invisibilidade os Espíritos
desencarnados se desdobram quando possível para auxiliar os que permanecem
presos às experiências em nossa Dimensão.
O personagem principal, José Roberto Pereira Cassiano, ou simplesmente
Shabi, apelido pelo qual gostava de ser chamado, então um jovem de apenas 23
anos, profissional dedicado a desenho de projetos, além de cultor da pintura,
fotografia e desenho. No dia 9 de março de 1974, Shabi, que residia com os pais
na Alameda Jaú, em São Paulo, rumou para a cidade de Santos, a fim de deixar a
namorada, rotina que repetia há alguns meses. Na viagem de retorno, uma
fatalidade, só explicável pelas leis de causa e efeito: um acidente fez um que
ele caísse do veículo em que estava, tendo morte instantânea. Sem documentos
que o pudessem identificar, permaneceu no necrotério de São Bernardo do Campo,
e, ante a não procura do corpo, acabou sendo sepultado. Estranhando sua demora
em voltar e, depois seu desaparecimento, seus pais iniciaram uma ansiosa,
aflitiva e angustiante busca que findaria uma semana depois, de forma
traumatizante. Isso depois da exumação do corpo, da dolorosa identificação de
Shabi e, por fim, do devido sepultamento. Como não poderia deixar de ser, seus
pais de quem era único filho, mergulharam em profunda e infindável tristeza, a
ponto de seu pai que já não desfrutava de uma saúde equilibrada, precisar
permanecer internado na UTI da Beneficência Portuguesa, por vários dias. Sete
meses passados, orientados por Dona Yolanda Cezar, pessoa de quem se
aproximaram através de amigos, estiveram em Uberaba, para falar com Chico
Xavier. A primeira carta (FILHOS VOLTANDO, geem,1982) de Shabi, porém, só seria recebida dezoito meses após
a sua morte física, onze, portanto, depois do primeiro encontro com o médium. Até
então, como lembraria seu pai, “a
situação era de total desespero, minha saúde cada vez mais se agravava. As
noites indormidas e, quando chovia, nosso desespero aumentava, pois temíamos que
nosso Shabi, sepultado, recolhesse os rigores da chuva a encharcar a terra fria”.
Saudosos, os pais só encontravam forças nos tranquilizantes. Ainda segundo o
pai, “a mensagem representou-nos um
bálsamo para a alma e para o corpo. A saúde melhorou e passei, com minha
esposa, a sentir o filho presente em tudo o que era dele e que guardávamos com
carinho. Compreendemos, então, que o reencontro com ele somente poderia ser um
reencontro espiritual. O sono começou a voltar e passamos a ir mais vezes a Uberaba,
na esperança de receber novos recados ou, como nós entendíamos, mais uma carta
do filho querido. Pelas palavras de nosso filho compreendemos que a morte não
existe”. No incrível documento confirmando a sobrevivência de Shabi, revelações
surpreendentes. Entre outras coisas escreveu o jovem: -“ A viagem seguia o compasso da Anchieta,
entre paradas de trânsito e marchas rápidas para ganho de tempo, quando, ao
movimentar-me, caí num impacto de forças
que não sei descrever. Quis reagir,
gritar por socorro, mas tive a impressão de que um suave anestésico me
entorpecia as forças mentais. O pensamento escorria do cérebro, como se fora
sangue a derramar-se de outros campos do corpo... Sensação estranha de esvaziamento, compelindo-me a desfalecer, sem
recursos de resistência. E dormi. (...)
Acordei, queridos pais, numa sala de
apresentação muito difícil com as palavras de que conseguiria dispor. Era eu e
não era eu quem se achava ali numa dualidade que não podia reconhecer. Ouvi
conversações e apontamentos que me espantavam. No entanto, médicos e
enfermeiros me administravam agentes sedativos que me impuseram mais descanso. (...)
A situação prosseguia, quando o Irmão Cassiano me avisou que traria meus pais
para um reencontro. Daí a instantes, notei-lhes a
presença quase rente a mim. Mãezinha e você, papai, pediam notícias minhas. Só então entendi que me achava em
São Bernardo, não longe do quilômetro em que havia sofrido a queda. Compreendi
mais. Aquele não era um recinto de hospital, mas um refúgio de paz e silêncio,
reservado aos que já haviam atravessado as fronteiras, das quais me vejo agora
muito aquém... Fiz tudo para fazer-me sentir, a fim de tranquilizá-los. Mas o
amigo fiel que me assistia e ainda me protege, em todos os passos da Vida Nova,
me sossegou o espírito atribulado, afirmando que estavam dados os primeiros
passos para que recebessem minhas notícias. A ideia da despedida, então, tomou
corpo em mim e só aí, querida Mamãe, compreendi que seu filho havia deixado a
veste física, à feição de alguém que se transfere de estrada ou de carro, a fim
de tomar caminhos diferentes. Confesso, meu pai, que as lágrimas me subiram do
coração para os olhos, porque não me sentia preparado, quanto agora, para o
exame do assunto. Era muito sonho e muita esperança a tombarem do alto de
nossas aspirações e projetos. (...) Ainda assim, a pesquisa que efetuavam, as
perguntas que ouvi, sem que me fosse possível qualquer manifestação para
esclarecê-los, me feriam o coração. Observei que me procuravam com aflições
iguais às minhas e percebi que a incerteza era o clima de nossos pensamentos e
indagações. Sofri ao vê-los na retirada com as mesmas dúvidas que me pairavam
na alma e caí em crise de lágrimas como não podia deixar de ser. Novamente, o
benfeitor incansável promoveu os meios de socorro dos quais necessitava e um sono
maior abençoou a minha cabeça cansada...
segunda-feira, 8 de agosto de 2016
'ESTAR' É DIFERENTE DE 'SER' ESPÍRITA
O
rótulo de Espírita, a exemplo de qualquer outro, significa quase nada do ponto
de vista do aproveitamento da individualidade na sua passagem pela nossa
Dimensão. Uma matéria reproduzida na edição de setembro de 1865 da REVISTA ESPÍRITA confirma essa conclusão.
O caso foi relatado a Allan Kardec em 10 de janeiro
daquele ano por correspondente da cidade de Lyon. Envolvia um indivíduo espírita
que sob o domínio dessa crença se melhorou, embora não a tivesse aproveitado
tanto quanto poderia tê-lo feito, devido à sua inteligência. Vivia com uma
velha tia, que o amava como filho, e que não poupava trabalhos nem sacrifícios
por seu caro sobrinho. Por economia era a boa mulher que cuidava da casa. Até
aí tudo muito natural; o que o era menos é que o sobrinho, jovem e em boa
forma, a deixava fazer trabalhos acima de sua força, sem que jamais lhe
acudisse à ideia poupar-lhe marchas penosas para a sua idade, o transporte de
fardos e coisas semelhantes. Na casa não mudava um móvel de lugar, como se
tivesse criados às suas ordens; e mesmo que previsse algum penoso serviço
excepcional, arranjava um pretexto para se abster, temeroso de que lhe pedissem
um auxílio, que não poderia recusar. Entretanto, havia recebido várias lições a
respeito, poder-se-ia dizer afrontas, capazes de fazer refletir um homem de
coração; mas era insensível (...). Era estimado
como um homem decente e de boa conduta, (...). Em consequência dos esforços que
fazia, a velha senhora foi acometida por uma hérnia muito grave, que a fazia
sofrer muito, mas que ela tinha coragem para não se lamentar. Um dia, provavelmente querendo esquivar-se a um
trabalho penoso, o sobrinho saiu cedo e não voltou. Ao atravessar uma ponte,
foi vitima da queda da viatura em que estava
e arrastado por uma encosta, morreu duas horas depois. Informados do fato, quisemos evocá-lo, e ouvimos
de um dos nossos guias: “Não poderá comunicar-se antes de algum
tempo. Neste momento ele está muito perturbado pelos pensamentos que o agitam.
Vê a tia e a doença que ela contraiu em consequência das fadigas corporais e da
qual ela morrerá. É isto que o atormenta, pois se considera como o seu
assassino. E o é, com efeito, já que lhe podia poupar o trabalho que será a
causa de sua morte. Para ele é um remorso pungente que o perseguirá por muito
tempo, até que tenha reparado a sua falta. Ele queria fazê-lo; não deixa a tia,
mas seus esforços são inúteis e, então, se desespera. É preciso, para o seu
castigo, que a veja morrer devido à sua negligência egoísta, porque sua conduta
é uma variedade do egoísmo. Orai por ele, a fim de que possa manter o
arrependimento, que mais tarde o salvará”. Dirigiram ao Benfeitor
Espiritual a seguinte pergunta: - Poderia
dizer-nos se não lhe serão levados em conta outros defeitos de que se corrigiu
por causa do Espiritismo e se sua posição não se abrandou? Explicou o seguinte: – Sem nenhuma dúvida, essa melhora
lhe é levada em conta, pois nada escapa ao olhar perscrutador da Divina
Providência. Mas eis de que maneira cada boa ou má ação tem suas consequências
naturais, inevitáveis, conforme estas palavras do Cristo: “A cada um segundo
as suas obras”. Aquele que se
corrigiu de algumas faltas se poupa da punição que elas teriam acarretado e, ao
contrário, recebe o prêmio das qualidades que as substituíram; mas não pode
escapar às consequências dos defeitos que ainda ficaram. Assim, não é punido
senão na proporção e conforme a gravidade destes últimos; quanto menos os
tiver, melhor a sua posição. Uma qualidade não resgata um defeito; diminui o
número destes e, por conseguinte, a soma das punições. Os defeitos dos quais se
corrigem primeiro, são os mais fáceis de ser extirpados, e aquele do qual se
libertam mais dificilmente é o egoísmo. Julgam ter feito bastante porque
moderaram a violência do caráter, se resignaram à sorte ou se livraram de
alguns maus hábitos; sem dúvida é algo que aproveita, mas não impede de pagarem
o tributo de depuração pelo resto. Meus amigos, o egoísmo é o que melhor se vê
nos outros, porque sentimos o seu contragolpe e porque o egoísta nos fere; mas
o egoísta encontra em si mesmo sua satisfação, razão por que dele não se
apercebe. O egoísmo é sempre uma prova de secura do coração; estiola a
sensibilidade para os sofrimentos alheios. (...) Do egoísta não espereis senão
a ingratidão; o reconhecimento em palavras nada lhe custa, mas em ação o
fatigaria e lhe perturbaria o repouso. Só age por outro quando forçado, e
jamais espontaneamente; seu apego está na razão do bem que espera das pessoas,
e isto algumas vezes mau grado seu. (...)
O egoísmo é o verme roedor da sociedade, é mais ou menos o de cada um de vós.
sábado, 6 de agosto de 2016
O CÍRCULO DA ORAÇÃO
Ferdinando
Labouriau,
catedrático de Metalurgia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, morreu em
acidente de aviação em 3 de dezembro
1928 em voo festivo com que se homenageava o retorno de Santos
Dumont ao Brasil. Vinte e sete anos depois de sua passagem para o Plano
Espiritual, retornou pela mediunidade de Chico Xavier em reunião havida no
Centro Espírita Luiz Gonzaga em Pedro Leopoldo, Minas Gerais oferecendo sua
visão sobre os benefícios do trabalho de assistência aos Espíritos
desencarnados. Para aqueles que não veem valor nos trabalhos denominados de
desobsessão, reproduzimos a referida mensagem: - “Comentemos a importância de um círculo de oração nos serviços de
assistência medianímica, como um aparelho acelerador de metamorfose espiritual.
Imaginemo-lo assim como um ciclotron da ciência atomística dos tempos modernos.
Os companheiros do grupo funcionam como eletroímãs, carregados de força
magnética positiva, e negativa, constituindo uma corrente alternada de alta
freqüência, através da qual o socorro do Plano Superior, transmitido por
intermédio do dirigente físico, exterioriza-se como sendo um projétil de luz
sobre o desencarnado em sombra que, simbolizando o núcleo atômico a ser
atingido, permanece justaposto ao alvo mediúnico. No bombardeio nuclear,
sabemos que um próton, arremessado sobre o objetivo, imprime-lhe transformação
compulsória à estrutura essencial. Um átomo elevar-se-á na escala do sistema
periódico, na medida das cargas dos corpúsculos que lhe forem agregados. Assim
sendo, a projeção de um próton sobre certa unidade química determina a subida
de um ponto em sua posição na série estequiogenética. A carga do único próton
do núcleo do átomo de Hidrogênio, de número atômico 1, arrojada sobre o Lítio,
cujo número atômico é 3, modificá-lo-á para Berílio, que tem número atômico 4;
ou, sobre o Alumínio, de número atômico 13, alterá-lo-á para Silício, cujo
número atômico é 14. Nesse mesmo critério, a injeção de um núcleo de átomo de
Hélio com seus dois prótons, de número atômico 2, sobre Berílio, de número
atômico 4, adicionar-lhe-á dois pontos acima, convertendo-o em Carbono, cujo
número atômico é 6. Recorremos a figurações elementares do mundo químico para
dizer que no círculo de oração o impacto das energias emitidas de nosso Plano,
através do orientador encarnado, em base de radiações por enquanto inacessíveis
à perquirição terrestre, provoca sensíveis alterações na mente perturbada, conduzida
à assistência cristianizadora. Consciências estagnadas nas trevas da ignorância
ou da insânia perversa são trazidas à retorta mediúnica para receberem o
bombardeio controlado de forças e ideias transformadoras que lhes renovam o
campo íntimo, e, daí, nasce a guerra franca e sem quartel, declarada a todos os
grupos respeitáveis do Espiritismo pelas Inteligências que influenciam na sombra
e que fazem do vampirismo a sua razão de ser. Todos vós, que recolhestes do
Senhor os mandatos do esclarecimento, os recursos da mediunidade e os títulos
da cooperação, no trato com os reinos do Espírito, sabei que para conservardes
um círculo de oração, equilibrado e seguro, é imprescindível pagar os mais altos
tributos de sacrifício, porque, em verdade, retendes convosco poderosa máquina
de transmutação espiritual, restaurando almas enfermas e transviadas em núcleo
de ação eficiente, que vale por reduto precioso de operações da Esfera divina,
no amparo às necessidades e problemas da Terra. Unamo-nos, assim, no trabalho
do Cristo, como obreiros da Grande Fraternidade, mantendo-nos diligentes e
alertas, na batalha incessante do bem contra o mal em que devemos servir para a
vitória da Luz.
quinta-feira, 4 de agosto de 2016
PRODÍGIOS DA MEDIUNIDADE DE CHICO XAVIER
As quatro e meia da madrugada do dia 14 de maio de 1972, na altura do
quilômetro 22,5 da Via Anchieta, um grave acidente envolveu vários veículos. Entre estes, estava o volks dirigido pelo
jovem Charles Wandenberg Fernandes Cerboncini, então com 22 anos,
acompanhado por uma desconhecida amiga que se evadiu do local da colisão na
qual o rapaz desencarnaria. Estudante de
medicina, Charles era um jovem dinâmico, dedicado, formado em música pelo
conservatório Santa Cecília e, naquela madrugada, dirigia-se à Santos, a fim de
encontrar-se com os familiares que lá estavam para comemorar o dia das mães,
visto que permanecera no sábado na capital para estudar para uma prova. Componente com a irmã de uma família até
então de vida normal, impôs com sua morte uma profunda transformação visto que
a dor e a revolta passavam a ocupar o pensamento de todos. Especialmente porque
Charles
desencarnou devido a uma hemorragia, pois que não sofrera nenhuma fratura. Seu
corpo estava perfeito, somente havia dois cortes nas suas faces e esses cortes
não foram devidamente suturados, e esvaiu-se em sangue por mais de cinco horas
em que ficou como que abandonado até que a família o localizasse. Sua mãe, Da. Esmeralda, que era
obstetra, com tanto conhecimento entre médicos, vira seu amado filho morrer por
falta de assistência e, então, revoltou-se e abandonou tudo, ficando como que
desarvorada, à cata de consolações, à procura dos por quês, querendo
explicações. Um ano se arrastara e, em
maio de 1973, soube que o Chico Xavier estaria autografando
livros na Casa Transitória Fabiano de Cristo, em São Paulo, pediu ao
marido que a levasse até ele. O casal chegou lá pelas 9 horas e recebeu o
cartão n.º 4.366; pelos seus cálculos, estaria perto do Chico dali a umas 20
horas. Não poderia esperar e ela necessitava falar-lhe. Soube, então, que Chico
estava numa reunião particular, com várias personalidades (deputados,
vereadores), pois tratavam da concessão do título de “Cidadão Paulistano” ao médium,
e ela conseguiu, por fim, adentrar ao recinto, com muita dificuldade, segurando
entre as mãos e com a capa apertada e virada para o seu colo, o livro que o
marido lhe comprara na entrada. Assim que ela se alojou, muito mal, entre
aqueles que estavam por detrás de Chico, um rapaz lhe disse: -“Dona,
agora não é hora, o Chico só vai autografar livros depois das 14h”.
Ela respondeu-lhe: -“Mas não me interessa autógrafo, pois eu já
tenho o livro, eu queria era cumprimentar o Chico”. Nisso, entre toda aquela barulheira, apertos
e empurrões, Chico ouviu o que ela disse e voltando-se, sem a mirar,
tocando-lhe nos ombros, por entre outros ombros, lhe diz: -“Filha, você tem o livro? Então
leia a página 107...” (ele nem tinha visto o título livro e nem sabia
qual livro era...), e incontinenti os presentes os distanciaram pelo acúmulo de
gente e ela saiu da sala. No carro com o marido, abriu o livro naquela indicada
página e, ambos com os olhos marejados, leram o seguinte: À
FRENTE DA MORTE - Não olvides que, além da morte, continua
vivendo e lutando o Espírito amado que partiu.. Tuas lágrimas são gotas de fel
em sua taça de esperança. Tuas aflições
são espinhos a se lhe implantarem no coração.
Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe os
sonhos. Tua tristeza inerte é sombra a
escurecer-lhe a nova senda. Por mais que
a separação te lacere a alma sensível, levanta-te e segue para frente, honrando-lhe
a confiança, como a fiel execução das tarefas que o mundo te reservou. Não vale a deserção do sofrimento, porque a
fuga é sempre a dilatação do labirinto em que nos arroja a invigilância,
compelindo-nos a despender longo tempo na recuperação do rumo certo. Recorda que a lei de renovação atinge a todos
e ajuda quem te antecedeu na grande viagem, como o valor de tua renúncia e com
a fortaleza de tua fé, sem esmorecer no trabalho – nosso invariável caminho
para o triunfo. Converte a dor em lição
e a saudade em consolo, porque, de outros domínios vibratórios, as afeições
inesquecíveis te acompanham os passos, regozijando-se com as tuas vitórias
solitárias, portas adentro de teu mundo interior. Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento
do aprendiz e, por enquanto, não passamos de meros aprendizes na Terra,
amealhando conhecimento e virtude, em gradativa e laboriosa ascensão para a
vida eterna. Deus, a Suprema Sabedoria e
a Suprema Bondade, não criaria a inteligência e o amor, a beleza e a vida, para
arremessá-los às trevas. Repara em torno
dos próprios passos. A cada noite no
mundo segue-se o esplendor do alvorecer.
O Inverno áspero é sucedido pela Primavera estuante de renascimento e
floração. A lagarta, que hoje se arrasta
no solo, amanhã librará em pleno espaço com asas multicolores de
borboleta. Nada perece. Tudo se transforma na direção do Infinito
Bem. Compreendendo, assim, a Verdade,
entesourando-lhe as bênçãos, aprendamos a encontrar na morte o grande portal da
vida e estaremos incorporando, em nosso próprio espírito, a luz inextinguível
da gloriosa imortalidade. O livro era “ESCRÍNIO DE LUZ”, publicado pela Casa Espírita “O CLARIM”, contendo
mensagens assinadas pelo Espírito Emmanuel.
terça-feira, 2 de agosto de 2016
ELEMENTOS PARA REFLEXÃO
No número de maio de 1861, da REVISTA
ESPÍRITA na seção QUESTÕES
E PROBLEMAS, Allan Kardec oferece interessantes esclarecimentos por certo
uteis ainda hoje. Deles destacamos três para reflexões. 1-
Os
magos, os sábios, os grandes filósofos e os profetas antigos não eram médiuns?
Resp. – Evidentemente, sim. O laço que os unia às inteligências superiores agia
sobre eles e lhes inspirava novos pensamentos, sem falar de sua própria
superioridade, que lhes permitia emitirem apreciações mais exatas. Eles
comunicavam aos Espíritos encarnados ideias que pareciam profecias, porque
estas nada mais são do que comunicações vindas dos grandes Espíritos. E como
possuíam uma parte dos atributos divinos, as ideias anunciadas tinham um
caráter de adivinhação, e forçosamente se realizaram nos tempos e épocas
indicados.. 2- A mediunidade é, pois, um favor aos que a possuem? Resp. – O
verdadeiro médium, que não faz profissão desse dom sublime, evidentemente deve
tornar-se melhor. Como não seria de outro modo, quando a cada instante pode
receber impressões tão favoráveis ao seu progresso na senda do bem? As ideias
filosóficas que emite, não só por seu próprio Espírito, mas, ainda, e
principalmente por nós, são retificadas naquilo que a sua inteligência, muito
fraca, poderia compreender mal e mal enunciar. Na sequencia da matéria
publicada, após breve comentário, Allan Kardec propõe uma questão que ele mesmo
procura responder. Escreve ele: -“No momento de sua criação, os Espíritos não
são imperfeitos senão do ponto de vista do desenvolvimento intelectual e moral,
como a criança ao nascer, como o germe contido na semente da árvore; mas não
são maus por natureza. Ao mesmo tempo, neles se desenvolve a razão, o
livre-arbítrio, em virtude do qual escolhem, uns o bom caminho, outros o mau,
fazendo que uns cheguem ao objetivo mais cedo que outros. Mas todos, sem
exceção, devem passar pelas vicissitudes da vida corporal, a fim de adquirir
experiência e ter o mérito da luta. Ora, nessa luta uns triunfam, outros sucumbem,
conquanto os vencidos possam sempre se erguer e resgatar os seus fracassos.
Esta questão levanta outra, mais grave, que muitas vezes nos tem sido
apresentada. É a seguinte: 3- Deus,
que tudo sabe, o passado, o presente e o futuro, deve saber que tal Espírito
seguirá o mau caminho, sucumbirá e será infeliz. Neste caso, por que o criou?
Ora, por certo sabe Deus perfeitamente a linha que seguirá um Espírito, pois,
de outro modo, não teria a ciência soberana. Se o mau caminho no qual se
aventura o Espírito devesse fatalmente conduzi-lo a uma eternidade absoluta de
penas e sofrimentos; se, porque tivesse falido, lhe fosse sempre negado
reabilitar-se, a objeção acima teria uma força de lógica incontestável, e
talvez aí residisse o mais poderoso argumento contra o dogma dos suplícios
eternos. Neste caso, impossível é sair do dilema: ou Deus não conhece a sorte
reservada à sua criatura, e então não tem a soberana ciência; ou, se a conhece,
Ele a criou para ser eternamente infeliz e, portanto, não tem a soberana bondade.
Com a Doutrina Espírita, tudo concorda perfeitamente e não há mais contradição:
Deus sabe que um Espírito tomará um mau caminho; conhece todos os perigos de
que este se acha semeado, mas sabe, também, que dele sairá, e que não haverá
para ele senão um atraso. E, em sua bondade e para lhe facilitar, multiplica em
sua rota as advertências salutares, das quais infelizmente nem sempre ele
aproveita. É a história de dois viajantes que querem alcançar um belo país,
onde viverão felizes; um sabe evitar os obstáculos, as tentações que o fariam
parar no caminho; o outro, por imprudência, choca-se contra os mesmos
obstáculos, leva quedas que o atrasam, mas chegará por sua vez. Se, no caminho,
pessoas caridosas o previnem dos perigos que corre e se, por presunção, não as
escuta, mais repreensível será por isso.
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