faça sua pesquisa

terça-feira, 30 de agosto de 2016

A FRATERNIDADE REAL NUMA PASSAGEM EMOCIONANTE


Os exemplos falam mesmo mais que numerosas palavras. E a vida do cidadão Chico Xavier precisa ser lembrada também por isso. Marcada por grandes dificuldades familiares, econômicas e sociais, serve de inspiração para muitas reflexões sobre ângulos geralmente esquecidos por nós em meio às tribulações em que nos vemos. A passagem a seguir demonstra isso. Chico contava 31 anos quando o fato se deu. Conta ele: -“Em 1939, desencarnou um de meus irmãos, José Cândido Xavier, deixando sob nossa responsabilidade, a viúva com dois filhinhos. A viúva de meu irmão era uma moça extraordinária, humilde e bondosa. Em 1941, ela foi acometida de grave distúrbio mental. Depois de alguns meses em que a viúva de meu irmão estava conosco em casa, doente, o caso agravou-se requerendo internação numa casa de saúde mental, o que foi providenciado em Belo Horizonte, com o auxílio de médicos amigos. Voltei para casa com o coração muito abatido. Era noite. O segundo filho de minha cunhada, com meu irmão, era uma criança paralítica, cega e surda-muda. A criança chorava e eu me enterneci muito ao ver o pequenino sem a presença materna. Sentei-me e comecei a orar. As lágrimas vieram-me aos olhos, ao lembrar meu irmão desencarnado muito moço ainda, a viúva tão cedo também, numa prova tão difícil! Na incapacidade de dar a ela a assistência precisa, senti que minha dor era muito grande! Achegou-se, então, a mim, o Espírito de nosso amigo Emmanuel. Perguntou-me porque chorava. Contei-lhe que, naquela hora eu me enternecia muito por ver minha cunhada numa casa de saúde mental em condições assim precárias. – Não! disse ele – você está chorando por seu orgulho ferido; você, aqui, tem sido instrumento para cura de alguns casos de obsessão, para a melhoria de muitos desequilibrados. Quando aprouve ao Senhor, que a provação viesse debaixo de seu teto, você está com o coração amargurado, ferido, porque foi obrigado a recorrer à assistência médica o que, aliás, é muito natural. Uma casa de saúde mental, um sanatório, um hospício, é uma casa de Deus. Você não deve ficar assim. Disse-lhe, então, que concordava e pedi-lhe como espírito benfeitor, que trouxesse a minha cunhada de volta ao lar, pois a criança, o seu segundo filho era paralítico e aquele choro atestava a falta que o pequenino sentia dela. Ela voltaria – afirmou-me. Mas aquele “Ela voltaria” poderia ser depois de muito tempo – o que de fato aconteceu só depois de dois anos. – Eu queria que ela voltasse depressa – disse a ele impaciente. – Imaginemos a Terra – respondeu-me – como sendo o Palácio da Justiça, e ela como sendo uma pessoa incursa em determinada sentença da Justiça. Eu sou seu advogado e você é serventuário no Palácio da Justiça. Nós estamos aqui para rasgar ou cumprir o processo? Para cumprir – respondi. Continuei, porém, chorando por observar o assunto ser mais grave do que pensava. – Por que você continua chorando? – disse ele. Querendo me agastar, muito indevidamente, porque a minha atitude era desrespeitosa, diante de um amigo espiritual tão grande e tão generoso, disse-lhe: – Estou chorando porque, afinal de contas, o senhor precisa saber que ela é minha irmã! - ouvindo dele – Eu me admiro muito porque, antes dela, você tinha lá dentro naquela casa, trezentas irmãs e nunca vi você ir lá chorar por nenhuma. A dor Xavier não é maior que a dor Almeida, do que a dor Pires, do que a dor Soares, a dor de toda a família que tem um doente. Se você quer mesmo seguir a Doutrina que professa, ao invés de chorar por sua cunhada, tome o seu lugar ao lado da criança que está doente, precisando de calor humano. Substitua nossa irmã, exercendo, assim, a fraternidade. – Foi uma lição que não posso esquecer!

domingo, 28 de agosto de 2016

UMA JUSTA HOMENAGEM

Personagem importante nos primeiros momentos do Espiritismo no Brasil, o médico Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, renasceu em nossa Dimensão no dia 29 de agosto de 1831, em Riacho do Sangue, Estado de Ceará, tendo-se mudado aos 20 para o Rio de Janeiro onde em meio a grandes dificuldades se formou em Medicina em 1856. Católico, se converteria ao Espiritismo anos depois após ler e se convencer pela lógica - embora a impressão de estar diante de informações já conhecidas - a primeira tradução d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS do amigo Dr Joaquim Passos Tavares que a realizara. Atraído para o movimento espírita que se organizava, fundou com outros companheiros em 1891, o Grupo Espírita Regeneração, instituição que dirigiu até sua morte em abril de 1891. Solicitado a conciliar os polêmicos místicos e científicos que não se entendiam na direção da recém-nascida Federação Espírita Brasileira, regressando ao Plano Espiritual em 1900, o Dr Bezerra começa o trabalho de orientação através de inúmeros médiuns ao longo do século 20, a princípio pessoalmente e, na continuidade por meio das centenas de Amigos Espirituais que comporiam equipe por ele liderada. Através de Chico Xavier, revela-se uma encarnação por volta do século II, identificado como Irmão Corvino, cristão convertido e personagem da obra AVE CRISTO escrita pelo Espírito Emmanuel pelo médium que orientava. Através de Chico, ante a proximidade do primeiro centenário do Grupo Regeneração que fundara no fim do século passado, em reunião de 6 de novembro de 1986 na residência do médium cumpre promessa e conta as origens remotas do núcleo como CASA DOS BENEFÍCIOS, por ele fundada na personalidade do convertido Irmão Parmenio Narra, entre outros detalhes, o Espírito do Dr Bezerra: “Nos últimos dias do Século V, da nossa Era, considerada a Era Cristã, duas meninas gêmeas eram vistas numa residência nobre do Palatium em Roma, suscitando admiração pela beleza com que se distinguiam. Entretanto, nos traços psicológicos eram, em si, a antítese uma da outra. Ceres trazia, no coração pessimista, um processo de inadaptação ao mundo que a incompatibilizava com a vida. Rancorosa e apaixonada pelas próprias fantasias, fazia-se difícil pelo temperamento complexo. Cecília, porém, guardava o íntimo possuído por belos ideais. Amava a natureza, praticava a benemerência com espontaneidade de sentimento e conquistava a simpatia de quantos lhe desfrutassem o convívio. (...) Depois de algum tempo, conquanto o ciúme de Ceres, que seguia os acontecimentos com aparente sinceridade, o casamento de Cecília e Coriolano se realizou com os vinhos e alegrias do noivo e com as distribuições de alimentos e agasalhos, em homenagem a Deus, para com os desvalidos, que, convidados para a festa, compareceram em grande número. Instalado em sua própria residência, o casal se rejubilava com as bênçãos de que se reconheciam depositários, recebendo amigos e comparecendo a reuniões sociais do grande mundo a que pertenciam. Após doze meses de felicidade, os cônjuges foram agraciados pela Divina Providência com o nascimento de um filho, ao qual deram o nome de Pompílio, como preito de gratidão de Coriolano a um dos avós, que se acostumara a amar em sua infância. (...) Acontece, no entanto, que o menino Pompílio foi acometido pela escarlatina complicada, e as melhores sumidades médicas da vida romana passaram pelo caso, com absoluta ignorância, sem qualquer medida que pudesse alcançar a extinção do mal que atingia a criança com a marca de inumeráveis padecimentos. Cecília, mãe aflita, soube, por amiga fiel — Domitila Pompônia — , que na povoação de Possidônia, outrora chamada Pestum, havia um homem piedoso, que não só abraçara o Cristianismo, mas também se dedicara à sustentação de uma casa rústica em que hospedava os doentes e os infelizes. Tratava-se do Irmão Parmênio, que, em idade avançada e abandonado pela família anticristã, construíra o recanto a que chamava Casa dos Benefícios, para melhor cumprir os seus deveres de homem, cujo coração se represara dos ensinos do Divino Mestre, abrigando sofredores de qualquer procedência. A Casa dos Benefícios se localizava, no ano de 513, no sexto século do Cristianismo, em pequena colina, cujos alicerces se espraiavam em formosas campinas, frequentemente pródigas de flores, que embalsamavam o ambiente com perfumes considerados medicamentos. Ali vivia toda uma comunidade formada por viúvas de guerreiros aniquilados em conflitos políticos ou em hostilidades de raças; de enfermos que vinham buscar socorro, desde as edificações do porto de Óstia e das diversas cidades e aldeias da periferia romana, à caça de apoio e consolação. O irmão Parmênio presidia a esse núcleo de gente sofrida e dilacerada por amargas provações humanas. A Casa dos Benefícios era a escola e o lar, o templo e o recanto de cura para centenas de pessoas dos mais diversos níveis sociais, que lá se irmanavam pelos desenganos e pelas próprias lágrimas. Valendo-se de uma viagem claramente inadiável, Coriolano se ausentara por tempo breve, a caminho de Pádua, ocasião em que Cecília, induzida pela amiga que lhe prestava assistência em todos os passos difíceis da existência, resolveu tomar o filho nos braços e, em companhia dela, a amiga de sempre, procurar o irmão Parmênio, em Possidônia, para que o doentinho lá recebesse a bênção e as instruções possíveis à cura da enfermidade que o feria, tomando para isso um carro quais os do tempo, movimentado à força de cavalos dóceis, que lhe facilitavam a excursão. Em casa, porém, Ceres não descansou no ciúme doentio que lhe marcava os sentimentos. Convidou Claudius para uma refeição íntima, alegando haver recebido preciosos vinhos da Sicília, e solicitou de Túlia, uma servidora de sua confiança pessoal, a seguisse de perto no ágape, pelo tempo em que se prolongassem os serviços. Cláudius compareceu, muito bem apessoado e, enquanto se fartava das finas viandas e dos vinhos licorosos que a jovem anfitriã havia reservada, notou que Ceres lhe endereçava olhares inflamados de sensualidade, a que ele, algo conturbado pelas bebidas entontecedoras, não conseguia resistir. E, ante a própria serva que os observava, beijou a jovem com loucura. Decorridos dois dias em que Cecília e a amiga com a criança se instalaram na Casa dos Benefícios, Coriolano regressou quase de inesperado, e a serva, que igualmente se embriagara na noite da visita do rapaz convidado de Ceres, se prontificou a comunicar ao dono da casa as cenas de que fora testemunha, numa intriga totalmente tramada. Coriolano, indignado com a ausência da esposa e do filho que se puseram em peregrinação, buscando o apoio de um homem, que ele, patrício de muitas gerações, considerara charlatão e impostor, indagou da escrava: — Mas, Cecília se encontrava nesta mistura de desequilíbrio e obscenidade? Ei-la que respondeu com maldade intencional, dizendo simplesmente: — Senhor, Ceres e Cecília são gêmeas. Eu não posso diferenciar uma da outra. Diante de semelhante calúnia, Coriolano organizou toda uma legião de homens fortes, em maioria assinalados por instintos bestiais, e colocou o pelotão em caminho, conduzido por cavalos ágeis, que facilmente cobriram a distância, atingindo a Casa dos Benefícios, nas sombras da noite. Coriolano, informado por um guarda de que era proibido incomodar os doentes na hora tardia em que se apresentava, deixou que todas as suas reservas de desespero e inclemência lhe assomassem o pensamento, exigindo que o fogo fosse atirado à instituição por todos os lados. Conquanto os gemidos de muitos abrigados, o incêndio destruiu tudo o que as chamas alcançassem e todos os que tentassem opor-lhes resistência. Em poucas horas o Irmão Parmênio e a sua obra humanitária não passavam de um montão de cinzas fumegantes. O delito não encontrou censores nem corretivos, porque o tempo permitia aos poderosos do momento qualquer espécie de ímpetos loucos, sem que a justiça lhes viesse tomar contas, punindo-lhes os desacatos. Foi assim que no Século VI, da nossa Era, a Casa dos Benefícios se viu destruída e Cecília, com outras entidades amigas, prometeu a Jesus que a obra do Irmão Parmênio seria reconstituída, para o que daria a sua própria vida, antes que o milênio terminasse. Prometemos que vos diríamos no instante oportuno, algo sobre o assunto e aí tendes — com o auxílio de muitos dos implicados no delito que varou os séculos e que hoje são companheiros do Cristo, devotados ao Bem, transformados pelo sofrimento — a tarefa edificante em que vos unistes, rendendo louvores ao Pai Misericordioso pelo trabalho bendito a que fomos todos chamados, no Grupo Espírita Regeneração. Louvado seja Deus! Bezerra de Menezes 

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A TRAGÉDIA ITALIANA E O ESPIRITISMO

A notícia do forte terremoto ocorrido no centro da Itália na madrugada de 24 de agosto reaviva os comentários de perplexidade sobre o fato das centenas de pessoas atingidas pelos escombros em que se transformaram as construções da vasta região coberta pelas vibrações da onda císmica. Tema das abordagens de Allan Kardec com os Espíritos que o ajudaram a compor a base da Doutrina Espírita das perguntas 737 a 741 d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS tratando dos FLAGELOS DESTRUIDORES, ficou esclarecido, entre outras coisas, ser necessário ver o fim para apreciar os resultados e que esses transtornos são frequentemente necessários para fazer com que as coisas cheguem mais prontamente a uma ordem melhor, visto que contribuem para que a Humanidade avance mais depressa. Observam as Entidades Espirituais que durante a vida o homem relaciona tudo a seu corpo, mas após a morte pensa de outra maneira, visto que a vida no corpo é um quase nada, representando um século de nosso mundo como um relâmpago na Eternidade, sendo os sofrimentos de alguns meses ou dias, quase nada. Questionados sobre a possibilidade de ‘inocentes’ estarem entre as vítimas, respondem que se se considerasse a insignificâncias da vida perante o Infinito, menos importância lhe daríamos e mesmo que pessoas enquadradas na condição citada sejam vítimas, “noutra existência terão uma larga compensação para os seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem lamentar considerando que ‘quer a morte se verifique por uma flagelo ou causa comum, não se pode escapar a ela quando chega a hora da partida”. No número de novembro de 1868 da REVISTA ESPÍRITA, uma abordagem sobre uma epidemia que desde dois anos antes se abatia sobre a Ilha Maurícia pertencente ao território da França foi analisada por Allan Kardec que termina suas apreciações com a mensagem do médico Dr Demeure desencarnado tempo antes e que se integrara à Equipe que operava na Sociedade Espírita de Paris, que a conclui dizendo: -“Entramos cada vez mais no período transitório, que deve levar à transformação orgânica da Terra e à regeneração de seus habitantes. Os flagelos são os instrumentos de que se serve o grande cirurgião do Universo para extirpar, do mundo, destinado a marchar para frente, os elementos gangrenados que nele provocam desordens incompatíveis como o seu novo estado. Cada órgão, ou melhor dizendo, cada região será, sucessivamente, dissecada por flagelos de diversas naturezas. Aqui, a epidemia sob todas as suas formas; ali, a guerra, a fome. Cada um deve, pois, preparar-se para suportar a prova nas melhores condições possíveis, melhorando-se e se instruindo, a fim de não ser surpreendido de improviso. Algumas regiões já foram provadas, mas seus habitantes se equivocariam redondamente se se fiassem na era de calma, que vai suceder à tempestade, para recaírem nos seus antigos erros. É uma pequena trégua que lhes é concedida, para entrarem num caminho melhor; se não o aproveitarem, o instrumento de morte os experimentará até os trazer ao arrependimento. Bem-aventurados aqueles a quem a prova feriu de começo, porque terão, para se instruírem, não só os males que sofreram, mas o espetáculo daqueles seus irmãos em Humanidade, que por sua vez serão feridos. Esperamos que um tal exemplo lhes seja salutar, e que entrem, sem hesitar, na via nova, que lhes permitirá marchar de acordo com o progresso”. Meses ante, noutra abordagem, Allan Kardec assinala: -“Os Espíritos não se enganaram quando anunciaram que flagelos de toda sorte devastariam a Terra. (...)  Os homens não devem culpar senão a si mesmos pelos males que suportam. (...) Que faz às vítimas da cobrança da Idade Média o regime mais saudável no qual vivemos? Pode-se chamar a isto de justiça? É notório que, até hoje, nenhuma filosofia, nenhuma doutrina religiosa tinha resolvido esta grave questão, de tão poderoso interesse, entretanto, para a Humanidade. Só o Espiritismo lhe dá uma solução racional pela reencarnação, essa chave de tantos problemas, que se julgavam insolúveis. Em virtude da pluralidade das existências, as gerações que se sucedem são compostas das mesmas individualidades espirituais, que renascem em diferentes épocas e aproveitam os melhoramentos que elas próprias prepararam, da experiência que adquiriram no passado. 

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

OS ESPÍRITOS SUPERIORES E ALLAN KARDEC FALAM SOBRE PRINCÍPIO VITAL E FLUIDO VITAL

O ponto que mais impressiona no trabalho do pesquisador e professor  Denizard Hippolite Léon Rivail -  mais conhecido pelo pseudônimo Allan Kardec -  na ordenação das informações que servem de base para o Espiritismo agrupadas nas OBRAS BÁSICAS ou nas análise dos assuntos tratados na REVISTA ESPÍRITA que fundou e dirigiu nos onze anos que o separaram da morte física é o bom senso e a preocupação em não deixar dúvidas sobre muitos aspectos. Isso tornou sua obra algo consistente e difícil de ser modificado. No assunto Principio Vital e Fluido Vital pode-se observar essa sutileza. Já na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita contida no início d’ O LIVRO DOS ESPÍRITOS, encontramos: Princípio vital, o princípio da vida material e orgânica, qualquer que seja a fonte donde promane, princípio esse comum a todos os seres vivos, desde as plantas até o homem. Pois que pode haver vida com exclusão da faculdade de pensar, o princípio vital é coisa distinta e independente. A palavra vitalidade não daria a mesma ideia. Para uns o princípio vital é uma propriedade da matéria, um efeito que se produz achando-se a matéria em dadas circunstâncias. Segundo outros, e esta é a ideia mais comum, ele reside em um fluido especial, universalmente espalhado e do qual cada ser absorve e assimila uma parcela durante a vida, tal como os corpos inertes absorvem a luz. Esse seria então o fluido vital que, na opinião de alguns, em nada difere do fluido elétrico animalizado, ao qual também se dão os nomes de fluido magnético, fluido nervoso, etc. Mais à frente, no capítulo quatro, nos diálogos realizados com os Espíritos, sete perguntas são feitas para dirimir dúvidas, dentre as quais destacamos: 63. O princípio vital reside nalgum agente particular, ou é simplesmente uma propriedade da matéria organizada? Numa palavra, é efeito, ou causa? “Uma e outra coisa. A vida é um efeito devido à ação de um agente sobre a matéria. Esse agente, sem a matéria, não é a vida, do mesmo modo que a matéria não pode viver sem esse agente. Ele dá a vida a todos os seres que o absorvem e assimilam.65. O princípio vital reside em algum dos corpos que conhecemos? Ele tem por fonte o fluido universal. É o que chamais fluido magnético, ou fluido elétrico animalizado. É o intermediário, o elo existente entre o Espírito e a matéria.” 66. O princípio vital é um só para todos os seres orgânicos?Sim, modificado segundo as espécies. É ele que lhes dá movimento e atividade e os distingue da matéria inerte, porquanto o movimento da matéria não é a vida. Esse movimento ela o recebe, não o dá.”. Numa elucidativa nota à questão 70, entre outras coisas Allan Kardec pondera: 1- Os órgãos (do corpo físico)  se impregnam, por assim dizer, desse fluido vita. 2- A quantidade de fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies e não é constante, quer em cada indivíduo, quer nos indivíduos de uma espécie. Alguns há, que se acham, por assim dizer, saturados desse fluido, enquanto outros o possuem em quantidade apenas suficiente. Daí, para alguns, vida mais ativa, mais tenaz e, de certo modo, superabundante. 3-  A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm. 4- O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se.


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

UM CASO COMO MUITOS

Como as estatísticas demonstram, a violência resultante do consumo de drogas foi ganhando proporções epidêmicas na sociedade no final do século 20. Muitas vidas físicas foram interrompidas marcando dolorosamente a dos que remanesceram em nossa Dimensão. A história contada a seguir ilustra isso, embora a mediunidade tenha mostrado aos envolvidos um aspecto ignorado da fato, provocando reações até certo ponto positivas. Para entender por que vamos voltar à noite de 5 de junho de 1984, em São Paulo, capital. O dia terminava para a família Sorrentino, todos já haviam se recolhido, o casal e dois de seus filhos, faltando apenas Renato, um jovem que apesar dos seus 22 anos já trabalhava como analista de sistemas da Bolsa de Valores de São Paulo e cursava o quarto ano da Faculdade de Economia e Administração da USP. Um telefonema por volta da meia noite, porém, provoca um alvoroço naquele lar, até aquele momento tranquilo e feliz. A voz era de um policial que informava que Renato havia sido vítima de um assalto seguido de roubo da moto, que utilizava para os deslocamentos de casa para o trabalho e deste para a Faculdade. Como consequência de tiros recebidos, não resistira e viera a falecer no próprio local da ocorrência. Perplexidade, dor, revolta, inconformação, ódio, misturaram-se no coração e mente de seus pais e irmãos nos cinco meses que se seguiram. A aceitação somente começaria a ser experimentada no dia 9 de novembro, na cidade de Uberaba, Minas Gerais. Naquela noite, em meio às cartas psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier, encontrava-se a de Renato, esclarecendo e envolvendo seus entes queridos no reconforto conforme depoimento de sua mãe, que “admitiu que passaram todos a experimentar um novo alento e muita vontade de trabalhar pelos companheiros necessitados”. Em sua mensagem, Renato conta: -“Lembro-me da última frase que o jovem desconhecido me endereçou com a voz suplicante: – “Oi, companheiro, dê-me por favor uma carona. Sou seu colega sem nica no bolso...” O pedido me alcançou o coração e parei a moto. Estava de saída da USP e devia a meu ver prestar um gesto de solidariedade ao amigo anônimo. Coloquei-lhe a garupa ao dispor e seguimos juntos. Não houve tempo para muito diálogo. Passados alguns minutos, o rapaz pediu parada e deixou o pedal que eu lhe havia cedido. Mal nos defrontamos e ele sacou um revólver e os projéteis me atingiram com violência. Compreendi que era o fim. Fixei o infeliz que me prostrara sem comiseração e roguei a Deus em silêncio que me fizesse entender aquele estranho assalto, em que os meus melhores sentimentos haviam sido cruelmente explorados... O desventurado amigo ou inimigo (ainda não sei bem) procurou ganhar distância, mas foi reconhecido. A sangria desatada não me permitia qualquer movimento. Recordo-me de que alguns desconhecidos se abeiraram de mim, no entanto, meu cérebro como que se apagara. Nada mais vi nem ouvi, porque um torpor, que nunca imaginei pudesse ser assim tão forte, se me apoderou do corpo e da mente. Quanto tempo permaneci naquele desmaio sofrido de profunda inconsciência, ainda não sei. Acordei num aposento confortável, assistido por uma senhora em cuja presença adivinhava uma enfermeira prestimosa. Não pude articular a palavra logo após retomar a própria consciência, abrindo os olhos. Notei que uma grande dificuldade me tomara a garganta e, entre pensamentos enfileirando orações, esperei o momento no qual me foi permitido falar. Então, perguntei à protetora diligente sobre o meu próprio destino, já que a minha triste cena final me voltava à memória. Estaria em algum recanto de tratamento na Terra mesmo ou me achava em algum lugar fora do plano físico? O corpo estava quebrado, dolorido... A senhora me informou que a minha presença, fosse onde fosse, lhe seria muito grata ao coração e me recomendou chamá-la por vovó Josefina. Vovó Josefina era um nome que, muitas vezes, ouvi como sendo alguém de nossa família que a morte arrebatara, e ainda estávamos naquele início de conversação, que me espantava, quando outra senhora veio até nós, abraçou-me afetuosamente e me solicitou nomeá-la por vovó Benedita. Então, não tive mais dúvida. Chorei ali mesmo, refletindo em meus queridos pais, em meus irmãos e em nossa querida Sílvia, a quem prometera casamento. Vovó Josefina consolou-me e, qual se fizesse de mim um menino de volta à infância, me fez rememorar preces do tempo de criança que eu desde muito havia esquecido... Entendi, no entanto, que não estava numa universidade e sim num santuário. O santuário do lar em cujo clima de amor formara o coração. Minhas avós me recomendaram pedir à Divina Providência bastante força para perdoar ao jovem que me despojara da vida física. E quando fiz isso, com todo o meu coração, pois, repeti as petições por vários dias consecutivos até que conseguisse repeti-las com sinceridade, pensei no infeliz companheiro qual se fosse ele meu próprio irmão do lar e, desde essa hora, um calor diferente me animou por dentro da própria alma”. A integra da mensagem poderá ser lida no livro VIAJARAM MAIS CEDO, publicado pela editora  geem.


sábado, 20 de agosto de 2016

PROTEÇÃO DO ESPÍRITO DOS SANTOS PATRONOS

Tradição que orientou por gerações a escolha dos nomes das crianças renascidas nas famílias, a adoção de nomes de personalidades, especialmente ligadas à escola religiosa a que se vinculam os pais, através das gerações do final do século 20, vai se modificando. Allan Kardec foi  questionado sobre a possível vinculação entre o homenageado e aquele que lhe recebeu o nome na REVISTA ESPÍRITA, edição de setembro de 1868. Analisando o tema, escreveu: -“O que é que determina, em geral, a escolha dos nomes? Uma veneração particular pelo santo que o tinha? admiração por suas virtudes? confiança em seus méritos? o pensamento de o dar como modelo ao recém-nascido? Perguntai à maioria dos que o escolhem se sabem quem foi, o que fez, quando viveu, por que se distinguiu, se conheciam uma só de suas ações. Se se excetuarem alguns santos cuja história é popular, quase todos são totalmente desconhecidos e, sem o calendário, o público nem mesmo saberia se tinham existido. Assim, nada pode, pois, atrair o seu pensamento antes para um do que para outro. Admitamos que, para certas pessoas, o título de santo baste e que se pode tomar um nome de confiança, desde que esteja na lista dos bem-aventurados, preparada pela Igreja, sem que seja preciso saber mais: é uma questão de fé. Mas, então, para essas mesmas pessoas, quais são os motivos determinantes? Há dois que predominam quase sempre. O primeiro é, muitas vezes, o desejo de agradar a algum parente ou amigo, cujo amor-próprio se quer adular, dando seu nome ao recém-nascido, sobretudo se daquele espera alguma coisa, porque se fosse um pobre diabo, sem crédito e sem consistência, não lhe fariam esta honra. Nisto visam muito mais a proteção do homem que a do santo. O segundo motivo é ainda mais mundano. O que se busca quase sempre num nome é a forma graciosa, uma consonância agradável. Sobretudo num certo mundo, querem nomes bem sofisticados, que tenham um cunho de distinção. Há outros que são repelidos impiedosamente, porque não agradam ao ouvido, nem à vaidade, mesmo que fossem de santos ou de santas mais dignos de veneração. E, depois, muitas vezes o nome é uma questão de moda, como a forma de um penteado. É preciso convir que essas santas personagens em geral devem ser pouco tocadas pelos motivos da preferência que lhes concedem; na realidade, não têm nenhuma razão especial para se interessarem, mais que por outros, por aqueles que têm o seu nome, perante os quais são como esses parentes afastados, dos quais só se lembram quando esperam uma herança. Os espíritas, que compreendem o princípio das relações afetuosas entre o mundo corporal e o mundo espiritual, agiriam de outro modo em tal circunstância. Ao nascer uma criança, os pais escolheriam, entre os Espíritos, beatificados ou não, antigos ou modernos, amigos, parentes ou estranhos à família, um daqueles que, com seu conhecimento, deram provas irrecusáveis de sua superioridade, por sua vida exemplar, pelos atos meritórios que praticavam, pela prática das virtudes recomendadas pelo Cristo: a caridade, a humildade, a abnegação, o devotamento desinteressado à causa da Humanidade, numa palavra, por tudo quanto sabem ser uma causa de adiantamento no mundo dos Espíritos; invocá-lo-iam solenemente e com fervor, pedindo-lhe que se unisse ao anjo-da guarda da criança para a proteger na vida que vai percorrer, guiá-la com seus conselhos e suas boas inspirações; e em sinal de aliança daria a essa criança o nome do Espírito. O Espírito veria nessa escolha uma prova de simpatia e aceitaria com prazer uma missão que seria um testemunho de estima e de confiança. Depois, à medida que a criança crescesse, ensinar-lhe iam a história de seu protetor; contar-lhe-iam suas boas ações; ele saberia por que tem esse nome e esse nome sempre lhe lembraria um belo modelo a seguir. É então que na festa de aniversário o protetor invisível não deixaria de associar-se, porque teria seu lugar no coração dos assistentes.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

INFORMAÇÕES UTEIS SOBRE A PRECE

1858 O intelectual, pesquisador e educador Denizard Hippolite Léon Rivail oculto no pseudônimo Allan Kardec, após mais de 30 anos de observações no campo do magnetismo, aprofundando-se no estudo dos hoje chamados fenômenos paranormais e considerando ser o Magnetismo uma força natural, amplia-lhe o conceito afirmando que os resultados obtidos pelo fluido magnético (fluido vital) se devem à associação das emanações de um CORPO FLUIDICO por ele denominado PERISPÍRITO que, por sua vez, emana o fluido perispiritual. 1864- O mesmo pesquisador afirma que a prece é uma irradiação mental em forma de pensamento que coloca o emissor em contato com o Ser a que se dirige, propagando-se impregnada de fluidos pessoais resultantes das emoções/sentimentos que inspiram sua formulação. 1905 – A proposição de Albert Einstein de que energia e matéria são duas manifestações diferentes da mesma substância universal sendo esta a energia básica de que todos somos constituídos, abre caminho para estudos sobre a tentativa de se curar o corpo através da manipulação desse nível básico energético que pode ser chamada de MEDICINA VIBRACIONAL. Em velocidade cada vez mais acelerada verifica-se uma sucessão de avanços na compreensão das interações mente-cérebro com descobertas como:1-O eletroencefalógrafo no final dos anos 20 confirmando uma atividade eletromagnética nas ondas cerebrais conforme o estado da consciência. 2- As da Neurociência com os neurotransmissores 3- Evolui a compreensão sobre outros níveis de consciência/inconsciência além da visão FREUD/JUNG para os chamados estados alterados de consciência em que podem ser enquadrados os estágios alcançados pela hipnose, meditação, transe mediúnico e, podemos afirmar, até pela prece. ANOS 60 - Revelada a descoberta em 1939, da eletrofotografia também chamada fotografia kirlian que demonstra a existência de um campo eletromagnético ao redor do corpo humano, suas características e sua subordinação ao estado mento-emocional da criatura humana. 1970 – Publicado o livro EXPERIÊNCIAS PSIQUICAS ALÉM DA CORTINA DE FERRO que, entre outras revelações, mostra diversos  estudos desenvolvidos nos países chamados comunistas , entre os quais, um a partir da informação da Yoga de que“uma energia vital chamada Prana circula pelo corpo podendo ser dirigida pelo pensamento exatamente como o pensamento dirigiu a energia fotografada pela máquina Kirlian”. 1988 – O médico norte-americano Richard Gerber publica o livro MEDICINA VIBRACIONAL em que desenvolve uma visão einsteiniana dos sistemas vivos. Alguns pontos a serem considerados de suas conclusões: 1- Todos os organismos dependem de uma sutil força vital que cria uma sinergia graças a uma singular organização estrutural dos componentes moleculares. 2- Matéria é uma forma de energia. 3- Consciência é uma espécie de energia que está integralmente relacionada com a expressão celular do corpo físico, participando da contínua criação de saúde ou doença. 4- Existe no Ser Humano um CORPO ETÉRICO que é um molde holográfico de energia que orienta o crescimento e o desenvolvimento do corpo físico, por sinal detectado nos anos 50 por cientistas russos através das experiências com a chamada eletrofotografia (foto Kirlian), denominado por eles MOB – Modelo Organizador Biológico. 5- Os Seres humanos são sistemas dinâmicos de energia que refletem os padrões evolutivos do crescimento da alma. A consciência humana está constantemente aprendendo, evoluindo se desenvolvendo. À medida que a percepção espiritual desse processo dinâmico de mudança tornar-se mais disseminado, haverá uma reação em cadeia que transformará toda a espécie humana. 1995 - Pesquisas conduzidas pela Psiquiatra Elizabeth Targ, estudiosa da Psiconeuroimunologia, a fim de confirmar ou não a eficácia das preces à distância na cura de doenças, desenvolveu o seguinte experimento: 40 curadores religiosos e espiritualistas de diferentes áreas, de cristãos a xamãs, com histórico de curas de pessoas desenganadas pela Medicina Tradicional / 20 pacientes com diagnóstico de AIDS, mesmo tratamento, divididos em dois grupos de 10, um dos quais receberiam as preces ou pensamentos de intenções de cura e bem estar, durante uma hora por dia, seis dias por semana, durante dez semanas. / Os curadores não tinham acesso aos pacientes, trabalhando a partir de um nome, uma foto e um exame de linfócitos. / Seis meses depois, quatro dos que não receberam preces haviam morrido e os que receberam preces não apenas estavam vivos como diziam se sentir muito melhor, fato confirmado por exames e médicos que os assistiam. / Repetido o experimento com 50 fatores de controle diferentes que poderiam influenciar os resultados, os que receberam preces apresentavam um índice de saúde significativamente maior em todos os parâmetros utilizados.





terça-feira, 16 de agosto de 2016

O QUE A HISTÓRIA NÃO MOSTROU


Zona rural da cidade de Mogi das Cruzes, São Paulo, 04 de dezembro de 1961. O casal Alberto e Angélica Fortunato e seus três filhos foram convidados para passarem o fim de semana na Fazenda Bela Vista, arrendada por José, ex vizinho na Zona Leste da capital paulista que arrendara as terras da propriedade para produção de hortaliças.    Era um dia ensolarado e os três rapazes, Jair (com 13 anos), Osmar (15) e José (16), além de um menininho filho do anfitrião resolveram se divertir na piscina da Fazenda.  Não havia nenhum adulto por perto e, Jair, aniversariante do dia, o primeiro a entrar na piscina, começou a se afogar, o que levou os outros irmãos a mergulharem para salvá-lo; debateram-se na água e morreram juntos, apesar da tentativa de salvamento do japonesinho, com uma vara de bambu. O choque emocional para as duas famílias foi muito grande, transformando em poucos minutos um fim de semana feliz e festivo numa dolorosa tragédia. Vinte e um anos depois, em 19 de fevereiro de 1982, o casal Fortunato compareceu à reunião pública do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, MG, onde manteve rápido diálogo com Chico Xavier.  O médium, para surpresa e alegria de ambos, visualizou ao lado deles as entidades espirituais Maria Justina, avó do Sr. Alberto; Angelina, avó da Sra. Angélica e um senhor japonês, o velho amigo do casal que abalado pela depressão surgida após o acidente em sua casa, desencarnara pouco tempo depois do mesmo.  Horas mais tarde, no desenrolar da reunião, Chico psicografou elucidativa carta de José, um dos três filhos do casal Fortunato, revelando as razões profundas do acidente coletivo que colocou os três irmãos no caminho da redenção. Na emocionada carta, além da descrição do que ninguém viu, a explicação da origem do fato ocorrido: -“Quando caímos nas águas da grande piscina, o Osmar, o Jair e eu estávamos sendo conduzidos pelos Desígnios do Senhor a resgatar o passado que nos incomodava. Nada posso detalhar quanto ao fim do corpo de que nos desvencilhamos, como quem se vê na contingência de trocar a veste estragada e de reajuste impossível. O sono compulsivo que nos empolgou os três foi algo inexplicável de que voltamos à forma da consciência, dias após o estranho desenlace. Estávamos os três alarmados e infelizes no hospital a que fomos transportados, quando duas senhoras se destacaram dos serviços de enfermagem para nos endereçarem a palavra... No fundo, queríamos apenas regressar à casa e retornar ao cotidiano, porque aquele debate com as águas fora para nós, naquele despertar, uma espécie de brincadeira de mau gosto, na qual supúnhamos haver desmaiado... Aquele instituto devia ser uma casa de pronto socorro como tantas... Entretanto, as duas senhoras se declararam nossas avós Maria Justina e Angélica, e nos informaram, com naturalidade e sem qualquer inflexão de voz agressiva, que havíamos voltado ao Lar, ao Grande Lar de nossa família na Vida Espiritual. Os irmãos e eu choramos, como não podia deixar de acontecer... Fomos conduzidos à nossa casa e vimos os pais amargurados. (...)  Nosso pranto se misturou ao da Mamãe Angélica e do Papai, do Antônio e do Carlos Alberto, e muitos dias e meses correram nessa situação de incompreensão e de dor... Dois anos passados, fomos visitados por um amigo de nossa família que se deu a conhecer por Miguel Pereira Landim, respeitado e admirado por nossos familiares da Espiritualidade. Nossa avó Maria Justina nos permitiu endereçar-lhe perguntas e todos os três indagamos dele a causa do sucedido em nossa ida a Mogi. Ele sorriu e marcou o dia em que nos facultaria o conhecimento do acontecido em suas causas primordiais. Voltando a nós, na ocasião prevista, conduziu-nos, os três, à Matriz do Senhor Bom Jesus, em Ibitinga. Entramos curiosos e inquietos. A igreja estava repleta de militares desencarnados. Muitos traziam as medalhas conquistadas, outros ostentavam bandeiras. Em meu coração passou a surgir a recordação que eu não estava conseguindo esconder. De repente, vi-me na farda de que não me lembrava, junto dos irmãos igualmente transformados em homens de guerra e o nosso olhar se voltou inexplicavelmente para as cenas que se nos desenrolavam diante dos olhos. Envergonho-me de confessar, mas a consciência não me permite recuos. Vi-me com os dois irmãos numa batalha naval, que peço permissão para não mencionar pelo nome, quando nós, na condição de brasileiros, lutávamos com os irmãos de república vizinha... Afundávamos criaturas sem nenhuma ligação com as ordens belicistas nas águas do grande rio, criaturas que, em vão, nos pediam misericórdia e vida... Replicávamos que em guerra tudo resulta em guerra... Foi então que o chefe Landim apontou para uma antiga imagem de Jesus, do Senhor Bom Jesus, e falou em voz alta que aquela figura do Cristo viera do forte Itapura com destino à nossa cidade e que, perante Jesus, havíamos os três, resgatado uma dívida que nos atormentava, desde muito tempo. Aqueles companheiros presentes passaram a nos felicitar, explicando-nos que se haviam transformado em servidores das legiões de Jesus Cristo. O que choramos, num misto de alegria e sofrimento, não sabemos contar. Fique, porém, esta informação para os queridos pais e para os irmãos queridos, a fim de que todos saibamos que a injustiça não é de Deus e que os nossos sofrimentos e provas se efetuam a pedido de nós mesmos, para que a nossa vida espiritual, a única verdadeira, se torne mais aceitável e mais ajustada às Leis Divinas que a todos nos regem”. A íntegra desta e outras mensagens poderá ser lida na obra “RETORNARAM CONTANDO” (ide).


domingo, 14 de agosto de 2016

JUSTIFICADA RIDICULARIZAÇÃO

Má fé, precipitação, desconhecimento, falta de discernimento são explicações que se encontra para a grande quantidade de obras de conteúdo duvidoso assinado por Espíritos que através de vários médiuns se identificam ou revelam com nomes respeitáveis da história da Humanidade. Ao tempo do surgimento do Espiritismo não era diferente como se percebe lendo as páginas da REVISTA ESPÍRITA. No numero de junho de 1865, por exemplo, Allan Kardec apresenta sua opinião sobre matéria publicada no periódico italiano CHARIVARI, edição de 20 de maio de 1865. Nela a reprodução de carta mediúnica de ninguém menos que Dante Alighieri cujo sexto centenário de nascimento se comemorava naquela ano, a um certo sr Thiers nos seguintes termos: “Senhor e caro confrade, “Eu não podia ficar indiferente às festividades que iam celebrar em minha honra e, tendo minha sombra pedido e obtido licença de oito dias, venho assistir à inauguração do monumento que me é consagrado. É, pois, de Florença que vos dirijo esta carta, ainda sob a emoção que me causou a cerimônia que acabo de testemunhar. Se tomo esta liberdade, senhor e caro confrade, é porque julgo estar em condição de vos fornecer informações que vos serão de alguma utilidade. “Não obstante morto há cinco séculos, não deixei de continuar a seguir com a mesma atenção e o mesmo patriotismo a marcha dos acontecimentos que interessam ao futuro da Itália. Sabeis tão bem quanto eu de quantas vicissitudes tenho sido testemunha; também podeis fazer uma ideia de quantas dores meu coração foi assoberbado...” Seguem-se longas reflexões sobre os negócios da Itália e as opiniões do Sr. Thiers. Não as reproduzimos pelo duplo motivo de que são estranhas ao nosso assunto e porque a política está fora dos planos deste jornal. A carta termina assim:) “Se, pois, como me afirmaram, em breve deveis empreender viagem à Itália, tende a bondade de passar por Florença e vir conversar alguns instantes com minha estátua. Ela terá coisas muito interessantes a vos dizer. “Com esta esperança, senhor e caro confrade, rogo aceiteis a certeza de..., etc.” Dante Alighieri. Analisando o assunto, Allan Kardec comenta: -A julgar pelos artigos que o CHARIVARI publicou mais de uma vez sobre o assunto, duvidamos muito que o Sr. Pierre Véron seja simpático à ideia espírita. Assim, não se deve ver nessa carta mais que um simples produto da imaginação apropriado à circunstância, a menos que o Espírito Dante tenha vindo ditá-la à revelia do autor. Ela é muito espirituosa para que ele não a desaprove, mas só deve ser apreciada em seu conjunto, porque perde muito se for fracionada. Era um pensamento engenhoso fazer intervir, mesmo ficticiamente, o Espírito Dante nessa ocasião. Salvo alguns pequenos detalhes, um espírita não teria falado de outro modo. Para nós não é duvidoso que Dante, a menos que tenha reencarnado, pudesse ter assistido a essa imponente manifestação, atraído pela poderosa evocação de todo um povo irmanado num mesmo pensamento. Se, naquele momento, o véu que oculta o mundo espiritual aos olhos dos encarnados pudesse ser levantado, que imenso cortejo de grandes homens teria sido visto planando no espaço e misturado à multidão para aplaudir a regeneração da Itália! Que belo assunto para um pintor ou um poeta inspirado pela fé espírita! Allan Kardec

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

UMA OPINIÃO DE PESO

Reconhecido pelos estudiosos do Espiritismo como uma das mais importantes personalidades do século 20 não apenas no conhecimento como na defesa da importância da não adulteração dos conteúdos produzidos por Allan Kardec, o Professor José Herculano Pires – jornalista, formado em Filosofia e, intransigente defensor da pureza doutrinária, possuía opiniões surpreendentes. Tradutor das Obras Básicas assinadas por Allan Kardec, revisor da primeira tradução da coleção da REVISTA ESPÍRITA, autor de dezenas de livros falando sobre a Doutrina Espírita, enxergou aspectos que outros não viam. Uma prova disso evidencia-se na visão da importância do egoísmo no processo evolutivo da individualidade, enfim do Ser humano. No excelente livro CURSO DINÂMICO DE ESPIRITISMO o grande desconhecido (clarim, 1979), desenvolve tal argumento num dos capítulos. Para se ter uma ideia, destacamos parte de seu texto para análise a seguir:-“Tudo tem a sua utilidade na Natureza. O Universo é teleológico, finalista, busca sempre e em tudo uma finalidade. Os filósofos antifinalistas apoiam suas teorias no erro humano, de todos os tempos, que interpreta a Natureza como criada especialmente para o homem. Esse erro surgiu nas selvas, permaneceu nas civilizações primitivas e projetou-se nas civilizações posteriores. Os próprios deuses e demônios de toda a Antiguidade foram postos ao serviço do homem, que embora os reverenciando, pretendiam utilizá-los como seus auxiliares. O Universo tem, naturalmente, uma finalidade única e superior, em que todas as finalidades se conjugam num resultado único. Mas esse resultado escapa às nossas possibilidades de pesquisa, de compreensão e mesmo de imaginação. A mais inútil das coisas e os mais prejudiciais dos seres são necessários. E ser necessário é ser indispensável, é pertencer a um elo da cadeia inimaginável que Kardec nos apresenta nesta frase tantas vezes repetida n’O LIVRO DOS ESPÍRITOS: Tudo se encadeia no Universo. Os problemas ecológicos da atualidade, surgidos com o desenvolvimento tecnológico, deram ênfase à importância da Ecologia, ciência das relações entre sujeito e meio e mesmo entre objeto e meio. O meio físico em' que vivemos, com seus elementos naturais configurando determinada situação mesológica humana, é formado por uma infinidade de substituições necessárias à vida vegetal e animal. A ignorância do homem a respeito, tentando aniquilar elementos nocivos do meio, provoca o desencadeamento de desequilíbrios perigosos e até mesmo fatais. Minerais, vegetais e animais considerados perniciosos, quando retirados do meio, revelam a sua função necessária e têm de ser repostos ou substituídos por outros que os compensem. Esse delicado equilíbrio das coisas mínimas apresenta-se também nas coisas máximas, como no jogo de forças que sustentam o equilíbrio planetário o próprio equilíbrio das galáxias no espaço sideral. O mesmo acontece na nossa estrutura corporal, com seus vários aspectos físicos, psíquicos e espirituais. Por isso o Espiritismo é contrário a todas as práticas de mortificação, extinção, asfixia ou desenvolvimento de funções, instintos, percepções e poderes inferiores ou superiores na criatura humana. Esta deve ser respeitada em sua integridade, com seus defeitos, deformações, deficiências e assim por diante, cabendo-nos apenas o direito, que é também dever, de auxiliar as criaturas no seu processo natural de aperfeiçoamento e reajustamento, nos rumos naturais da transcendência. Nem mesmo a mediunidade deve ser desenvolvida por supostas técnicas provindas de tradições místicas ou de invenção de pretensos mestres espirituais. O Espiritismo se opõe a todas essas tentativas imaginosas, que podem levar, como tem levado, muitas pessoas a desequilíbrios graves. O egoísmo, a vaidade, o orgulho, a pretensão, a ambição representam elementos negativos da constituição do Ser humano, que devem ser eliminados. Mas essa eliminação não se dá pelos métodos antigos das corporações religiosas, até hoje empregados, apesar dos terríveis malefícios causados. Kardec e os Espíritos Superiores, em suas comunicações, consideraram o egoísmo como verdadeira praga que impediu .o desenvolvimento real do Cristianismo na Terra. Mas jamais aconselharam métodos artificiais para o combate ao egoísmo. As penitências, os cilícios, o isolamento, as autoflagelações de toda espécie tornaram mais negra a Idade Média e ainda hoje se escondem nas furnas da ignorância religiosa que só serviram para desequilibrar milhões de criaturas que constituem o triste e pesado legado da Antiguidade para nosso tempo. 

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

SALDANDO DÍVIDAS

O caso revela como nos bastidores da invisibilidade os Espíritos desencarnados se desdobram quando possível para auxiliar os que permanecem presos às experiências em nossa Dimensão.  O personagem principal, José Roberto Pereira Cassiano, ou simplesmente Shabi, apelido pelo qual gostava de ser chamado, então um jovem de apenas 23 anos, profissional dedicado a desenho de projetos, além de cultor da pintura, fotografia e desenho. No dia 9 de março de 1974, Shabi, que residia com os pais na Alameda Jaú, em São Paulo, rumou para a cidade de Santos, a fim de deixar a namorada, rotina que repetia há alguns meses. Na viagem de retorno, uma fatalidade, só explicável pelas leis de causa e efeito: um acidente fez um que ele caísse do veículo em que estava, tendo morte instantânea. Sem documentos que o pudessem identificar, permaneceu no necrotério de São Bernardo do Campo, e, ante a não procura do corpo, acabou sendo sepultado. Estranhando sua demora em voltar e, depois seu desaparecimento, seus pais iniciaram uma ansiosa, aflitiva e angustiante busca que findaria uma semana depois, de forma traumatizante. Isso depois da exumação do corpo, da dolorosa identificação de Shabi e, por fim, do devido sepultamento. Como não poderia deixar de ser, seus pais de quem era único filho, mergulharam em profunda e infindável tristeza, a ponto de seu pai que já não desfrutava de uma saúde equilibrada, precisar permanecer internado na UTI da Beneficência Portuguesa, por vários dias. Sete meses passados, orientados por Dona Yolanda Cezar, pessoa de quem se aproximaram através de amigos, estiveram em Uberaba, para falar com Chico Xavier. A primeira carta (FILHOS VOLTANDO, geem,1982) de Shabi, porém, só seria recebida dezoito meses após a sua morte física, onze, portanto, depois do primeiro encontro com o médium. Até então, como lembraria seu pai, “a situação era de total desespero, minha saúde cada vez mais se agravava. As noites indormidas e, quando chovia, nosso desespero aumentava, pois temíamos que nosso Shabi, sepultado, recolhesse os rigores da chuva a encharcar a terra fria”. Saudosos, os pais só encontravam forças nos tranquilizantes. Ainda segundo o pai, “a mensagem representou-nos um bálsamo para a alma e para o corpo. A saúde melhorou e passei, com minha esposa, a sentir o filho presente em tudo o que era dele e que guardávamos com carinho. Compreendemos, então, que o reencontro com ele somente poderia ser um reencontro espiritual. O sono começou a voltar e passamos a ir mais vezes a Uberaba, na esperança de receber novos recados ou, como nós entendíamos, mais uma carta do filho querido. Pelas palavras de nosso filho compreendemos que a morte não existe”. No incrível documento confirmando a sobrevivência de Shabi, revelações surpreendentes. Entre outras coisas escreveu o jovem: -“ A viagem seguia o compasso da Anchieta, entre paradas de trânsito e marchas rápidas para ganho de tempo, quando, ao movimentar-me,  caí num impacto de forças que não sei descrever. Quis reagir, gritar por socorro, mas tive a impressão de que um suave anestésico me entorpecia as forças mentais. O pensamento escorria do cérebro, como se fora sangue a derramar-se de outros campos do corpo... Sensação estranha de esvaziamento, compelindo-me a desfalecer, sem recursos de resistência. E dormi.  (...) Acordei, queridos pais, numa sala de apresentação muito difícil com as palavras de que conseguiria dispor. Era eu e não era eu quem se achava ali numa dualidade que não podia reconhecer. Ouvi conversações e apontamentos que me espantavam. No entanto, médicos e enfermeiros me administravam agentes sedativos que me impuseram mais descanso. (...) A situação prosseguia, quando o Irmão Cassiano me avisou que traria meus pais para um reencontro. Daí a instantes, notei-lhes a presença quase rente a mim. Mãezinha e você, papai, pediam notícias minhas. Só então entendi que me achava em São Bernardo, não longe do quilômetro em que havia sofrido a queda. Compreendi mais. Aquele não era um recinto de hospital, mas um refúgio de paz e silêncio, reservado aos que já haviam atravessado as fronteiras, das quais me vejo agora muito aquém... Fiz tudo para fazer-me sentir, a fim de tranquilizá-los. Mas o amigo fiel que me assistia e ainda me protege, em todos os passos da Vida Nova, me sossegou o espírito atribulado, afirmando que estavam dados os primeiros passos para que recebessem minhas notícias. A ideia da despedida, então, tomou corpo em mim e só aí, querida Mamãe, compreendi que seu filho havia deixado a veste física, à feição de alguém que se transfere de estrada ou de carro, a fim de tomar caminhos diferentes. Confesso, meu pai, que as lágrimas me subiram do coração para os olhos, porque não me sentia preparado, quanto agora, para o exame do assunto. Era muito sonho e muita esperança a tombarem do alto de nossas aspirações e projetos. (...) Ainda assim, a pesquisa que efetuavam, as perguntas que ouvi, sem que me fosse possível qualquer manifestação para esclarecê-los, me feriam o coração. Observei que me procuravam com aflições iguais às minhas e percebi que a incerteza era o clima de nossos pensamentos e indagações. Sofri ao vê-los na retirada com as mesmas dúvidas que me pairavam na alma e caí em crise de lágrimas como não podia deixar de ser. Novamente, o benfeitor incansável promoveu os meios de socorro dos quais necessitava e um sono maior abençoou a minha cabeça cansada...

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

'ESTAR' É DIFERENTE DE 'SER' ESPÍRITA

O rótulo de Espírita, a exemplo de qualquer outro, significa quase nada do ponto de vista do aproveitamento da individualidade na sua passagem pela nossa Dimensão. Uma matéria reproduzida na edição de setembro de 1865 da REVISTA ESPÍRITA confirma essa conclusão. O caso foi relatado a Allan Kardec em 10 de janeiro daquele ano por correspondente da cidade de Lyon. Envolvia um indivíduo espírita que sob o domínio dessa crença se melhorou, embora não a tivesse aproveitado tanto quanto poderia tê-lo feito, devido à sua inteligência. Vivia com uma velha tia, que o amava como filho, e que não poupava trabalhos nem sacrifícios por seu caro sobrinho. Por economia era a boa mulher que cuidava da casa. Até aí tudo muito natural; o que o era menos é que o sobrinho, jovem e em boa forma, a deixava fazer trabalhos acima de sua força, sem que jamais lhe acudisse à ideia poupar-lhe marchas penosas para a sua idade, o transporte de fardos e coisas semelhantes. Na casa não mudava um móvel de lugar, como se tivesse criados às suas ordens; e mesmo que previsse algum penoso serviço excepcional, arranjava um pretexto para se abster, temeroso de que lhe pedissem um auxílio, que não poderia recusar. Entretanto, havia recebido várias lições a respeito, poder-se-ia dizer afrontas, capazes de fazer refletir um homem de coração; mas era insensível (...).  Era estimado como um homem decente e de boa conduta, (...). Em consequência dos esforços que fazia, a velha senhora foi acometida por uma hérnia muito grave, que a fazia sofrer muito, mas que ela tinha coragem para não se lamentar. Um dia,  provavelmente querendo esquivar-se a um trabalho penoso, o sobrinho saiu cedo e não voltou. Ao atravessar uma ponte, foi vitima da queda da viatura em que estava  e arrastado por uma encosta, morreu duas horas depois.  Informados do fato, quisemos evocá-lo, e ouvimos de um dos nossos guias: “Não poderá comunicar-se antes de algum tempo. Neste momento ele está muito perturbado pelos pensamentos que o agitam. Vê a tia e a doença que ela contraiu em consequência das fadigas corporais e da qual ela morrerá. É isto que o atormenta, pois se considera como o seu assassino. E o é, com efeito, já que lhe podia poupar o trabalho que será a causa de sua morte. Para ele é um remorso pungente que o perseguirá por muito tempo, até que tenha reparado a sua falta. Ele queria fazê-lo; não deixa a tia, mas seus esforços são inúteis e, então, se desespera. É preciso, para o seu castigo, que a veja morrer devido à sua negligência egoísta, porque sua conduta é uma variedade do egoísmo. Orai por ele, a fim de que possa manter o arrependimento, que mais tarde o salvará”. Dirigiram ao Benfeitor Espiritual a seguinte pergunta: - Poderia dizer-nos se não lhe serão levados em conta outros defeitos de que se corrigiu por causa do Espiritismo e se sua posição não se abrandou?  Explicou o seguinte: – Sem nenhuma dúvida, essa melhora lhe é levada em conta, pois nada escapa ao olhar perscrutador da Divina Providência. Mas eis de que maneira cada boa ou má ação tem suas consequências naturais, inevitáveis, conforme estas palavras do Cristo: “A cada um segundo as suas obras”.  Aquele que se corrigiu de algumas faltas se poupa da punição que elas teriam acarretado e, ao contrário, recebe o prêmio das qualidades que as substituíram; mas não pode escapar às consequências dos defeitos que ainda ficaram. Assim, não é punido senão na proporção e conforme a gravidade destes últimos; quanto menos os tiver, melhor a sua posição. Uma qualidade não resgata um defeito; diminui o número destes e, por conseguinte, a soma das punições. Os defeitos dos quais se corrigem primeiro, são os mais fáceis de ser extirpados, e aquele do qual se libertam mais dificilmente é o egoísmo. Julgam ter feito bastante porque moderaram a violência do caráter, se resignaram à sorte ou se livraram de alguns maus hábitos; sem dúvida é algo que aproveita, mas não impede de pagarem o tributo de depuração pelo resto. Meus amigos, o egoísmo é o que melhor se vê nos outros, porque sentimos o seu contragolpe e porque o egoísta nos fere; mas o egoísta encontra em si mesmo sua satisfação, razão por que dele não se apercebe. O egoísmo é sempre uma prova de secura do coração; estiola a sensibilidade para os sofrimentos alheios. (...) Do egoísta não espereis senão a ingratidão; o reconhecimento em palavras nada lhe custa, mas em ação o fatigaria e lhe perturbaria o repouso. Só age por outro quando forçado, e jamais espontaneamente; seu apego está na razão do bem que espera das pessoas, e isto algumas vezes mau grado seu.  (...) O egoísmo é o verme roedor da sociedade, é mais ou menos o de cada um de vós. 

sábado, 6 de agosto de 2016

O CÍRCULO DA ORAÇÃO

Ferdinando Labouriau, catedrático de Metalurgia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, morreu em acidente de aviação em 3 de dezembro  1928 em voo festivo com que se homenageava o retorno de Santos Dumont ao Brasil. Vinte e sete anos depois de sua passagem para o Plano Espiritual, retornou pela mediunidade de Chico Xavier em reunião havida no Centro Espírita Luiz Gonzaga em Pedro Leopoldo, Minas Gerais oferecendo sua visão sobre os benefícios do trabalho de assistência aos Espíritos desencarnados. Para aqueles que não veem valor nos trabalhos denominados de desobsessão, reproduzimos a referida mensagem: - Comentemos a importância de um círculo de oração nos serviços de assistência medianímica, como um aparelho acelerador de metamorfose espiritual. Imaginemo-lo assim como um ciclotron da ciência atomística dos tempos modernos. Os companheiros do grupo funcionam como eletroímãs, carregados de força magnética positiva, e negativa, constituindo uma corrente alternada de alta freqüência, através da qual o socorro do Plano Superior, transmitido por intermédio do dirigente físico, exterioriza-se como sendo um projétil de luz sobre o desencarnado em sombra que, simbolizando o núcleo atômico a ser atingido, permanece justaposto ao alvo mediúnico. No bombardeio nuclear, sabemos que um próton, arremessado sobre o objetivo, imprime-lhe transformação compulsória à estrutura essencial. Um átomo elevar-se-á na escala do sistema periódico, na medida das cargas dos corpúsculos que lhe forem agregados. Assim sendo, a projeção de um próton sobre certa unidade química determina a subida de um ponto em sua posição na série estequiogenética. A carga do único próton do núcleo do átomo de Hidrogênio, de número atômico 1, arrojada sobre o Lítio, cujo número atômico é 3, modificá-lo-á para Berílio, que tem número atômico 4; ou, sobre o Alumínio, de número atômico 13, alterá-lo-á para Silício, cujo número atômico é 14. Nesse mesmo critério, a injeção de um núcleo de átomo de Hélio com seus dois prótons, de número atômico 2, sobre Berílio, de número atômico 4, adicionar-lhe-á dois pontos acima, convertendo-o em Carbono, cujo número atômico é 6. Recorremos a figurações elementares do mundo químico para dizer que no círculo de oração o impacto das energias emitidas de nosso Plano, através do orientador encarnado, em base de radiações por enquanto inacessíveis à perquirição terrestre, provoca sensíveis alterações na mente perturbada, conduzida à assistência cristianizadora. Consciências estagnadas nas trevas da ignorância ou da insânia perversa são trazidas à retorta mediúnica para receberem o bombardeio controlado de forças e ideias transformadoras que lhes renovam o campo íntimo, e, daí, nasce a guerra franca e sem quartel, declarada a todos os grupos respeitáveis do Espiritismo pelas Inteligências que influenciam na sombra e que fazem do vampirismo a sua razão de ser. Todos vós, que recolhestes do Senhor os mandatos do esclarecimento, os recursos da mediunidade e os títulos da cooperação, no trato com os reinos do Espírito, sabei que para conservardes um círculo de oração, equilibrado e seguro, é imprescindível pagar os mais altos tributos de sacrifício, porque, em verdade, retendes convosco poderosa máquina de transmutação espiritual, restaurando almas enfermas e transviadas em núcleo de ação eficiente, que vale por reduto precioso de operações da Esfera divina, no amparo às necessidades e problemas da Terra. Unamo-nos, assim, no trabalho do Cristo, como obreiros da Grande Fraternidade, mantendo-nos diligentes e alertas, na batalha incessante do bem contra o mal em que devemos servir para a vitória da Luz.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

PRODÍGIOS DA MEDIUNIDADE DE CHICO XAVIER

As quatro e meia da madrugada do dia 14 de maio de 1972, na altura do quilômetro 22,5 da Via Anchieta, um grave acidente envolveu vários veículos.  Entre estes, estava o volks dirigido pelo jovem Charles Wandenberg Fernandes Cerboncini, então com 22 anos, acompanhado por uma desconhecida amiga que se evadiu do local da colisão na qual o rapaz desencarnaria.  Estudante de medicina, Charles era um jovem dinâmico, dedicado, formado em música pelo conservatório Santa Cecília e, naquela madrugada, dirigia-se à Santos, a fim de encontrar-se com os familiares que lá estavam para comemorar o dia das mães, visto que permanecera no sábado na capital para estudar para uma prova.  Componente com a irmã de uma família até então de vida normal, impôs com sua morte uma profunda transformação visto que a dor e a revolta passavam a ocupar o pensamento de todos. Especialmente porque Charles desencarnou devido a uma hemorragia, pois que não sofrera nenhuma fratura. Seu corpo estava perfeito, somente havia dois cortes nas suas faces e esses cortes não foram devidamente suturados, e esvaiu-se em sangue por mais de cinco horas em que ficou como que abandonado até que a família o localizasse.  Sua mãe, Da. Esmeralda, que era obstetra, com tanto conhecimento entre médicos, vira seu amado filho morrer por falta de assistência e, então, revoltou-se e abandonou tudo, ficando como que desarvorada, à cata de consolações, à procura dos por quês, querendo explicações.  Um ano se arrastara e, em maio de 1973, soube que o Chico Xavier estaria autografando livros na Casa Transitória Fabiano de Cristo, em São Paulo, pediu ao marido que a levasse até ele. O casal chegou lá pelas 9 horas e recebeu o cartão n.º 4.366; pelos seus cálculos, estaria perto do Chico dali a umas 20 horas. Não poderia esperar e ela necessitava falar-lhe. Soube, então, que Chico estava numa reunião particular, com várias personalidades (deputados, vereadores), pois tratavam da concessão do título de “Cidadão Paulistano” ao médium, e ela conseguiu, por fim, adentrar ao recinto, com muita dificuldade, segurando entre as mãos e com a capa apertada e virada para o seu colo, o livro que o marido lhe comprara na entrada. Assim que ela se alojou, muito mal, entre aqueles que estavam por detrás de Chico, um rapaz lhe disse: -“Dona, agora não é hora, o Chico só vai autografar livros depois das 14h”.  Ela respondeu-lhe: -Mas não me interessa autógrafo, pois eu já tenho o livro, eu queria era cumprimentar o Chico”.  Nisso, entre toda aquela barulheira, apertos e empurrões, Chico ouviu o que ela disse e voltando-se, sem a mirar, tocando-lhe nos ombros, por entre outros ombros, lhe diz: -Filha, você tem o livro? Então leia a página 107...” (ele nem tinha visto o título livro e nem sabia qual livro era...), e incontinenti os presentes os distanciaram pelo acúmulo de gente e ela saiu da sala. No carro com o marido, abriu o livro naquela indicada página e, ambos com os olhos marejados, leram o seguinte:  À FRENTE DA MORTE - Não olvides que, além da morte, continua vivendo e lutando o Espírito amado que partiu.. Tuas lágrimas são gotas de fel em sua taça de esperança.  Tuas aflições são espinhos a se lhe implantarem no coração.  Tua mágoa destrutiva é como neve de angústia a congelar-lhe os sonhos.  Tua tristeza inerte é sombra a escurecer-lhe a nova senda.  Por mais que a separação te lacere a alma sensível, levanta-te e segue para frente, honrando-lhe a confiança, como a fiel execução das tarefas que o mundo te reservou.  Não vale a deserção do sofrimento, porque a fuga é sempre a dilatação do labirinto em que nos arroja a invigilância, compelindo-nos a despender longo tempo na recuperação do rumo certo.  Recorda que a lei de renovação atinge a todos e ajuda quem te antecedeu na grande viagem, como o valor de tua renúncia e com a fortaleza de tua fé, sem esmorecer no trabalho – nosso invariável caminho para o triunfo.  Converte a dor em lição e a saudade em consolo, porque, de outros domínios vibratórios, as afeições inesquecíveis te acompanham os passos, regozijando-se com as tuas vitórias solitárias, portas adentro de teu mundo interior.  Todas as provas objetivam o aperfeiçoamento do aprendiz e, por enquanto, não passamos de meros aprendizes na Terra, amealhando conhecimento e virtude, em gradativa e laboriosa ascensão para a vida eterna.  Deus, a Suprema Sabedoria e a Suprema Bondade, não criaria a inteligência e o amor, a beleza e a vida, para arremessá-los às trevas.  Repara em torno dos próprios passos.  A cada noite no mundo segue-se o esplendor do alvorecer.  O Inverno áspero é sucedido pela Primavera estuante de renascimento e floração.  A lagarta, que hoje se arrasta no solo, amanhã librará em pleno espaço com asas multicolores de borboleta.  Nada perece.  Tudo se transforma na direção do Infinito Bem.  Compreendendo, assim, a Verdade, entesourando-lhe as bênçãos, aprendamos a encontrar na morte o grande portal da vida e estaremos incorporando, em nosso próprio espírito, a luz inextinguível da gloriosa imortalidade.  O livro era “ESCRÍNIO DE LUZ”, publicado pela Casa Espírita “O CLARIM”, contendo mensagens assinadas pelo Espírito Emmanuel.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

ELEMENTOS PARA REFLEXÃO

No número de maio de 1861, da REVISTA ESPÍRITA na seção QUESTÕES E PROBLEMAS, Allan Kardec oferece interessantes esclarecimentos por certo uteis ainda hoje. Deles destacamos três para reflexões. 1- Os magos, os sábios, os grandes filósofos e os profetas antigos não eram médiuns? Resp. – Evidentemente, sim. O laço que os unia às inteligências superiores agia sobre eles e lhes inspirava novos pensamentos, sem falar de sua própria superioridade, que lhes permitia emitirem apreciações mais exatas. Eles comunicavam aos Espíritos encarnados ideias que pareciam profecias, porque estas nada mais são do que comunicações vindas dos grandes Espíritos. E como possuíam uma parte dos atributos divinos, as ideias anunciadas tinham um caráter de adivinhação, e forçosamente se realizaram nos tempos e épocas indicados.. 2- A mediunidade é, pois, um favor aos que a possuem? Resp. – O verdadeiro médium, que não faz profissão desse dom sublime, evidentemente deve tornar-se melhor. Como não seria de outro modo, quando a cada instante pode receber impressões tão favoráveis ao seu progresso na senda do bem? As ideias filosóficas que emite, não só por seu próprio Espírito, mas, ainda, e principalmente por nós, são retificadas naquilo que a sua inteligência, muito fraca, poderia compreender mal e mal enunciar. Na sequencia da matéria publicada, após breve comentário, Allan Kardec propõe uma questão que ele mesmo procura responder. Escreve ele: -“No momento de sua criação, os Espíritos não são imperfeitos senão do ponto de vista do desenvolvimento intelectual e moral, como a criança ao nascer, como o germe contido na semente da árvore; mas não são maus por natureza. Ao mesmo tempo, neles se desenvolve a razão, o livre-arbítrio, em virtude do qual escolhem, uns o bom caminho, outros o mau, fazendo que uns cheguem ao objetivo mais cedo que outros. Mas todos, sem exceção, devem passar pelas vicissitudes da vida corporal, a fim de adquirir experiência e ter o mérito da luta. Ora, nessa luta uns triunfam, outros sucumbem, conquanto os vencidos possam sempre se erguer e resgatar os seus fracassos. Esta questão levanta outra, mais grave, que muitas vezes nos tem sido apresentada. É a seguinte: 3- Deus, que tudo sabe, o passado, o presente e o futuro, deve saber que tal Espírito seguirá o mau caminho, sucumbirá e será infeliz. Neste caso, por que o criou? Ora, por certo sabe Deus perfeitamente a linha que seguirá um Espírito, pois, de outro modo, não teria a ciência soberana. Se o mau caminho no qual se aventura o Espírito devesse fatalmente conduzi-lo a uma eternidade absoluta de penas e sofrimentos; se, porque tivesse falido, lhe fosse sempre negado reabilitar-se, a objeção acima teria uma força de lógica incontestável, e talvez aí residisse o mais poderoso argumento contra o dogma dos suplícios eternos. Neste caso, impossível é sair do dilema: ou Deus não conhece a sorte reservada à sua criatura, e então não tem a soberana ciência; ou, se a conhece, Ele a criou para ser eternamente infeliz e, portanto, não tem a soberana bondade. Com a Doutrina Espírita, tudo concorda perfeitamente e não há mais contradição: Deus sabe que um Espírito tomará um mau caminho; conhece todos os perigos de que este se acha semeado, mas sabe, também, que dele sairá, e que não haverá para ele senão um atraso. E, em sua bondade e para lhe facilitar, multiplica em sua rota as advertências salutares, das quais infelizmente nem sempre ele aproveita. É a história de dois viajantes que querem alcançar um belo país, onde viverão felizes; um sabe evitar os obstáculos, as tentações que o fariam parar no caminho; o outro, por imprudência, choca-se contra os mesmos obstáculos, leva quedas que o atrasam, mas chegará por sua vez. Se, no caminho, pessoas caridosas o previnem dos perigos que corre e se, por presunção, não as escuta, mais repreensível será por isso.